segunda-feira, 30 de junho de 2014

As deliciosas estripulias escoteiras do Capitão Ventania


As deliciosas estripulias escoteiras do Capitão Ventania

               Foi minha esposa que me lembrou do aniversário de um Chefe de um grupo amigo. Ele tinha nos convidado. Fora pessoalmente em minha casa. Ainda bem que ela lembrou. Domingo sempre fico com o "Velho" Escoteiro e quando lá estou eu me esqueço de tudo. Liguei para a casa do "Velho" Escoteiro para dizer aonde ia e ninguém atendeu. Deduzi que devia ter saído. Ligaria mais tarde. Finalmente coloquei minha calça de tergal cinza chumbo, minha camisa azul mescla, meu lenço e claro sapatos pretos. Achei que estava vestindo o social. Ele em seu convite marcou as 16 hs do domingo, e lá fomos eu e minha esposa. Como era bem perto resolvemos ir a pé. Sinto-me bem em um uniforme Escoteiro. Gosto de cumprimentar vizinhos e amigos e que eles vejam minha alegria e meu orgulho em ser um Escoteiro. Chegamos as dezesseis em ponto. Nem um minuto mais nem um minuto menos. Risos. A casa estava cheia, dezenas de escotistas, mas os uniformes? Sem comentários. Cumprimentei ao aniversariante e claro, dei de presente uma pequena flor de lis de lapela foleada a ouro. Ele se mostrava ser um Escotista alegre e bem disposto.

             Conhecia muitos dos presentes e deixei minha esposa com a anfitriã e lá fui eu cumprir minha missão de cavalheiro educado e bom Escoteiro, cumprimentar a todos. Muitas rodinhas, muitos conversando aqui e ali e foi então que ouvi risadas e palmas. De onde? Dirigi-me onde supunha ser. Era no quintal da casa, uma turma enorme com cadeiras em circulo se divertindo. E nada mais nada menos que o "Velho" Escoteiro liderando a todos em jogos, pois não importa a idade, nós chefes nos deliciamos com os jogos que participamos. Quando me viu gritou – Moleza! Pegue uma cadeira e entre na turma! Ri alto. O "Velho" sempre o "Velho".

           Estavam fazendo o jogo da rosa. Senhor e senhora. Já conhecia e me enrolava sempre quando fazia. Depois do jogo uma rodada de cerveja (ainda bem, festa sem cerveja para mim não dá) e muito salgadinho. O "Velho" se divertia. Parecia nos seus velhos tempos. Foi quando um Chefe novato resolveu interpelá-lo – Chefe! O que acha das mudanças que estão acontecendo no escotismo? – O "Velho" riu de leve. Todos olhando para ele. – Vou contar a vocês uma história. De um amigo que conheci no passado. Sumiu. Não sei onde anda. Não sei se ouviram falar no Capitão Ventania. Um apelido que deram a ele e que o divertia muito.

           Todos se calaram. Muitos que estavam na sala quando souberam que o "Velho" estava contando uma história, correram para o pátio. O "Velho" era assim. Afinal estava em seu distrito e uma grande amizade havia conquistado com todos. Capitão Ventania pensei. Nunca ouvi falar. O "Velho" nunca comentou comigo. Mas como ele tinha uma vivencia tão grande no movimento Escoteiro, achei melhor ouvir e conhecer mais uma de suas historias.

            - O Capitão Ventania era o Diretor Técnico do 556º Grupo Escoteiro General Santo Ângelo. Um bom Chefe. Entrou como sênior e depois foi Chefe de tropa e Sênior. Ficou fora alguns anos e retornou. Com o falecimento do Chefe Ludolfo, o ex Chefe do grupo, ele assumiu por escolha dos demais chefes do grupo. Não sei por que o escolheram. Gostava dele é claro, mas não sentia pulso na sua liderança em um grupo como aquele. Sempre quis saber o porquê de seu apelido. Ele ria. Um dia me contou. Estavam acampados há cinco dias na Ilha das Cobras litoral de São Paulo. Ele ouviu no radio que um pequeno ciclone estava em formação e como eram onze seniores ele ficou de olho no mar esperando a primeira leva do vento. Viu que não seria fácil. Pegou uma corda e amarrou todos em uma arvore inclusive ele. Instruiu para ficarem de olhos fechados evitando farpas e areia durante o tempo que durante a ventania. Deu certo. Nada aconteceu a eles e até o material que amarraram em um tronco saiu incólume.

          - Os seniores quando retornaram disseram que se não fosse o Capitão dos Ventos poderia ser pior do que fora. Conversa daqui e dali e eis que surgiu o Capitão Ventania. Ele gostava e ria quando o chamavam assim. Mas para dizer a verdade nunca soube o nome dele. Acho que era Juvenal, mas não tenho certeza. Bem vamos aos entretantos. Ventania para mim foi o único que se revoltou com tantas modificações. Via com tristeza muitos jovens saindo do escotismo. Perguntava o porquê, ia a casa deles, pesquisava e sempre coçavam cabeça e diziam: - Nada Chefe, é que meu tempo está curto tenho que estudar mais ou então diziam – Chefe vou ser franco, o programa não está bom, não é chamativo e outro disse – Chefe, sempre me disseram que ser Escoteiro está na alma, no coração, mas não sinto mais o que sentia pelo escotismo como antes. Acho que meu coração e minha alma morreram para o escotismo.

              - E agora? Pensou Ventania. Ele se lembrava do passado, quando o menino ralava para conseguir a Segunda Classe. Pelo menos um ano sonhando. Alguns até conseguiam com oito meses. E a Primeira Classe? Dois anos. Era um orgulho andar com ele costurado na manga da camisa. Era fácil identificar um jovem que estava há tempos no movimento. Um orgulho ver em uma Patrulha vários segundas e primeiras classes. Agora não. Só via muitas especialidades e nada que pudesse dizer o que ele era. Claro as estrelas de atividade ainda existiam. De pano, sem brilho com as de metal. As provas? Mudaram tudo. Claro, havia ainda um resquício de técnicas mateiras. Mas colocadas de maneira tal que muitos não se interessavam. Ele achava que deviam ter mantido a segunda e primeira classe. Poderiam até ter alterado as exigências para consegui-las, mas não o fizeram.

                - Durante dois anos Ventania notava que o grupo não crescia. – Olhem dizia o "Velho", Ventania me surpreendeu. Um dia me procurou – Chefe não dá mais. Entra dois sai um entra um sai dois. Disse para ele – Ventania pode ser que tenha outros motivos. Ele me dizia – Pode até ter, eu mesmo já não me surpreendo com nada. Mudaram tantas coisas, nos lobinhos não se vê mais a primeira e segunda estrela, uniformes então. Chefe não posso concordar com isto. Veja o senhor, vamos juntos dar uma volta. O senhor de Caqui, chapelão, bem uniformizado e eu de camiseta, lenço amarrado na ponta um short qualquer. O que vai dizer o público? Olhe Ventania, eles acham que assim é mais atual afinal eles dizem que precisamos mudar. Novos tempos. Não é não Chefe, respondeu. No grupo infelizmente o jovem é bombardeado com todas estas modificações e ele compra. Quem não compraria? E depois se mandam.

              - Chefe, tem dois anos que permanecemos com três patrulhas e olhe patrulhas mistas, sempre com quatro ou cinco jovens em cada uma. Dificilmente conseguimos sete ou oito. Na Alcateia a mesma coisa. Tem quatro anos desde que as modificações fizeram efeito que ela nunca teve mais de treze a quinze lobos. E os meninos saem mais que as meninas. Muitos reclamam comigo que a menina quer mandar muito e as meninas reclamam que os escoteiros são indisciplinados. Que coisa Chefe. Nunca vi nada igual. Estive pensando e vou fazer uma experiência de um ano. Um ano somente. Sem falar nada com o distrito e a região. Se eles souberem que se dane. O que vou fazer é o que eles deveriam ter feito antes. Pegar duas ou três tropa de estados brasileiros, com suas características seus estilos e colocarem em prática este novo programa e o anterior durante dois anos ou mais. Ver o resultado. Dar tudo para que os chefes possam aprender e ensinar. Então depois de passado o tempo programado, com um executivo profissional pago para isto, ver e verificar as falhas ver se deu certo. Deu? Então mãos a obra. Um marketing perfeito e todos os grupos escoteiros brasileiros iriam aceitar sem reclamações.

              - Pensava comigo que o Ventania me surpreendia. Ele era perfeito em suas exposições. A turma dos catorze do forte (brincando somente, catorze é quantos participam do CAN que decide os destinos do escotismo no Brasil.) nunca fez isto. Sempre impôs suas surpreendentes modificações, a base da surpresa e como se fosse um presente de Papai Noel. Porque não? Alterações e modificações que vão interferir na vida de milhares de jovens não podia ser assim. Muitas vezes vi que a condução de fóruns, congressos e mutirões onde participavam jovens era fácil modificar. A maioria aprovava sem pestanejar. Deixei que Ventania continuasse seu raciocínio. – Pretendo Chefe voltar às origens. Vou pagar do meu bolso a confecção dos distintivos. Vou conseguir as estrelas de prata. E sem maiores comentários vou criar uma nova tropa começando do nada. Oito jovens. Meus futuros monitores. Quatro meses preparando. Depois a promessa deles. Aumentar as patrulhas à medida que for aparecendo interessados, assim vou ver se em um ano tenho quatro.

             - Mas Ventania eu disse, fará isto no seu grupo? Sim Chefe. Deixarei que os demais continuem como estão sem interferir. - E acha que vai dar certo? – Não sei. Vou tentar. Vou voltar ao velho Sistema de Patrulhas. Vou trabalhar com monitores. Dar a eles liberdade. Sem essa de novos tempos, criminalidade e etc. Farei tudo com a máxima segurança. Em seis meses já vão acampar sozinhos. Estarei na redondeza em alguns horários. O forte será atividades ao ar livre. Deixar que eles façam. Aprendam a fazer fazendo. Cada um com sua ficha 120. Vendo como estão e como poderão atingir a segunda e primeira classe. Em um ano e meio começarei a fazer as jornadas. Isto mesmo. Nos moldes de antes. Aventureira. Claro já disse o local bem escolhido, nada fora do combinado, previamente discutido e escolhido o pernoite. – Danado o Ventania. Estava fazendo o que eu sempre desejei.

           - A esposa do aniversariante chamou a todos para cantar os parabéns. Ninguém queria ir. "Velho"! E então? O que aconteceu queriam todos saber. – O "Velho" naquele seu jeitão teatral levantou, enfiou a mão do bolso da camisa e lembrou que não mais cachimbava e disse – Na volta. Vamos cumprir nossa obrigação com nosso amigo. Aquela algazarra já conhecida do parabéns a você. Comer bolo, outra cerveja e conversando com o aniversariante vi que todos carregavam o "Velho" para o quintal. Pedi desculpa e fui correndo também. Ainda bem que o "Velho" não tinha começado. Estava fazendo um jogo. Danado de "Velho". Nada como um bom jogo para animar. Achar a pista no Kim do Luar não é fácil. Já conhecia. Mas adorava o jogo.

         - Terminado alguém disse – E aí "Velho"? E o Capitão Ventania conseguiu o que queria? Bem, alguém o “dedurou” no Distrito. Mandou-os irem passear. A região interferiu. Entrei na parada. Deixem que ele faça a experiência. É uma tropa somente. Vocês tem medo de que? – Eu não era bem quisto por eles, mas tinham certo respeito. Não disseram nada. Sou que eu e o Ventania fomos parar em uma Comissão de Ética na direção nacional e na Região. Não deu nada, mas podia dar. Durante um ano visitei as reuniões do Capitão Ventania. Dava gosto de ver os meninos uniformizados de caqui e chapelão. Sim todos tinham. Como conseguiram? Ventania dizia que nada é impossível para quem sonha e faz o sonho se realizar. Ele modificou alguma coisa nas provas. Aprovou parte do novo programa, mas sem deixar a segunda e primeira classe. Quando os primeiros escoteiros fizeram um ano, receberam suas estrelas de metal. A primeira tropa que ainda estava com o programa antigo começou a reclamar.

           - Um dia pediram para fazer uma Corte de Honra com as duas tropas. Viram que a nova estava com vinte e seis escoteiros e eles com dezoito. Por quê? Porque não saiam ninguém e a deles sempre novatos? A experiência do Ventania estava chegando ao fim. O que ele queria provar a si próprio aconteceu. A maioria dos jovens participantes adorava o sistema, a maneira de condução e quando cinco receberam a primeira classe foi uma festa. As jornadas que fizeram ficou para a história. Ventania dois anos depois teve um câncer de próstata. Não dava mais para continuar. Mesmo tratando ele viveu mais três anos. Neste período o novo Chefe que assumiu instruído por um novo assessor pessoal formado nos moldes atuais, voltou às origens de hoje. Nos cursos de formação mostravam para ele que o escotismo não era o que o Ventania fazia. Aí meus amigos, a tropa começou a definhar. Era muito um grupo ter duas tropas. Em um ano a tropa do Ventania acabou. Alguns dos membros foram incorporados à outra tropa. O uniforme agora era novo. As provas de classe e as estrelas de atividade eram de pano. E de pano eles acharam que era o novo escotismo que não estavam mais gostando. Os jovens do Ventania se debandaram.

          - Eu mesmo cutuquei o distrito e a região se por acaso tentaram ver as vantagens do que Ventania fez. Não deram bola. Insisti – Mas nem mesmo sua experiência viram se foi válida ou não? Afinal ele mostrou que o caminho para o sucesso é provar que vale a pena mudar dentro de bases reais. E vocês nunca fizeram isto. Vão mudando ao sabor do vento e da tempestade. Muitas vezes copiando o que se faz no exterior e esquecendo que parte do passado tem sua validade. Nem me deram bola. Não gostavam de discutir, pois se achavam acima de tudo. Uma das novas dirigentes, uma Escotista então se vangloriava das mudanças. Usava um palavreado difícil aos meus ouvidos. Gosto mais da prática. Do real. De tocar e sentir. De ver dar certo.

          - E o Ventania perguntaram? Morreu três anos depois. Morreu feliz. Disse que tinha vencido. Sabia que sua experiência só valeu para os meninos que participaram. E ele se sentia vitorioso. Não importava se aqueles que mudaram tudo não deram valor. – Ventania. Capitão Ventania, quem diria. Para mim um alegre Chefe e suas estripulias mirabolantes. – Fiquei olhando o "Velho" Escoteiro. Quase oito anos de convivência. Cada dia mais e mais aprendia. Quando achava que sabia tudo lá vinha ele contando novidades me mostrando um caminho novo para achar a trilha do sucesso. Uma hora da manhã. Minha esposa veio me chamar. Amanhã é segunda, dia de palavrão ela sempre dissera isto. Eu gostava da segunda feira. Gostava do meu trabalho. Os amigos e companheiros que lá estavam eram para mim como irmãos. Anos e anos de convivência. Não seria bom que no escotismo fosse assim também?

Vão para o diabo sem mim
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo
Porque havemos de ir juntos?

Álvaro de Campos


sábado, 28 de junho de 2014

Passo Duplo – Passo Escoteiro – Percurso de Giwell. Técnicas escoteiras, uma maneira de divertir aprendendo.


Conversa ao pé do fogo.
Passo Duplo – Passo Escoteiro – Percurso de Giwell.
Técnicas escoteiras, uma maneira de divertir aprendendo.

         Vejamos se você em sua Tropa Escoteira tem feito parabéns se não quem sabe pode pensar a respeito junto aos monitores? Estou falando hoje de três itens que acho interessante para a prática mateira. Pratica mateira? Bem alguns podem achar que não. Estou falando do PASSO DUPLO, do PASSO ESCOTEIRO e do PERCURSO DE GIWELL. Teria outros para comentar, mas hoje fico nestes três. Quem sabe podemos voltar novamente com mais alguns, mas ficamos concentrados nestes. Sei que a maioria já fez uma ou várias vezes. Isto é bom. Uma tropa afiada e melhor ainda uma patrulha afiada vale por duas. É como seguir pistas. Eu dou belas gargalhadas quando BP escreveu sobre pistas. Dizia ele: - Uma vez, uma menina inglesa me desafiou na interpretação de pistas. – A filha do Lorde Meath, um dia no jardim, descobrindo pista no chão perguntou-me que pistas eram. – Respondi: “Do gato comum” – E ela: - De que cor era o gato?”– Olhei no chão e nos galhos das árvores vizinhas. Não havia nenhum sinal. Então ela rindo me respondeu: - “O gato era de cor morena clara”. Perguntei-lhe: - Como você sabe? E ela com a maior inocência do mundo: - “Eu vi o gato passar”...!”.

           Sei que estes três itens parecem à primeira vista muito fáceis. Mas vejamos – Como saber se um Escoteiro ou Escoteira estão preparados? Fazer uma vez só não adianta. O Passo Escoteiro são 40 andando e 40 correndo. Não uma corrida de campeões. Para que serve? Para treinar o jovem nas caminhadas principalmente se houver uma necessidade de chegar a determinada hora ou mesmo em uma emergência. Quantos na tropa estão preparados? Treinar é fácil. Na sede isto pode ser feito, mas uma reunião feita fora da sede melhor ainda. Que não seja em ruas movimentadas. O treino é individual. Não adianta mandar uma patrulha treinar se não for individualmente. Quem sabe depois de exaustivamente treinado (pelo menos dois quilômetros) aí então a patrulha entra em ação em conjunto. O treino deve ser bem explicado ao Escoteiro. Manter a respiração uniforme, andar normalmente, correr calmamente sem muita pressa. Conseguiu percorrer os quilômetros sem se cansar? Ótimo. Estão preparados. Mas não esqueça, dentro de um ou dois meses repetir a dose.

             Vejamos agora o passo duplo. Para que serve? Para o Escoteiro aprender a medir distancias. Fácil. Na sede marque com uma trena duzentos metros. O Escoteiro (a) deve aprender quantos passos duplos ele anda em cem metros. Passo duplo significa dois passos valendo por um. Não é uma corrida de obstáculos. Deve se andar normalmente ou caminhar. Melhor ainda com uma mochila como se estivesse indo acampar. Ele anda os duzentos metros contando seus passos duplos. Ao final ele divide por dois e sabe quantos passos para cada cem metros. Isto deve ser feito muitas vezes. Treinar sempre em jornadas e caminhadas. Cada um tem seu próprio Passo Duplo. A maneira de caminhar nem sempre é uniforme. Desde que aprendi a muitos e muitos e muitos anos em sempre ando contando meus passos. Tornou-se um habito de comportamento. Quando mais jovem era 70 passos duplos por cem metros. Hoje passou a ser 85 passos duplos por cem metros. Já não sou como antes. E você? Já sabe qual é o seu passo duplo por cem metros? Não esqueça, a cada ano faça o teste novamente.

                 Todos já devem saber o que seria um Percurso de Giwell. Trata-se de conseguir dados relativos a um trecho percorrido e passá-lo para o papel, traçando o esboço cartográfico. Partindo de um ponto chamado estação inicial, seguir uma estrada anotando os detalhes de interesse o azimute e medindo as distâncias. Material necessário: Prancheta, lápis, borracha, régua, transferidor, papel quadriculado, e bússola prismática. Antigamente se usava muito quando na Jornada de Primeira Classe. Como sei que ainda mantem a prática de jornadas não como no passado, o percurso é deveras interessante. Impossível ensinar por aqui. A literatura escoteira é vasta sobre isto. Conhecer bem a orientação por bussola ou outros meios, sabendo medir distâncias (ver o Passo Duplo) e considerando as diversas estações demarcadas, é um maravilhoso meio de orientação e serve muito para que outras patrulhas o utilizem em suas jornadas se forem fazer o mesmo caminho. Claro que se espera que um Escoteiro (a) esteja devidamente preparado para isto. Fazer um percurso de Giwell é divertido e quem faz uma vez nunca mais esquece. Um dia no campo é pouco para isto assim repetir sempre anualmente é válido para que ele seja executado sem erros.

              Estas atividades feitas no campo são deliciosas. Para isto deve ser programado um sábado ou domingo em local previamente escolhido onde não possa haver senões para que o Escoteiro ou a Escoteira se sinta livre e sem preocupações com terceiros. Se por acaso algum Chefe se interessar no Percurso de Giwell eu tenho um material em PDF feito por um distrito Escoteiro excelente.

Divirtam-se e lembrem-se: - Escotismo é aventura. Escotismo se faz lá no campo. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

E você? Porque saiu do escotismo?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
E você? Porque saiu do escotismo?

            Já recebi quase uma dezena de e-mails de amigos aqui do Facebook onde comentavam sua saída do escotismo. Algumas foram traumáticas, outras, entretanto foram divergências de egos. Falam maravilhas da nossa fraternidade, mas será que ela é real? Somos mesmos fraternos? Cada um tem sua verdade e ser Salomão para dizer o certo e o errado é muito difícil. Mas sinceramente, só você que já passou por isto pode me dizer se ainda somos um movimento democrático, onde se aceita opiniões sem admoestações. Sei de casos que me assustaram, jovens meninos e meninas que precisavam de ajuda não foram compreendidos nos seus erros isto se houve erros. Vi casos em que uma Chefe do Grupo deu 90 dias de suspensão a uma menina. Como? Qual o seu direito em fazer isto? Os pais foram chamados? Foram solicitados a se manifestarem? Houve Corte de Honra? Discutiu-se em Conselho de Chefes? Foram a casa deles para saberem melhor o que houve?  Afinal se eles têm de estarem presentes na admissão não precisam na suspensão? Não simplesmente um comunica seco e nem escrito foi dizendo estás suspenso.

                   E os adultos? Quando entram é só sorrisos. Quando acham que podem opinar então começa a divergência. – Aqui mando eu! É voz comum. Ou então – É melhor se enquadrar nas normas, pois pode ser expulso! – E assim vai – Ou concorda com tudo ou vá procurar outro lugar! Claro que eles podem estar errados, mas devemos agir assim? E as tais Comissões de Éticas? Elas nunca dão resultados para os julgados e tem casos de enviarem após o “julgamento” uma “cartinha” sucinta. Já ouvi falar de casos de quatro, seis meses até um ano sem uma simples comunicação. Houve um caso que o “réu” foi suspenso até o resultado da Comissão e se passaram oito meses. Até que adultos ainda vá lá, apesar de que acho um absurdo o modo que demitem, suspendem e fazem patrulhamento ideológico. O que? Isto não existe? Melhor não discutir. Os defensores se fecharam em um redoma e só veem o que querem ver.

                     Um amigo me escreveu dizendo que eu deveria ouvir aqueles que estão saindo e saber seus motivos. Quem sabe fazer um condensado do que me relataram sem citar nomes e locais. Não sei se vale a pena, mas se você que está lendo quiser me escreva. Isto ainda não existe no escotismo. Uma ouvidoria ou quem sabe um Ombudsman (é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa com a função de receber críticas, sugestões e reclamações de usuários e consumidores, devendo agir de forma imparcial no sentido de mediar conflitos entre as partes envolvidas) (no caso, a empresa e seus consumidores). – Chefe! Não precisamos! Vão dizer alguns. Muitos acham que andamos de mãos dadas, e que um sistema igual ao nosso traz direitos que poucos têm. Eu calejado no escotismo não vejo deste modo. São centenas de reclamações. Vocês sabiam que na maioria dos estados com maior numero de membros registrados, tivemos um bom numero de adultos que abandonaram as fileiras escoteiras no ano passado?

                      Quanto aos jovens quantos são? Quantos saem por ano e porque saem? Será que não existe um motivo para isto? Procurar culpados não vale a pena, mas ouvi-los vale e vale muito. Isto nunca foi feito, uma pesquisa séria de quantos deixam o movimento por ano. E qual a idade média de permanência? Também não sabemos. Mas porque a UEB não se preocupa com isto? Hoje o que vemos são adultos falando pelos jovens, pensando pelos jovens e dizendo onde eles devem ir ou fazer. Eu mesmo não tenho dados. Dizer que x por cento é assim ou assado é invenção dos estrategistas que acham saber de tudo. Para mim não importa se a cada ano estamos aumentando o efetivo. Quem sabe um trabalho bem feito para corrigir esta evasão claro, se ela existir não seria uma fórmula para aumentar ainda mais nosso efetivo.

                       Já vi alguém dizer que em cada cinco saem três por ano. Outro que não passamos de cinco por cento a evasão e muitos acreditando que seus jovens e adultos permanecem por tempo suficiente para adaptarem em suas consciências o que pretendemos dar a eles através do programa Escoteiro. Paro por aqui, teria mais e mais folhas para comentar que nosso efetivo relativamente à população jovem do nosso país só diminui anualmente. Não é com quinhentos e poucos municípios com uma unidade escoteira ou até com mais de uma que vamos vencer os outros cinco mil que não tem. Gostaria muito de ouvi-lo, seja você um jovem ou um adulto. Mas me mande um e-mail, manterei como confidencial e ninguém saberá que você enviou. Conte porque saiu do escotismo. Se achou que foram errados no seu julgamento, se ouve ameaças, se ouve patrulhamento ideológico gostaria de ouvi-lo.

                       Olhe, não sou nenhum “Papa” na matéria e nem tenho a solução nas mãos e acredite não sou parte da liderança escoteira e nem tenho poderes para tomar qualquer providencia legal. Mas acho que é hora de fazer um apanhado real e não fictício como fazem por aí. Não pretendo fazer deste artigo uma discussão aqui no Facebook. Já conheço de cor e salteado quando discussões são feitas através dos comentários. Eles não representam o que todos pensam. Se achar que deve me escreva. Serei um ouvinte fiel e tudo que disser será quem sabe uma maneira de alerta para evitar que isto aconteça novamente. Uma vez escrevi um artigo que intitulei – A LEGIÃO DOS ESQUECIDOS. Chefes que saíram e ninguém mais perguntou por eles. Mais para adultos, um dia destes volto a publicar. Obrigado.

Meu e-mail – elioso@terra.com.br

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Anotações de um amigo Escoteiro. Falando por falar.


Anotações de um amigo Escoteiro.
Falando por falar.

(estas reminiscências foram escritas para um Grupo/lista que participo ali confidencial, mas resolveram transformar meus escritos numa mensagem. Que assim seja).

Na opinião deste humilde Escoteiro, o que precisamos é uma dose de escotismo
verdadeiro. Não isto que está aí e que cada um tenta explicar ao seu modo.
 “meus meninos" dizem alguns. Eles adoram a palavra meu. Ele diz "meus”
lobos, meus Escoteiros, meus seniores, meus monitores e dificilmente dizem -
Meu Chefe. Por quê? Acredito que ele tem todos registrados em cartório com o devido preço que pagou. Estes adultos que falam pelos jovens, que acreditam piamente que é isto que querem que defendem nas paginas do Facebook suas ideias e mostram suas fotos com certificados, com lenço de Giwell, suas ideias, seus programas e a gente, para sacanear vai à sua página e lá está ele na foto como sargentão com duas dúzias de gatos pingados. E putz, ele quer a todo custo a terceira e quarta conta.

Você acampa? A gente pergunta. – claro que sim e nas fotos em sua página lá está uma estrada, postes, várias casas, um montam de carros, cadeiras de praia, fogareiro a gáz e ao lado ele preparando o barro para a turma brincar. E aí gente pensa - É isto o acampamento dele? Onde está o sistema de patrulhas?

Esta do escotismo adulto que vivem falando quem sabe tem uma boa finalidade. Mas se como diz um poeta Escoteiro, se não tem tempo faça o escotismo adulto. E vem uma leva de ideias. Caramba! Se for para fazer isto vá fazer na tropa, no grupo.

Recebo dezenas de e-mail de chefes reclamando do entrosamento no seu grupo. Aí eu pergunto, vão atingir a finalidade? Sábado o Luciano Huck homenageou um voluntário pelo seu trabalho com escolinhas de futebol. Nota 10. Dizem que lá apareceu um grupo da Bahia. Não vi. Mas e o Chefe que tem anos fazendo o mesmo com meninos de classes C, D e o escambal? Ele foi homenageado? Não vai ser. Nossos lideres nem sabem o que significa isto. Se um dia sair alguma coisa do escotismo é um Deus nos acuda. Você viu? Agora somos famosos. Putz! Uma migalha e batem no peito.

São tantos adultos a falarem pelo jovem, a dizerem o que o jovem pensa que eu fico pensando se ele pensa mesmo assim. Quem sabe é verdade. Aquele ditado de água mole em pedra dura... O escotismo não é nada na sociedade brasileira. Nada mesmo. Ninguém de peso para dar um testemunho. Ninguém famoso ou importante para dizer - Vamos lá, vamos fazer um grande marketing e transformar um país de Escoteiros.

Alguém se habilita? Sei que muitos se habilitam a cargos, a terem um taquinho a mais, a sonhos de dirigir cursos, a se fazerem de Velho Lobo, a terem sua equipe e que uma vez por ano vão lá dar um cursinho. Haja paciência. Em 100 anos ele vai se tornar um expert em cursos. Um docente professor leva anos para se preparar e no escotismo poucas horas em alguns dias faz dele um Professor Escoteiro um tutor e mais um para dizer e bater no peito – escotismo é assim e se não acredita pegue seu chapéu e se mande!. Falar mal da estrutura e dos membros diretivos eu me excluo. Deixo para um amigo escoteiro que fala o que pensa e eu escrevo em baixo.

Agora vamos sair para o escotismo adulto. Muitos estão falando muito sobre isto. Uma diversão? Uma maneira de ajudar? Será que nele teremos os figurões? Enquanto não tivermos resultados e não me venham dizer que existem, pois na política mendigamos uma famosa frente parlamentar que de frente não tem nada. Alguém se habilita a dizer quais os benefícios que ela trouxe até agora? Temos regiões onde os eleitos como diretores regionais ou presidentes se tornam grandes chefes, olhando os demais por cima achando que são os donos de tudo. Se você olha e ouve e procura, não vais ver nele mais aquela humildade do passado antes da eleição.

Estão encantados com o poder. Mudando de assunto, nós temos profissionais Escoteiros gabaritados? Temos conferencistas e palestristas famosos? Algumas empresas ou associações nos procuram atrás destes chefes que entendem do riscado para darem uma palestra em seus redutos? Mesmo de graça? Para falar de basquete o Oscar cobra 50.000 reais. O Lula e o Fernando Henrique duzentos mil. Pouco ou muito? Sabe o que temos? Temos gente boa, gente humilde e temos também arrogante. Os humildes acreditando no que fazem e não tiro as razões deles, os arrogantes achando que caminhamos para o sucesso. Seis sete mil de aumento de membros por ano e todos batem no peito. Estamos chegando lá! Mais de 5.500 municipios no Brasil e temos 550 com escotismo. Somos grandes mesmo.

Se você um dia disser para um mutirão de chefes, que não estamos atingindo o objetivo teremos dezenas para dizerem o contrário. Eles sabem de tudo, são poliglotas e aprendem tudo do estrangeiro. Eles sim sabem o que o escotismo precisa, eles sabem onde vamos chegar, eles são superiores e acreditam que o futuro será dos escoteiros. Como não vou viver para ver, espero encontrá-los no futuro lá no céu ou no inferno para perguntar - E aí deu certo? O objetivo foi atingindo? E depois? Vou dar belas risadas.

Discutem em algumas listas o Escotismo Adulto. Na Europa é sucesso. Eu concordo e fico na minha. Talvez pelas centenas de noites de campo não só quando jovem como Escoteiro fazia ele e em todos os grupos que passei. Nunca perdi a oportunidade de acampar e viver a aventura como adulto. Não foi difícil, sempre tínhamos uma plêiade de chefes e diretores e formar duas três ou quatro patrulhas para partir em um acampamento era só contar dois e os demais diziam: Sempre Alerta Chefe, estamos contigo e não abrimos. Eles como eu adoravam. Para dizer a verdade as patrulhas se mantinham as mesmas por anos a fio. Só aqui em São Paulo fazíamos um ou dois por ano. Respeitando meus conhecimentos técnicos e teóricos nunca abusei deles. A cada dia eram eleitos dois chefes como responsáveis para desenvolver o programa que foi exaustivamente discutido em conselho de chefes. Nunca fiz isto quando acampava com jovens. Lá eles eram os objetivos principais.

Mas lembro de que levava ao pé da letra em termos nosso próprio campo de chefia, com cozinha e pioneirias. E quer saber? Eu desde que me tornei pioneiro tinha um hobby de acampar a escoteira. Sozinho mesmo. Foram mais de vinte deles. Fiz um na Serra da Piedade em Minas de quatro dias. Portanto participar, viver o sonho Escoteiro como adulto é fácil. Se tiver um distrito unido melhor ainda. Mas lembre-se, lá não havia sabe tudo, não havia chefão, meus tacos nunca deram as caras.

E meu amigo, as pioneirias, as inspeções, os jogos inter patrulhas, a caça ao tesouro
eram de arrasar. Que o digam que participou. Hoje não sei se isto é mais possível, pelo que vejo a maioria dos grupos os egos não permitem. Velho, agora, não posso mais a não ser sonhar. Convidar-me para uma barraca com camas, tv e toda a parafernália eletrônica perde a graça. Pensei em ir a Barretos onde fazem uma grande atividade regional e nacional. Não tenho condições. Mas você com seus sonhos, ainda jovem não perca a oportunidade. Convide, insista nada é impossível.


Obrigado.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O poder do nada.




Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O poder do nada.

     (Desejamos o poder a fim de nos tornarmos alguma coisa. O poder que a riqueza pode oferecer o poder que a política pode fornecer o poder que o prestígio pode fornecer. Desejamos o poder para sermos alguma coisa, e esse sutra diz: Deseje ardentemente o poder - mas aquele poder que o tornará ninguém, nada).

      Desculpe meu amigo e minha amiga. Sei que vocês não estão incluídos nas minhas ferinas palavras. São aqueles poucos que querem a todo custo conquistar o poder no escotismo. Poder? Claro, um poder do nada. Não têm dividendos há não ser condecorações e respeito. Respeito? Não sei se ele tem o meu. Você que acredita que está aí para ajudar, para colaborar com a juventude sabe do que estou falando. Olhe ao seu redor e vai encontrar o “dito cujo”. Ele distribui sorrisos, mas sem se colocar em posição de destaque. Dificilmente concorda com o que você fala a não ser se você também pertence à elite escoteira. Quando ele está no inicio da caminhada para o seu sucesso, ele olha com calma o terreno onde pisar. Cumpre tudo que os lideres ordenam. Defende-os com unhas e dentes. Luta pelo sua Insígnia da Madeira se ainda não a tem. Sempre correndo a abraçar alguém da elite ou satisfazer seus desejos e concordar sem discordar de suas normas. Agora com a nova vestimenta ele ficou mais a vontade (não todos, considerem os bons chefes fora da minha argumentação).

       Note que mesmo antes do grupo decidir se mudariam ou não a uniformização ele já apareceu em foto ou até presente envergando orgulhosamente a vestimenta. Isto é claro para agradar aos nossos lideres que foram unanimes em pedir exemplos em todos os grupos e na equipe de formação. Eles são pródigos, pois na calada da noite disseram em suas normas que o outro iria permanecer e o aspirante ao poder bate palmas. Vocês acreditam nele? Eu não. Em poucos anos se ele não desaparecer, pois existe um maciço marketing para a nova vestimenta poucos irão lembrar-se dele. Afinal somos um movimento mutável onde a evasão se faz presente principalmente com adultos. Os novos que irão chegar nem saberão da história. Mas voltemos ao escotista que almeja o poder. Quando ele é arrogante valha-me Deus. Ele tem o poder de definir quem fica e quem sai. Agora que tem a IM sua luta é para ser convidado a um avançado, pois só assim poderá almejar a terceira conta. Ser convidado para um curso. Já pensou? Seu sonho vai aos poucos se realizando.

         Se você é bastante inteligente como eu sei que é, vais ver que o escotista em questão na maioria das vezes tem uma função subalterna no seu emprego ou quem sabe tem uma lojinha na esquina. Ele pode até ter um curso superior e veja, sempre faz questão de colocar isto quando assina qualquer documento. Você dificilmente verá um alto executivo atuando no escotismo (raras exceções), pois ele sabe bem como funciona a engrenagem de uma empresa e ali no escotismo ele ficará subalterno aos “mandões” cujo benefício ao escotismo nunca irá existir. Este sonhador do poder vai defender que o escotismo cresce que o escotismo é democrático e que tudo que os lideres fazem é para o bem de todos. Eles são pródigos em dizer amem! Há dois tipos de poder. Primeiro aquele poder que você pode acumular a partir dos outros - aquele poder que lhe pode ser dado pelos outros ou que você pode tomar dos outros. Ele depende dos outros. O poder que depende dos outros fará com que ele se torne alguém aos olhos dos outros. Ele finge que é o mesmo de antes, mas, aos olhos dos outros, tornar-se-á alguém. Esse “ser alguém” é uma pretensão do ego. E o ego é a barreira.

            Não sei e não posso afirmar, mas é isto que faz o nosso movimento ficar estagnado. A engrenagem é fraca e muitas vezes quebra. Ele o escotismo não cresce. Cresce? Diga-me então – Temos grandes homens na liderança em suas diversas áreas que dão testemunho do seu valor? Quantos vemos na imprensa falada, escrita e televisada que dizem maravilhas do escotismo? Por acaso você conhece um grande conferencista Escoteiro que é procurado para dar palestras nas empresas ou organizações diversas? Nos órgãos governamentais onde nos situamos? Porque sempre quando vamos procurá-los temos de mendigar? E aceitar migalhas? E o nosso marketing? Existe? Onde que não vejo? Falaram maravilhas do novo programa, agora da vestimenta e eu até me preocupo, pois um amigo meu, que já foi Escoteiro me perguntou – Osvaldo, esta tal vestimenta é realmente o novo uniforme? Tem cada tipo vestido como quer que ainda não entendi nada. Tentei explicar a ele que são dezoito tipos. Cada um escolhe o que quiser. Ele deu de ombros e se foi. Nem quis comentar.

         Quando vejo estes tipos cheios de pompa, achando que são os chefões, que podem agora serem olhados como um Velho lobo me vem à mente aquela metáfora do Imperador: - Ele, um imperador maometano, estava rezando numa mesquita, num dia santificado. Ele estava orando a Deus e dizia: “Eu sou ninguém. Sou nada. Tenha piedade de mim”. Então, subitamente, ele ouviu um mendigo que também estava rezando próximo a ele. O mendigo também dizia: “Eu sou ninguém. Tenha piedade de mim”. O imperador sentiu-se ofendido! Olhou para o mendigo e disse: “Ouça, quem é você para competir comigo? Quando eu digo, ‘Eu sou ninguém’, quem mais se atreve a dizer ‘Eu sou ninguém’? Quem é você para tentar competir comigo?”. Até mesmo no estado de “ser ninguém” você pode ser um competidor. Então, o essencial, o ponto principal, é perdido. O imperador não podia tolerar que um outro, diante dele, reivindicasse para si o ser ninguém. Quando ele dizia para Deus que era ninguém, ele não queria dizer que era ninguém. Através do “ser ninguém” ele estava criando o “ser alguém”. Você também pode criar o ego a partir do nada.

Não vou mais além. Escotismo não era assim. Havia queira ou não uma amizade uma fraternidade. Os egoístas, os portentosos, os arrogantes eram bem poucos e sempre desprezados pelos demais. Hoje não. Eles para atingirem o poder não medem consequências. Se tiver de pisar na cabeça de alguém eles pisam. Se alguém se for por causa deles eles sorriem. Mas eles têm um jeitinho de se sentirem menos desprezados, alguns tipos insistem que tentam ajudar, mas no fundo mesmo, é como dizia nosso mestre Baden-Powell – “A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz! - Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente.


Precisamos dizer mais alguma coisa?

terça-feira, 10 de junho de 2014

Programando o programa.


Conversa ao pé do fogo.
Programando o programa.

       Todo mundo conhece, todos os escotistas fazem. Afinal nada se produz sem ele. Alguns simples, outros complexos, mas todos com o mesmo objetivo. Conheci em minhas atividades escoteiras, muitos programas bons, outros nem tanto. Junto a tantos outros amigos escotistas, fizemos programas de sessões, de Diretoria, de Conselho de Chefes, de Atividades Especiais, de Grandes Jogos, de Região Escoteira, De Ajuris, de Elos, de Adestramento, de Atividades Nacionais e até algumas internacionais. Quando planejamos os programas das sessões e do grupo eles devem se entrelaçar. Como? Pensando em termos que todos os órgãos do grupo os têm (um programa). Alguns grupos todo final do ano fazem uma reunião própria para este tema, (Indabas dos chefes em regime de acampamento é muito válido) e costumam convidar a diretoria e alguns pais que sempre colaboram nos programas anuais. Isto facilita muito para se planejar adequadamente.

     Se um programa geral é feito isto ajuda em muito as sessões escoteiras para fazerem os seus e a diretoria do grupo. Ninguém gosta quando um programa diz uma coisa e a diretoria programa outra sem avisar. Conheço Grupos Escoteiros que no final do ano sempre dão oportunidade aos jovens para sugerir datas do ano seguinte. Quantas excursões, quantos acampamentos, quantas atividades aventureiras e assim por diante. Os lobos também quem sabe podem ser consultados. O Diretor Técnico é responsável para que não haja comprometimento de alguma atividade que não conste do programa geral do grupo. Difícil imaginar um bom programa onde ele sofre constantemente modificações, adaptações e é fustigado por terceiros para sempre colocarem ali, mais um ou outro parágrafo que antes não estava programado.

     O Diretor Técnico, o Conselho de Chefes e a Diretoria tem a obrigação de manter o programa conforme se discutiu e foi aprovado. É importante notar que os melhores programas de sessões e que mantem os jovens ativos e Até BP no Escotismo para Rapazes dizia que o melhor programa é aquele desenvolvido pelos rapazes e moças. Afinal são eles a parte interessada e eles o fazem com perfeição em seus bairros, na sua rua, com os amigos que ali estão sempre juntos por anos e anos a fio. Difícil? Não. É bom lembrar que quem deve gostar do programa são eles. Nós chefes estamos ali para ajudar, orientar e finalizar os dados que ficaram faltando.

      Alguns chefes discordam. Eles acham que os jovens não estão preparados. Alguns dizem que se eles o fizerem, não haverá nada prático. Muitos até irão sair, pois vão ver tudo diferente. Pode até ser. Mas foi tentado? Foi dado a eles ideias sugestões, instruções e aberto um leque de oportunidades? Claro, não estou aqui a dizer que o que escreverem será feito. Tampouco será deixado de lado. Para isto tudo deve ser discutido minuciosamente no Conselho de Patrulhas, no Conselho de Monitores e só após junto a Corte de Honra (muitas tropa só tem a Corte de Honra) será tomada uma decisão de qual programa será o escolhido.

      Nenhum programa ficará sem o “tempero” do chefe e dos assistentes. O que seria o “tempero”? – Jogos, canções, Conversa ao Pé do Fogo, e claro as sugestões que não estarão ao alcance deles. Tais como, atividades distritais, regionais e nacionais. Mas é importante que estas não ocupem nada mais que 10% do programa anual. Qualquer atividade que apareça sem constar no programa os chefes devem meditar muito antes de mudar. Não aceitar não é sinal de indisciplina é sinal de organização. Ninguém deve ser obrigado a fazer um programa que não foi planejado. Ninguém gosta de sugerir, aprovar e ver tudo alterado sem uma explicação lógica. Aqueles que ainda não trabalham com os jovens nesta área eu sugiro que tentem. Mas não uma vez só. Lembrem-se que aprender a fazer fazendo e acertar até corrigir o erro faz parte do programa Escoteiro. Se derem oportunidade aos jovens na sua sessão para fazer, montar e quem sabe até dirigir um programa em sua tropa, eu garanto que a evasão irá diminuir e muito. Deixe que façam sempre e verifiquem se a presença está melhorando, se os sorrisos aumentaram e se a procura agora é maior. Se for assim estão no caminho certo.

       Aquela velha tendência de reunir chefes e assistentes para montarem programas a curto e médio prazo sem ter um esboço feito pela tropa nem sempre alcança os resultados desejados. É possível reunir jovens e fazer estes programas. Mas quanto tempo uma patrulha se mantem com seus próprios elementos por anos? Nenhum Chefe gosta de chegar à sede e ver as patrulhas formando com três ou quatro. Ninguém vai deixar seu programa com os amigos da escola ou do bairro, que fazem há anos e gostam por uma reunião de sábado onde não existe motivação e os programas não são agradáveis (para eles).

      Lembramos sempre que BP criou um estilo, um método e fugir dele é saber que os resultados não irão acontecer. Temos hoje uma evasão desconhecida. Quase ninguém fala dela, mas muitas tropas e alcateias sentem na pele a saída dos jovens. O pior, sempre depois das férias muitos não voltam mais. Crescimento técnico, intelectual, e claro, caminhar com as próprias pernas. É tão bom saber que uma patrulha está junta por anos e podemos confiar que tudo vai dar certo. E depois do passar dos anos, ver aqueles que foram nossos jovens, estarem dentro da comunidade agindo como verdadeiros escoteiros.

       O melhor caminho vencido é aquele em que os rapazes e moças estarão reunidos por um bom tempo, onde sempre estarão à espera da próxima reunião, o próximo acampamento ou a próxima atividade com ansiedade conforme o programa que sugeriram. Um Grupo Escoteiro é uma família. Unida. Fraterna. Onde o respeito mostra o grau de crescimento de cada um. Você faz parte da família. Veja onde é seu lugar e trabalhe para que todos sintam felizes no desenvolvimento de suas tarefas.


       Não existe tarefa fácil. Formar caráter não é fácil. Mas o Movimento Escoteiro através do seu método simples facilita sobremaneira a atingir esse objetivo. E é um orgulho quando podemos ver homens e mulheres que um dia conheceram a maravilhosa Lei Escoteira. E sabemos que atingimos nosso objetivo. Honra e caráter e porque não dizer – Ética e altruísmo! E para isto acontecer precisamos ter programas agradáveis e que satisfação àqueles jovens que procuraram a senda escoteira.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Apenas uma jornada de primeira classe.


Conversa ao pé do fogo.
Apenas uma jornada de primeira classe.

        Poucos podem lembrar. Mas tivemos uma época que as provas escoteiras eram espetaculares, não que as de hoje também são. Mas pergunte quem já foi um Escoteiro Segunda Classe ou um Primeira Classe, pois para ser um deles você tinha quer ser um mateiro e um grande Escoteiro. Mas a Primeira Classe? Se alguém a tivesse na manga da camisa todos admiravam. Ali estava um autêntico exemplar de um grande Escoteiro. Ele sabia tudo, nada escapava e no campo podíamos ficar tranquilo. A sua sagacidade, os seus conhecimentos e a suas experiências eram para poucos. Outro dia comentando com um amigo Escoteiro de hoje falei da prova de Jornada, condição para chegar a Primeira Classe. - Chefe, hoje não podemos mais fazer uma jornada. A criminalidade Chefe é enorme. Já pensou deixar dois jovens sair por aí em uma estrada ou trilha solitária, onde irão dormir em local pré-determinado, onde estarão sempre sozinhos? – Não dá Chefe, não dá. – Eu ficava pensando quando me diziam isto. Onde foi parar o escotismo aventureiro? Onde foi parar nossa máxima de fazer fazendo? Como entender Kipling que dizia: - Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... “Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”. Outro dia comentei com um Chefe amigo – Meu caro ainda fazem atividades aventureiras? Ele sorriu e disse – Claro que sim Chefe! – É Mesmo? Retruquei – Eles hoje acampam nas mais altas montanhas? Eles viajam pelas campinas verdejante? Eles já arvoraram uma bandeira em uma vale distante? – Ele me olhou calado, pensou e disse – Não dá mais Chefe, não dá mais...

         Tenho um amigo escoteiro de outra cidade, entusiasta, bem preparado e o considero grande Escoteiro. Um dia disse para ele – Sabe Chefe, no passado você chegava a uma tropa ou uma Alcateia e sabia só de olhar o seu conhecimento técnico e como eles desenvolviam suas atividades. Nos lobos só de ver quantos duas estrelas tinham já se podia imaginar. Nas tropas se encontrasse dois ou três primeiras classes então era para ficar admirado. Seria uma tropa para ninguém colocar defeito. E as estrelas de atividade? Hoje são de pano, comentam que as de metal produzem acidentes. Bah! Usei as minhas em lugares inimagináveis, meus amigos também e nunca vi nada disto. Mas era bom olhar para um jovem, se tinha estrelas feitas de metal com o fundo amarelo, marrom/grená, verde ou vermelho. Chefe era azul. Era só ver um Chefe com estrelas amarela de lobo, verde de Escoteiro, marrom/grená de sênior e vermelha de pioneiro e a gente sabia que ali tinha um bom mateiro, um bom Chefe Escoteiro. Conhecia-se o valor da Alcateia e das tropas só de olhar. A gente sorria de orgulho.

        - Chefe ele me dizia – Hoje também é assim, são distintivos novos. Ah! Tentei aprender e reconhecer, mas estavam meio misturados com as especialidades. Elas hoje estão em profusão, sempre um ou outro com dez, vinte e até quarenta eu já vi. Precisa a UEB copiar com urgência a BSA com a faixa de especialidades que eles usam. Agora com as estrelas de pano a cor é meio apagada é difícil reconhecer quem possui um, dois ou dez anos de escotismo. Ainda dá para reconhecer um Lis de Ouro, um Escoteiro da Pátria. Mas e uma primeira classe? Ou uma eficiência II? Ave Maria! Era encontrar um e ficar orgulhoso. Ali tinha uma bela patrulha escoteira e no campo só podiam tirar nota dez. Hoje? Quem sabe existe tropas de grande qualidades e a gente não vê? Entristece ver alguns sem promessa tentar acompanhar quatro ou cinco jovens iguais a ele. Quem sabe ainda encontro uma tropa de elite como já vi tantas por aí. Tropas com patrulhas antigas e membros participantes com dois três anos de atividade. Deve ser horrível acampar nos moldes de Giwell com patrulhas incompletas, patrulhas amadoras nas técnicas escoteiras.

         Quem sabe é por isto que algumas tropas não conseguem fazer um perfeito acampamento de Giwell e os jovens são levados pelo Chefe a atravessar a corda que ele esticou, ou jogar todos no barro para fazer um “rastejo” a moda índia ou militar. Mas a primeira classe, ela sim dava um toque profissional ao escoteiro. Ali você sabia que ele acampou com mais um em uma atividade aventureira longe da sede. Você confiava que ele sabia seguir um mapa, um percurso de Giwell, era bom no passo Escoteiro ou no passo duplo, sabia orientar por bussola e estrelas, orientar pelas árvores, pelos pássaros ou animais. Você sabia que ele era um perito em sinais de pista, um perfeito Sinaleiro e cozinheiro. Você sabia que ele sempre tinha um sorriso nos lábios, que olhava para você de igual para igual. Vi muitos substituindo o Chefe Escoteiro quando ele faltava por algum motivo. Hoje? Hoje é diferente, o Escoteiro acampa de olho na internet. Faz pioneiría com o Chefe na frente dele fazendo também. Cozinhando com o Chefe ali na cozinha falando e falando. Como fazer um escotismo aventureiro assim?

          Perigo? Não dá mais? Os pais são outros? – Chefe se acontece alguma coisa eles metem advogados em cima da gente! Verdade? Caramba! Que pais são estes que não colaboram na formação escoteira fazendo do seu filho ou da sua filha alguém que se pode confiar? Nunca vi isto na minha vida escoteira. Até que vá lá uma autorização por escrito dos pais, mas a parafernália burocrática que fizeram acontecer não dá para entender. Ok! Sei que cada um tem uma explicação, mas meus amigos chefes, os jovens ainda sonham em serem heróis, em ser um explorador das montanhas em fazer construções impossíveis, em atravessar rios e florestas, em descobrir cavernas, em ser um Sinaleiro, em buscar no escotismo o que poderia ser encontrado. Os que pensam ao contrário poderiam ver que muitas das provas de hoje são encontradas por eles nos meios sociais da internet, no seu celular, no seu colégio. O escotismo não, no escotismo devíamos dar a ele o espírito de aventura, a vontade de viver na natureza, o desejo de ser um herói.


         Penso que os que mudaram o programa Escoteiro não o conheceram profundamente. Não tiveram a oportunidade de ser um segunda classe, um primeira classe ou um portador da eficiência II. Em nome dos princípios modernos chegaram à conclusão que os jovens precisam de outro programa. Fico pensando por que não criaram os programas que achavam válidos, mas deixassem permanecer a nomenclatura antiga? Nada é imutável e eu acredito que os tempos são outros. Mas não gosto destes tempos. Já não vejo tantos com aquele espírito aventureiro, espirito mateiro, um daqueles que você dizia; - Neste você pode acreditar. Sei que não tem volta, não vai ter o passado no presente. Mas por favor, façam do Escoteiro e da escoteira alguém forte, alguém que sabemos que irá andar com as próprias pernas. Chega por favor, daquele Escoteiro “manteiga” onde tudo se derrete neste medo do passado onde só o presente é válido. Ah! Quem conhece a capa do caderno Avante com a escoteirada na montanha, bandeira desfraldada, sabe o que estou dizendo, e quem sabe ainda teremos o gosto da aventura de volta?    

terça-feira, 3 de junho de 2014

Hinos, marchas e contra marchas.


Crônicas de um Chefe escoteiro.
Hinos, marchas e contra marchas.

             Por que devemos ensinar civismo e cidadania aos nossos jovens? Afinal o significado de patriotismo faz ou não parte do vocabulário Escoteiro? Li não sei onde que a cidadania se constrói com convivência e esta praticada sempre se torna um hábito de comportamento. Um poeta disse que não existe sucesso ou felicidade sem o exercício pleno da cidadania, da ética e do patriotismo. Falaram-me que o decreto lei 5.700 de setembro de 1971 e mantida pela constituição de 1988 obriga as escolas do ensino fundamental e médio a hastear a bandeira e cantar o hino uma vez por semana durante o ano letivo. Será que isto acontece? Dizem alguns que isto nos faz voltar ao passado do governo militar e a lembrança deste regime assusta ainda a muitos. Sei de um politico que defende estas práticas com o seguinte argumento: - A pratica de tais ações podem nos lembrar das diretas-já, a Ayrton Senna que sempre teve consigo uma bandeira do Brasil e isto encerra em si mesmo o amor à pátria, encontra nesse amor o seu maior significado.

           No escotismo a prática de cidadania e civismo ainda não foi esquecida. Apesar do medo constante de alguns pela prática de ordem unida os jovens ainda tem o orgulho de se formar em uma atividade escoteira, aprendem que descansar e sentido faz parte da disciplina escoteira. A Cerimonia de Bandeira é em qualquer grupo um orgulho de todos os participantes. Esta é uma pratica que ainda se mantem viva no espírito Escoteiro e isto nos dá o sentimento patriótico, nos amplia e reforça a visão de família unida em favor de um bem comum. Afinal a pátria não é mais que uma agregação de famílias sustentada por um tronco comum a todos. Nos falta, porém a prática de cantar e se orgulhar de nossos hinos. Tomemos como exemplo o Hino dos Escoteiros do Brasil o Rataplã. Lembro bem que nos tempos idos ninguém recebia a Segunda Classe ou a Segunda Estrela sem saber cantar o nosso hino. Não sei como isto hoje é interpretado. E o Hino Nacional? E o Hino a Bandeira? Não esquecendo o hino da Proclamação da República e hino da Independia do Brasil. Já cantaram o hino do marinheiro? O Cisne Branco é um dos mais belos hinos militares de nossa pátria. Mas temos tantos. O hino do exercito – Nos somos da pátria a guarda, fieis soldados... E assim poderia enfileirar outros tantos lindos hinos aqui.

        Mas voltemos ao nosso hino. Antes era obrigatório para se conquistar uma eficiência, classe ou especialidade isto ainda existe? Nem sei mesmo se nos cursos Escoteiros que são aplicados pela União dos Escoteiros do Brasil se canta os hinos ou mesmo o Hino Alerta. Cantam? Eu gostaria de imaginar no final ou meio de um jamboree, com mais de 5.000 participantes e o apresentador dizer – Estamos premiando com taxa gratuita, dois uniformes, uma barraca, material de campo e sapa, uma bandeira Nacional se tivermos aqui um Escoteiro ou escoteira (não vale Chefe) que saiba cantar nosso hino sem errar, dizer quem foi o autor, qual a data que ele escreveu e quando a UEB considerou-o como nosso hino. Quantos iriam ganhar o prêmio? Isto sem contar sobre o Hino Nacional e o Hino a Bandeira. Quantos sabem quem escreveu e as datas? Risos. Se aparecer alguém eu ficarei surpreso. Mas se isto não acontece não temos culpa? Estamos preocupados com tantas outras coisas que consideramos importantes e quem sabe estas são esquecidas.

       Eu sei que os jovens não só de hoje, mas no passado também são meio avoados com estes hinos. São atividades para eles cansativas e sem graça. Se não aprendermos a criar meios alegres e motivados dificilmente eles irão aprender ou cantar. Mas lembremo-nos que nem sempre nós chefes temos uma voz agradável. Isto tira toda a expectativa e interesse. Conheci um Chefe que tinha um amigo com uma linda voz e ele como Instrutor de especialidade dava um toque especial quando cantavam os hinos. Outro fez um concurso por patrulhas onde era vencedora a que cantasse completa dois ou três hinos. Agora em muitos grupos era obrigatório em todas os cerimoniais que se cantasse um hino. E olhe se premiava a patrulha que melhor se apresentasse. Que as canções e hinos sejam cantadas e não gritadas. Que um instrumento musical seja usado e isto vai dar outra visão e audição de quem canta.

       Uma vez perguntei a uma patrulha o que é musica. Quase cai e costas quando um menino respondeu – A música é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e ritmo seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana... Depois fui saber que sua família fazia questão de levá-lo a consertos de grandes orquestras e em sua casa se ouvia muito musicas diferenciadas. A escolha musical é privilégio de cada um, mas a concepção de musica no seu verdadeiro sentido deve ser motivo de seguir para se tornar um habito de comportamento. Escotismo tem outras portas que devemos entrar e ver se lá dentro encontramos uma maneira de educar sem substituir os pais e a escola. Certos valores devem ser adquiridos com a participação não só espontânea como frequente. Os deveres fundamentais para uma vida coletiva visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos não se adquire só com a experiência. O Chefe Escoteiro tem uma parte fundamental em tais práticas.

            Encerrando lembro que deixar que os outros o façam é uma forma de não assumir algumas responsabilidades que cabe a nós voluntários. O civismo consiste no respeito aos valores às instituições e as práticas especificamente políticas de um país. Não podemos fugir destas responsabilidade onde pretendemos dar ao jovem noções de comportamento dentro da sociedade em que vai permanecer. Hinos, bandeiras, atitudes se traduzem em ética e valores morais. Que cada um de nós pense a respeito e possamos olhar o futuro como a dizer as palavras de BP – O que importa é o resultado.


E VOCÊ? SABE CANTAR DO INICIO AO FIM O NOSSO HINO ESCOTEIRO?