Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Cruzeiro do
Sul, Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria, Insígnia de BP e o escambal!
Prologo: - O que você poderia dizer
das vantagens e desvantagem das exigências feitas pela UEB para ser um
possuidor do Cruzeiro do Sul, Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria e a Insígnia de
BP? Como não acompanho as sessões pessoalmente e a validade do Programa
Educativo e seus resultados, minhas opiniões são de um Velho Escoteiro do
passado com outras exigências. Mas como diz o Lobinho, a gente abre os olhos e
os ouvidos para tudo. E eu adoro meu lema Sempre Alerta!
Um dos principais sonhos dos
jovens no escotismo é conseguir as Insígnias máximas validas para seu ramo. Que
seja o Cruzeiro do Sul, Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria ou Insígnia de BP.
Existe um certo orgulho quando vemos um jovem lobo, escoteiro, sênior e
pioneiro (não esquecer as meninas e as moças) recebendo. Isto deve ser para ele
ou ela uma conquista que o fará se orgulhar por toda a vida. São poucos, no entanto
que conseguem. Alguns dizem que são os mais abnegados, outros dizem que é um
privilegio tal distinção. Não sei se já fizeram um estudo completo sobre as
entregas de tais distintivos ou qual o motivo de tão poucos recebem anualmente.
Poucos? Bem não posso afirmar, não tenho os
dados de quantos foram entregues em todo Território Nacional. Será que os
estados do sul e sudeste tem os melhores chefes ou são mais privilegiados?
Existem dados fornecidos para que possamos saber? Muitos alegam que tem as
respostas e se tem porque não mostrar a todos o relatório dos que receberam por
estados e quantos são? Um Chefe uma vez me perguntou: E daí Chefe, o que ajuda
saber quantos e quais estados receberam? Parabéns pelo esforço que fizeram e
esqueça o resto.
Bem, não penso assim. Sei de
milhares de jovens que tentaram e não conseguiram. As informações que recebo
são dos relatórios que costumo ler e nas reclamações de chefes que me escrevem
sobre tais temas. Eu não posso afirmar se são muitos se são poucos. Seria uma
boa pedida se tivéssemos noção de quantos lobinhos Cruzeiro do Sul passaram
para a tropa e ali permaneceram até receber seu Lis Ouro, passando para Sênior
e conquistando o Escoteiro da Pátria até atingir o pioneirismo com sua bela Insígnia
e BP. Conhecem alguém assim?
Se forem muitos deveríamos ter
a menor evasão escoteira de todos os tempos. Fico pensando uma equipe bem
montada estudando o porquê tão poucos jovens estão recebendo tais distintivos
por ano. Pensemos sem entrar no fundo da questão: - Como fazer para conseguir tais
distintivos? Os mais abnegados? Os que a chefia achou que mereciam? Quem os
adestrou ou formou para atingir os objetivos propostos o que pensam a respeito?
Se acharmos nestas respostas boas interpretações, porque não levar este tema a
todas as sessões dos grupos escoteiros no Brasil? Afinal não se discute as
exigências para qualquer nível de formação educacional e estado social das
famílias que tem seus filhos Escoteiros.
Como não temos uma pesquisa
para saber o porquê muitos jovens saem do escotismo não sei se este seria um
dos motivos para a evasão de jovens. Sei que muitos dos chefes tem as respostas
na ponta da língua. Sei de muitos dirigentes e formadores que podem dar aulas a
respeito. Claro que não podemos esquecer-nos do Assessor pessoal. Mas têm dado
resultado? Perguntamos. Se não seria valido mudar? Alguns dirão que não. Outros
dirão que o que está colocado é perfeito para que cada jovem possa conseguir o
que outros não conseguiram.
Fui Chefe de Tropa, de
Alcateia, de Sênior e Pioneiro. Atuei como jovem em todas essas sessões e tive
a honra de dirigir diversos cursos onde tal tema era preponderante para uma boa
discussão em grupo. Na década de oitenta, chefiei um Grupo que em dez anos teve
dezenas de jovens recebendo tais distintivos. Sabem por quê? Um dos nossos
chefes se especializou nas exigências pedidas pela UEB e todos os processos
eram bem feitos para contentar o responsável da Região e UEB em aprovar tais
distintivos. Certo isso? Claro que não, mas a gente conhecia o jovem, vivia com
ele e sua família, por causa de exigências que considerávamos absurda ele
ficaria sem?
Não posso condenar, mas sei de
muitos que receberam por terem seus pais por trás nas sessões. Sei também de
muitos pais que desistiram porque seus filhos não receberam e isto feriu
susceptibilidades. Sei que isto não se compara a vontade dos chefes em receber
sua Insígnia de Madeira, mas me coloco como menino que lutou para conseguir o
que sonhou e não conseguiu. Datas incorretas? Exigências incabíveis para alguns
chefes adestrarem seus jovens ou quem sabe o programa não está seguindo as
orientações da UEB.
Dizem que no próximo relatório
da UEB teremos mais de 80.000 associados na idade entre lobo e pioneiro. Dizem
também que já estamos passando de 20.000 chefes registrados. Fantástico não?
Assim teremos uma proporção de pelo menos quatro escoteiro por adulto
voluntário no Escotismo. Isto é bom? Quais os resultados podemos esperar? De
uma coisa eu sei, seria bom demais que pelos menos dez por cento desses 80.000
jovens pudessem alcançar seu sonho de receber tal distintivo. Chefe! 8.000?
Impossível. – Pois é...
Fica um ponto de interrogação
nas minhas dúvidas no tal desenvolvimento sustentável ou Programa Educativo.
Existe no Escotismo? Sei que os programas são aplaudidos, mas e os resultados?
Tem pesquisa? Alguém já pediu informações aos responsáveis pelas sessões para
que pudéssemos ter uma ideia do nosso crescimento qualitativo e Quantitativo?
Nem sei se isso resolve, pois só os resultados poderão demostrar o sucesso da permanência
do jovem no escotismo.
Às vezes penso que a burocracia
e a tecnocracia está além das classes sociais que compõe os jovens associados
da UEB. Nos finalmente eu torço e desejo que os grupos escoteiros mais humildes
possam ver um dia seus jovens recebendo muitos distintivos de Cruzeiro do Sul,
Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria e a Insígnia de BP. Sempre Alerta para Servir!
(sem o SAPS! Por favor! Risos.