domingo, 29 de setembro de 2019

Para nós escoteiros, o tempo não para...




Para nós escoteiros, o tempo não para...

Sempre os domingos são motivos para voltar no tempo e ver que tudo que fizemos no Escotismo valeu a pena. Posso até mesmo copiar o que escreveu Fernando Sabino nos seus tempos de escoteiro, mudando um pouco suas palavras: - “Dizem que uma vez escoteiro sempre escoteiro”. Concordo, podemos como humanos não gostar de alguns que estão fazendo o mesmo que nós, mas por mais ignorado que seja o nosso Chefe ou aqueles que se consideram irmãos de ideal, este movimento nos deixou marcas que nunca serão apagadas. Levei uma vida da minha infância a minha velhice com um lenço enrolado no pescoço, uma flor de lis na lapela e pureza no coração. Passei pela vida pisando nas trilhas do meu país, percorrendo montanhas, estradas em planícies, viajando com minhas próprias pernas uma mochila no lombo e um bastão para me segurar. Amei o que fiz se tenho saudades do “antigamente” fico feliz em ver que muitos hoje abraçam esta filosofia como se fossem “copias” de BP, amando o que fazem e deixando um rastro de coisas boas nas suas andanças. São pegadas deixadas por onde passam, tendo formato de uma Promessa e uma Lei que fizeram morada em seu coração. De todos que labutam nesta seara, ouviremos sempre: - Sou Escoteiro, e serei Escoteiro enquanto viver. Bom domingo a todos desta grande irmandade que viverá sempre em nossos corações.

domingo, 22 de setembro de 2019

Uma conversa ao pé do fogo. O Escotismo que queremos.




Uma conversa ao pé do fogo.
O Escotismo que queremos.

Não, o titulo não é meu. É de alguém que publica artigos intensos do escotismo de hoje baseado nas premissas da Escoteiros do Brasil. Não conheço o autor. Ele não se identifica, mas deve ser alguém com profundos conhecimentos escoteiros. Um pouco diferente de mim que sou danadamente sonhador e gosto de filosofar quando escrevo e me mostrar inteiro como sou. Nunca pensei em mudar meu nome, usar um pseudônimo ou mesmo ficar em OF. Afinal vivi o escotismo em toda sua plenitude desde menino até hoje. Gosto de lutar em terreno arejado, olhando cara a cara, sorrindo ou abraçando meu componente seja ele quem for. Teoricamente não sou bom, na prática gosto de dizer que sou um expert na matéria. Não afirmo que o meu escotismo foi o melhor, que o de hoje supera o de ontem. Prefiro ir aos poucos comentando os meus erros e minha mania de dizer que tem muita coisa errada nas terras escoteiras do meu Brasil.

Será que terei a audácia em dizer que o Escotismo que queremos é o que acredito? Mas você não está aí, lutando ao seu modo, seguindo o modelo imposto pela Escoteiros do Brasil e aceitando com um sorriso nos lábios suas normas, instruções normativas e aplaudindo os novos ventos diferentes daquele que a liberdade de agir, de fazer para aprender, de se aventurar por trilhas e estradas, envergando a vestimenta que acredita, o chapéu que gosta, a mochila que escolheu? O Escotismo que queremos muitas vezes diz a verdade, provoca discussões, opiniões e alguns se lembrando do que era e o que está sendo proposto... Eu velho escoteiro matuto, me mantenho a margem. Discutir o anel do lenço? Discutir a nova pedagogia? Discutir um programa que nunca foi o meu?

Não vou por esta pegada, não é a minha. Bota cano alto só usei quando corria atrás da boiada nas largas do Jacinto, caindo pelo caminho, todo arranhado dos espinhos do mandacaru, subindo na sela do Baiano, o melhor seleiro que conheci. O meu escotismo é aquele que fiz e se pudesse faria de novo, sem a pretensão de ser o melhor, pois como dizem os velhos e novos literatos a tempo para tudo. O meu é ficar no devaneio do que foi e hoje não é mais. Sei que não pergunta para mim qual o Escotismo que Queremos. Com mil demônios, pelas barbas do profeta! Se me perguntasse eu diria que o que quero é ser livre, poder andar e caminhar por aí, atrás das asas ligeiras das borboletas azuis! Cassimiro de Abreu, meus oito anos... – Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais...

Ainda gosto de lembrar que meu uniforme era meu pedaço de chão, vistoso no andar no garbo de me apresentar com minhas calças curtas, meu chapéu de abas largas sempre retas, lenço bem dobrado liso e bem postado como foi à lembrança do Escotismo que queremos. Chapéu de pano? Boné a americana? Lenço amarrado nas pontas? Nunca foi o meu forte. Mas e daí Chefe? Achega bem perto de mim e me veja, um nó quadrado, do frade, de aselha ou volta do fiel e lá está os novos tempos uma discussão sadia que nunca vou usar. Pudera, minha mochila aposentei, meu bornal está cheio de estrelas que “catei” naquela estupenda e maravilhosa jornada sem fim do Pico do Itacolomi, da Bandeira e das Agulhas Negras. Hoje só me resta às lembranças, gostosas, fascinantes, o feijão com torresmo que saborosamente o nosso cozinheiro botava no prato com um sorriso de matar qualquer um.

O Escotismo que queremos? Dar uma opinião? Não sei se ela vale a pena. Meu primeiro anel foi papai quem fez quando tirava uma de sapateiro. Eita lembrança gostosa, ficar com ele no quadrado da sua oficina, engraxando e ele me ensinando a costurar bolas de couro, a fazer um belo cinto de “vaqueta” de um boi Zebu para o escoteiro que me procurou trazendo a fivela da UEB que ganhou. Não vou nem pensar nos dias de hoje, do tal Escotismo que queremos que muitas vezes escreve bonito, com conhecimento de causa, mas causa que não é a minha, pois esta está lá no passado, num tempo que já passou. A gente tinha orgulho do uniforme, na pose na apresentação. Como foi que escreveu o nosso pioneiro, nosso iniciador depois de Brownsea e de Gilwell? – Nenhuma importância tem que um Escoteiro ande uniformizado ou não! O que vale é que ponha seu coração no Escotismo, engaje nele o seu espirito e cumpra a Lei Escoteira. E sabiamente termina: - Mas o fato é que não existe um escoteiro, que podendo ter um uniforme deixa de fazê-lo. Esqueceu-se de dizer: - Com o exemplo perfeito do seu Chefe Escoteiro.

Escrevo estas linhas enrolado na Manta vermelha que nos dias frios fica na sala. Ela não é a minha Capa Negra que usava no passado, em volta do fogo, único momento que não envergava meu uniforme, com meu lenço bem dobrado meu anel que meu pai me deu, a cantar com meus amigos a viver uma doce aventura noturna na luz da fogueira ou no lampião vermelho no campo da Patrulha, luz bruxuleante e ouvir a mata cantar... O Escotismo que Queremos? – Volto a Cassimiro de Abreu: - Que aurora, que sol, que vida, que noites de melodia, naquela doce alegria, naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’estrelas, a terra de aromas cheia, as ondas beijando a areia, e a lua beijando o mar! Oh! Dias da minha infância, oh! Meu céu de primavera, que doce à vida não era, nessa risonha manhã... E emendo sem plagio a um dos maiores poetas que já li... – O Escotismo que queremos? Eu se pudesse, queria voltar no tempo, dos meus acampamentos, das noites enluaradas, enchendo meu bornal de estrelas, pisando meu passo escoteiro na via láctea, seguindo o vento e ouvindo o barulho das ondas do mar...

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Uma história que não existiu. A rebelião dos escoteiros.




Uma história que não existiu.
A rebelião dos escoteiros.

Nota - Só para divertir. Tudo ficção. Nosso escotismo não é assim. Ele caminha de vento em popa. Todo ano crescendo e sem evasão. Os tais habitantes do escotismo tradicional que se cuidem. Afinal agora na EB todos têm direito a voz e voto. É só ir às Assembleias. Não dizem que tanto rico como pobre tem o mesmo direito na EB? Mas calma, é só uma crônica para divertir e mais nada. Até outro dia!

- Marido tem dois homens querendo falar com você! - Cobrança Célia? - Não estão com aquela roupa preta uns de azul e outros de verde que estão usando no escotismo moderno. Aquela boa para espantar fantasmas em noites de frio em acampamentos. Olhei pela janela. Dois supimpas escotistas da EB. Reconheci logo. Empertigados, pose de doutores e chefões escoteiros. Diga que irei em cinco minutos, preciso vestir meu uniforme. Sempre tive tempo determinado para vestir meu caqui. Hoje não mais. Demoro um tempão cheio de meu “pé me dói”. Calça curta, cinto brilhando, camisa, meião chapéu e lenço. Para tirar onda coloquei minhas poucas medalhas. Rs... Ah esqueci minha botinha preta engraxada. Com meu caqui nos trinques fui até a varanda onde estavam. Nos cascos dei meu sempre alerta! Nem ligaram. Nem me estenderam a mão. Conheço tipos assim metidos a “besta”. Eles não sabem o Sexto Artigo da Lei.

– Chefe, somos da UEB, membros do BEN. Uai, não era DEN? Mudou Chefe o novo Presidente resolveu mudar. Afinal somos mutantes e mudamos tudo a nossa frente. Dom Pascácio o Presidente mandou avisar para não se intrometer na rebelião dos escoteiros! - Rebelião? Onde? Quero participar gritei! Olharam-me sério. Não sabe que os escoteiros estão ocupando as sedes e não deixando os chefes entrarem? Umm! Essa era boa. Eu sabia dos estudantes, eles não queriam estudar e inventaram de plantar batatas nas salas de aula. Ainda reivindicavam comida de primeira. Afinal isto dava dividendos com a imprensa presente. Eles na TV e a professorada que mesmo sem dar aula recebia seu quase rico dinheirinho aplaudindo. Porque invadiram as sedes? Perguntei. – Não é da sua conta. Não se intrometa! Putz, diretores e presidentes assim? Quantos da família Bolsonaro tinha lá na UEB? Será que agora os Cobrões da EB poderão andar armado? – Pedi para a Célia pegar meu bastão da Lobo. Duas e meia polegada de diâmetro, ponteira de aço. Eles se foram. Minha rua começou a se encher de chefes. Um deles conhecido escoteiro do ar bom de prosa, outro soldado da nação lá das longínquas Guarulhos. Tinha também um fiel escudeiro da prefeitura de Céu Azul e um da aristocracia Italiana. Irmãmente me saudaram. Chefe a coisa está preta! Preta? Preta é esta vestimenta, Ops. Sem ofensa!

- Convidei-os para entrar. Uma enorme multidão de chefes cantava baixinho Deus Salve os Escoteiros! – Cheguei no portão e gritei alto: - Good Morning, Curitiba! A rua veio abaixo. Palmas, Anrê e bravôo de montão. – Perguntei a tiracolo: - Porque ocuparam as sedes? – Cansaram Chefe. Cansaram de ficar pendurados no bastão vendo seu Chefe falar. Cansaram de jogos repetidos. Cansaram das aulas de nós e de sinais no quadro negro ou dentro da sede. Não querem mais ser monitores. Dizem que o Monitor é apenas um enfeite. Chega de ouvir os gritos dos chefes. Cansaram de ouvir celulares tocando, cansaram de ver chefes de uniformes diferentes, dos óculos Ray Ban dos chapéus e coberturas esquisitas. Cansaram de ver tantos sem uniforme só de lenço dizendo que são escoteiros! – Caramba! O caldo engrossava... - Mas o que eles querem realmente? Chefe querem acampamentos, excursões, atividades aventureiras querem bivaques, jornadas noturnas, querem subir em árvores, querem construir Ninhos de Águia, pontes, querem fazer um comando Crow feito por eles mesmos em cima de um rio ou um despenhadeiro! Abominam as exigências, as burocracias. Querem liberdade para aprender fazendo sem o Chefe de Babá!

- Mas não dizem que as tropas realizam até mais que isso? Um Chefe me afirmou que existem atividades assim em muitas tropas do Brasil. – Chefe, eles estão revoltados. Os que saíram do escotismo querem voltar, mas para participar do escotismo de raiz aquele de BP. Querem viver na natureza, querem ouvir os ruídos da noite, querem se divertir em volta de um fogo só deles. Querem acampar em seus campos de Patrulha sem outras sessões e depois ficar ouvido chefes dizendo que adoraram o acampamento! Querem tempo livre querem sugerir e aprender a fazer fazendo. Cansaram de ter tantas especialidades sem merecimentos. Querem provas de desafio e não estas que parece atividade escolar. – Pensei em Abraham Lincoln: - Pode-se enganar a todos por algum tempo. Pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo tempo! A chefaiada embelezada pela EB gritava: - - Abaixo os escoteiros amotinados! Viva a EB! Viva os presidentes nacionais e regionais. – Poxa! O que era isto? Eis que aparece um batalhão de Caqueanos. Chapéus de abas largas, estupendamente bem uniformizados. Atrás milhares de escoteiros e ex-escoteiros que querem voltar aos velhos tempos.

- Pararam na minha porta. Gritos e um carro de som da CUT (Logo da CUT?) começou a tocar e a berrar: - Chefe Osvaldo, Chefe Osvaldo! Escoteiro Chefe do Brasil! – O que? Eu? Tá loco? (como diz meu papagaio). Necas! Velho sem dente, sem ar, sem poder andar e falar. Escoteiro Chefe? Centenas e milhares de monitores ali com cópias de atas das Corte de Honra. Todas elas com meu nome aprovando meu novo mandato na EB. – Um deles menino escoteiro dos bons gritou: - Chefe, precisamos de um amigo, de um irmão e não de um chefão. Precisamos de alguém que nos ouça, que converse que não nos tente convencer que o mundo mudou e quer falar por nós. Somos meninos sonhadores, queremos ser heróis exploradores. Precisamos de chefes que nos entenda que saiba ouvir e não determinar. Nossa! Onde amarrei minha égua? Um tiro de canhão apitou no ar. A EB conseguiu um canhão emprestado da Marinha. Uma corveta toda equipada para a guerra estava ancorada perto da minha casa no rio Tietê.

                            Comecei a tremer de emoção. Adoro uma boa briga. Parecia meus velhos tempos desafiando para uma briga de galo ou enfrentando uma Jaguatirica no Pântano dos Demônios ou nos desafios de quebra coco, na luta do Scalp até a morte. Preparei-me como nos velhos tempos. Arregacei as mangas, prendi o chapéu com o cabo de couro. Dei um murro no ar. Acertei a parede do quarto onde dormia. Gritei de dor! Celia correndo me acordando dizendo: - Marido! O que houve? De novo? Quando vai terminar seus pesadelos? Que o diga Sergio Moro o herói da nação que quer acabar com a bandalheira e eu também. Mas pensei comigo: - Seria bom se a escoteirada se erguesse. Fui até a sala fiz um curativo e voltei a dormir, sonhando com anjos e querubins tocando arpas no céu. Ops! Desta vez não vi BP! 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

O Chefe Escoteiro. Ambiente e tentação. Por Lord Robert Baden-Powell.




O Chefe Escoteiro.
Ambiente e tentação.
Por Lord Robert Baden-Powell.

Antes de entrar na trilha do que nosso líder ensinou me lembrei do Velho Donato pai de um Escoteiro ouvindo uma turma de chefes comentando sobre a felicidade pediu a palavra e com voz rouca falou baixinho: - “Ninguém é capaz de fazer os outros felizes em um passe de mágica. O que podemos é ajudar as pessoas a verem aquilo que precisam ver, e apontar o caminho e torcer para que elas sigam”.

- O primeiro passo para o sucesso do Chefe Escoteiro é conhecer o seu escoteiro, mas o segundo passo é conhecer sua casa. É só quando você sabe o que o ambiente dele é quando ele está longe dos escoteiros que você pode realmente dizer o que influências para trazer sobre ele. Onde a simpatia e apoio dos pais do menino estão garantidos, onde os pais foram trazidos para uma parceria mútua com um maior interesse no trabalho da Tropa e no objetivo do Movimento, a tarefa do chefe dos escoteiros torna-se proporcionalmente leve. Ocasionalmente, em casa, pode haver influências malignas a serem superadas. E Além disso, existem outras tentações para o mal que o Chefe do Escoteiro deve estar pronto para enfrentar. Mas, se ele for avisado, ele provavelmente pode inventar seus métodos para que as tentações falhem em exercer uma má influência em seus rapazes; e dessa forma seu caráter é desenvolvido nas melhores linhas.

O que o chefe dos escoteiros faz, seus garotos vão fazer. O chefe dos escoteiros é refletido em seus jovens. Do auto sacrifício e patriotismo de seu chefe dos escoteiros, herdam a prática do auto sacrifício voluntário e do serviço patriótico. Uma das tentações poderosas é a do cinema. Imagens em movimento tem, sem dúvida, uma enorme atração para os meninos, e algumas pessoas estão constantemente escondendo seus cérebros como pará-lo. Mas é uma daquelas coisas que seriam muito difíceis de parar, mesmo que fossem completamente desejáveis. O ponto, ao contrário, é como utilizar os filmes da melhor maneira para os nossos fins. (Escrito em 1911). Sobre o princípio de encontrar qualquer dificuldade, aliando-se a ela e afiando-o em uma direção própria, devemos nos esforçar para ver o que há é de valor em filmes e deve então utilizá-los para o efeito de treinar o menino. Sem dúvida, pode ser um instrumento poderoso para a má sugestão, se não for devidamente supervisionada; mas medidas foram tomadas e continuar a ser tomada, para garantir uma censura adequada.

Mas, como pode ser um poder para o mal, assim também pode ser feito um poder para o bem. Existem excelentes filmes agora sobre a história natural e estudo da natureza, que dão uma criança longe melhor ideia dos processos da natureza do que a sua própria observação pode fazer, e certamente muito melhor do que qualquer quantidade de lições sobre o assunto. A história pode ser ensinada através do olho. Há dramas do tipo patético ou heroico, e outros de diversão, humor e riso genuínos. Muitos deles trazem o que é ruim em condenação e ridicularizarão. Não há dúvida de que este ensinamento através do olho pode ser adaptado de modo a ter um efeito maravilhosamente bom através da própria inclinação e interesse das crianças no "palácio do cinema". Temos que lembrar também que os filmes têm a mesma influência sobre as escolas que agora estão se tornando boas.

No Escotismo nós não pode fazer isso na mesma medida, mas podemos usá-los como um estímulo para o nosso seus próprios esforços. Temos que tornar nosso Escotismo suficientemente atraente para atrair o menino, não importa quais sejam as outras atrações contrárias. O tabagismo juvenil e seu prejuízo à saúde; jogo e toda a desonestidade que traz no seu trem; os males da bebida; de vadiando com garotas; impureza, etc., só pode ser corrigida pelo chefe dos escoteiros que conhece o ambiente habitual de seus rapazes. Isso não pode ser feito proibindo ou punindo, mas substituindo algo pelo menos igualmente atraente, mas bom em seus efeitos. O crime juvenil não nasce naturalmente no menino, mas é em grande parte devido para o espírito de aventura que está nele, para sua própria estupidez, ou para sua falta de disciplina, de acordo com a natureza do indivíduo.

A mentira natural é outra falha muito comum entre os rapazes; e, infelizmente, uma doença prevalente em todo o mundo. Você conhece particularmente entre as tribos incivilizadas, assim como nos países civilizados. Verdade falando, e sua consequente elevação de um homem em ser confiável autoridade, faz toda a diferença em seu caráter e no caráter de a nação. Portanto, é nossa obrigação fazer todo o possível para elevar o tom de honra e verdade falando entre os rapazes.

domingo, 15 de setembro de 2019

“Tenho guardada no meu peito uma chave chamada Promessa que poderá abrir todas as fechaduras do castelo da Dúvida." Lei do Escoteiro – Uma filosofia de vida.




“Tenho guardada no meu peito uma chave chamada Promessa que poderá abrir todas as fechaduras do castelo da Dúvida."

Lei do Escoteiro – Uma filosofia de vida.

Era uma vez... - Muitas vezes esquecemo-nos do que se passa na mente de um jovem durante sua promessa. Costumo dizer que este dia é o mais importante em sua vida. É um dia especial e compete ao chefe e o monitor fazer de tudo para que isto aconteça. Costumo dizer que a promessa é para sempre. Sendo bem realizada sem improvisação pode sim ser um começo promissor na vida daquele que inicia sua saga escoteira.

¶Prometo neste dia, cumprir a lei
Sou teu Escoteiro, senhor e Rei.

                Ele passou a semana pensando se poderia assumir tamanha responsabilidade. Com seus onze anos ainda não tinha aprendido que assumir o que lhe pediram não seria fácil. Seus sonhos eram outros e quando estava em sua patrulha ele sentia o amor de todos por ele. Era o terceiro da fila e mesmo sendo olhado como o novo Pata-tenra isto não o incomodava. Tinha três anos de lobo e agora iniciando na tropa já sabia fazer muitos nós, sinais de pista e era bamba em subir em arvores ou descer pela corda. Assustou-se quando o Monitor lhe disse que o Chefe queria falar com ele. Uma conversa amigável, mas que o preocupou muito.  Afinal Albino nunca pensou nada sobre o que o Chefe lhe falou. Nos lobinhos ele brincava, cantava, fazia excursões e acantonamentos. Sim, ele sabia que fez uma promessa quando lobo, mas nada que pudesse comparar com esta agora que ia fazer nos Escoteiros. Ele seria capaz de cumprir a lei?

¶Da fé eu sinto orgulho, quero viver
Tal como ensinaste, até morrer!

          - Albino, dizia o Chefe, acho que sabe que sua promessa vai ser um dia especial para você. Eu sei que você entende o que é coragem dignidade e honradez. Isto meu caro Escoteiro chamamos honra. Quem não há tem perdeu tudo o que tinha de civilidade. Quando você estiver olhando para nossa Bandeira e se perceber bem acima dela, estará de braços abertos o nosso Senhor supremo. Ele não vai exigir de você nada mais do que você um dia irá enfrentar em sua vida. Ela lhe dará vários caminhos e compete a você escolher o certo. Sempre você terá direito a fazer a escolha que julgar correto. Não vou repetir artigo por artigo da lei. Você os conhece de cor. Dizem que nós Escoteiros primamos pelo caráter. Você sabe o que é isto. Um dia aprendi que caráter é a soma de nossos hábitos, virtudes e vícios. Em sua definição mais simples resume-se em índole ou firmeza de vontade. O caráter de uma pessoa pode ser dramático, religioso, especulativo ou desafiador. Pode ser também covarde e inconstante. Compete a você escolher de que forma seu caráter será formado. Nunca em tempo algum perca sua honra e seu caráter.

Com a alma apaixonada, segui-la-ei,
A minha Pátria amada, fiel serei!

            Albino não sabia o que dizer, olhava nos olhos do seu Chefe para sentir tudo que ele dizia e não perder uma só frase, uma só palavra. Conversaram por mais de meia hora. Ele sabia que o próximo sábado seria só dele. Seria o dia que faria a promessa nos Escoteiros. Nunca pensou que haveria tanta responsabilidade. Já tinha visto a Promessa do Rodriguinho, pois na tropa poucos novos eram aceitos. Não porque não queriam, mas sim porque dificilmente alguém saia da tropa a não ser quando iam para os seniores. Quando seu Chefe falou da Lei Escoteira Albino silenciou. Não sabia por que, mas tinha medo dela. Medo? Sim, ele achava muito difícil cumprir a lei. Foi para casa pensativo. Prometer junto ao pavilhão nacional e ao nosso Mestre que irei cumprir a lei? Será que manterei minha palavra já que o primeiro artigo diz que temos uma só? Difícil decisão. Albino dormiu mal naquela noite. Mas não desistiu. Nonato seu amigo de patrulha riu quando ele contou sobre isto. Meu amigo ele disse, você vai fazer o melhor possivel, nada mais que isto.

¶Promessa que um dia, eu fiz junto à tí,
Para toda a minha vida, a prometi!

            Albino resolveu buscar ajuda. Quem sabe o Pastor Leôncio poderia aconselhar. Assim o fez. O Pastor só ouviu e pouco falou. No final disse: - Albino, acredite em você. Decisões são difíceis para serem tomadas mas não podem ser postergadas. Toda sua vida será cheia de caminhos e em cada um você terá de tomar uma decisão. Está quem sabe é a sua primeira. Confie em você. Escoteiro é assim a cada dia um desafio novo. Esqueça o difícil o impossível pois ao abrir a porta de um novo dia e ver o sol brilhando é porque você se encheu de coragem e venceu seus medos. Parta e busque sua força. Ela existe. Albino saiu da casa do Pastor cheio de coragem. Ele iria cumprir a lei. Ele tinha de cumprir a lei. Seria sua força e não podia perder a honra e caráter por toda a vida. Albino fez sua promessa e ao dizer as belas palavras ele olhou para o céu e viu uma nuvem branca com alguém a lhe abanar a mão e sussurrando:

¶Eu te amarei para sempre, cada vez mais,
Senhor minha promessa, protegerás!

Falamos muito em honra, em palavra de Escoteiro, de caráter e tudo isto engloba a nossa vida no escotismo. Já dizia um celebre filósofo que palavras são palavras, nada mais que palavras. Quando no escotismo aceitamos sua filosofia precisamos analisar a lei e a promessa. Não dizer repetindo sem primeiro ter ciência do que vamos dizer e prometer. Nem sempre que faz uma promessa pensa que ela vai lhe acompanhar por toda a vida. Não importa se está ou não Escoteiro.

sábado, 14 de setembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ainda o artigo “O Preço de uma Medalha”.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ainda o artigo “O Preço de uma Medalha”.

Neste final de semana, publiquei um artigo intitulado “O Preço de uma Medalha”. Nele comentava minha decepção com a Escoteiros do Brasil no trato com seus associados no que se referem a elogios, certificados e condecorações. Insistia que tal concessões deveriam ser sem ônus para o outorgado. Tal comentários foram baseados em chefes e dirigentes com quem tive contato nos últimos anos e e-mail recebidos de muitos se sentindo prejudicado. Há anos, desde que me tornei adulto que luto para que todos os participantes do escotismo tivessem suas oportunidades de portar um agradecimento de sua liderança, seja no que nível for sem processos sem ônus e que pudessem sorrir e portar a comenda com orgulho.

Como sempre o artigo atingiu aqueles que coadunam com meu modo de pensar. Mas eis que um Chefe muito educado, cujo nome deixo em OF, gentilmente escreveu sua observação do artigo publicado em uma das minhas páginas. Apresentou-se como Chefe de sessão e titular a cinco anos da Comissão Regional de Analise de Condecorações e reconhecimento da Região Escoteira de São Paulo. Desculpou-se por que a Região não tem como divulgar as 3.000 condecorações outorgadas em 2018 e 2019. Comentou também a analise e diligência que fez para a outorga da Cruz de Valor Caio Viana e três Velho Lobo Benjamim Sodré. Comenta que perdeu a conta de outras que considera ter orgulho de merecimento por parte dos agraciados. Insistiu em dizer que fez a outorga de diversas outras condecorações sem qualquer ônus para o associado. Completou dizendo que na Região de São Paulo o regulamento é que o agraciado não pode ser o solicitante. Assim o ônus fica para quem solicitou.

Fiquei deverás impressionado com seu relato. Isto apesar de que minha principal questão seria não só o merecimento, que julgo obrigatório para quem tem o tempo devido e devidamente certificado nos registros da Região ou no PAXTU. Com sentimentalismo, que sempre foi meu forte no escotismo exemplifiquei um Chefe fictício de nome Zé das Quantas. Conheci milhares deles. Sua luta, sua maneira simples de fazer escotismo bem diferente dos meios pedagógicos e sociológicos de hoje. Estes chefes são frequentes em corresponder comigo, pois acham refugio em minhas palavras e são seguidores que guardo com carinho no coração. Moro em Osasco SP e aqui pouco sou conhecido e se o sou não sou contatado. Costumava explorar e visitar grupos quando podia andar como Caio Vianna Martins com as próprias pernas. Hoje dificilmente. Visitava sem convite só pelo prazer da surpresa e porque não fazer amizades que escoteiramente falando amo demais.

Impressionado com o relato do Chefe que por sinal é meu amigo virtual, resolvi tomar conhecimento da fonte desta pesquisa através do Relatório Regional 2018 da Região de São Paulo. Batuta! Esplêndido trabalho. Um visual impressionante. Claro que poucas fotos dos admiradores do Uniforme Caqui e a preferencia pelos que usam o vestuário, nova escolha de apresentação cujo comentário tenho feito em diversos artigos postados anteriormente. Fixei atentamente nos números apresentados: - 28.000 membros registrados. 6.800 adultos sendo 4.800 atuantes em sessões e quase 2.000 dirigentes. Fantástico! Para uma população baseada em 45 milhões de habitantes, isto significa uma média de um escoteiro para cada 0,003 (Putz. Sou ruim de cálculo, peço aos matemáticos calcular para mim, obrigado). habitantes. Mas levando em conta o efetivo nacional de 106.000 membros temos quase 28% do efetivo total. (de novo a mercê dos matemáticos).

- Fica aqui o Meu agradecimento ao Chefe membro da Direção Regional pelas informações prestadas. Pelo sim pelo não é um numero impressionante. Se considerarmos 6.800 adultos e se cada um recebesse uma condecoração ou outra outorga seriam mais de 48% do efetivo adulto. Um trabalhão para a entrega a cada agraciado. Fiquei em dúvida quanto às informações prestadas no Relatório Regional 2018. Lá está anotado que foram 329 medalhas concedidas, 462 diplomas de mérito e 297 elogios. O que não é nada desprezível.

Enfim, valeu o trabalho da Região de São Paulo nesse quesito. Pena que ainda não chegaram ao escotismo de BP. Depois destes relatos me lembrei do pensamento dele traduzido pelo excelente Chefe de Campo de Gilwell John Thurman:
- O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.
- Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento. E ele termina: - Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios CHEFES E DIRIGENTES!

Nota – Não quero polemizar com quem quer que seja. Posso estar errado mas mantenho meu escotismo simples, humilde, de teor Bipidiano na trilha conforme deixou o fundador Robert Baden-Powell.

Boa reunião e feliz escotismo para todos!

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O preço vale a comenda?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O preço vale a comenda?

- Elogio e valorização tem preço? Muitos dizem que não e outros que sim. Eu na minha simplicidade de escoteiro humilde (kkkk) sou contra qualquer tipo de cobrança principalmente de alguém que prometemos um dia premiar e valorizar pelo seu trabalho na associação. Alguns já disseram que não estão aqui atrás de elogios ou comendas. Estão para colaborar na formação da juventude. Bonita frase, mas por trás dela existem uma consternação por não terem reconhecidos seu trabalho como voluntário por anos ao Escotismo. Direitos são direitos, nada pode impedir de premiar e ou elogiar quem durante anos atuou incessantemente na formação de jovens no Movimento Escoteiro. Chamam-me de velhote esclerosado por me meter em seara que desconheço. Verdade? Caramba, não vivi isto por dezenas de anos? Disseram-me que um Chefe recebeu uma medalha e a conta. A conta? Ora, ora tinha preço? Tem sim,  para receber é preciso um processo da Diretoria do grupo, onde consta os valores do outorgado e pagar uma determinada quantia. Pagar? Putz Grila! – Chefe! Tudo na vida tem preço. – Elogiar, premiar tem preço? Difícil concordar.

- Alguns Grupos tem estrutura para solicitar aos seus voluntários uma outorga pelos seus serviços prestados. Pode ser um simples elogio um certificado ou uma medalha. Dizem que o PAXTU ensina e informa. Muito simples. É mesmo? Pergunte ao Zé das Quantas, Chefe escoteiro lá de Brejo Seco. 40 anos lutando pelos seus meninos. No Grupo do Zé ele é o faz tudo. Não tem presidente não tem diretor e nem computador. Ele e a Bastiana Akelá já  formaram uma infinidade de jovens que adultos são pessoas de caráter honra e ética. Deixando de lado a caçoada, muitos grupos não tem esta facilidade. Quando tem um APF muitas vezes ele no alto de sua sabedoria manda esperar. – Não tá preparado ainda Chefe! – Quando então? Não será que ele diz isso porque se esqueceram do APF e ele até hoje nada recebeu?

- Me condenem, mereço, sou um velhote antiquado, cheio de meu “pé me dói”, prá não dizer que sou um “pé no saco”. – Chefe! - Gritou um amigo de 20 anos escoteirando lá do norte: - Se eu estou ajudando e trabalhando na sessão por tantos anos, não estou prestando relevantes serviços ao Escotismo Nacional? – Pois é, relevantes serviços. Mas a associação só vai reconhecer por um processo e o pagamento solicitado. Me lembro de quantas vezes fui ao antigo Palácio da Liberdade de Minas Gerais para solicitar colaboração nas despesas da Região Escoteira. O Palácio dos Esportes, a Policia Militar e tantos antigos escoteiros radicados em empresas e ou universidades sempre colaborando dentro de suas possibilidades. Hoje não tem mais isso? Ninguém ajuda? Não temos marketing? E a propaganda da Coca-Cola e outros nos Jamborees Brasileiros? Não deram lucro? Qual o faturamento da Loja Escoteira? Gostam de criar para vender. Não tem mais distintivo de Patrulha e o de monitor feito pela mãe do Zé, nem mesmo especialidades bordadas pela Dona Niceia. Até mesmo o lenço querem que seja uma unidade nacional. Fabricada e vendida pelo Truste EB.

- Hoje temos taxas para tudo. Para cursos (saudades do meu onde recebi da região um cheque para pagar a viagem e as despesas diversas). Tem taxas de acampamentos, de Jamborees, de Assembleias, das traquitanas escoteiras, do vestuário (o que se paga por ele dá para fazer tranquilamente dois ou três uniformes caqui). O faturamento da Escoteiros do Brasil não é desprezível. Cobrar uma medalha? Uma valorização para o associado Voluntário? Fico a pensar quanto é uma Gratidão e a de Bons Serviços. E uma Cruz São Jorge ou uma Tiradentes? Nem pensar do Tapir, só para grandões. Deve ter um valor enorme para o agraciado e para a EB que recebeu mais uma grana. Estou aqui na minha varanda meditando: - Ouro Preto, Sete de Setembro de um ano qualquer. Governo mineiro reunido entregando medalhas aos convivas: - Autoridades de todo país. Cada uma delas sorrindo ao receber a mais alta condecoração Mineira entregue pessoalmente por sua Excelência o Governador. Ele sorri e fala baixinho para o Presidente Bolsonaro: - Manda depositar a quantia na conta do Governo de Minas. Fale com o Guedes para ele pagar sem reclamar, pois aqui nada é de graça!

- Não discuto a cobrança. Mas de uma medalha? Um elogio? Um Certificado? Fico pensando quanto custa àquela festa no último dia das Assembleias onde se distribui medalhas e certificados a rodo. Claro, se não tiver registro ou se não estiver de acordo com as normas não vai receber é nada! Concordo. Um direito da EB. Fico pensando porque a Escoteiros do Brasil é tão avarenta. Já pensou se mais chefes recebessem o que tem de direito sem pagar? Quantos sorrisos iria receber? Quantos agradecimentos? Quantos anos mais se mantendo fiel a Mestra do Escotismo da EB? É tão simples. Tem tempo escoteirando junto à sessão, tem tempo como dirigente na frente de uma unidade escoteira? Se tiver um Distrito (já mudaram o nome, “porca lá miséria”!) informa a Região com uma lista: - Os que podem receber a Gratidão bronze, a prata e a ouro, o mesmo com a Bons Serviços. Até mesmo a Cruz São Jorge. Um dia escrevi das exigências da Lis de Ouro e o Escoteiro da Pátria. Muitos desistem e vão fazer escotismo por conta própria com seus amigos do bairro.

- Será que nos outros países é assim também? Será que lá nas “estranjas” fazem de tudo para faturar? Será que tem país com lideranças se preocupando com seus voluntários, valorizando, ajudando principalmente os mais humildes, se socorrendo com os antigos escoteiros colocados em funções de comando de empresas, comercio profissionais liberais que no futuro poderão ocupar? – Vado! Me diz um amigo, aqui não tem disso. Aqueles que passam pelo escotismo e estão em função privilegiada não valorizam o escotismo. Acham que foi divertido e nada mais! Torquato um jovem executivo da GM me disse um dia: - Chefe, não dá, nunca recebi uma visita de um profissional escoteiro, nunca fui procurado, ajudar como?   

De uma coisa eu sei, não existe orgulho maior, satisfação maior, alegria maior quando um Chefe recebe um elogio, um diploma ou uma condecoração. Ele merece, e é ele quem faz mover a roda do moinho do escotismo e não os donos do poder. Será que no alto de seu cargo eles também pagam e fazem seus processos para receber? Chego ao fim da minha vida assistindo a este espetáculo deprimente. Eles só pensam “naquilo”. Lucro e lucro! Sei que muitos já se acostumaram. Um grande pensador dizia que tudo faz parte do aprendizado. A gente vai vivendo e aceitando o que nunca deveria aceitar. Daqui a alguns anos tudo se tornará um hábito de comportamento. Pois é... “Sem palavras sem nada para dizer depois de saber que você vai pagar a conta”.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Acampar, um sonho escoteiro.




Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho escoteiro.

Prólogo: - Cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso uma mulher para fazer um lar. (proverbio Chinês).

Parte I
                   Falamos muito em acampamentos. Claro sem não existe escotismo. Quando os jovens ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram. Eles adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se no último acampamento se decepcionaram e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí meu amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. Não adianta o melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas lembre-se você não pode falhar. Você Escotista é responsável para que seus sonhos deles se tornem realidade. Quando você deu a eles as delicias de uma vida mateira, quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o tempo foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de ir, então o sucesso é garantido e absoluto. 

                    Costumo dizer que existem acampamentos e acampamentos. Vejamos o que o Google diz sobre ele – “Acampamento (do inglêscamping) é um local onde se estabelecem barracas ou tendas, geralmente com a proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo”. - Mas será isto mesmo? É isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Isto aí é Camping. Escoteiros acampam e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a organização é a “alma do negocio”. Se a preparação e a organização foi perfeita então o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes escoteiros mais experientes, pois sei que a maioria sabe melhor que eu. Seria presunção minha dizer o contrário. Nada disto. Aqui simplesmente dou sugestões para os mais novos. Eles sim precisam de colaboração.

                     Vamos dentro de o possível em três partes (uma cada dia) especificar alguns detalhes importantes. Não se esqueçam, estou a comentar em acampamentos escoteiros dentro dos padrões de Gilwell. Todos sabem que Gilwell é o centro de adestramento escoteiro mundial. Quando dizemos a moda Gilwell é que ali se pratica conforme Baden-Powell realizou no seu primeiro acampamento em Brownsea. No mundo inteiro os acampamentos são realizados com os padrões de Gilwell. Sistema de Patrulhas vem em primeiro lugar. Cada uma tem seu campo de Patrulha pelo menos a quarenta metros de distancia uma da outra. É como se fosse uma casa, o lar da Patrulha. Estranhos só entram se convidados. A Patrulha tem seu próprio material de campo, sua intendência e dentro do possível farão as pioneiras necessárias para sua comodidade higiene e o conforto como se fosse em suas casas.

                       Importante é a escolha do local. Nas grandes cidades nem sempre encontramos bons locais. Os expert em faturar já estão a alugar locais preparados para isso. Mas não é difícil conseguir bons locais e de graça. Coloque um uniforme, chame um ou dois chefes e tentem aos domingos passear em estradas secundárias. Conversem com os nativos sobre o que estão procurando. Encontrando procurem o proprietário. Digam o que é o escotismo e o que pretendem fazer. Peçam autorização. Lembrem-se que não vão acampar ali somente uma vez. Se autorizado o respeito ao terreno e aos demais moradores são importantes para voltar uma segunda vez. Algumas tropas no final do acampamento costumam convidar o proprietário para o cerimonial de encerramento e entregar a ele uma lembrança como o lenço do grupo por exemplo. Entregar... Não colocar nele o lenço! Em muitas capitais os chefes tem sempre a mão quatro ou cinco bons locais. É bom a cada um ou dois meses ligar para ele para manter o vinculo de amizade, quem sabe um parabéns em seu aniversário.

                        Um bom local não deve ser perto de residências, estradas, postes de luz, ou seja, nada que dê sinais de civilização. Até os veículos da chefia devem ficar distantes das patrulhas. Lembrem-se do velho adágio: - “Se vai ao mar avia-se em terra”. Você vai acampar. Nada pode faltar. Chefes Pata Tenras são aqueles que ficam saindo do campo toda hora para buscar o que esqueceram ou o que faltaram. Um dos princípios básicos de um bom acampamento é que a Patrulha tenha todo o seu material necessário. Barracas, vasilhame, material de sapa tudo muito bem acondicionado em um saco, que a própria Patrulha pode fazer. Estes sacos têm em suas laterais alças para que com dois bastões quatro ou dois escoteiros possam transportá-los a longa distancia (se for o caso).

                       Eu sempre digo que se a tropa não foi preparada com antecedência para o acampamento tem tudo para dar errado. Claro, a não ser patrulhas que acampam juntas há anos e tem grande experiência de campo. É importante que cada Patrulha tenha um bom almoxarife, um bom intendente, um bom aguadeiro, um bom socorrista, um bom cozinheiro e claro um bom Monitor. Monitor que faz tudo não tem Patrulha. Tem ele. Vai sempre reclamar de todo mundo. Se não confia nos seus patrulheiros é porque não os adestrou bem. Duas boas excursões em dois domingos com programa simples de aprender a armar barracas (olhos vendados), uso e treinamento de material de corte (faca, facão, machadinha etc.) Aprender a usar o sisal, Conhecer os nós básicos para campo, para construção de pioneirías, amarras, costura de arremate devem ser treinados antes. Se já existe a Patrulha de Monitores e tudo foi adestrado antes, é meio caminho andado.

                    O Almoxarife ou intendente responsável pelo material deve ter uma relação e todos antes de usarem qualquer item só com sua autorização. Importante só andarem em dupla no acampamento. Ninguém sai sem autorização do Monitor. Ele deve saber onde está cada um dos seus patrulheiros. Antes de ir para o acampamento a Patrulha deve revisar todo seu material. Barracas devem ser colocadas ao sol pelo menos uma vez por mês. Ferramentas de cortes afiadas e oleadas para não enferrujarem. Faça um programa dando tempo livre para as patrulhas. Elas precisam se conhecer e aprender muitas técnicas através do seu Monitor. Só de estar lá, na sua Patrulha, lutando lado a lado, construindo, rindo, calos nas mãos, sol quente e dando bravo quando a refeição está pronta já valeu o acampamento. Jogos, atividades técnicas como comando Crow, Falsa Baiana entre outros devem ser feitas pelas patrulhas e nunca pelo Chefe. Jogos e atividades onde a participação é individual são demorados e não chama atenção.

                      Como Chefe deve estar bem preparado. Adestrar seus monitores, ler bastante sobre normas de campo, cuidados com atividades longas, cuidado para evitar acidentes e banhos de rios e lagoas. O POR é sucinto. Faça um programa ouvindo sugestões da Corte de Honra e esta já ouviu de seus patrulheiros. Cardápio simples lembre-se são escoteiros e cozinheiros com simplicidade. Grupos que usam nutricionista muitas vezes deixam o acampamento a perder. Nunca acamparam e nem sabe como é o tempo lá às condições e o aprendizado do menino ou menina cozinheiro. Se o campo é a extensão de suas casas que seja tudo muito simples, mas que seja uma alimentação forte. O Chefe com a comissão de pais são responsáveis pela lista de supermercado. É comum no campo da chefia (ela tem campo separado) ter uma barraca de intendência e se o acampamento for longo, um dos chefes será o intendente geral. Ele separa o cardápio do dia por Patrulha, chama os intendentes na hora determinada para dar inicio as refeições. Cuidados não só na Patrulha como na intendência geral com chuvas, animais peçonhentos, insetos, bichos que costumam invadir.

                        Acampar é vida, é escotismo, é formação de caráter. É aprender a fazer fazendo. O acampamento é dos escoteiros e o Chefe está ali para servir, orientar, e formar cidadãos. Se o Chefe Escoteiro tem noção de como se faz e como se age no acampamento é claro que ele estará no caminho para o sucesso. Uma Patrulha é autônoma. Ela não é dependente. É uma equipe. Cada um deve agir como diziam os três mosqueteiros, “Um por todos, todos por um”. O Chefe deve dar liberdade. Lembrar-se que o campo de Patrulha é a casa deles e ele como bom orientador só vai lá quando chamado ou claro em casos especiais.

                     Quem já viveu a experiência em um acampamento do porte dos que são feitos em Gilwell tem meio caminho andado. Estamos aqui para formar cidadãos. Compenetrados no desenvolvimento da ética e do caráter. E dar a eles todas as condições para aprender a fazer fazendo. Só assim estaremos cumprindo nosso dever de escotistas. Bons acampamentos marcam e os Escoteiros sempre irão desejar voltar novamente. Tropas que acampam pensando assim mantem por anos a menor evasão ou reclamações. Eles estão aprendendo a agir sem os pais. Estão dando o primeiro passo para um dia, quando crescerem saber qual o caminho que irão tomar. A eles serão lembrados do livre arbítrio, mas se eles conseguirem fazer as escolhas certas então podemos nos considerar vencedores.

Proximamente a parte II.

domingo, 8 de setembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Tem coisas que marcam para sempre!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Tem coisas que marcam para sempre!

- Era seu primeiro acampamento em uma cidade perto da sua. Foram convidados pelo Grupo Escoteiro de lá. Candango estava com onze anos e quatro meses de tropa. Romildo o Monitor o chamou: - Vadico! Se por acaso for chamado para a Bandeira, por um Chefe ou pelo Guia de Tropa não esqueça o que lhe ensinei... – Vá correndo... Fique em posição de sentido... Junto o calcanhar com força... Faça a saudação escoteira bem feita, diga alto e em bom som: - Sempre Alerta Chefe ou Guia... Abaixe o braço rápido. Espere que ele diga descansar e aguarde suas instruções... Militarismo? Atitude Marcial? Belicista? Hoje com setenta e oito anos de idade, sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- O Chefe chamou os três... Desculpem, vocês sabiam que no primeiro dia disse que se coloca o uniforme quando forem fazer a promessa. Acredito que seu Monitor também disse isso. Voltem para casa, guardem o uniforme e voltem na próxima reunião. O Chefe sabia que a Promessa seria o dia mais importante de suas vidas! – Eles foram chorando para casa... Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- Três toques com o Chifre do Kudu... Chamada Geral. As patrulhas conversam e se adestravam entre si nos seus cantos de Patrulha... Luizinho da Patrulha Águia tinha ido ao banheiro. Faltava um para se apresentar... Todos correram para formação... Por Patrulha se formaram. Em posição de sentido se apresentaram. O Chefe ficou em posição de sentido com eles e não disse nada... Ninguém podia se apresentar faltando um patrulheiro... Luisinho chegou correndo... Monitor! Posso entrar em forma? O Chefe após aceitou a apresentação de todos... Ele acreditava na disciplina. Fazia parte da tropa e explicada o porquê a todos. Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- Polenta passou displicente próximo ao campo da chefia. Polenta era conhecido pela sua desatenção às normas. O Chefe da Tropa o chamou: - Porque está só? – Só vou até a trilha do Elefante pegar cipós... O Chefe foi até o mastro de chamada da tropa. Hasteou a bandeirola amarela com o numero 2. – Era o sinal de chamada da Patrulha Lobo. Em um minuto eles se apresentaram. Incompletos... Faltava Polenta... O Monitor tentou explicar... Sabia que ninguém sai do campo de Patrulha sozinho. Sempre acompanhado de mais um... – Amanhã na inspeção irão perder um ponto para conseguir o Padrão de Eficiência geral... O Monitor abaixou a cabeça... Sabia que não devia ter deixado Polenta sair sozinho... Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- Todos da Patrulha Cisne foram tomar banho. Cinco horas da tarde... Entravam em dupla. Ela tinha sete, duas duplas e uma com três. Era a norma. Sabiam que se o Chefe visse um sozinho dentro do riacho iriam perder ponto. Sabiam que no pescoço do Monitor ele trazia seu apito. Se apitasse um S.O.S os demais escoteiros iriam acorrer para ajudar... O Chefe no seu Campo de Patrulha sorriu. Disciplina em primeiro lugar... Sabia que com seus vinte anos de chefia de tropa nunca aconteceu um acidente... Normas são para serem cumpridas na Patrulha... Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- B.O.I.A – Bandeira oração inspeção e avisos... A Patrulha formada em linha esperando ser inspecionada... O Chefe chegou e saudou a Patrulha. Em circulo fechado deram o grito da Patrulha e voltaram para a formação anterior. Todos em posição de sentido. O Chefe mandou descansar... Começou a inspecionar um por um sem tocar em ninguém e sem falar. Só apontava. – Mãos? Unhas? Cabelos penteados? Pente? Lenço? Cinto escoteiro limpo? Estrelas de atividade brilhando? Sapatos engraxados? Meião bem colocado? Chapéu com abas retas? Lenço bem dobrado? Nota dez... Anotou... Monitor sorriu... Sabia que ninguém seria chamado ali à atenção e nem no cerimonial...  Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- Corte de Honra... Um Tribunal? Assim dizem os ingleses... A saleta arrumada. Em um canto um mastro com a bandeira do Brasil pronta para a saudação... Seleto o Monitor mais antigo e Presidente da CH solicita a todos posição de sentido. – A bandeira em saudação! Firme! – Morcado se encarregou da oração... Como sempre disse uma bela prece... Caledônio o Escriba leu a ata anterior. Aprovada por todos sem ressalva e assinada... Vários temas. Todos são discutidos... Já haviam escolhidos quais seriam em Conselho de Monitores... A palavra ficou livre... Montealto pediu a palavra... Explicou sua mudança em breve de cidade... Indicou Castelo para substituí-lo na Patrulha. Foi o escolhido por todos. Aprovado... O Chefe disse algumas palavras sobre sua saída. Algumas lágrimas rolaram... Final, agradecimentos, bandeira oração. Jucasantos serviu um cafezinho e biscoitos. Antes de saírem limparam a mesa, lavaram a garrafa de café e as vasilhas. Tombé escolhido para o Serviço do Dia varreu a sala e fechou. Cada um foi para sua casa sempre acompanhado de um amigo...   Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

- Cada um foi chegando à sede... Sempre quinze minutos antes... Era rotina... Pontualidade Inglesa ou escoteira dizia o Monitor... Encontravam-se no canto da Patrulha do pátio. Cada um tinha seu banco feito por ele mesmo. Saudações, aperto de mão, aprendizado... Até a hora da chamada geral. O Chefe adentrou na sede... Todos de pé gritaram: - Sempre Alerta Chefe! Eram patrulhas unidas... Respeitavam-se... Ajudavam-se... Amigos e irmãos escoteiros... Chico Prata o Monitor mais antigo foi a cada uma cumprimentar... Lembrou o lema daquele dia: - Boa ação e exemplo pessoal, na sede na rua na escola e em casa... Todos sorriram. Sabiam que valia ponto para o Padrão do mês. Errado? Atitude injusta? Hoje com setenta e oito anos sorrio... Se voltasse no tempo faria o mesmo... Afinal para mim era disciplina, se hoje não é assim paciência...

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Crônicas de um velho Chefe escoteiro - Não me levem a mal, afinal sou um escoteiro das antigas.




Crônicas de um velho Chefe escoteiro
- Não me levem a mal, afinal sou um escoteiro das antigas.

Às vezes penso porque insisto no escotismo que adotei quando criança e que permanece até hoje já no fim dos tempos como um Velho Chefe Escoteiro. Será pela beleza do programa escoteiro de Baden-Powell que adotei? Será pela sua filosofia? Ou quem sabe será porque aceitei a Lei Escoteira como Principio de vida? Não sei. Realmente não sei. Amei tudo que fiz e nunca me arrependi a não ser quando sozinho resolvi fazer uma jangada para atravessar o rio Doce abaixo de Crenaque, ela pesada afundou e... Eu quase fui com ela! Houve sim outros contratempos. Humanos que se diziam escoteiros e achavam que o errado era eu... Porque não aceitavam a discussão com bom senso, quem sabe só porque achavam que o escotismo deles era mais perfeito que o meu? Ora bolas, vi os resultados, mas os deles não. Fui afoito, brabo, brigão, desordeiro e metido a chefão dizendo coisas que hoje pensando bem não iria repetir. Desculpem, fui errado em achar que era um calejado conhecedor do Escotismo de BP. Uma vez um Chefe que respeitava me disse sem meias palavras: - Vado meu amigo, ser afável, amável, compassivo e delicado se conquista mais que ser o melhor, o mais entendido o respeitável que eles acreditam não ser tanto assim...

Fui para casa remoendo se ele estava certo ou errado. Várias vezes tive a petulância de pensar em sair do escotismo. Ao chegar em casa me olhava no espelho sorria e dizia: - Meu! Escoteiro para sempre ou um rato para sempre? Fui de tudo um pouco no escotismo. Abracei, elogiei, fiz careta, dei “banana” retruquei, contestei e quer saber? Tudo que pensei que poderia acontecer aconteceu. Não abandonei a luta. Sempre jogado a escanteio, mas firme pensando estar no meu direito. Desafiei o alto escalão, fiz troça de Soberbos membros da Formação, exigiram a devolução dos tacos que me deram, dos certificados... Não devolvi minha Insígnia e as medalhas. Eram minhas por direito. Não foram doadas... Lutei para conseguir. Não importa se foram poucas, se não tenho as mais famosas, aquelas que os possuidores de direito usam penduradas no pescoço... E porque escolhi o caminho de continuar sem ser? Ops! Sem ser? Sim, não arredo o pé da União dos Escoteiros do Brasil. Estou fora da Escoteiros do Brasil. Sou amante do que fiz, acredito no direito democrático de discordar, não falo pelos cotovelos, vou direito ao ponto... Se não faço meu registro anual é porque sei que iria ser ridicularizado, execrado e até expulso! Mas quem deles teriam o direito de me expulsar? Afinal são anos e anos escoteirando. Centenas de atividades de campo, quase oitocentas noite de acampamento, jornadas a pé, de bicicleta, de carona, pois até mochileiro eu fui!

Não fui Primo, nem segundo e nem Mor. Na Patrulha era um reles escriba, também não fui sub e nem Monitor. De tudo fui um pouco, tirei minha primeira e segunda estrela na marra. Fui Escoteiro Primeira Classe, e conquistei 18 especialidades. Fui Sinaleiro, cozinheiro, Acampador, Enfermeiro, Construtor de Pioneirías em uma época que tirar uma especialidade não era para qualquer um. Diferente de hoje... Novas normas, novas pedagogias de crescimento. Um dia sonhei ser Guia, mas um sabido da UEB enterrou meus sonhos cancelando esta hierarquia na tropa. De raiva fui Chefe de Lobos, de Tropa, de Sênior e pioneirei junto com amigos pioneiros nos verdes campos do Brasil. Tive a honra de Ser Diretor de Adestramento Regional e Comissário Regional, hoje título pomposo de Diretor ou Presidente. Melhor Comissário... Mais tradicional escoteiramente mais respeitoso... Saudades do Chefe do Grupo e de tantos nomes que os “çabios” Escoteiros modernos enterraram no rio do esquecimento... Um dia fui Insígnia de Escoteiros, depois de Lobinhos e Chefe de Grupo... Resolveram me dar o lenço que uso até hoje... Velhinho, carcomido, mas que amo demais.

Perdi a conta de Cursos Escoteiros que colaborei e dirigi. Quanto vale cada um? Tem valor na Escoteiros do Brasil? Qual o preço dos meus 71 anos de escotismo? Qual o respeito que demonstraram por mim quando me revoltei e disse que estava tudo errado? Que adiantou ser quatro tacos? Me ouviram? Ouvem alguém? Cada um dos poucos que lá estão lutam para permanecer... No poder... Um dois dezenas de anos. Outros não se incomodam com os cargos, estão satisfeitos em ser um Chefão, olhado com respeito com suas medalhas e sorrindo com a de Velho Lobo! Não comento mais as diretrizes, as normas, pois até desmerecer a lei, principalmente o sexto artigo se calam nos melindres do poder. Defendem com unhas e dentes o Estatuto feito para permanecerem no poder. Dão preferencia os novos. Lavagem cerebral de primeira. Quantas arrogâncias... Quantas empáfias... Quantos atrevimentos em faltar com o respeito do subordinado... Afinal somos voluntários ou empregados da Escoteiros do Brasil? Convencidos do poder que ostentam valores que não tem. Mas isto meu “compadre escoteiro” faz parte, faz parte da insolência, da bazófia em inventar o que não devia ser inventado e sim adaptado.

Às vezes me pergunto onde foi parar a Lei. Sim a Lei do Escoteiro, pois a Promessa é várias vezes renovada em cerimonias escoteiras para não ser esquecida. Já me acostumei com os que partiram para a Legião de Esquecidos, que um dia aqui se vangloriavam do amor escoteiro e hoje cansados, desiludidos partiram para outros caminhos levados pelo vento à procura de novas histórias... – Chefe estou saindo! Dizer o que? São culpados? Ainda vejo bom escotismo, em chefes que se preocupam com os jovens, que ouvem o que eles dizem que dão liberdade de fazer fazendo e não esta brincadeira feita de um programa infantil mais voltado para as salas de aula modernas que do verdadeiro escotismo aventureiro.

Me desculpem, foi um desabado. Sou um Velho Chefe Escoteiro no fim da idade. Já me criticaram por dizer que no meu tempo era diferente. Era sim, uma época que na liderança da União dos Escoteiros do Brasil havia respeito, fraternidade e cortesia por parte dos Chefões e de orgulhar em apertar sua mão esquerda. Havia sonhos de encontrar Velhos Lobos para conversar, ouvir, aprender e agir conforme as ideias do fundador. Hoje sou apenas uma figura de um escritor escoteiro, dizendo “besteiras” como muitos me intitulam. Pela manhã me olho no espelho. Não vou desistir. Criticar para mostrar o melhor caminho sempre foi o meu lema. Não cobro nada do que faço ou do que farei. No escotismo me entreguei por inteiro, sem dinheiro e sem nada receber. Sei que muitos não simpatizam com minha maneira de ser... Das breguices que na velhice melosamente me ponho a escrever... Paciência!

Continuo repetindo os Chefes que foram meus Gurus no passado: Um deles publicou em vários idiomas que “Os únicos capazes e possíveis de por o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes”! Que Deus me mostre o caminho da verdade de Baden-Powell mesmo não estando mais aqui entre meus irmãos escoteiros.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Escotismo Tradicional




Conversa ao pé do fogo.
Escotismo Tradicional

Nota – Significado de tradição: - É uma palavra com origem no termo em latim “traditio”, que significa entregar ou passar adiante. A tradição é a transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos transmitidos passam a fazer parte da cultura. O Escotismo Tradicional no Brasil na visão de um leigo.

- Escotismo Tradicional. Este é o tema da moda. Muitos deixam a Escoteiros do Brasil acreditando que em outras associações encontrarão respostas ao que acreditaram ser Escotismo Tradicional. O que seria Tradição Escoteira? Cada Associação tem uma explicação. Alguns dizem que seria praticar o Escotismo Inglês nos seus primórdios. Outros se agarram ao Adestramento de Gilwell Park do passado. Afinal acreditam que em Gilwell se faz adestramento baseado no Escotismo Tradicional. Para estes o tradicionalismo não pode ser relegado a segundo plano. Outros dizem que a tradição diferente dos ideais modernos de educação e aquele escoteiro alegre com o passar dos anos deixa de existir. Acreditam os tradicionalistas que ele (O Escotismo Tradicional) tem uma linguagem fácil, bem diferente dos termos técnicos e pedagógicos utilizados hoje. Dizem os mais afoitos que o escotismo feito na maneira tradicional mantem o jovem por mais tempo, que ele se dará bem nas atividades aventureiras ao ar livre e que as Técnicas Escoteiras serão um atrativo a parte.

- Alguns chefes atuantes em seus grupos tradicionais dizem que o sistema trazido pela Escoteiros do Brasil dá pouca margem de ação e mesmo com os cursos realizados os jovens ainda permanecem presos aos muros da sede e pouco fazem as atividades que julgam essenciais. Dizem que as reuniões e excursões trazem desinteresse o que muitos educadores modernos consideram o escotismo atual como atrasado e ineficaz no domínio da educação. Os que saem alegam que o escotismo da EB perdeu o rumo. Rebatem e repetem que sem o tradicional fugimos do verdadeiro escotismo de Baden-Powell. Sem um autêntico levantamento ou mesmo uma pesquisa abrangente feita por um Instituto respeitável, verificando in-locum se os programas de ambos praticantes do escotismo estão atingindo a meta não será possível analisar profundamente onde está o sistema mais moderno para o método escoteiro.

- Se o Escotismo perdeu a graça, se a motivação diminuiu se a maioria dos jovens permanecem pelo menos dois anos, (apesar de que o fundador escreveu que seria pelo menos dez anos para ver o resultado) é impossível defender um ou outro para dizer que sua metodologia é a mais adequada para praticar o escotismo. A Escoteiros do Brasil alardeia seu crescimento vertiginoso nos últimos dois anos, mas não apresenta suas estatísticas da evasão praticada pelos seus associados. Peca também os praticantes do Escotismo Tradicional por não terem dados do seu crescimento, quantos são e se os seus jovens permanecem por mais tempo em atividade. Se eles fazem realmente um escotismo aventureiro ao ar livre, fica a pergunta se isto é uma realidade. Sabemos que a maioria dos chefes destes grupos tradicionais atuam com gosto e júbilo nas suas atividades, mas não temos dados de quanto tempo eles permanecem e como é a funcionalidade na vida pregressa no futuro, na aceitação dos pais e da comunidade de sua unidade escoteira.

- Apesar do respeito mutuo cada unidade escoteira tradicional funciona sob a égide de um líder que fica anos e anos como dirigente de sua associação quase sempre criada por ele mesmo. Ainda não tenho dados se ao contrário da Escoteiros do Brasil que alardeia seu efetivo, seu programa com seus cursos e atividades nacionais e regionais, com um sistema equitativo de distribuição de autoridades dirigentes, se os chamados Tradicionais se empenham em pelo menos se fazer representar como um conjunto de fatores sem liderança única, mostrando que estão crescendo, que seu escotismo está dando resultado e que a participação é bem vista como uma maneira de fazer um escotismo que acreditam estão dando os resultados esperados. Se a metodologia Badeniana de atividades ao ar livre o fazer fazendo, o Sistema de Patrulha, ouvir o ponto de vista do jovem, e se não ficam presos a obrigações sociais sempre achando que servir a comunidade está à frente das demais atividades que o escotismo propõe desde seus primórdios.

Por outro comentam os insatisfeitos que a Escoteiros do Brasil não valoriza seus associados, por não ouvir opiniões, por não ter um sistema democrático e autêntico do ponto de vista do jovem e tomar decisões importantes sem uma consulta às bases. Peca também por estar fazendo um escotismo para ricos, pois os preços de seus materiais, cursos, encontros nacionais e como uma empresa é a única a produzir e distribuir seus bens com preços nem sempre ao alcance dos escoteiros mais humildes. Sua Super administração sua preocupação em mudar e alterar o que devia preservar sua burocracia presa a um sistema computadorizado nem sempre acessível a todos os membros da associação. Sua seriedade demasiada no agir e na forma de tratar seus associados nos gastos exorbitantes de seus dirigentes e na falta de um bom programa de marketing para dizer a que veio. Sabemos que o escotismo é algo sério, mas uma das grandes coisas de participar dele, tanto para os dirigentes como para os rapazes e moças, é que todos sabem que somos amadores a atuamos como voluntários nas horas vagas. Como voluntários amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos.

Por outro lado conhecemos o Escotismo Tradicional por comentários de Chefes e Dirigentes bem intencionados. Como são várias vertentes vemos que está desfragmentação onde cada um escolhe o melhor caminho a seguir pode não ser o essencial. Isto nos mostra como é difícil analisar o caminho proposto pelos “tradicionais” se eles vão atingir os resultados que se esperam. Honra caráter, ética, responsabilidade, respeito às leis, e claro a formação não só moral como espiritual e acadêmica é o que esperamos dos que praticam o escotismo no Brasil seja ele da EB ou dos tradicionais. Lembramos que o Uniforme Caqui não deve ser confundido como tradicional. Ele em determinada época foi usado em muitos países. Hoje diversas nações alteram seu estilo e cor. Qualquer uniforme desde que usado com orgulho garbo e apresentação pessoal pode ser considerado no seu conceito como representativo de uma associação. (sou um adepto incondicional do Uniforme Caqui).

- Se as novas associações escoteiras atingirem seus propósitos que chamam de tradicional meus parabéns. Não estou ligado a Escoteiros do Brasil por discordar de muitos conceitos que ela mantém. Também não tenho nenhuma ligação com nenhuma associação tradicional apesar de respeitar seus objetivos propostos. (tenho nelas assim como na EB muitos amigos a quem respeito). Acredito que possa haver um dia uma guinada no Escotismo Brasileiro. Quem viver verá se os resultados de um e outro foram satisfatórios. Sempre Alerta!