sexta-feira, 30 de maio de 2014

Normas e condutas escoteiras.


 Conversa ao pé do fogo.
Normas e condutas escoteiras.

                 Coisas interessantes para meditar. Sugestões para chefes escoteiros novatos, pois os antigos já fazem isto sem sombra de dúvida.

Primeiro - Em todo o Grupo Escoteiro a admissão do jovem ou da jovem não deve ser encarado como um simples ato de admissão. Valorizar seu primeiro dia assim como o dos seus pais é um passo para que ele se sinta importante em pertencer a uma associação escoteira onde encontrou a fraternidade que tantos apregoam. Após a apresentação onde se dará a importância da cerimonia, onde ele e os pais foram apresentados com uma salva de palma escoteira e algumas palavras de boas vindas, um Chefe da sessão que ele vai pertencer deve estar preparado para manter com ele ou ela, uma troca de ideias, com um sorriso, ouvindo mais que falando e saber o que ele ou ela quer, quais são suas ambições quando entrou e então explicar como será sua vida ali na sessão daí por diante e sua importância com todos os novos amigos. Claro que muitos grupos passam esta responsabilidade ao Monitor, mas sempre o Chefe deve ser o primeiro a conhecer o máximo de seu novo amigo na tropa ou Alcatéia. Ninguém será um bom Escotista se não conhece bem os seus amigos escoteiros/a ou lobinhos/a que estão atuando em conjunto.

  Segundo - Gritos sem necessidade, palavrões ou procedimentos não condizentes por parte de algum membro da tropa ou Alcatéia não deve ser motivo para providencias em outra hora ou data. Ao sentir que a lei ou a honra da tropa ou Alcatéia está sendo colocada em confrontação, o Monitor ou o Chefe deve atuar na hora e claro em particular tentando ao máximo mostrar que ele é um amigo e não um inspetor disciplinar. Muitas vezes uma boa conversa resolve mais que Conselho de Patrulha ou Corte de Honra. É sempre bom lembrar que nunca se chama ninguém a atenção na presença de todos. Tudo é feito em particular. Ameaças, suspensões não fazem parte da educação que queremos mostrar a eles. Não esqueçamos que quando entraram exigimos a presença dos pais e uma boa conversa com eles ajudam bastante.

Terceiro - Todo Grupo Escoteiro, Tropa ou Alcatéia deve ter suas normas que sempre serão lembradas. A postura do Escoteiro/a ou lobinho/a deve ser exigida desde o primeiro dia. Quando for fazer sua promessa lembrar que agora ele será um representante do grupo e como tal deve ser visto por todos a sua volta. A ida para casa ou a vinda ao grupo ou mesmo em atividade, a apresentação deve ser ponto de honra para ele e exigido pelo seu Escotista responsável. Alguns grupos aceitam que membros vistam seus uniformes na sede. Não é uma boa prática de cidadania, marketing e exemplo.  

Quarto - Dizer muito obrigado seja bem vindo, eu gosto de você, você é importante para nós devem ser palavras incentivadas por todos os membros do Grupo Escoteiro e ditas sempre que possível. O exemplo começa com o Diretor Técnico e a diretoria. Olhem bem para o jovem que o recebe como ele fica. Saber que é importante naquela organização para ele significa muito. Se considerarmos o Grupo Escoteiro como uma família, atuar como uma deve ser ponto de honra para todos.


 Quinto - Se você não se preocupar com os pais no primeiro dia que é procurado no Grupo Escoteiro, dificilmente conseguirá apoio deles no futuro. Uma admissão deve ser levada tão a sério como uma matricula no colégio ou muito mais. Não aceite explicações tais como – Só eu pude vir. Meu marido trabalha e assim por diante. Claro existem exceções, mas tome cuidado com muitas delas. Eles não sabem, mas quem precisa do escotismo são eles e não você. Você é um voluntário que está ali para ajudá-los e eles precisam saber disto. Portanto a presença de ambos é necessária. Explique o que o escotismo pode fazer para o filho ou a filha. Tente ouvir deles as duvidas. Diga sem meias palavras que quem vai entrar são eles e os filhos podem vir juntos. Ao primeiro sinal da falta em uma reunião de pais, eventos de pais, ou convites especiais para colaborarem em alguma atividade, sinal vermelho. Olá seu Antônio. Não veio ontem? Olá Dona Lourdes, dei falta da senhora no sábado! E assim cobrando pessoalmente ou por e-mail educados é claro, eles terão uma ideia que são importantes. 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Ainda sobre a vestimenta escoteira da UEB.


Conversa ao pé do fogo.
Ainda sobre a vestimenta escoteira da UEB.

           Tem aqui no Facebook chefes que sentem calafrios quando falo dos uniformes Escoteiros. Um disse para mim que temos de ser obediente e disciplinado e fazer o que eles mandam, outro disse que agora teremos uma vestimenta que vai ser reconhecida de norte a sul. Outro disse que foram profissionais do ramo quem confeccionaram esta vestimenta. Um deles me mandou ler o que a UEB escreveu sobre ele. Outro disse que se eu não tenho registro não tenho direito de falar nada. Outro me disse onde é o lugar para que possa apresentar minhas reinvindicações. São tantos a defenderem que penso em correr para uma caverna e ficar lá hibernando na companhia do Balu, aquele urso amigo do Mowgly. Mas olhe, acredite, não serei eu que aceitarei tudo de mão beijada. Que cada um use o que quiser, mas eu não serei conivente com uma posição autoritária onde nem mesmo o Congresso Nacional aprovou. Simplesmente fizeram um espetáculo para apresentá-lo e mais nada.

           Agora uma jovem escoteira devido a um acidente vem alertar sobre a possibilidade que o tecido da vestimenta não seja o ideal para aqueles que possam se aproximar do fogo. Até mesmo obteve uma explicação de um funcionário da Loja Escoteira Nacional. Certo ou errado fico na minha. Sempre desde 1947 quando minha mãe fez o brim azulão para lobo e depois para o caqui que uso este tipo de uniforme lá se vão mais de 66 anos. Cacilda, eu fez fogueira em lugares impossíveis. Mesmo não sendo bom cozinheiro quantos fogões usei? Suspenso, tripé, duplo, estrela, tropeiro e por aí vai e acredite se quiser. Fiz uma sopa em um fogão improvisado no alto de uma árvore. Aprendi que a pólvora para fogos de Conselho de surpresa só vale para profissionais assim como a gasolina. Chamusquei-me muito, mas o caqui não pegou fogo. Ninguém virou tocha humana. Os tempos agora são outros. Profissionais de todos os tipos a dizerem o que é bom e ruim para meninos e meninas nos campos. Devem prevenir quanto ao bujãozinho a gás. Lenha mesmo a maioria não usa. Brasil enorme, um lado calor demais do outro frio de rachar. O talzinho do novo dizem serve para tudo. Bendita modernidade.

          E assim, de grão em grão ou de quilos e quilos vão mudando, vão dizendo que eles são os donos da verdade e que cada um abaixe a cabeça e lembre-se que a disciplina é tudo. Já pensou se você meu caro Escoteiro ou minha cara escoteira tivesse recebido em sua tropa e todos do seu grupo também, um questionário pedindo sugestões para um novo tipo de uniforme? Já pensou se você tivesse como bom democrata colocado suas ideias? E se você soubesse que tudo isto foi checado por especialistas em pesquisas e eles vissem as que mais se aproximavam, convidassem cada região a fazer um seminário para a escolha final? E que ela fosse discutida exaustivamente em atividades próprias nacionais para isto? Tenho certeza que se tivesse acontecido ninguém comentaria o bom e o ruim. – Esqueça Chefe. Isto demora. Quem faz as mudanças hoje precisa ser reconhecido com o grande mestre e nunca vai abrir mão de sua autoridade. Mas uma coisa garanto, se a escolha de um novo uniforme claro, por uma pesquisa nacional e se chegassem todos a conclusão que precisamos dele nunca iria ser tão contestada como está sendo.

        Demoramos dezenas de anos para que o nosso uniforme caqui fosse reconhecido de norte a sul e agora vamos começar tudo de novo.  Se vai ser bom ou ruim não sei. Sei que os defensores poucos deles vestiram o caqui desde criança. Se alguns de vocês notarem bem, a maioria da Liderança Nacional e Regional sempre se apresentaram com o traje (azul mescla). O mote que o caqui continua é conversa para boi dormir. A nossa liderança não diz nada dele, exige que seus membros de comissões diretoria entre outros se apresentem com ele. Fazem marketing em todas suas publicações. Querendo satisfazer a todo mundo criaram vários estilos a escolher. A barafunda está começando. Já se ouve aqui e ali que a apresentação da vestimenta deixa a desejar. Mas como se ela foi regularizada nas normas escoteiras?


          Este tema cansa. Assim me disseram e eu também acho. Os politicamente corretos dizem – Lá vem ele de novo com esta lenga lenga. Prometo a eles e a todos que não gostam das minhas postagens falando de coisas que não tem volta, que passarei 80 horas sem tocar no assunto. Depois? Bem depois me aguentem. Não vou calar mesmo. Risos.

domingo, 25 de maio de 2014

“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”


“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”

Caríssimo Chefe Osvaldo. Acabei a pouco de ler seu livro. ADOREI!!! Leitura leve, dinâmica e com um suspense saudável. Nos faz querer acabar logo para ver o que acontece em seguida. Claro que sou uma devoradora de livros, mas, quando a leitura te envolve fica muito mais gostoso. (de uma leitora amiga).

Se você ainda não recebeu o que está esperando para pedir? Mais de 640 leitores já leram. Um livro de Escoteiro para Escoteiro. Uma história incrível, e você vai amar o Chefe Remo, os monitores e os dois Escoteiros seniores. Alma do jogo. Vamos lá, escreva para mim: - Chefe Osvaldo, me mande já urgentíssimo em PDF o livro O Fantástico Jogo Noturno na misteriosa ilha do Gavião Negro. Chefe lembre-se GRATUITO! Pronto, espere e vai receber ainda hoje.

Pense uma tropa de 28 Escoteiros sedentos de aventuras em um grande jogo noturno. Pense em quatro monitores da pesada, daqueles que a patrulha confia até a morte. Pense em dois seniores colaboradores que darão a vida para que exista um jogo misterioso e fantástico. Pense em dois chefes aventureiros que fazem do jogo a maior aventura de suas vidas. Agora jogue todo mundo em uma ilha misteriosa com centenas de gaviões negros e um Velho de barba branca coberto somente por um couro de cobra e que pula de galho em galho como um macaco. Agora entre na pele destes Escoteiros onde cada patrulha lutou para chegar a um ponto da ilha e vai ter de atravessá-la de uma ponta a outra durante uma noite escura e sem luar dentro de uma floresta. E para terminar pense em centenas de armadilhas que faz com que cada Escoteiro fica estarrecido com o silêncio e depois o barulho infernal da floresta como se o céu desabasse sobre a ilha. E para terminar pensem em uma luta de “morte” no final do jogo no Forte Hã-Hã-Hãe-quibaana. E que como diz a lenda de histórias de mistério “Só um pode sobreviver”! E aí, vai ficar sem a maior aventura escoteira de todos os tempos?

elioso@terra.com.br 

Sem crise, sem crise, nem tudo é perfeito.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Sem crise, sem crise, nem tudo é perfeito.

              Tenho feito aqui e em meus blogs diversos artigos sobre uniforme. Eles quase sempre batem recordes de leitura. Por quê? Bem como todos no escotismo adoram dizer que x por cento é assim e x por cento é assado, eu como nunca trabalhei no Datafolha e no Ibope só posso dizer que uma minoria ligada a UEB bate sempre na mesma tecla já conhecida dos valores da vestimenta e alguns dizem que não esperavam tanta procura alcançando mais de 90% do efetivo nacional. Como em nenhum momento discutiram com os interessados esta nova mudança e estou recebendo nos meus e-mails vários jovens e chefes que reclamam a maneira intempestiva como é feito a escolha para a mudança, e claro são casos que nem votação há e sim imposições enviaram-me esta publicação feita na Internet que achei interessante alertar a todos os jovens que decidiram ou não decidiram pelo novo traje. Verdade ou não deixei em OF o nome da escoteira, mas seu vídeo é esclarecedor. Vejam o que ela disse:

Testo retirado da internet. ´

O NOVO VESTUÁRIO É SEGURO?

Vale ressaltar que a elaboração deste novo vestuário foi resultado de um longo e intenso estudo e de plena dedicação de voluntários e profissionais especializados, que em parceria com o SENAI Modas de São Paulo, buscaram oferecer aos escoteiros um conjunto de peças com materiais de alta qualidade, que garanta maior resistência e conforto durante a realização das atividades. Outro ponto é que este vestuário, acima de tudo, deve traduzir nosso maior orgulho: o de sermos Escoteiros. Fonte: http://www.escoteiros.org/noticias/noticia_detalhe.php?id=493

Sou escoteira desde 2008 (com muito orgulho!) e resolvi vir aqui para contar o que me aconteceu hoje, 24 de maio. Comprei o novo vestuário escoteiro, confesso que com certa resistência, mas aceitei a ideia, já que o meu chefe contou que em sua vida escoteira o uniforme já mudou algumas vezes e que isso faz parte do movimento. (SIC) Além disso, como estou filiada a UEB, tenho que seguir suas regras (?). Devido a esses motivos, nunca reclamei da mudança nas redes sociais explicitamente.

Não sei se todos sabem, mas os distintivos estão vindo com uma cola, onde é possível que eles sejam colocados ou retirados com ferro de passar roupas ou vapor de água quente. Quando fui colar o distintivo Boreal hoje pela manhã com o ferro, o distintivo queimou um pouco, mas aceitei como um erro meu, pensando que seria um problema do ferro daqui. 

Agora pela noite fui retirar um dos distintivos com vapor de água que fervi em uma panela. Assim que encostei a blusa na beirada da panela para o vapor chegar à parte de trás do distintivo para soltá-lo, a blusa pegou FOGO! Coisa de um segundo e que abriu o maior buraco. Algumas partes que não pegaram fogo encolheram e o queimado ficou com uma textura plástica. Admito isso como uma espécie de idiotice minha, já que encostei a blusa na panela. Fiquei indignada (e já chorei muito. rs), pois usei a blusa uma vez (que, diga-se de passagem, custou 60 reais) e aconteceu isso. Mas então eu parei para analisar o caso. Só imaginei alguém num acampamento com a manga da camisa longa (que é a que meu grupo aderiu) pegando fogo acidentalmente e a pessoa com dificuldades para retirar a blusa. Nós, escoteiros, estamos em contato com fogo a todo tempo. Quando preparamos nossas refeições no acampamento no fogão à lenha ou no fogareiro e até mesmo no fogo de conselho. Imaginei se a blusa pegasse fogo com uma pessoa usando. Gente, isso é muito perigoso para todos nós!

Ainda tentando mostrar o que estou dizendo, fiz um vídeo queimando uma tira do uniforme escoteiro e do novo vestuário. No uniforme escoteiro o fogo durou 24 segundos e se apagou quando chegou à metade da tira. No novo vestuário a tira se queimou quase completamente com 12 segundos. Ao final do vídeo mostro o que restou das duas tiras. https://www.youtube.com/watch?v=UqL9pp9bNC8.

Enfim, achei isso o estopim e agora os questionamentos que eu faço: Essa é toda a resistência que eles estão garantindo para a gente? Vale a pena aproximar da realidade dos jovens e modernizar nossa identidade correndo esse risco? Ressalto que não venho para discutir as preferências de ninguém e que não sou contra a mudança do uniforme ou da modernização, pois a mudança faz parte da nossa vida, mas só vim compartilhar isso porque fiquei horrorizada de como o tecido se queimou e para avisar aos escoteiros tem que eles têm que se prevenir para que não ocorram acidentes maiores, principalmente nos acampamentos.


          Bem sem querer botar lenha na fogueira, pois sei que os sábios da UEB terão uma explicação plausível, condeno veemente esta defesa da nova vestimenta, defesa esta que dezenas de jovens e chefes andam reclamando sem possibilidade que seus reclamos cheguem aonde deveria chegar. Como nunca vou usar esta vestimenta sei que sou suspeito para comentar. Que façam bom proveito dela, mas cuidado, a escoteira já preveniu e vamos ver o que acontece.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Dossiê - O ESCOTISMO BRASILEIRO


Podemos dar alguns passos no sentido de dar, mesmo ao jovem mais pobre, um começo e uma chance na vida, dotando-o, de certo modo, com esperança e uma habilitação.
Baden Powell
  
O Dossiê - O ESCOTISMO BRASILEIRO
No primeiro decênio do século XXI

(O Dr. Jean Cassaigneau antigo Secretário Geral Adjunto da Organização Mundial do Movimento Escoteiro (OMME e com muita experiência foi convidado pela UEB para fazer um estudo de expansão e crescimento no Brasil)

        Recebi há tempos, não lembro quem me enviou, um relatório feito pelo Dr. Jean Cassaigneau, que a pedido da União dos Escoteiros do Brasil, fez um diagnóstico, perspectivas, proposta e recomendações sobre o Escotismo Brasileiro. Um excelente trabalho. Não o conhecia. Imaginem que isto aconteceu em 2007. Acredito que todos os órgãos escoteiros, aí incluindo Grupos Escoteiros no Brasil tenham recebido uma cópia pela importância do conteúdo. Portanto meus comentários hoje estão muito defasados. Mas passou-se pelo menos sete anos. Se suas observações ou sugestões foram aceitas não sei. Alguns dizem que sim. O que confirmo é que muito do que escreveu não deixa de ser atual hoje em dia. Muito atual. Não vou entrar aqui em todos os detalhes de suas observações, pois isto iria alongar muito. Não digo que tudo que escreveu e todas as suas observações seriam perfeitas. Mas o pouco tempo que teve acertou em cheio nas suas colocações.

           Visitou dez regiões escoteiras, conversou com mais de cento e sessenta escotistas, pioneiros e até com pessoas não escoteiras. Ele mesmo diz que viu na UEB recomendações de membros ativos para modificar alguns aspectos negativos ou controversos e incentivar o crescimento tanto qualitativo como quantitativo. Isto até serviu de subsídios em seu trabalho. De posse de uma boa documentação seu relatório vai ao âmago da questão que eu acredito aflige nosso movimento, o deixando estagnado há décadas e décadas. Alguns amigos mais próximos a nossa direção confirmam que muito do que ele disse foi posto em prática e os demais itens por acharem impossível seu aproveitamento.

        De uma maneira simplificada, escreveu o que o seu estudo pretendia ser e não ser. Claro, dentro de suas prioridades as mais importantes foram de recolher ideias, opiniões e sugestões de membros da UEB em boa parte do território Nacional, não só dos dirigentes. Não faltou uma identificação e uma análise das realidades e tendência. Comentou sobre uma proposta para uma visão de consolidação e desenvolvimento do Escotismo no Brasil. Não deu a solução, apesar de que ficou explícita no final do relatório. Deu a entender que em sua opinião existem sim soluções concretas, articuladas e coerentes. Interessante foi sua comparação entre os membros da UEB e a população brasileira. Só como exemplo, temos uma media de 0,4% de participação enquanto no Chile ela é de 0,22%.

      Interessante notar seus gráficos do nosso crescimento, uma verdadeira “sanfona” de vai e vem. O ápice foi em 1991 e se manteve até 1993 aonde chegamos a mais de 70.000 membros (hoje 83.000 membros). A partir daí uma queda vertiginosa. Suas observações sobre a movimentação do efetivo nos estados é excelente. Faz um breve retrospecto da evasão e me baseando pelas minhas parcas informações não sei se concordo com seus números nos dias de hoje. Sua comparação com outros países sobre a arregimentação de adultos nos coloca em boa posição, mas em relação aos jovens perdemos e muito.

        Poderia me aprofundar no todo de suas observações, principalmente no que disseram a maioria dos entrevistados. Mas isto iria alongar muito. Mas do que disseram os entrevistados não me escapa algumas preciosidades: - O escotismo é visto como um clube – Falta divulgação e quando é feita muita vezes é desvirtuada. Os jovens não escoteiros não compram muito a ideia do que estão vendo. Muitos escotistas e escoteiros tem vergonha do uniforme, não fazem marketing com ele em atividades extra-sede. (aprovaram o traje, é mais fácil se apresentar com ele que com um uniforme). Não existe um bom trabalho para mostrar o escotismo na sociedade e principalmente junto aos responsáveis pela educação no país. Acham que o público acredita que somos um movimento fechado (sempre dentro das sedes escoteiras), mudar a imagem do Escoteiro “biscoito” para um escotismo com formação do caráter, um movimento sério com preparação vocacional e compromisso social. Rebatem sempre a vergonha de se mostrarem em público, sua linguagem (o programa) muitas vezes são incompreendidas. Mudar a imagem do Escoteiro “babaca”, do Escoteiro “cata-lixo” e bobo e diversificar para uma presença ativa na comunidade.

           Isto foi que disseram a ele em suas entrevistas. Tem muito mais. Centenas.  Os próprios membros da UEB na época (2007) já diziam que parece que somos uma organização secreta, não temos penetração visual. Ficamos trancados em nossas sedes. As pessoas respeitam o que conhecem, quem não é visto não é lembrado. TEMOS QUE VENDER NOSSO PEIXE! Centralização não é a solução. A Nacional busca fora o que tem dentro. Precisamos ter menos burocracia, menos política, menos instabilidade. A UEB é um trem com vagões pesados. A UEB não faz rodar a roda que inventou o Baden Powell (BP).  A UEB é como uma ostra – apenas abre-se e fecha-se imediatamente. A UEB cuida da política e não da administração. A ESTRUTURA DA UEB É FEUDAL E FECHADA. Cada membro da UEB está fazendo do seu jeito. É preciso ser um colegiado e não levar em conta a promoção pessoal. A UEB é uma fogueira de vaidade onde se briga por besteira!

         Isto meus amigos está no relatório. Não são palavras minhas. Claro, de 2007 podem dizer, mas será que mudou alguma coisa? E para encerrar, algumas outras pérolas do que disseram membros da UEB na época – O Escotismo, antes era desafio e conquista, agora é brincadeira. Qualquer grande organização que se preze, antes de ʺvenderʺ um produto novo, realiza uma pesquisa de opinião para saber se aquele produto irá ʺvenderʺ bem, ou a melhor forma de fazêlo. Perguntar não ofende, não faz mal, pelo contrário, valoriza a pessoa e torna a política mais sábia. Os escotistas e dirigentes, quando podem, têm que fazer ʺimportaçãoʺ (ou seria ʺcontrabandoʺ), de publicações, de um Estado para outro. O programa novo é calmo de mais.

       Nada diferente do que escrevi e sempre escrevo. Realmente não sei e não posso afirmar se fizeram alguma coisa sugerida pelo relatório do eminente Dr. Jean Cassaigneau. Sua experiência como antigo Secretário Geral Adjunto da Organização Mundial do Movimento Escoteiro (OMME) não deixa dúvidas quanto ao seu excelente trabalho. Dizer mais o que? Vamos mudar quando? Vamos crescer quando? Esta fogueira de vaidades por poder, não importa onde, desde o Grupo Escoteiro até os dirigentes quanto ainda vai perdurar? Que os defensores continuem a defender o indefensável. Como disse nosso querido BP, o que importa são os resultados e infelizmente eles não são bons. 83.000 mil membros para uma população de 200 milhões de habitantes não é nada. Não fiquem satisfeitos com suas alcateias e tropas pequenas, não fiquem alegres com estas atividades caça-níqueis de nossos dirigentes. Procurem ver se a evasão existe e cobrem das autoridades. Todos nós somos responsáveis!  

      (O relatório tem muito mais. São 75 páginas. Se não o leu peça. Envio de graça com muito prazer – em PDF.).

A prática do Escotismo atrai jovens de todas as classes
e camadas (altas e baixas, ricos e pobres) e igualmente
inclui, também, os que tenham defeito físico... Ele
inspira o desejo de aprender.
Robert Baden-Powell. 1919


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Saudades da minha terra! Um pouco da minha vida.


Saudades da minha terra!
Um pouco da minha vida.

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

                    O tempo passa, e muitas coisas das nossas vidas vão sendo colocadas em uma parte do nosso cérebro, não esquecidas, mas para serem lembradas um dia. Eu sou um homem da terra. De muitas terras. De algumas cidades. Um dia destes li de Paulo Gondim, um poema, do seu lindo Ceará. “Minha terra tão querida, a quem sempre vou amar. Um dia eu deixei, mas voltarei, ao meu lindo Ceará”.

             Ninguém esquece sua terra natal. Sua cidade, seu estado, seus amigos, suas histórias tão queridas. Nasci na minha querida Minas Gerais. Oh! Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais. Nasci em uma cidade perdida no longínquo norte do estado, pequena, sem nada para viver, quem sabe uma ou duas ruas calçadas, uma pracinha, mas eu? Morava a seis quadras mais longe. Casa de taipa, esburacada, rua sem calçamento, esgoto a céu aberto, doenças. Três irmãs foram para o céu ainda com menos de quatro anos. Eu quase fui.

            Dois anos que não lembro a não ser as histórias contadas por meus pais e irmãs. Sobraram duas delas e eu. Meu pai seleiro, família pobre, lá fomos nós para uma fazenda. Não me lembro de nada. Menos de um ano e de novo outra cidade do outro lado das Minas Gerais. Poucas lembranças. Mais três anos e de novo outra e outra até que com seis fincamos o pé por muitos anos em uma maior, bem ao lado do formoso Vale do Rio Doce. Rio Doce! Quantas saudades, quantas travessias, jangadas, comer ingá nas suas margens nas cheias, quantos peixes. Hoje soube que está como o Tietê. Dói-me fundo. Ali praticamente cresci. Fui lobinho, Escoteiro, viajando a pé, de bicicleta vivendo uma vida de aventuras sem pensar no amanhã. Voltei um dia em todas as pequerruchas cidades que vivi. Fiquei tempos na terra onde nasci. Passei ali menos de duas horas. Vi a casa onde comecei minha vida de homem terreno. Nas outras poucas lembranças de uma época que minha memória não arquivou. Não tinham mudado nada na visão dos meus pais. Nesta última foram treze anos, de alegria, felicidades até que um dia a mudança aconteceu.

           Meu pai doente, início da década de sessenta, diabete ainda desconhecida era melhor procurar médicos especialistas. Capital do Estado. Nova vida. Novo emprego. Usina Siderúrgica. Peão no inicio. Interessante. Nunca fomos ricos. Ouve fases, algumas remediados outras? Melhor nem comentar. Estudo? Terceiro ano de ginásio. Iletrado. Nunca fui Doutor. Aprendi muito na Escola da vida. Não sei como fui convidado para ser o chefão Escoteiro do estado. Comissário Regional. Uma época de viagens. Cidades e mais cidades sendo engolidas pelo escotismo. Amigos e amigos novos sendo conquistados. Quantas histórias, quantas estradas percorridas, quantas coisas ficaram para trás. Mas o tempo não para. Um dia alguém chegou para mim – Queres ser um Administrador de uma fazenda? Putz! Não pensei duas vezes. Celia ao meu lado. Sempre formidável minha linda Célia. Oito mil cabeças. Meu Deus! Que isso? Botas no pé, chapéu de couro, perneira, meu lindo gibão cravejado, um peitoril simples e lá estava eu vaquejando aqui e ali pelas largas e capoeiras da vida.

               Quantas aventuras. Viagens no Rio das Velhas, Sucuri de dez metros, enfrentar a correnteza do São Francisco, enfrentar pistoleiros morrendo de medo. Pescarias, criação a parte, porcos, galinhas, tratores, um D-8 da Caterpillar, enorme me hipnotizava. Comprei uma vacada de um fazendeiro em Barra do Guaçuí. 150 quilômetros. Achei melhor trazer por terra. Para mostrar ao Diretor que era econômico. Pobre “bunda”. Seis dias ida e volta. A cavalo. Levando um gado fácil, mas trabalhoso. Cinco anos maravilhosos. Filhos crescendo. Precisavam de bons colégios. São Paulo. Meu destino final. Empregado. Luta constante. Osasco era minha morada, ou melhor, ainda é. A luta dizem que é renhida, difícil. Sempre ao olhar minha vida lembro-me do poema de Gonçalves Dias. - Juca-Pirama. “Sou bravo, sou forte, sou filho do norte”. Andei longes terras, lidei cruas guerras, vaguei pelas serras dos vis Aimorés...

               Ei, calma! Não sou bravo e nem forte. Mas o tempo vai passando. Os anos não perdoam. Não dá mais para trabalhar. Uma vil aposentadoria. Mas feliz. Muito feliz. Quatro filhos criados e casados. Oito netos, uma linda árvore genealógica dando prosseguimento as lides traçadas por milhares de anos no espaço. Rodei meio Brasil. Pisei em outras terras. Conheci outros rumos, outros destinos. Mudei demais. Não sei se fiz bem. Não vejo como traçar o meu destino de outra forma. Tenho dúvidas não arrependimento. Quem sabe nem todas as trilhas que escolhi deram em boas estradas. Um dia destes irei por aí. Sei aonde vou. Não posso levar mais minha barraca, minha mochila e meu chapéu de três bicos. Lá dizem tem lindos locais de campos. Córregos dançantes de águas tão claras que dá para ver o passado e o futuro. Onde as florestas são verdes e as flores as mais lindas do universo.

               Sempre é bom lembrar o caminho. Sempre é bom ver o que se foi o que se fez. Nunca fui rico. Morei em casa de taipas. Morei em tantos lugares que de vez em quando perco a memoria onde estou. Meu carrinho está encostado. Não anda mais. Obriga-me a forçar meus passos por aí. Melhor assim, pois sempre fiz isto em minha vida. Viajei meio mundo no lombo de uma bicicleta. Com meu Vulcabrás conquistei montes e vales desconhecidos. Adoro o que fiz. Adoro o que sou. Não tenho duvidas do que serei.

                 Eu gosto de São Paulo. Fiz dele minha morada por mais de 35 anos. Não sei se fiz aqui muito amigos. Os mais chegados já partiram para começarem tudo de novo com os novos tempos. Eu ainda não fui. Deus me reservou outro destino. Seja ele o que for estarei pronto a enfrentar. Mas sabem, não tenho medo, não tenho receios. O que tem de ser será. Não podemos fugir do nosso destino.


Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uniformes. Vale a pena usá-los?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Uniformes. Vale a pena usá-los?

         Uma vez li que o uniforme é um item prático para uma organização. Considerando que as roupas são caras e desgastam, e claro pensando que nossa organização não é um desfile de modas, usar o uniforme evita situações constrangedoras com roupas sujas e rasgadas. Será que é só isto mesmo? Dizem que o uniforme identifica a pessoa que o está usando e sua organização. Dizem ainda que mostra se somos organizados, se somos disciplinados e que “vestimos a camisa” da nossa organização. Envergonhar do uniforme é não ser merecer em participar do que escolhemos como meta de vida. Ou nos identificamos como membro da equipe mostrando que fazemos parte ou então o melhor é desistirmos. Pensando que somos Escoteiros e somos conhecidos por um uniforme mesmo que ele tenha sido desmembrado em dois ou mais ainda é este que nos identifica.

         No entanto noto que muitos não levam a sério a uniformização. De uns tempos pra cá, a liberdade tomou conta de nossa associação. Cada grupo (sem generalizar) usava ou ainda usa o que o Chefe se mostrou exemplo. Ele mesmo costuma dizer que todos devem portar uma camiseta, do grupo é claro, com cores diferentes entre os demais e muitas vezes esta camiseta representa o Grupo Escoteiro o que não é verdade. Assim o costume se tornou inglório para nossa apresentação a sociedade. Algumas vezes inquiri educadamente um ou outro perguntando por que não estão de uniforme naquela atividade aventureira. – Resposta: - Chefe é para não sujar ou gastar! Bom isto. Uma resposta à altura. Mas será mesmo verdade? Gastamos muitas vezes uma quantia que não é pequena para fazermos um uniforme. Se notarmos bem usamos uma vez por semana, por menos de quatro horas. Nos acampamentos a maioria das sessões quase não o usa. Se uma patrulha está a pé ou fazendo uma jornada aventureira, seria deste que disciplinados, um dos mais perfeitos marketing do escotismo. (Um chamariz enorme para os jovens que veem e não participam isto se estivessem bem uniformizados).

           Houve uma época que fazíamos questão de estarmos bem uniformizados. Fazíamos questão de nos mostrar em público não como hoje que tem chefes, pioneiros e seniores dando exemplo de levar em uma sacola ou guardar na sede e vesti-lo lá. Vergonha? Se é isto ele não é merecedor de participar do nosso movimento. Lembro que já lobinho passando para Escoteiro não tive a sorte de fazer a promessa no mesmo dia da passagem (hoje é comum isto). Meu uniforme de Escoteiro só seria usado quando da promessa. Era ponto de honra na tropa. Ninguém vestia peças sem estar devidamente promessado e preparado para vesti-lo. A liberdade tomou conta e hoje é comum um de calça curta, ou a camisa fora da calça, sem o lenço ou até com o lenço, mas sem a promessa. Quem vê aquele jovem na comunidade não entende bem a disciplina e o orgulho de participar de um movimento maravilhoso como o nosso.

              Quando existem normas severas para isto então nossa apresentação em publico se torna respeitosa e somos reconhecidos como um movimento sério e educativo. Se o Grupo conseguiu com que todos os participantes se uniformizassem não existe desculpa para que eles não se apresentem assim. O jovem ou a jovem que teve um inicio dentro de padrões de apresentação, de aceitação das normas e só quando fizerem suas promessas irão vestir o uniforme então ele será motivo de orgulho por toda vida escoteira. Quando o adulto se mostra desleixado, quando ele dá exemplo de “invencionices” de peças ou distintivos e cobertura ele nunca poderá cobrar dos jovens a postura que se espera de um membro Escoteiro.

             Muitas vezes noto que o próprio adulto desconhece as normas ou se faz por desconhecer. Ele é o exemplo e sabe que o que fizer será motivo de copia por todos que estão a sua volta. Lembro com saudades que levávamos a sério a uniformização. A inspeção inicial e final era severa. Nos acampamentos não se aceitava desculpa. Tinhamos que aprender a lavar e passar “a escoteira”. (Dois ou três galhos esticados com as peças durante a secagem).  Lá também nas atividades ao ar livre nunca saímos do campo sem o uniforme. Permitia-se que ficássemos de camiseta nas horas de tempo livre. Eu mesmo mandei de volta para casa jovens que chegavam à sede com o uniforme mal apresentado ou que não fizeram suas promessas. Errado? Não senhor! Ele quando entrou sabia como se portar. A disciplina começa na sede e se ela não existe o jovem não terá nunca o que pretendemos para sua formação.

         Um chapéu de abas largas e retas (aprendíamos com o Monitor como fazer), meias bem postas com listas retas, sapatos engraxados ou tênis preto limpos e nunca sem cor. A camisa e a calça fazíamos questão de nós mesmo passar. A mamãe do lado ensinando. Assim íamos aprendendo a fazer fazendo. Podem dizer que os tempos são outros. Se são estão errados. Estes tempos não estão trazendo então o que sempre sonhamos. Um escotismo respeitado, com uma comunidade participante e acreditando que ali seus filhos iriam aprender a ter civilidade, obediência, disciplina e agindo por sí próprio sem depender sempre dos outros. Tudo é questão de ver em que lado estamos lutando. Do lado do que pretendia Baden-Powell ou do lado do bem querer e fazer o que bem entender em nome dos modernos tempos. Se isto trás resultados eu desconheço.

       Não importa o uniforme que vestimos. Temos que ter orgulho dele em qualquer hora. Ele foi feito para nos representar e isto só nos deve trazer alegria em dizer: - Sou Escoteiro e me orgulho. Quando me disseram que muitos jovens não entravam no escotismo porque achava o caqui ridículo eu fechado em mim mesmo dizia: - Graças a Deus que eles não entraram. Não nos seriam úteis e iriam um dia ou outro mostrar que os Escoteiros não se orgulham da sua organização. Dizem que com a nova vestimenta, mais moderna eles agora iram participar. Que Deus nos ajude para que eles não nos tragam a má impressão que já estamos vendo – Calça curta, comprida, camisa dentro da calça e fora da calça, calçado a escolher, meia branca preta ou qualquer cor. Lenço amarrado na ponta, cobertura a escolher. Espero mesmo que os que forem vestir a vestimenta que se orgulhem do seu uniforme. Só assim um dia poderemos dizer que nossa organização tem tudo para modificar o Brasil!

           Lembremos que levamos dezenas de anos para que a sociedade nos reconhecesse com o uniforme caqui. Agora vamos começar tudo de novo com a vestimenta. Se ela não for bem apresentada ao publico o escotismo vai perder e muito com o que esperamos das autoridades, ou seja, o reconhecimento que somos um movimento sério e disciplinado, de formação e educação de jovens e que a sociedade pode confiar que somos sérios e que investir nos seus filhos no escotismo é um passo enorme para um Brasil grande!



sábado, 10 de maio de 2014

Dicas de acampamento mateiro. Parte I.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Dicas de acampamento mateiro. Parte I.

          Hoje resolvi dar meus pitacos e porque não escrever algumas dicas sobre como acampar. Como fazer um acampamento mateiro, que deixa marcas e que seja lembrado para sempre. Sem querer ensinar aos chefes com grandes conhecimentos e até mais do que o meu, lembro que estou a sugerir aos novos chefes que ainda não tem esta prática. Sei que temos muitos cursos maravilhosos sobre o tema e eu aconselho a todos a fazê-lo. Nem sempre temos escotistas advindo de tropas bem formadas e estes cursos são primordiais. Em primeiro lugar, por favor, eliminem a palavra impossível quando forem acampar. Tudo é possivel basta querer e achar a solução perfeita. Ela pode estar com você, com seus assistentes ou com os monitores. Conversar é bom e ajuda bastante. Nunca faça um acampamento ou qualquer atividade sem dar liberdade às patrulhas de sugerirem, de discutir na Corte de Honra e claro, dividir o programa com seus assistentes.

       Antes de ir acampar eu aconselho que os chefes pensem bem sobre o acampamento. Muitos vão para se mostrar como heróis aos jovens e esquecem que os heróis são eles. Faça com que o jovem se divirta que ele aprenda fazendo, que ele se sinta um aventureiro sem que ninguém o empurre. Evite ao máximo ir ao campo de patrulha, dê liberdade a eles, deixem que façam e você terá oportunidade de aconselhar quando fizerem errado após as inspeções. Evite falar muito, mais de cinco minutos já é demais. Fale mais com os monitores. Precisamos deixar as patrulhas agirem sozinhos, dar liberdade e a oportunidade de viverem a natureza como ela é. Se você já acampou antes com os monitores e subs e ensinou tudo que sabe, não existe motivo para você ficar preocupado. Seja exigente, mas quando das inspeções, quando das chamadas ou mesmo da disciplina. As normas de segurança em acampamentos não serão citadas aqui. Penso que elas foram devidamente lidas e anotadas do POR e que cada Chefe sabe como agir.

Escolha do local.

             Eu tive a felicidade de fazer escotismo em cidades pequenas do interior e nestas a facilidade é enorme. Mas fiz também em grandes capitais. Uma boa bicicleta, uma moto, um jipe e fazemos uma exploração perfeita para a escolha de um bom local. Ônibus e trens ajudam muito. Fazer amizades é primordial, os proprietários e caseiros devem ser bem tratados e respeitados. As promessas feitas quanto a proteger o local devem ser cumpridas a risca. Outro dia li que alguém gostaria de deixar as pioneirias prontas no local. Errado. Em menos de 20 dias todo o madeirame seca e o sisal apodrece deixando um aspecto desleixado para quem acampou ali. O mais importante do local é que ele seja interpretado como uma descoberta feita pelos jovens, que ele ofereça todas as condições para que eles se tornem aventureiros e mateiros. Locais onde se vê a “civilização” (postes de energia, estradas, passagens de caminhantes, casas de alvenaria, muros ou sons de fabrica, campos de futebol) devem ser evitados. Isto tira muito o sonho da aventura. Uma boa aguada que não ofereça perigo, uma montanha ou uma várzea para exploração, arvoredos ou mata e se tiver bambus então o local é perfeito.

O programa.

         Não faça nenhum programa sem ouvir a tropa. Um tema um tempo para a patrulha discutir, um relatório, uma boa discussão em grupo com outras patrulhas e finalmente uma Corte de Honra exclusiva para o programa é essencial. Tome cuidado para que as patrulhas sejam alertadas para programas aventureiros, sem nada que possa enquadrar a modernidade tecnológica de hoje. Que o programa não seja corrido, cheio de horários e apitos. Apito demais cansa. Uma vez descobri que podia valorizar todos os membros da patrulha com chamadas por bandeirolas. Um pequeno mastro na chefia e quando queria falar com o Monitor hasteava a bandeira verde. O sub era uma azul. O cozinheiro uma vermelha, o intendente a marrom e assim por diante. Precisavam ver os campos de patrulha de olho no campo da chefia aguardando que uma bandeira fosse hasteada. - Bombeiro e lenhador! É você! E lá vinha ele correndo ao campo da chefia todo sorridente, ele agora sabia que era importante também na patrulha e quando retornava todos a perguntar: - O que ele disse? Claro que o tema era relacionado com sua função, ele o jovem se orgulhava em comentar o que estava fazendo. Papo de cinco minutos. O tempo livre para que as patrulhas vivam suas vidas sem interferência da chefia é importante. A alvorada, a preparação da inspeção, a preparação do almoço do jantar não devem nunca ser corridos.

        Os programas mais gostosos são aqueles que eles podem ficar juntos, em volta de um fogão, todos a construírem uma pioneiría lembrarem-lhes da importância de um bom papo de patrulha, canções, tudo espontâneo. Claro que um grande jogo tem seu lugar, mas já vi uma patrulha partir para uma pescaria e lembrar-se dela para sempre. Alguém já foi convidado por um Monitor a participar de uma conversa ao pé do fogo em uma patrulha a noite? A alegria deles em receber o chefe? E os términos das refeições quando o Monitor ou então o intendente vem correndo a dizer – “Chefe, Sempre Alerta”! – Almoço pronto. O senhor é nosso convidado! Isto é demais, demais mesmo. Agora tudo isto perde a graça se o Chefe fica zanzando nos campos de patrulha. É como se ele sem pedir ou mesmo pedindo ficasse sempre na casa dos Escoteiros. O campo de patrulha é a casa deles e como tal deve ser respeitado e preservado.

            Quanto mais vocês darem liberdade melhor será o retorno. Se o acampamento marcou significa quer o jovem valoriza e continua sua labuta escoteira caso contrário em pouco tempo ele vai deixar a tropa. Lembro que conheci um grupo que só nos acampamentos todos os jovens duas semanas antes estavam presentes. Eles adoravam o acampamento e as reuniões de tropa não. Bem conversei com o Chefe sobre isto. Ele precisava descobrir o que havia e nada melhor que uma reunião só para isto. Patrulhas discutem conselho de tropa, Corte de Honra e conversas individuais. Isto acaba sempre bem e os faltosos passam a participar ativamente sinal que foram ouvidos em seus reclames. O que desanima em qualquer tropa e ver a patrulha reduzida a três ou quatro. Uma boa patrulha precisa de pelo menos seis. O que chateia e muito é o Chefe em qualquer atividade ou acampamento para evitar isto desmonta uma patrulha para que os demais completem aquela que não é a sua.

        Lembrem-se do que Kipling um dia escreveu: -
“Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.


Outro dia tem mais...


quarta-feira, 7 de maio de 2014

A Lei do Escoteiro. “Para que uma lei se ela não for levada a sério?”


Conversa ao pé do fogo.
A Lei do Escoteiro.

“Para que uma lei se ela não for levada a sério?”

          Quando menino ouvi falar pela primeira vez na Lei dos Escoteiros. Uma época onde a leitura se fazia na biblioteca da cidade, onde as conversas giravam nas atividades ao ar livre e não havia ainda as tecnologias de hoje. Fui conhecer TV já nos meus dezessete anos. O mundo mudou muito e tinha de mudar. Nada pode ser estático sem uma razão de ser. Se nós crescemos tudo cresce a nossa volta. O escotismo é uma fonte inesgotável de experiências. Algumas boas outras nem tanto. O progresso trouxe muitas mudanças. No Movimento Escoteiro nunca em menos de vinte anos se mudou tanto. Se valer a pena ou se está valendo só o futuro dirá. BP nunca foi contra as mudanças deste que a finalidade fosse alcançada. Aquela áurea de nobreza de caráter, onde se acreditava em sonhos, onde o sentimento batia forte e todos acreditavam ter um anjo ao seu lado já não é a mesma. De um dia para o outro aparecem novas metodologias, novas maneiras de pensar e a imprensa principalmente a televisada nos trás diariamente fatos que não escolhemos. Ela a TV nos trás em nossa sala a interpretação de um autor ou roteirista que sem perceber mudam nossa maneira de vivenciar o bem e do mal.

        Ficamos presos a um processo tal que dificilmente escapamos dele. Em nosso país boa parte da população assiste as séries e novelas, comenta e sem perceber assimilam os heróis, as personagens a trama as vestimentas e esta é motivo de discussões em diversas situações diárias na vida de cada um. Não vou analisar aqui as vantagens e desvantagens apesar de que minha maneira de pensar e agir não aceita facilmente este tipo de comportamento. O jovem de hoje em sua maioria já não tem mais aqueles sonhos aventureiros onde uma Távola Redonda já não faz parte mais do seu modo de agir. As leis, as normas da sociedade e a visão ética do mundo não estão sendo assimilada como no passado e que os jovens acreditavam. Quem conhece ainda a história de um homem que um dia tirou uma espada Excalibur da pedra e se tornou rei? Um rei que comandou uma das maiores sagas contadas por séculos e séculos em livros de história e vivida por milhares de Escoteiros que sonharam com isto?

        Tenho escrito aqui sobre os sonhos dos jovens, como eles veem a natureza, como reconhecem a Deus sobre todas as coisas e nem sei se é assim mesmo que pensam. O palavreado moderno me assusta e suas maneiras de ver o mundo mais ainda. Se o escotismo pode trazer dividendos em sua formação quem sabe a modernidade está aos poucos os afastando da verdadeira interpretação do escotismo. Temos hoje a liberdade de expressão o que é muito válido e a formação religiosa que ficou em segundo plano o importante é discutir os valores que alguns defendem tais como a liberdade sexual, o homossexual, bissexual entre outros como se isto fosse importante na formação escoteira. Sempre pensei que isto era obrigação dos pais ao criar a família. Temos ainda o ateísmo que muitos defendem e os temas são discutidos em detrimento de outros que alguns julgam importantes. Não tiro o mérito de nenhuma forma de aceitação sexual e ateísta. É um direito, mas discutir isto no escotismo tão em falta de valores éticos e morais é como mudar toda uma forma de pensamento que produziu as normas da sociedade como são vistas hoje.

        Claro que contestações são um direito e devemos levar em consideração o que cada um acredita, mas no escotismo que caminha em minha opinião tropegamente, precisamos primeiro fortalecer o que falta na formação escoteira para depois enraizados abrir as portas para aqueles que acreditam e querem ser aceitos conforme suas escolhas pessoais. Vejo muitos arvorando nos seus direitos, mas será que eu não tenho os meus? Sou obrigado a aceitar estas mudanças que nunca fiz parte? Tenho de discutir se eles estão certos ou errados? Na visão de muitos eu sei que sou errado, mas sempre acreditei num escotismo puro nas suas ações e nas suas palavras onde Deus é a fonte de tudo. Não me vejo em um mundo Escoteiro onde Deus não está presente. Se outros não pensam assim é um direito, mas forçar uma situação para que se mude ou se dê liberdade às mudanças de comportamento ou palavras ditas na promessa não compactuarei com ninguém.

       Outro dia em uma atividade escoteira um alto dirigente pertencente à equipe de formação dizia que por muitos anos a UEB se descuidou com a formação religiosa. Ele, entretanto acreditava nas palavras de BP que o escotismo colabora na formação e educação do jovem na escola, na religião e em seu lar. Colabora e não substitui. Disse o dirigente que está havendo uma mudança de comportamento. Agora já pensam em uma volta ao passado com diretores religiosos. Pensei comigo porque isto aconteceu? No passado quando atuava Equipe de cursos tínhamos como a mais importante das palestras a Lei e Promessa. Lembro que me esmerava quando era o responsável por ela. Preparava-me com esmero e nunca deixei que ela caísse no lugar comum em que alguns religiosos já tem como comprometimento, com um discurso pronto em suas concepções. Mudei inclusive horários e a parte da Lei e Promessa saltou de meia hora para uma hora. Fiz uma unidade didática diferente, participativa com grupos de trabalho ao ar livre, montagens de peças e vivencia escoteira. Questão de honra em quem acreditava e acredita.

         Lembro que quando menino, quando fui fazer minha promessa escoteira meu Chefe me chamou e conversou comigo por muito tempo. Ouviu mais do que falou. Deixou-me pensativo com os artigos da lei. Fui para casa e os li novamente. Já os tinha decorado, mas queria mais, queria me sentir responsável a cumprir o que seria prometido, pois iria fazer uma promessa e me ensinaram que uma promessa é uma norma que exige muito no caráter e da honra de um escoteiro. Marcou-me profundamente e olhe que pedi ao Chefe antes de fazer a promessa que me deixasse dar um testemunho do novo Escoteiro que iria surgir em mim. Eu ia prometer e minha promessa seria para sempre. Uma lei é para ser cumprida não para aprender e esquecer. Durante todo o tempo que fui menino Escoteiro até na vida adulta mantive o mesmo “status-quo”. Sempre exigi de todos que ela a Lei e Promessa deveria estar presentes em todos os momentos da vida escoteira. Antes eram corriqueiros os jogos da lei, os jograis, as enquetes e tantas outras formas que nos faziam lembrar a todo instante que sem uma lei, sem uma promessa não existe a palavra do Escoteiro. Já nem sei se isto ainda existe nas sessões escoteiras.


          Espero que não levem minhas palavras como alguém que se arraiga a um passado e que hoje o que escrevi são meras quimeras de um tempo que já se foi. Se assim for, se o mundo é outro e se a modernidade não comporta mais este saudosismo ou esta norma de comportamento ou de vida então, e só então eu acredito que o escotismo que conheci está nos seus estertores finais. Sei que me dirão que irá surgir das cinzas do passado um novo escotismo, mais livre, mais forte e moderno, cheio de jovens que acreditam em si e não precisam acreditar em Deus. Ainda bem que não estarei aqui para ver...