terça-feira, 3 de junho de 2014

Hinos, marchas e contra marchas.


Crônicas de um Chefe escoteiro.
Hinos, marchas e contra marchas.

             Por que devemos ensinar civismo e cidadania aos nossos jovens? Afinal o significado de patriotismo faz ou não parte do vocabulário Escoteiro? Li não sei onde que a cidadania se constrói com convivência e esta praticada sempre se torna um hábito de comportamento. Um poeta disse que não existe sucesso ou felicidade sem o exercício pleno da cidadania, da ética e do patriotismo. Falaram-me que o decreto lei 5.700 de setembro de 1971 e mantida pela constituição de 1988 obriga as escolas do ensino fundamental e médio a hastear a bandeira e cantar o hino uma vez por semana durante o ano letivo. Será que isto acontece? Dizem alguns que isto nos faz voltar ao passado do governo militar e a lembrança deste regime assusta ainda a muitos. Sei de um politico que defende estas práticas com o seguinte argumento: - A pratica de tais ações podem nos lembrar das diretas-já, a Ayrton Senna que sempre teve consigo uma bandeira do Brasil e isto encerra em si mesmo o amor à pátria, encontra nesse amor o seu maior significado.

           No escotismo a prática de cidadania e civismo ainda não foi esquecida. Apesar do medo constante de alguns pela prática de ordem unida os jovens ainda tem o orgulho de se formar em uma atividade escoteira, aprendem que descansar e sentido faz parte da disciplina escoteira. A Cerimonia de Bandeira é em qualquer grupo um orgulho de todos os participantes. Esta é uma pratica que ainda se mantem viva no espírito Escoteiro e isto nos dá o sentimento patriótico, nos amplia e reforça a visão de família unida em favor de um bem comum. Afinal a pátria não é mais que uma agregação de famílias sustentada por um tronco comum a todos. Nos falta, porém a prática de cantar e se orgulhar de nossos hinos. Tomemos como exemplo o Hino dos Escoteiros do Brasil o Rataplã. Lembro bem que nos tempos idos ninguém recebia a Segunda Classe ou a Segunda Estrela sem saber cantar o nosso hino. Não sei como isto hoje é interpretado. E o Hino Nacional? E o Hino a Bandeira? Não esquecendo o hino da Proclamação da República e hino da Independia do Brasil. Já cantaram o hino do marinheiro? O Cisne Branco é um dos mais belos hinos militares de nossa pátria. Mas temos tantos. O hino do exercito – Nos somos da pátria a guarda, fieis soldados... E assim poderia enfileirar outros tantos lindos hinos aqui.

        Mas voltemos ao nosso hino. Antes era obrigatório para se conquistar uma eficiência, classe ou especialidade isto ainda existe? Nem sei mesmo se nos cursos Escoteiros que são aplicados pela União dos Escoteiros do Brasil se canta os hinos ou mesmo o Hino Alerta. Cantam? Eu gostaria de imaginar no final ou meio de um jamboree, com mais de 5.000 participantes e o apresentador dizer – Estamos premiando com taxa gratuita, dois uniformes, uma barraca, material de campo e sapa, uma bandeira Nacional se tivermos aqui um Escoteiro ou escoteira (não vale Chefe) que saiba cantar nosso hino sem errar, dizer quem foi o autor, qual a data que ele escreveu e quando a UEB considerou-o como nosso hino. Quantos iriam ganhar o prêmio? Isto sem contar sobre o Hino Nacional e o Hino a Bandeira. Quantos sabem quem escreveu e as datas? Risos. Se aparecer alguém eu ficarei surpreso. Mas se isto não acontece não temos culpa? Estamos preocupados com tantas outras coisas que consideramos importantes e quem sabe estas são esquecidas.

       Eu sei que os jovens não só de hoje, mas no passado também são meio avoados com estes hinos. São atividades para eles cansativas e sem graça. Se não aprendermos a criar meios alegres e motivados dificilmente eles irão aprender ou cantar. Mas lembremo-nos que nem sempre nós chefes temos uma voz agradável. Isto tira toda a expectativa e interesse. Conheci um Chefe que tinha um amigo com uma linda voz e ele como Instrutor de especialidade dava um toque especial quando cantavam os hinos. Outro fez um concurso por patrulhas onde era vencedora a que cantasse completa dois ou três hinos. Agora em muitos grupos era obrigatório em todas os cerimoniais que se cantasse um hino. E olhe se premiava a patrulha que melhor se apresentasse. Que as canções e hinos sejam cantadas e não gritadas. Que um instrumento musical seja usado e isto vai dar outra visão e audição de quem canta.

       Uma vez perguntei a uma patrulha o que é musica. Quase cai e costas quando um menino respondeu – A música é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e ritmo seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana... Depois fui saber que sua família fazia questão de levá-lo a consertos de grandes orquestras e em sua casa se ouvia muito musicas diferenciadas. A escolha musical é privilégio de cada um, mas a concepção de musica no seu verdadeiro sentido deve ser motivo de seguir para se tornar um habito de comportamento. Escotismo tem outras portas que devemos entrar e ver se lá dentro encontramos uma maneira de educar sem substituir os pais e a escola. Certos valores devem ser adquiridos com a participação não só espontânea como frequente. Os deveres fundamentais para uma vida coletiva visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos não se adquire só com a experiência. O Chefe Escoteiro tem uma parte fundamental em tais práticas.

            Encerrando lembro que deixar que os outros o façam é uma forma de não assumir algumas responsabilidades que cabe a nós voluntários. O civismo consiste no respeito aos valores às instituições e as práticas especificamente políticas de um país. Não podemos fugir destas responsabilidade onde pretendemos dar ao jovem noções de comportamento dentro da sociedade em que vai permanecer. Hinos, bandeiras, atitudes se traduzem em ética e valores morais. Que cada um de nós pense a respeito e possamos olhar o futuro como a dizer as palavras de BP – O que importa é o resultado.


E VOCÊ? SABE CANTAR DO INICIO AO FIM O NOSSO HINO ESCOTEIRO?