sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Quem sabe o errado sou eu.



Todos sabem que errar é humano. Mas insistimos em sermos deuses, temos a necessidade neurótica de sermos perfeitos.

Crônicas escoteiras.
Quem sabe o errado sou eu.

          Acho que a maioria sabe que há alguns anos quase não saio de casa. A saúde minha velha amiga resolveu dizer que prefere que eu fique aqui entre quatro paredes. Dizer o que? Melhor aceitar, pois pelo menos ainda tenho os reflexos da mão para escrever e a mente para pensar. Portanto não sou o melhor exemplo como observador participante do nosso escotismo hoje. Pensando bem acho que sou sim. Como lidei por dezenas de anos em cursos, palestras visitas e até atuei em Grupos, distritos e Regiões pensei ter adquirido alguma força interior para analisar de longe o que somos e para onde estamos indo. Chamam-me de muitas coisas, mas não me preocupo com isto não. Fuço mesmo aqui e ali. Afinal esperava um dia ver um escotismo forte, atuante em todas as camadas sociais no nosso querido Brasil.

          Vejo amigos comentando o que os outros países são e fazem. Eles têm retorno e exemplos para dar. Lá está um apertando a mão da Rainha, e outro fazendo a saudação para seu Presidente. Aparece logo a seguir alguém apontando que mais de 80% dos astronautas americanos foram Escoteiros. Abro páginas e lá está escrito que o Presidente Americano Franklin Delano Roosevelt foi aquele que deu enorme impulso a Boy Scout. Citar outros presidentes americanos Escoteiros? Foram vários. Sem esquecer grandes empresários e grandes cientistas. Lá na terra de BP são centenas a elevar o nome de dele e do escotismo aos céus. Afinal recebeu da Rainha a mais alta condecoração da Inglaterra e o titulo de Sir Lord na Câmara dos Comuns vestindo orgulhosamente seu uniforme caqui de calças curtas. Existem muitos outros ex-escotistas importantes, um pouco na França, na Espanha e soube que em muitos outros países está havendo uma revolução de personalidades engrandecendo o escotismo para que ele cresça e fique forte,

           Aqui? Poxa, sempre cobro daqueles que acham que estamos no caminho certo os resultados. Quais são? Soltam foguetes para dizer que chegamos aos setenta e sete mil e vamos logo chegar aos oitenta mil. Mas e daí? Sem produzir resultados não adianta nada. Um dia puseram o lenço no pescoço de um Presidente. São mestres em fazer isto. Não importa se é um bom político ou não. Pode ser Presidente, governador ou senador/deputado sem esquecer os prefeitos. Claro quem não quer uma boa propaganda sua? Eles sorriem em pose de candidatos e não fazem nada pelo escotismo salvo algumas exceções. Sem desmerecer o trabalho realizado tivemos dois presidentes Escoteiros. Um deles produziu bons frutos ao escotismo e o outro muito pouco. Se tivermos nos meios empresariais antigos Escoteiros, mas daqueles que se orgulham de ter sido um de nós eu desconheço. Difícil ver algum deles dizendo que o nosso movimento é para valer, que todos possam acreditar que o escotismo é a maior organização para a formação de jovens do mundo.

           Tentam sempre arregimentar políticos para fazerem uma frente parlamentar e com isto dar uma força em nosso crescimento. Dizem que alguns já foram Escoteiros. Ainda não vi os resultados, mas passa anos e anos e nada. Temos alguns ex-Escoteiros que hoje são professores, cientistas e me disseram ter um bem colocado no Ministério da Educação. Nada se ouve falar deles sobre as vantagens do nosso movimento. Surge aqui e ali tópicos sobre Escotismo nas Escolas. Sei de um estado que deu uma arrancada enorme. Rezo para que dê bons resultados e parece que crescem no dia a dia. Sempre um e outro me diz para acreditar. Eles nossos dirigentes estão lutando para isto. Acreditar? Todos que lá estiveram nestes últimos 40 anos disseram o mesmo. Se pelo menos tivessem feito tudo democraticamente eu até poderia dizer que tentaram.

           Hoje olho para nosso escotismo e não vejo resultados. Entendam bem quando falo de resultados. De maneira nenhuma quero desmerecer o trabalho de muitos de vocês que lutam nas tropas, nas alcateias e acreditam estar no caminho certo. É um bom trabalho e muitos conseguem vencer. Outros no entando estão pisando em ovos. Perdendo jovens anualmente, pouca procura, e o pior, defendendo posições que não são suas. Nossos dirigentes nos tratam como crianças. Dão-nos tudo e não nos perguntam nunca se é isto que queremos. Portanto enumerar os caminhos do sucesso não posso enumerar. Eles são poucos. Mesmo que um bom número de Grupos Escoteiros de qualidade façam o seu melhor é muito pouco para se atingir o objetivo final.

          Precisamos ser mais atentos, mais perseverantes e mais exigentes. Ficar dizendo que temos que olhar nossos jovens, sorrir para eles, fazer nosso trabalho e deixar que os outros façam o deles não é o caminho. Uma andorinha só não faz verão. Se não levantarmos a cabeça e disser que temos nossos direitos de voz e voto nunca seremos nada. Não importa se dizem que estamos crescendo, há um trabalho sendo realizado, um caminho frutífero e vamos chegar lá. Não importa mesmo, pois eu pergunto sempre – E você? Foi consultado? Não gostaria de sugerir? Não gostaria de dizer não? Ou dizer sim? – Ou então dizer que você sabe como deveria ser feito? Pensem bem, um dia alguém disse que o bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil. Não sei se concordo muito com isto, mas eles tem lições enormes para nos ensinar.

         Para mim, e reforço minhas palavras se tudo fosse democraticamente discutido, se houvesse uma melhor transparência, se tivéssemos oportunidade de sermos consultados mesmo não atingindo os objetivos propostos no programa Escoteiro eu não seria contra. Nunca mesmo. Como sei que isto não existe e que tudo que fizerem será discutido e aprovado por poucos eu reafirmo o que sempre disse – O importante são os resultados e até então confirmo minhas palavras – Eles não existem! Espero e torço que eles um dia apareçam. Eu fiquei esperando por anos e anos, mas tem muitos novos escotistas que ainda tem tempo para esperar. Muitos ainda não “pegaram” as palavras do nosso fundador. Alguns até dizem que se ele estivesse vivo estaria batendo palmas pelas modificações que fizeram em seu programa em nome dos novos tempos. Melhor terminar por aqui escrevendo o que ele disse um dia:

“A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos.
Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz!
- Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente!

Ainda que seus passos pareçam inúteis; vá abrindo caminhos como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...

sábado, 14 de setembro de 2013

Agora somos conhecidos em todo Brasil. Temos um novo uniforme.



Acredite em si. Engate a mente na sua boa estrela e reconheça que a sua luz interior o conduzirá sempre para cima e para frente.

Jogando conversa fora.
Agora somos conhecidos em todo Brasil. Temos um novo uniforme.

            O marketing do novo uniforme está aí. Alguns se colocam como defensores deles. Arrolam-se em explicações e detalhes que julgam importantes para usá-lo. Dizer o que? Já disse o que tinha de dizer. Foram centenas ou milhares de jovens e adultos contra e o que os dirigentes fizeram? Nada. Já estava programado e decidido. Difícil à transparência. Se é que ela existe para eles. Em quatro paredes decidem e os demais bons escotistas aceitam de bom grado. Mas não vou criticar ninguém, pois cada um tem o direito de escolher e viver como quer. Afinal isto é democrático.

            Se hoje tirei o dia para discordar é porque também tenho este direito. Se eles tem porque eu não tenho? Nós Escoteiros temos uma só palavra e até hoje ainda não vi um que disse que foi consultado ou foi pesquisado. Tudo foi feito de maneira que devagar e aos poucos os tipos escolhidos fossem apresentados de forma bombástica em uma atividade nacional. Um espetáculo a parte. Muitos bateram palmas. A cada mês uma norma uma explicação e apareceram dezenas de defensores. O escotismo sempre tem aqueles que concordam com tudo. Não estão errados. Amarram-nos a uma disciplina que em alguns casos eu me sinto um alienado.

            Lembro que desde 1950 quando fazia minhas atividades aventureiras em qualquer lugar que chegávamos todos diziam – São os Escoteiros. Estive em cada canto, em cada sitio, em cada arraial, pequenas e grandes cidades e até no exterior e sempre os moradores apontavam e diziam – Olhem os Escoteiros chegaram. Sentíamos orgulho com nosso caqui e chapelão. Quando vários grupos se reuniam era um espetáculo a parte. Quer saber? Quando Regional em Minas fui convidado a participar de uma comissão para escolher um novo uniforme social (S O C I  A L!) não gostei muito. Mas a choradeira era geral. Precisávamos de nos apresentar adequadamente reclamavam os insatisfeitos. Pensei comigo se BP de calça curta se apresentou para a Rainha e nós?

            Da década de 80 em diante começaram a forçar um novo estilo de uniforme. O tergal cinza chumbo passou para o jeans. Mais barato diziam. Mas não era um uniforme social? Aos poucos introduziram para os seniores para os Escoteiros e o POR fui modificado para que cada estado cada grupo escolhesse o seu. Então veio o traje. Mais barato e os mais pobres podem usar. Que coisa eim? Os pobres eram já definidos pelo uniforme. Mas aconteceu o contrário. Copiando nações cujos jovens se encontravam em atividades internacionais logo surgiu o modismo. Afinal ele existia em todos os lugares e no escotismo não poderia ficar sem. Uma camiseta, um lenço amarrado na pontinha, chinelos um chapéu virado e pronto. Estava uniformizado apesar de dizerem ser um traje. Até hoje me pergunto o porquê do traje e do uniforme. Pergunto-me porque isto não aconteceu com escolas tradicionais, com as polícias militares, as forças armadas e tantas outras associações que mantiveram suas tradições.

           Foram centenas de explicações. A maioria de pessoas não tinham representatividade na Direção Nacional. Eles os dirigentes pouco disseram. Eles falam pouco – Precisamos mudar, dizia uns, precisamos ter um novo, pois os jovens detestam esse caqui, diziam outros. Meus seniores querem sair se não tiverem um novo uniforme completa outro. E assim centenas de defensores apareceram. Cheguei à conclusão que agora seriamos saudados de norte a sul e a procura de jovens iria duplicar. As alcateias e tropas ficarão completas. Mesmo se as atividades ao ar livre e aventureiras não acontecerem, os jovens ficarão mais tempo no escotismo. Isto irá traduzir no futuro o reconhecimento Escoteiro em nível nacional pelas autoridades do país. Afinal agora estamos bem uniformizados. Antes não estávamos. Dezenas de anos para criar uma raiz, uma tradição, um hábito de comportamento reconhecido por todo o Brasil. Agora um novo. Repicam sonoramente que os outros não vão acabar. A escolha é do grupo. Batem palmas para o caqui Juram sobre isto e demonstram pelas normativas que nada mudou. Quem viver verá. Se uma direção que não consulta ninguém que nunca fez pesquisa com os associados, que nunca se explicou quando muda ou altera ao seu bel prazer, deixa em dúvida o que será o futuro em termos de uniformidade.

          Entendo a posição de muitos amigos que aceitam de bom grado e até tentam justificar as alterações efetuadas. Aceito sim, pois me considero um Escotista democrático. E isto me leva a pensar que só aqui no Facebook quando se falou e se concretizou a ideia do novo uniforme, centenas e milhares foram contra. Ninguém os levou em consideração. Quantos anos vamos levar para sermos reconhecidos como um movimento uniformizado? Quantos anos agora vamos levar para que sejamos reconhecidos em cada canto do nosso sertão Brasileiro com este novo uniforme? Que Deus proteja os Escoteiros. Que agora o sonho de muitos dos 500.000 associados no Brasil seja realidade. Os defensores estão aí para dizerem que estou errado. Eles tem razão. O escotismo é deles e não mais meu. Eles iram viver mais uma dezena de anos e verão se tiveram ou não razão nos aplausos. Claro se forem bastante honestos consigo próprio para dizer – Deu resultado! Valeu!

Há duas formas para viver sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagres.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagres.