domingo, 27 de maio de 2012

Escotismo é só para ricos?


"O resultado final e o objeto da riqueza é produzir o maior número possível de criaturas humanas de pulmões sadios, olhos brilhantes e coração feliz." (John Ruskin).

Escotismo é só para ricos?
                                  
     Não. Escotismo é para todos. Seja rico, remediado ou pobre. O método Escoteiro que BP nos deixou não diz que somente ricos podem dele fazer parte. Nem tampouco remediados ou pobres. Já me disseram uma vez que muitas vezes estão tentando fazer um escotismo com austeridade demasiada. Quando BP assentou as bases do escotismo, ele nasceu entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, ainda existem rapazes tão pobres como naquela época que precisam do Escotismo.
    Claro, olhando para os gastos atuais tais como atividades distritais, regionais ou nacionais, uniformes, sede Escoteira, material de Patrulha, taxas e taxas cobradas nos preocupamos e alguns então dizem que não tendo condições não dá para fazer escotismo. A própria taxa anual da UEB que anexada à taxa regional pode ser considerada alta, mas existe planos para que o Grupo possa ficar isento desta taxa. Um bom número de grupos escoteiros conseguiram e hoje são devidamente registrados sem nenhum ônus.
     Eu tive a oportunidade de passar por grupos escoteiros, onde as condições financeiras se dividiram em ricos, remediados e pobres. Asseguro que é bastante possível fazer um bom escotismo nas classes menos favorecidas sem reclamar da falta de condições financeiras para que tudo corra bem e a contendo. Infelizmente muitos organizam grupos escoteiros sem pensar que o crescimento deve vir paulatinamente. Acham que é mais impressionável para a comunidade reunir uma grande quantidade de jovens, formar muitas matilhas, patrulhas e depois se dão conta que para fazer um escotismo autêntico sem verba suficiente não é possível e aí desistem ou passam a direção para outros. Difícil consertar o erro do passado, mas não impossível.
       Muitos que insistem em continuar se apegam a todos eles e ficam reclamando das dificuldades de manutenção. Sabemos que não houve estrutura de montagem inicial, os pais não participam e a comunidade não colabora. Desta maneira só podem fazer escotismo dentro de certas limitações. Ficam sem uma boa uniformização, falta de acampamentos e as reuniões de sede não sendo acompanhadas por atividades ao ar livre fazem com que muitos desistam, pois entraram pensando em encontrar tais programas e não encontraram.
        Sempre aconselhei aos escotistas que estavam começando que se contentassem no inicio com poucos. Criar primeiro uma estrutura para que o Grupo Escoteiro fosse crescendo paulatinamente. Até mesmo dei alguns exemplos que vi em boas tropas escoteiras e alcateias formadas em uma comunidade sem nenhuma condição financeira e conseguiram fazer um ótimo escotismo. Quando iniciaram conseguiram “amarrar” os pais na ideia Escoteira, e eles se imbuíram que está ali para ajudá-los e que quem precisa do escotismo são eles e não você. Isto já é meio caminho andado. Fazer isto com seis a oito jovens, futuros monitores, preparando tudo devagar, visitar os pais frequentemente e engajá-los no crescimento do grupo tudo se torna mais fácil.
        Três ou quatros pais, mesmo os mais humildes, visitando o comércio com hora marcada, (pedido antecipadamente), conversando naturalmente sem se mostrarem muito humildes ou arrogantes, mostrando as vantagens que o escotismo pode trazer para o bairro e pedindo uma colaboração anual pequena (em torno de cem ou duzentos reais, é perfeitamente possível engajar vários comerciantes na ideia). Não receber nada na hora. Deixar que o futuro sócio (ele passa a ser membro do grupo como sócio) escolha o mês e o dia para ser cobrado.  Claro, tudo feito de maneira correta, com apresentação de contas, e convidando-os sempre a visitarem o grupo e neste caso apresentá-los a tropa formalmente, palmas escoteiras, quem sabe um lenço no pescoço e pronto. Estes fatos não podem parar. Para isto você está contando com estes pais e instruindo sempre. Claro sempre motivando.
        Se desde o primeiro dia você conquistou cada pai para trabalhar ao seu lado, pois agir com meia dúzia de pais é muito mais fácil e anualmente fazer com eles uma atividade de domingo completo, quem sabe com atividades escoteiras pais e filhos juntos, visitá-los pelo menos uma vez a cada dois meses. Se tiverem telefone manter contato frequente garanto que tudo vai fluir e mesmo não sendo um grupo rico em breve terão todas as necessidades cobertas. Importante à seriedade com os valores, a prestação de contas. Exigir sempre a Nota Fiscal, ter um bom financeiro para dirigir mesmo simplesmente. Sempre a disposição de qualquer adulto que quiser ver. Já vi grupos com uma arrecadação anual de mais de quarenta mil reais por ano. Tudo no comércio de bairro. Pouco? Muito para quem não tem nada. Sabendo fazer uma lista das necessidades e comprando aos poucos esta quantia supre razoavelmente qualquer Grupo Escoteiro com até 60 membros.
        No inicio é fácil acampar com uma patrulha. Garanto que vão aparecer algumas mães para doarem panelas, frigideiras e caldeirões. Mesmo que bem velhas e usadas serão uma ajuda inestimável para os acampamentos por patrulha. Sempre comentei que a alimentação deve ser simples. Chamava de ração. Uma listinha para cada um (que guardava em casa) e mesmo que as mães reclamassem era melhor que uma taxa que não podiam pagar. Saber o cardápio, (simples) onde uma panela e um caldeirão eram suficientes para prepara-los. Cada jovem sabia o que devia levar de casa. Uma caneca de arroz, uma de macarrão. Um vidrinho ou latinha com óleo, açúcar, sal, café e quem sabe, uma linguiça, batatas e pronto. E os lambaris brigam para serem fisgados em qualquer riacho por este Brasil. Um manjar dos deuses pra ninguém botar defeito.
        Cortar em tamanho adequado lonas que são vendidas por preços ínfimos, ensinar os jovens a fazer uma armação, atrás e na frente uma parede de galhos e lá estava uma bela barraca. Lembre-se estamos falando de um grupo que começou com poucos. Quem sabe um comerciante doa um facão, outro uma machadinha? Alguém tem uma enxada pequena usada em casa sem cabo (no campo se faz) – Pioneirias? Cipó meu amigo. Fácil de usar. “Embiras” também são ótimos substitutos para ao sisal.  
        Se você conseguiu formar uma equipe de pais (seis a oito) e fez o dever de casa com eles não vai se decepcionar. Se semestralmente ou anualmente você ou um pai for ao comerciante agora já amigo com uma prestação de contas e este comerciante irá acreditar mais e não deixará de visitar o Grupo Escoteiro periodicamente. É Nesta visita procure fazer tudo para ele deve se sentir em casa. Lembre-se que ele pode contar para outros negociantes seus amigos. Elogiar, dar valor e já vi casos que ele aumentou a doação anual. Feito isto o Grupo Escoteiro irá crescer com os pés no chão. Tendo uma estrutura com poucos agora é hora de crescer paulatinamente. Lembrar-se que é mais importante à qualidade que a quantidade. As sessões devem ficar completas dentro das possibilidades. Os novos pais devem também saber a importância no grupo como os mais antigos. Aumentar o número de sócios beneméritos é função dos novos pais.      
         Lembramos que viver de mensalidade é irreal. Pode até funcionar em alguns grupos, mas a dor de cabeça é grande. Muitos pais não pagam, outros atrasam e tem aqueles que pagam e cobram porque só eles estão pagando. A mensalidade tem de existir. Mas quem paga são os jovens com valores adquiridos com seu trabalho individual. Dos jovens não os pais. Quanto? Dois ou cinco reais. Eles devem ganhar trabalhando. Isto não é difícil. Com os vizinhos ajudando em limpeza, no comércio ajudando a empacotar compras diversas, se oferecendo para lavar veículos. Enfim tem muitas coisas fáceis para ganhar dois ou cinco reais por mês. Claro, é uma taxa simbólica, mas que todos devem pagar. E isto deve ser ensinado para o lobinho o Escoteiro e todos os membros do grupo.  E deve ser considerado como ponto de honra. Lembre-se você começou com poucos e os que estão chegando estão vendo como as coisas funcionam.
           Sabendo trabalhar devagar, olhando cada passo a ser dado com atenção à possibilidade de sucesso é grande. Ninguém será dispensado. Não importa se é pobre ou o rico. Bem trabalhado o uniforme será vendido ao jovem humilde que não tem condições de comprar. Vendido? Sim. Por um preço simbólico pago com taxas mensais. Quem sabe um dois ou cinco reais por mês. Nada de graça. Ele deve saber que seu trabalho é importante e que não existem “almoço grátis” conforme dizem por aí. Com isto aprende que o trabalho dignifica o homem.
            Utópico? Você acha? Posso provar que deu certo. Mas se você tem uma estrutura enorme, se os pais dos meninos a maioria não colabora, não comparece se você sozinho é o faz tudo, se tira valores do seu bolso (prejudicando sua família) então tem razão em ficar reclamando que o escotismo é só para ricos. Mas se você é daqueles que não sabe trabalhar em equipe, que não sabe valorizar os outros, que vê nos pais uma fórmula de solução para ao grupo e fica reclamando que eles não se interessam, são distantes e que não acreditam que precisam de você para ajuda-los na formação do filho, então você está totalmente equivocado com o que faz. Valorizar sempre. Criar um grupo de amigos e não de inimigos no Grupo Escoteiro. Envolver muitos, não importa quantos ou o que irão fazer. No inicio é um trabalho árduo. Visitas, telefonemas, atividades sociais em casa de um deles com revezamento (cada um leva salgado e bebida). Arregimentar outros para ajudá-lo. Uma andorinha só não faz verão e você deve saber disso.
              Mas lembre-se, esqueça esta “montanha” de convites de distritos, regiões, UEB porque se for levar alguns e não levar todos além de estar errado vai haver desistências, se sentirão culpados por serem pobres, preferencias que na verdade não houve, mas acreditarão que sim. Sempre coloquei para mim que ou vão todos ou não vai ninguém. Se o Grupo Escoteiro que você participa já tem uma boa estrutura material, se o engajamento dos pais é bom, se a comunidade acredita que o escotismo ali é serio e excencial aos jovens do bairro, então você pode programar a presença de todos em uma atividade distrital, regional ou nacional. Isto é bem possível se programado com boa antecedência.
              O importante em qualquer Grupo Escoteiro é saber trabalhar em grupo, prestigiar os pais, os sócios beneméritos, os chefes auxiliares, e não esquecer nunca, os responsáveis onde estão atuando. Seja o mais humilde faxineiro ao presidente da diretoria. Se a sede é cedida por alguém, seja uma igreja, comercio, um clube ou outro lugar, prestigie o responsável. Faça uma boa politica sem imposições. Dê valor e relevo individual e coletivo, haverão frutos.  Mas se você é daqueles secos (risos), que acham que todos precisam de você e você não precisa de ninguém, que eles tem a obrigação de emprestar o local, que os seus auxiliares não precisam ser reconhecidos, então você está no lugar errado. E não adianta reclamar que os pais não são presentes, os chefes não ficam por muito tempo, que você confiava e sua confiança foi destruída então meu amigo o errado no Grupo Escoteiro não são eles. É você.
           Pode-se perfeitamente fazer um escotismo em comunidade pobre ou onde financeiramente deixa a desejar. Sabendo fazer, sabendo ser um líder e ir aos poucos crescendo, não querendo ser grande de um dia para o outro o sucesso é garantido. Eu já fiz assim e sei de muitos que também fizeram. Copiando John Thurman, chefe de campo de Gilwell Park em 1957, ele escreveu:
          Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. Os únicos capazes e possíveis de pôr o Escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.

"A pobreza não tira a nobreza a ninguém, a riqueza sim."
 (Giovani Boccaccio)



SUGESTÃO ADMINISTRATIVA P/ UEB



Meus amigos aqui do facebook e dos meus blogs. O artigo abaixo foi feito pelo meu amigo Chefe Elmer, DCIM de São Paulo que vem também pensando que poderemos sugerir uma melhor reforma administrativa na UEB. Se alguém quiser colaborar pode mandar para o meu e-mail elioso@terra.com.br ou o do Chefe Elmer Elmer.pessoa@terra.com.br. Lembremos que não existe nada oficial. São somente sugestões.

SUGESTÃO ADMINISTRATIVA P/ UEB

Esta é uma sugestão que está ganhando adeptos.
A ideia necessitaria mudanças no Estatuto, mas já que, segundo muitos associados, o modelo em vigor não atende os interesses da entidade, poderia ser proposta uma ampla reforma.

 SUGESTÃO:
 A UEB seria dirigida por uma Comissão Executiva, eleita, composta de 8
 membros, com mandato de três anos.
 Presidente, Vice Presidente, Diretor Técnico e adjunto, Diretor
 Administrativo e Adjunto e Diretor Financeiro e Adjunto.
 (Estes seriam eleitos por chapa c/ um voto por Grupo Escoteiro registrado
 no mínimo ha três anos e c/ registro anual em dia.
 Não interessaria o tamanho do Grupo).
 Poderiam ser criadas outras Diretorias auxiliares c/ Diretores e Adjuntos nomeados. (por exemplo: Ramos e Modalidades, Crescimento, Sustentabilidade, Eventos, Religiosidade, internacional, Ética e Disciplina etc. etc.).
 Haveria um Conselho Consultivo com um representante e seu adjunto, de cada
 Estado, eleitos na Assembleia Regional do seu Estado. (Eleitos 1/3 a cada
 ano).
Teríamos um Conselho Fiscal, como atualmente acontece.
 Os eleitos não precisariam ser de Curitiba, fazendo as reuniões via internet
 (vídeo conferência), estando presente a Curitiba a cada 60 dias.
 Seria permitida uma única reeleição, mesmo para cargos diferentes.
O Escritório Nacional seria administrado pelo Secretário Geral com número de
 funcionários necessários.
 Existem outros detalhes menores, mas a "viga mestre" é o exposto aqui.
Trata-se de uma sugestão e como tal precisa ser trabalhada, conseguir
adesões e multiplicadores para então, tornar-se uma proposta e encaminhada ao
fórum indicado. Por enquanto é um “balão de ensaio”!
Talvez e provavelmente, não é a administração ideal (que não existe ideal,
devido ao tamanho e as realidades diferentes de nosso país) e não
contemplaria a todas as realidades, mais está forma de eleger a Diretoria já
aproximaria das bases, momento em que procuram valoriza-las. A inversão do
triângulo, colocando-se no ápice a pessoa e o Grupo Escoteiro.
Por gentileza, pense a respeito desta sugestão ou faça outra.

Abraços
Elmer


sábado, 19 de maio de 2012

As saborosas dicas do "Velho" Chefe Escoteiro

Êste é um artigo do blog http://chefeosvaldo.blogspot.com que contam historias de um Velho Escoteiro. Republiquei aqui devido ao tema que pode interessar a muitos leitores deste blog.




“Às vezes pensamos que os defeitos atrapalham, mas na verdade eles ajudam a crescer”.

As saborosas dicas do "Velho" Chefe Escoteiro – Fasc. 73



Não sei por que, mas eu gosto de domingos. Diz a minha esposa que é para conversar e filar a “boia” na casa do "Velho" Escoteiro. Pode ser. Mas é o dia que levanto tarde, viro o relógio ao contrário, e durmo a mais não poder. Disse o nosso fundador que quem dorme pouco vive mais. Prefiro viver menos. Risos. Mas quem como eu cedo madruga de segunda a sábado merece. Afinal depois de dormir tanto, tomar um belo café e ir para a casa do "Velho" onde a Vovó se esmera em um esplendido almoço? E depois ir para a “sala grande” sentar no meu banquinho de três pés e tirar um belo cochilo ao som de Wendell, Chopin, e tantos outros que me deliciam nestas lindas tardes que passo com o "Velho". E depois não vai faltar meu aprendizado Escoteiro. Pena que muitos não têm esta possibilidade de aprender com aqueles que têm experiência. E olhem, conheço vários que não dão o menor valor.
Aquele domingo foi demais. A Vovó preparou um feijão tropeiro a mineira de tirar o folego. Como comi meu Deus! E ainda arrisquei com uma “gelada” no ponto. Lá estava eu depois do almoço a tirar meu cochilo e o "Velho" sempre me surpreendendo. A música começou a jorrar de mansinho e logo vi que era “A Fiandeira” de Villa-Lobos, ou melhor, Heitor Villa-Lobos, o maior compositor brasileiro de todos os tempos. Ficou conhecido por elevar o espírito nacionalista em suas músicas mesclando elementos do folclore, de cantos populares e da cultura indígena brasileira. Sempre foi envolvido com a música desde criança e com o passar dos anos sua paixão só fez aumentar e a cada vez mais envolver seu país em suas composições. Heitor levou a música Brasileira a ser conhecida e admirada em diversas partes do mundo e é referência para todos aqueles que são envolvidos com a música e suas sensações.
Minha alegria não durou muito. O "Velho" e seu maldito “pigarro” (desde que parou de fumar seu indefectível cachimbo tornou-se um vicio seu pigarro) logo me acordou e me olhava como se eu fosse uma alma do outro mundo. – Como você ronca eim? Parece um daqueles tratores da Caterpillar um D-8 ou um D-12 quebrando pedras. Tive que rir com sua maneira de falar. Eu sabia que não roncava. Ficamos ali a sorrir um para o outro. Eu porque tinha nele um amor como se fosse meu pai e ele, e ele, bem ele eu não sei, mas acho que gostava muito de mim, pois afinal era o único que o visitava e o fiz como um amigo. "Velho"! Perguntei. Tenho notado que as ideias de programas para muitos de nós na tropa não estão muito claras. Você tem algumas digas para que eu possa passar para os meus amigos de tropa?
Ele fechou os olhos pequenos, azuis como o fundo do mar (estou filosofando) e me disse – Dicas? Quem sabe tenho? Acho que muitos estão esquecendo que o escotismo é feito no final de semana. Duas ou três horas e acabou a reunião. Portanto é um movimento semanal. O intervalo de uma semana a outra desanima a escoteirada. Aparecem na escola ou à noite com seus amigos tantos programas que o nosso tem de se desdobrar para motivá-los. Existe uma preocupação com o novo programa de etapas e junto uma parafernália que aprendem nos cursos e que muitas vezes mais atrapalham que ajudam. Claro tem muitos que por não terem vivencia Escoteira se perdem e ficam sem noção do que programar. Sabe que se eu fosse "Chefe" Escoteiro hoje o que faria? Tudo muito simples. Nada complicado. Primeiro trabalhar com os monitores. Ninguém consegue nada sem eles. Teria uma dedicação exclusiva na formação deles e com isto eu tenho certeza teria um bom sistema de patrulhas funcionando. Primordial também é conhecer individualmente a cada membro da tropa.
Veja você, eu chegaria à sede e iriamos passar uma tarde treinando o passo Escoteiro e o passo duplo. Acredito que todos sabem o que é isto. Veja o orgulho do Escoteiro em saber que seu passo duplo é perfeito. E porque não outra tarde e quem sabe um domingo inteiro no campo treinando semáforas, Morse (tudo preparado antes com as patrulhas na semana) e depois fazer uma competição de sinaleiros? Olhe quase não ficaria na sede. Mesmo em um sábado iria para um local gostoso, e ali treinar pistas. Nada de sinaizinhos de patas tenras. Você já procurou um local onde pudesse treinar e seguir pegadas de animais ou não? Saber qual o peso e altura de quem passou por ali? Quais os tipos diferenciados de pegadas? Ensinar como seguir uma pista simples, com marcação “secreta” criada pela Patrulha onde só ela sabe seguir a pista? Um local limpo, água para molhar o chão e programa resolvido.
Tem tantas coisas “gostosas” que se poderia fazer que tenho certeza a escoteirada ia vibrar. Um bom jogo de cordas, subindo e descendo, de uma árvore a outra, uma boa competição do “Caminho do Tarzan”. Quem consegue assar uma batata doce em primeiro lugar (fazer fogo, e claro saber como fazer brasas se não ela vai tostar e nunca vai assar) tudo isto através do sistema de patrulhas? Está na hora de mudar, chega do tal pão do caçador. Todo mundo faz e já cansou. Pensou em passar uma tarde inteira, até o escurecer, tentando identificar os pássaros em um bosque, seu habitat, seu canto (sempre se encontra um pai expert no assunto). E porque não pescar? Sabia que nenhum Escoteiro deve ir para o campo sem ter um pequeno bornal na mochila com pequenos apetrechos de pesca? Um cabo, (nylon), dois anzóis pequenos e medios, uma chumbada pequena e pronto. Tudo acondicionado em uma latinha com tampa. Comer lambaris fritos, uma delicia!
Que tal uma reunião exclusiva para aprender a ler mapas, fazer um esboço de Gilwell? Aprender a identificar os pontos cardeais, colaterais, subs-colaterais, azimute, graus e tudo feito por patrulhas se possível com bussolas Silva ou Prismáticas? Dizem que a bússola Starter 123 da Silva é uma excelente escolha aos iniciantes no universo da orientação, não sei. E a cada sábado um novo programa simples, já pensou uma tarde inteira preparando uma corrida de bigas com boas amarras paralelas, quadradas, tripés e porque não muitas costuras de arremate? Todos fazendo simultaneamente por Patrulha?
"Velho"! Quantas ideias! Sabe que nunca pensei assim?  - O "Velho" me olhou, piscou os olhos e disse – Porque hoje nos cursos se preocupam com um programa fixo, dizendo ser moderno mais adequado ao método educacional, sem aberturas ou se existem não ensinam como atingir a motivação da escoteirada. Da um sono enorme os programas de hoje. Tudo na base da Sigla – BOICJ – Risos, não sabe? É o inicio dos programas – Bandeira, oração, inspeção, chamada e jogo. Eu chamo de “boicote a bons programas” E depois? Lá vem um adestramento, uma palestra, um jogo novamente, quem sabe uma canção e lá está o pobre do "Chefe" Escoteiro a esticar o braço, fazendo sinais e a escoteirada bocejando, olhando para os lados e pensando – O que estou fazendo aqui? E todos ficam torcendo para aquilo terminar e voltarem para suas casas, pois lá eles podem inventar e aqui não. Aqui ninguém os consulta o que querem o que está ruim, como melhorar.
- O "Velho" continuou – Mas porque não cantar? Quem sabe uma competição inter-patrulhas da melhor canção Escoteira interpretada e claro de uma maneira agradável aos ouvidos? Outra com cada Patrulha criando uma nova canção. E escolher a melhor com um júri formado pelos próprios escoteiros? Olhe, tem tantas coisas que você pode fazer para motivar, dando um escotismo mais técnico mesmo que você não conheça as técnicas escoteiras. Já disse uma vez que a melhor maneira de aprender é junto aos monitores e afinal quantos estão fazendo isto? Quantos estão reunindo em dias alternados, fazendo excursões, acampamentos com seus monitores e subs? Garanto que os que assim fazem não têm problemas de escoteiros desanimados. Reuniões nos padrões hoje, com esta crença de que os tempos são outros, que agora a internet rouba os meninos das reuniões, para mim é balela. Agora perguntar a ele sua preferencia não adianta. Se ele não vivenciou o passado como escolher?
- Chame seus assistentes, diga que vai mudar, não espalhe aos quatro ventos o que vai fazer. Faça. Olhe nos olhos dos escoteiros e depois diga para você mesmo se valeu a pena mudar. Passe uma reunião inteira com eles a afiar uma ferramenta, olear, manter e acondicionar sem perigos de acidentes. Ensinar a dobrar uma barraca, ensinar a manter uma intendência de Patrulha dentro dos padrões, e até dizer, quem quer ser o Escriba da Patrulha? O Cozinheiro? O Aguadeiro? O Enfermeiro? O Intendente? O Faz tudo? Não ria, é verdade, poucas tropas tem nas patrulhas a divisão de trabalho. É tão bom ver o sorriso de uma jovem ou de um jovem Escoteiro quando vê que o programa mudou. Que agora eles vão sair mais para o campo, que não vão ficar presos naquela rotina de sede. Você já levou seus escoteiros a noite, para um local descampado, onde não existem casas, levou algumas lonas, deitaram na relva sobre elas e você e seus monitores a olharem para o céu e identificar as estrelas? As constelações? Por acaso não seria interessante ir toda a tropa uma tarde ao cinema? Assistir um filme que eles escolheram? Passear no shopping com todos eles? Meu Deus! Que marketing você iria alcançar para seu grupo. Claro uma preparação é importante. Já dizia BP que devemos sair de nossa rotina para alargar nossa mente. Saia mesmo da rotina que faz hoje.
- Portanto meu amigo esqueça as duas ou três horas que vai passar com eles. Elas não são nada. Se você não aproveitar agora não adianta reclamar que os jovens estão desanimados, que estão desistindo. Faça programas com atrativos. Existem centenas. Esqueça aquele programa que é repetitivo em toda reunião. Inverta os valores, inverta a sequencia. Nosso fundador já dizia que nosso método é fazer acontecer ao ar livre. Saia desta rotina. Não existem cidades no Brasil onde não se pode fazer um bom escotismo no campo. Olhe, ouve uma época que tirávamos um domingo por mês, eu e alguns assistentes, íamos passear em estradas secundárias, a pé ou de automóvel a procura de bons locais de acampamento. Pergunta aqui, ali, fazendo amizades e sempre descobrimos belos locais que até hoje estão marcados na memória. E os Pais? Fale com eles, darão excelentes sugestões.
Mas é preciso saber manter estes locais. Respeitar normas, deixar sempre limpo, agradar ao caseiro ou o vigilante, mandar sempre uma cartinha ao proprietário agradecendo. Se um dia ele estiver lá no campo, convidar a tropa para ovacioná-lo, entregar a ele o lenço do grupo (esqueça essa de promessa, ele nem sabe o que é isto) diga umas palavras de agradecimento e pronto, o local para acampar será eterno. E não esqueça, no final do acampamento todo alimento que sobrou, vai para o caseiro, ou para alguém humilde que resida lá.
Ponha a “cuca” para funcionar. Existem vários temas deliciosos que sei os escoteiros irão adorar. O que fazer com o Lenço Escoteiro? O que fazer com o Bastão Escoteiro? Quantas tipoias fazem de olhos vendados? A Patrulha é capaz de fazer uma maca com os olhos vendados e levar alguém dá Patrulha até um local determinado? E o jogo do Kim? Tantas variações que não pode ser esquecido. Muitos dizem que não vale a pena, mas seus escoteiros sabem usar a faca Escoteira? O facão? A machadinha? Sabem usar o serrote? Já fizeram talas? Sabem fazer com maestria fossas de líquidos e detritos com tampa? Automática? Risos.  Sabem sentir o vento, de onde vem e para onde vai? Tentar se aproximar ao máximo de um animal sem ser percebido? Qual seu recorde? O meu é três metros com um quati. Já treinou com eles vestir o uniforme em quarenta e cinco segundos?
- Meu amigo continuou o "Velho" – Programas bons existem aos montões. Quer mais um? Uma tarde em local apropriado, deixar que individualmente cada um faça um fogo, que deve durar mais de vinte minutos sem alimentação e acender com um só palito de fósforo. E quem sabe, aqueles que conseguirem serem batizados com nomes indígenas escolhidos por eles mesmos? Saltando a fogueira três vezes e gritando seu nome de Guerra? Perca uma tarde deixando que cada um faça uma armadilha para pegar animais ou pássaros, claro explicar que isto só em ocasiões especiais. E não se esqueça de um bom adestramento de orientação pelo sol, pela lua, pelas estrelas, pelas árvores e se puder fique até a noite e mostre a posição das constelações, como elas podem ajudar a achar o rumo correto. Mas lembre-se nada de ficar falando, falando e falando. Seus monitores devem ser preparados e são eles que adestram suas patrulhas.                                                                                                                                                                                               
Fiquei ali a imaginar quantos programas assim eu faria. Quantos desdobramentos. Que reuniões formidáveis seriam. Já imaginava uma excursão a pé, um acampamento volante, uma aventura através de um grande jogo, e olhem, quantas Cartas Prego poderiam ser feitas? – Vi que o "Velho" me encarava como a dizer, faça, não mande fazer. Não pergunte, chame seus assistentes, discuta com eles como fazer e olhe irão aparecer um ou outro que por não saberem ou ainda não vivenciarem tais técnicas poderão discordar.  Mas seja firme. Afinal você está perdendo muito dos seus jovens e não se iluda hoje em dia se fala muito sobre programas, mas bons programas estão escassos. Os programas onde se desenvolve técnicas escoteiras sempre foram os melhores. Horários são importantes, mas tem programas que eles não devem existir, a não ser para o inicio e o final. O meio meu amigo eles que decidem. Tem coisas que são tão fáceis de realizar, arvorar uma bandeira no campo, uma oração e vamos jogar, vamos brincar, vamos aprender, vamos dar motivação e esquecer as velhas reuniões de tropa onde o bocejo fazia parte e agora não vai existir mais. 
O "Velho" calou. Aumentou o volume de sua velha vitrola e os sons de Villa-Lobos tocando “Num Berço Encantado” encheu meus ouvidos de uma melodiosa música que só faz encher de alegria os corações famintos como o meu por uma melodia deliciosa. Fechei os olhos e deixei que Villa-Lobos me guiasse nas sendas de um grande programa escoteiro. Vamos reverenciar ao grande compositor que se destacou por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em musica.
Agora eu sei o que vou fazer. Jurei a mim mesmo que a luta para manter a chama de alegria, motivação de todos os patrulheiros na tropa escoteira seriam ponto de honra. Não sei por que, mas achei que mesmo com os olhos fechados o "Velho" sorria!

Podemos crescer não somente pela individualidade, mas em conjunto cooperando com todos pelo bem maior.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Tropa de Monitores.


A Tropa de Monitores.

Seja alguém simples. Seja algo que você ama e entende. Esqueça o resto, tudo que você precisa está na sua alma... E em seu coração.

Obs. “Um artigo para quem está enfrentando problemas na tropa Escoteira, com saída de jovens, falta de animo, monitores que não sabem o que fazer com suas patrulhas”.
      
Sabe quando chega a hora de dar uma arrumada nas ideias? Pois é, a gente vai para a sede, olha a tropa e por mais que se dedique parece que nada dá certo. Quando inicia a reunião, faltam um, dois ou mais escoteiros de cada Patrulha. Os monitores perdem o sorriso. A formatura é feita de uma maneira que por mais que se exija é desleixada. Se você é daqueles que costuma fazer uma inspeção depois da bandeira à apresentação tira todo seu ânimo.
Você fica pensando onde está o erro. O que está acontecendo. Quando a tropa iniciou as atividades no inicio do ano, até que houve uma boa participação inicial. Claro você sabe que de um ano para o outro muitos desistem. Mas muitos estão desistindo e a cada mês aqueles com quem você contava se foram. Entraram alguns novos, mas esta rotatividade não é benéfica e você sabe disto. Alguma coisa precisa ser feita, mas o que fazer? Já tentou bons jogos, bons adestramentos, já os levou em visita a outros grupos, atividades distritais e regionais e nada.
O que fazer então? Você fez muitos cursos de formação, conversou com outros escotistas e as ideias a cada dia vão diminuindo. Precisa urgente de uma reciclagem e como diz a canção de Gilwell (para quem tem a Insígnia de Madeira) de uma boa volta a Gilwell e um curso assim que possa vou tomar. Mas parece que não é IM (insígnia de madeira), portanto tem de achar uma solução de outra maneira. E o melhor, ela está ao seu alcance. Bem perto mesmo. Onde? – Com seus monitores. Isto mesmo. Eles são a solução de tudo. Mas eles? Olhe meu amigo se isto acontece você está agindo como se eles não fossem os responsáveis para conduzir suas patrulhas, aí está o seu primeiro erro. Conduzir não é dirigir ou mandar.
Faça um plano simples. Converse com seus assistentes. Diga a eles que vai precisar muito deles, pois durante certo tempo você vai viver mais com seus monitores. O programa não pode parar e os sub deverão substituí-los nos prováveis impedimentos que irão acontecer. Agora tudo arrumado se prepare para iniciar no próximo sábado. Na próxima reunião. Comece normalmente. Um programa já deve estar em mãos dos assistentes. Mãos a obra. Após o cerimonial chame os monitores, hora de ouvir. Vá para um local calmo, sem barulho e comece assim – Amigos, voces estão vendo que a tropa não anda bem. Muitos saindo. Outros desistindo. Crescimento nas etapas mínimo. Falem agora, estou aqui para ouvir somente.
Claro, eles olharão espantados para você. Mas não fale nada só ouça. No inicio eles olharão entre si e pouco dirão. Aos poucos vão se soltar e você pode até ouvir o que não quer. Mas faz parte. Após um tempo razoável pergunte a eles o que podem sugerir para melhorar. Eles nem saberão responder e você complementa - Que tal uma excursão no próximo domingo só nossa? Vamos sair cedo, e voltamos à noitinha. Podemos quem sabe treinar um pouco de pista ou fazer um fogão tropeiro (seja sincero, diga que não sabe fazer. Diga que nunca fez e vai ser a primeira vez) e nele um cafezinho, assar umas batatas, quem sabe uma macarronada. Mas não vai ser você quem irá fazer. Serão eles. Não faça nada! Deixe que eles pensem e façam. Se você tentar ajudar tudo vai voltar como antes. É importante que você só oriente e claro assistindo sempre o que eles farão.
A tarde chega quem sabe brincar um pouco? Fazer jogos com três ou quatro não é fácil. Porque não procurar uma sombra, sentar a vontade e contar “causos”? Quem sabe eles não irão se abrir mais com você? Hora do retorno hora da limpeza do campo. Viu que tudo foi improvisado. O programa simples. Qual o intuito? Se conhecerem melhor. Sempre achamos que conhecemos a todos e muita vez passa despercebidas outras tantas que desconhecemos. Mas na volta não esqueça. Ao chegar à sede, pelo menos meia hora para analisar o que aconteceu se foi válido e se daqui para frente pode surgir à nova Patrulha DE MONITORES, Você o Monitor um deles sub (escolhido pelos demais) e quem sabe a participação dos subs monitores também?
Bem você deu o inicio. A arrancada foi feita. É hora de partir para um bom programa de treinamento dos monitores. Agora não deve prejudicar as reuniões de tropa, pois elas irão servir se eles, os monitores estão mais motivados, se conversam mais com seus patrulheiros, e se as reuniões de Patrulha acontecem normalmente com a participação de todos nas ideias e sugestões. Durante pelo menos uma vez por mês, faça uma atividade só com eles. Pode ser de poucas horas ou de um dia e claro um acampamento deve ser marcado em breve. Discutir com eles como será este acampamento nos moldes de Gilwell. O que é isto? Fácil. Patrulhas autônomas. Escolhem seu campo, constroem tudo que precisam para desenvolver suas atividades. Terão tempo para as barracas, para o fogão seja suspenso ou não, para as fossas, para a mesa, para os bancos, para o toldo e uma infinidade de pioneirias que eles mesmos aos poucos irão desenvolver.
Para quem não está ambientado com estes termos técnicos sugiro que leiam aqui o artigo de PROJETOS DE PIONEIRAS, eles darão uma noção razoável de tudo. Mas poderão perguntar: Só isso? O começo meu amigo. O começo. O importante para estancar o desanimo, a saída e a falta de interesse está aí. Ouvir sempre através dos monitores que irão ouvir os escoteiros através das reuniões de Patrulha. Quando você souber o que eles querem e você der a eles atividades ao ar livre, grandes jogos, acampamentos verdadeiramente mateiros e um programa cheio de atividades tais como bivaques, acampamentos volantes, leitura de mapas, croquis, passo Escoteiro, passo duplo, uso de ferramentas no campo enfim, uma infinidade de programas feitos exclusivamente por eles com sugestões suas é claro, vais ver que irás perder dai em diante muito poucos jovens da tropa.
É importante meu amigo que pense que voces só tem poucas horas aos sábados. Escotismo é assim. Um movimento de fim de semana e não semanal e, portanto todos os minutos são importantes. Quanto à participação dos assistentes é sagrada. Você sozinho não conseguirá nada. Eles sim irão dar a você um caminho a seguir onde irás encontrar com certeza o sucesso que procuras. Deixe tudo com os monitores. Faça de seus assistentes seus amigos particulares. Trate-os bem.
Nenhuma tropa no sistema e no método Escoteiro se desenvolveu sem a participação direta dos monitores. Faça tudo com eles. Prepare jogos com eles, explique a eles como seria o jogo, o programa, a reunião, tudo, tudo mesmo. Olhe um dia é preciso deixa-los caminhar sozinhos. Chegou a hora de uma boa Carta Prego. Não sabe o que é isto? Aqui mesmo tem um artigo explicando. Hora de eles andarem com as próprias pernas. Claro tudo muito bem planejado. E depois quem sabe, levar um Patrulha e deixa-la em um sitio ou fazenda acampando sozinhos? Impossível? Não. Claro a Patrulha tem de estar bem preparada e isto leva meses e anos. Mas se isto acontecer e se o Monitor for bom garanto que não vai haver saída de ninguém.
Não fique, portanto ruminando o que pode fazer. Faça. Baden Powell (BP) nos trouxe um programa maravilhoso. Esquecido por muitos. Se bem aplicado rende dividendos. Isto eu garanto. Mas se você achar que não dá que é difícil, que não pode, compreendo. Faça como achar melhor. Mas não reclame a saída de vários durante o ano. Não reclame se eles pedirem futebol nas reuniões. Se pedirem meu amigo você está no caminho errado e não adianta discutir.
Eu espero ter contribuído com uma colaboração que você ainda não tinha experimentado. Eu fiz assim e deu certo. E não posso aceitar as novas ideias de que o mundo mudou, a internet está aí, o celular é uma realidade e tantas outras inovações que prejudicam em muito o fortalecimento e o crescimento moral e físico dos jovens. O programa Escoteiro que ele fez é único. Se bem aplicado os resultados serão alcançados.
Desejo a você que tudo dê certo. Que você agora passe a acreditar nos seus monitores. Passe a ouvir mais seus escoteiros, afinal, eles são a razão do movimento não? Não é você que sabe o que eles querem, são eles. Boa atividade e boa tropa, pois fazendo o certo ela será uma grande Tropa de Monitores!  

Se Deus não lhe deu a graça da humildade, peça a Ele a da dissimulação e finja que é modesto.
Tancredo Neves

Seja alguém simples. Seja algo que você ama e entende. Esqueça o resto, tudo que você precisa está na sua alma... E em seu coração.




terça-feira, 15 de maio de 2012

Reminiscências de uma "Chefe" Escoteira.



Reminiscências de uma "Chefe" Escoteira.

Uma tarde gostosa de sol, conversava despreocupadamente com uma Escotista de tropa em um parque da cidade e ela me dizia. "Chefe" fiz um ano no Grupo Escoteiro. Ele cresceu. Cresceu tanto que ouve necessidade de dividir as tropas. Mas sabe, estou vendo que falta muito para atingirmos o ideal. Faltam boas atividades e outras que envolvam as técnicas escoteiras. Estamos muito ligados só em atividades específicas de afetividade, atividade social etc.
Para lhe ser sincero, eu recebi certa critica de uma mãe, que o filho estava lendo o livro escoteiro e parou. Disse-me que não adiantava nada ler o livro porque eles (nós) não faziam aquilo que estava escrito! (tudo bem que ele e novo no grupo). Mas veja é um tema válido, e eu me senti mal com isto.
Não sabia o que dizer a ela. Uma amiga que sempre me procurou nas horas difíceis. Ela continuou - Eu sei que estamos tendo muitas atividades fora da sede, mas não acho isso totalmente ruim. Claro, ainda não meditei bem sobre isto. Acho ruim quando eles não participam, eu me baseio de certo modo na minha própria evolução dentro do grupo, pois entrei sem saber nada de nada, não fui escoteira e nem sou mãe pra saber como lidar com uma "criança", percebo que sempre aprendo mais nos acampamentos dos que nas atividades em sede.
Ela chegou ao ponto ideal. Não precisava dizer muito. Mas deixemo-la continuar – Em um grande jogo que realizamos, eu vi que ainda existe algumas dificuldades, como por exemplo; Fazer nós, atividades que usam o raciocínio lógico... Nem todos sabem usar a bússola, é eles ainda estão despreparados porque não sabem o que levar na mochila para um pernoite. Acredito "Chefe" que não estamos trabalhando bem os monitores. Olhe quando fomos para um acampamento, muitos nem sabiam o que levar. Veja um canivete, uma bússola, um cabo Escoteiro enfim nada sabem. Mas quem deve ensinar a eles? Claro, sei que já me disse e aprendi em cursos que isto é feito pelos monitores e nós somos os responsáveis pelo adestramento dos monitores.
 "Chefe" vou lhe falar sinceramente. Com a divisão de tropas alguns deles já me procuraram pedindo para ir para a nova. Não sei, mas acho que o "Chefe" Escoteiro que está lá é mais simpático e eles esperam mais dele. E isto me deixa chateada, pois ficamos um ano juntos e não somos os preferidos. Ainda bem que temos muitos na tropa que se destacam.  Se não fosse isto não sei não. Não sei quanto tempo ainda vamos conseguir fazer com que os escoteiros da tropa se evoluam, pois estão reclamando muito. Os monitores tem falando sempre que existe uma grande desmotivação. Ainda não os vi (os monitores) em Corte de Honra comentarem assim abertamente. Não sei por quê.
 Lembro bem de algumas atividades que fizemos no passado. Foram muito divertidas e variadas. Desde que entrei já vi muitos escoteiros saindo do grupo porque na mente deles, ele encontraram coisas melhores pra fazer com seus amigos fora do escotismo, aula de música, cursinhos etc... E ainda ouço alguns falando que irão mudar de grupo. Estamos falhando muito no Sistema de Patrulhas. Se não tomarmos providencias logo vamos perder muitos no decorrer deste ano. Eu tenho feito de tudo para acertar, mas no início era meia inexperiente, não sabia me expressar tecnicamente com eles o senhor sabe esta coisa de ser "Chefe" não é fácil.
Precisamos mudar, e já. Se não nossa tropa vai ser totalmente reduzida claro, mesmo com a entrada de novos o que não significa nada. Pensei em fazermos uma Indaba, só nos chefes das tropas, abrindo é claro a vinda de outros membros adultos do grupo. Mas não uma Indaba por fazer e sim com fins específicos. Quem sabe levar literatura própria, discuti-las, trocar ideias, falar sobre jogos, sobre adestramento de monitores, sobre reuniões de patrulhas, sobre Corte de Honra. Temos muitos temas interessantes para discutir.
Olhe "Chefe" eu tenho muitas ideias. Quanto entrei aqui era uma Pata Tenra, mas estou amadurecendo. Estou mesmo pensando em fazer um acampamento só com monitores e subs monitores. Um acampamento onde vou ensinar e aprender. Dar a eles liberdade de construírem um campo de Patrulha, uma mesa, um fogão suspenso, ver o cozinheiro agir, fazer um almoço sem sal, arroz queimado não importa. Aprender a fazer fazendo.
Não quero desistir e tenho por princípio motivar os chefes novos. Afinal um ano é muito não acha?
Dizer o que? Ela está no caminho certo. Ainda dá tempo. Consertar o errado faz parte da nossa vida Escoteira. Se perdermos alguns devemos lutar para não continuar perdendo outros. Ela finalizou dizendo – Sei que posso fazer a diferença, ajudar, aprender e lutar contra minhas limitações. Afinal foram um ano no grupo. Eu "Chefe" não vou desistir. Continuo e continuarem a acreditar no poder do escotismo.
Bravôô! "Chefe" Escoteira. Se todos os chefes tomassem esta atitude o escotismo seria outro. Mas não falei para ela. Só desejei sorte e que ela consiga vencer esta fase, pois a derrota não faz parte do nosso vocabulário Escoteiro.
E disse a ela no final. Caso queira minha amiga, um plano ou programa para uma Indaba de chefes fale comigo. Estou pronto a lhe dar quantas ideias quiser.
Em frente, vá, veja, pense, discuta e vença! Afinal você não é Escoteira?

“Qualquer semelhança com a vida real, é mera coincidência!”   

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Um tributo aos amigos que partiram.



Um tributo aos amigos que partiram.

Tem dias que fico pensando, pensando e quem não fica? Risos. Mas só pensando em um assunto? Claro que não. Sempre penso em escotismo, em escoteiros, em lobinhos, em seniores, guias, pioneiros, em boy scout, em Sempre Alerta. Portanto são muitos assuntos não? Risos. Mas porque penso tanto? Acho que o tempo passa, as horas passam e costumamos esquecer fatos importantes em nossa vida Escoteira. Quem já viveu tanto no escotismo ainda acredita que viverá muito ainda pela frente. As horas passam, os dias passam, vêm os meses os anos, e quando assustamos os cabelos embranquecem muitos amigos estão chegando e outros partindo. Agora os passos ficaram trôpegos, a respiração já não é a mesma e porque não desistimos? Porque não procurar outro motivo para sentir o pulsar da vida?
Não sei. Acho que sei só não quero reconhecer que o escotismo foi tudo para mim assim como para milhares que como eu passaram e estão passando nas fileiras deliciosas de uma vida ao ar livre, dormindo sob as estrelas, molhando os pés na agua fria e escalando uma montanha em busca de novos horizontes. Mas chega uma hora que não podemos fazer mais isto. O corpo não ajuda. Não importa a mente, pois ela a cada dia mais amadurece. Tem dias que a gente fica olhando a parede como se ela fosse uma tela gigante, a nos mostrar num ritmo musical,  as alegrias que tivemos em pertencer a este formidável movimento.
Alí naquela tela aparece à primeira promessa, o primeiro grande uivo, vestir o uniforme frente a um espelho e sorrindo com cada peça colocada. Ver o chapéu ainda novo dando um toque aventureiro e sorrir. Ver a cores naquela tela, os acampamentos, cada um mais formidável que os outros. Ver os amigos que fomos colhendo pelo caminho, e o tempo vai passando, o filme é longo, tem historias alegres, tristes e a gente até pensa e acredita que não é um filme real, um sonho gostoso que nunca existiu. Mas a realidade está ali viva. A força de um movimento está encravada em um coração que sonhou com ele a vida inteira.
Nesta seara que colhemos, os amigos vem e se vão. Faz parte da história. Faz parte da vida. Nada é imutável. Foram milhares, mas só uns poucos tivemos noção do que eram, do que fizeram do que sentimos por eles e os instantes de convivência quando os perdemos. Tive alguns em que a coexistência foi mais próxima. Uma viagem juntos, almoços, acampamentos, noitadas, convivência familiar, enfim são fatos que marcam e quando passa o tempo e ficamos sabendo de sua partida dá um nó na garganta, vontade de voltar atrás e dizer, não podíamos ter nos separado. Devíamos estar juntos até hoje, mas quem pode prever o seu destino?
A gente sabe que a vida passa e nos passamos pela vida como quem colhe rosas e espinhos. Na maioria das vezes o jardim das flores cujas fragrâncias nos inebriaram uma época, agora são espinhos que nos machucam de leve como a dizer: O adeus da partida nem sempre tem  o aceno do lenço, a lágrima que cai de mansinho, o livro aberto contando coisas gostosas sobre nós não existe mais, pois o vento forte fechou as páginas da vida. Não adianta dizer que fazemos parte de uma multidão que vai e vem e que o crescimento individual faz parte do viver, morrer  e nascer de novo. Sabemos disto, mas uma saudade angustiante vem de mansinho a machucar nosso interior que reluta em aceitar os fatos que são reais e imutáveis.
Hoje partiu mais um. Há tempos não nos víamos. Acho que poucos restam daqueles próximos que dedicamos uma amizade sem par. À tela gigante na parede, mostra todos eles sorrindo, pois ainda guardo o melhor de cada um. Sei que as horas passam os meses e os anos. Um dia irei também e se merecer espero encontrar a cada deles e dizer: Aqui estou, tem escotismo aqui? Se não tem vamos fazer nossa Patrulha da Esperança, pois dedicamos uma vida ao movimento e temos este direito.
Sempre Alerta amigos de outrora que se foram Sempre Alerta. Que os ventos que estão soprando do norte, do sul, do leste e oeste, lhes tragam a chama deste fogo que está firme em nossos corações, pois a canção é clara, não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus!
Meu abraço "Chefe" Caetano e todos os que já partiram. Aguardem, em breve vamos renovar este Grupo Escoteiro aí de cima. Aguardem, pois quando chegar quero ser mais um de voces a lutar por este movimento tão querido por todos nós. Pois quem já foi Escoteiro nunca o deixará de ser.