sábado, 29 de junho de 2019

Conversa ao pé do fogo. Pioneiros.




Conversa ao pé do fogo.
Pioneiros.

Prólogo: Dia 29 de junho ficou definido como o Dia do Pioneiro. Este dia foi consagrado a Paulo de Tarso, patrono do ramo. Aos Pioneiros e Pioneiras meus parabéns e que persistem na estrada pioneira fazendo o melhor que o pioneiro sabe fazer. “Servir”! Sei que temos poucos que não conhecem como é e como é formado os Clãs Pioneiros. Porque não falar alguma coisa sobre o tema?

- Há tempos não tenho escrito sobre Pioneirismo. Apesar de ter sido um, foi em um tempo que para nós antigos eram momentos de grandes aventuras e atividades aventureiras. Sei que hoje mudou muito. Para os que desconhecem a pratica do Clã Pioneiro dedico estas explanações. Aos Pioneiros desejo sucesso e parabéns pelo dia. - O Clã Pioneiro é voltado aos jovens de 18 a 21 anos incompletos de ambos os sexos. O programa educativo dessa faixa etária visa aumentar a integração do jovem ao mundo, voltando-se ao serviço à comunidade e ao exercício da cidadania com base nos valores da Promessa e da Lei Escoteira. O lema do pioneiro é SERVIR. A unidade onde ficam os pioneiros e pioneiras é chamado de Clã Pioneiro. A Comissão Administrativa do Clã ou o Conselho do Clã é a autoridade para tratar de todos os assuntos internos de administração, finanças, disciplina e programação.

- No Clã Pioneiro os jovens já se tornaram efetivamente adultos na sociedade e estão concluindo a formação dos seus valores e princípios. Por isso, os pioneiros possuem um elevado grau de liberdade, trazendo consigo responsabilidade para, inclusive, programar suas próprias atividades, dentro e fora do Escotismo. Dessa forma, os jovens dessa faixa etária, ao invés de possuírem um Chefe, são orientados por um Mestre Pioneiro e/ou uma Mestra Pioneira. Essas pessoas têm por objetivo instruir os jovens nos bons caminhos e só têm poder de deliberação em casos excepcionais.
O ideal do programa educativo do Movimento Escoteiro é que o jovem que ingresse no Escotismo, independentemente da idade, permaneça até o final de sua vida pioneira, para que vivencie o máximo que o Movimento tem a oferecer. O Livro do fundador Caminho para o Sucesso é base do que B-P pensava sobre o movimento Pioneiro.

A PROMESSA E A LEI PARA OS PIONEIROS E PIONEIRAS SÃO AS MESMAS DOS ESCOTEIROS. O LEMA DO PIONEIRO É SERVIR! A ORIGEM DO LEMA: - O Lema Pioneiro "SERVIR" foi adotado por B.P. com base no escudo de armas do Príncipe de Gales, título que até hoje é utilizado pelo futuro herdeiro da Coroa Britânica. Se observarmos atentamente o escudo, nos depararemos com um detalhe curioso: a inscrição que se encontra no liste diz "ICH DIEN", que não é um termo da língua inglesa, mas do alemão antigo. Esse escudo pertencia ao rei João de Luxemburgo, filho do Imperador Henrique VII, da Prússia (atual Alemanha). O rei João foi morto na batalha de Crecy quando combatia a Inglaterra, que estava sob o comando do filho do Rei da Inglaterra, chamado de Príncipe Negro. Terminado a batalha de Crecy, os estandartes ingleses anunciavam a vitória do Príncipe Negro, que cavalgando pela arena, encontrou o corpo do Rei morto. Sendo informado dos pormenores da morte do Rei, ficou impressionado com a nobreza e dedicação de João, pelo que decidiu levar seu escudo daquele lugar. Tempos depois, o escudo do Príncipe de Gales estava formado por uma coroa adornada por três plumas de avestruz, em posição assemelhada de uma flor de lis, tendo na parte inferior um listel com os dizeres "ICH DIEN", "EU SIRVO", em língua alemã. B.P. considerou que a herança que guarda a palavra "SERVIR" é digna de ser portada por todos aqueles que, em suas ações e palavras, demonstram, com orgulho e honra o espírito de ser um Verdadeiro Pioneiro.

COMO SURGIU O CLÃ - A 1ª guerra mundial, de 1914, impediu que muitos jovens prosseguissem em seus grupos e ao seu término eles começaram a retornar, porém sem idade para serem escoteiros. Assim, em setembro de 1918, foi escrito um folheto intitulado "Regulamento dos Rovers" (Pioneiros), dentro do Movimento Escoteiro. Em 1920 foram publicados, em duas partes, "Notas sobre o Adestramento dos Rovers". O passo seguinte, importante para o desenvolvimento do Pioneirismo, foi à publicação por Baden Powell de seu livro "Caminho para o Sucesso", com o objetivo de estimular, inspirar e aconselhar livro totalmente voltado para o desenvolvimento do Ramo Pioneiro. No Brasil, o Ramo Pioneiro começou a ser organizado na década de 20 pela Federação Brasileira de Escoteiros do Mar que mantinha um "círculo de pioneiros - CIP", onde reunia os pioneiros de diversos grupos, ao redor da Mesa Pioneira com as virtudes. O primeiro Clã Pioneiro do Brasil foi o Clã Tiradentes do 10º Grupo Escoteiro do Mar Décimo/RJ, que hoje se encontra como responsável pela Mesa Pioneira histórica do CIP.
 SÍMBOLOS DO RAMO PIONEIRO - A Flor-de-lis:  símbolo  do  Movimento  Escoteiro,  variando  de  associação   para associação, provem de antigos mapas que a utilizam na rosa dos ventos para indicar o Norte. Segundo Baden Powell, representa "o bom caminho que todo escoteiro há de seguir".
  A FORQUILHA: a forquilha encerra em seu simbolismo o firme propósito do Pioneiro investido em continuar enriquecendo o processo de sua vida por pensamentos e ações melhores. A forquilha varia de tamanho, de acordo com a estatura do pioneiro, devendo o seu comprimento ser igual à medida do chão à axila do seu portador. A forquilha é feita de um galho de árvore e se constitui de quatro partes:
 A MESA PIONEIRA: A mesa pioneira usada nas reuniões tem um tampo circular, dividido em setores, cada um representando uma virtude que deve ser exercitada e vivida pelo (a) Pioneiro (a). Essa mesa é uma reminiscência da "Távola Redonda" criada pelo Rei Arthur. Seus cavaleiros se colocavam em volta de uma "Távola" (mesa) redonda, circular, como prova de igualdade, sem preferências.
  VIRTUDES PIONEIRAS.
1- Verdade - O escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida
2- Lealdade - O Escoteiro é leal.
3- Altruismo - O Escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa ação.
4- Fraternidade - O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros. O Escoteiro é cortês.
5- Perfeição - O Escoteiro é obediente e disciplinado. 
6- Bondade - O Escoteiro é bom para os animais e as plantas.
7- Consciência - O Escoteiro é econômico e respeita o bem alheio
8- Felicidade - O Escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades.
9- Eficiência
10- Pureza - Escoteiro é limpo de corpo e alma.
  
A CAVERNA PIONEIRA.
É uma sala junto à sede do Grupo Escoteiro, usada para as atividades internas do Clã e dos pioneiros, como: reuniões, debates, jogos, etc.. A decoração, manutenção e limpeza da caverna deve ser de responsabilidade do Clã. Os elementos para a decoração devem ser buscados na Mística e nas tradições do Clã.
A CARTA PIONEIRA:
É o regimento interno do Clã e deve representar a opinião de todos os Pioneiros (as), contendo os princípios nos quais os Pioneiros vão basear sua conduta e as disposições consideradas necessárias para que possam reger o Clã. A Carta não pode entrar em desacordo com o P O R nem com os estatutos da UEB ou com o regulamento do GE.
As CERIMÔNIAS:
As cerimônias no ME têm profundo valor psicológico. Devem ser curtas, simples e sinceras para marcar o indivíduo para o resto de sua vida. Devem ser evitados os excessos e simbologias ou tradições inadequadas e, às vezes, até contrárias ao espírito escoteiro.
A VIGÍLIA.
Embora seja uma atividade do Programa Pioneiro, a vigília pode ser considerada um marco simbólico do Ramo Pioneiro, pois é a partir dela que o jovem define seus valores, sua conduta e sente-se capaz de assumir um compromisso para seu futuro. A vigília é um processo de auto avaliação, na qual o (a) pioneiro (a), através de uma reflexão individual, mas orientada, faz uma avaliação de seu passado, de sua vida presente e o nível de engajamento no Clã, no ME e na sociedade, como cidadão que é. Após fazer esse exame de consciência e procurar definir-se, o jovem faz uma projeção do que pretende que seja o seu futuro e que compromissos buscará assumir diante de si mesmo, de sua família e do Clã.
A CORUJA:
Por ver no escuro e ser considerada séria e dada à meditação, a coruja é símbolo da sabedoria que atravessa a escuridão da ignorância, por isso sua ligação com a vigília pioneira. Os demais símbolos são: uniforme ou vestimenta, lenço escoteiro, aperto de mão, saudação, cadeia da fraternidade, fogo de conselho e grito do Clã (ou a canção criada pelo Clã).

NESTA DATA DESEJO SUCESSO A TODOS OS CLÃS PIONEIROS DO MUNDO!

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Conversa ao pé do fogo. Passagem para o Ramo Escoteiro. Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes.




Conversa ao pé do fogo.
Passagem para o Ramo Escoteiro.
Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes.

Prólogo: - Ontem publiquei um artigo “Papeando nas areias do Waingunga” Onde abordei o tema da Passagem entre a Alcateia e a Tropa Escoteira. Sabemos que a passagem do lobo para a Tropa Escoteira sempre foi um fato importante para a Alcateia como para o próprio lobinho ou lobinha. O Chefe Blair de Miranda Mendes, DCIM de Minas Gerais nos brinda com este artigo retirado das páginas de seu livro Interpretação do Livro da Jângal, uma obra magistral em PDF que pode ser solicitada pelo meu e-mail ferrazosvaldo@gmail.com.

                            Não raro encontramo-nos frente à situação de que excelentes Lobinhos, Cruzeiro do Sul, com várias especialidades, Primo ou Sub-Primo, quando passam para o Ramo Escoteiro, ficam alguns meses, começam a se desinteressar e faltar, e até abandonam o grupo. Por quê? - Talvez fosse mais cômodo, para nós, Chefes de Alcatéia encerrar a questão com afirmações tais como: “Esse Chefe de Ramo Escoteiro é ruim!”; Porém, as coisas não são bem assim, a responsabilidade da permanência do menino no Grupo Escoteiro é de todos os Chefes dos ramos que o jovem passa, em última analise é responsabilidade do Conselho de Chefes.

                           Baden Powell no livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento (...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos. Portanto, a passagem de um ramo para outro merece muita atenção. É primordial que levemos em consideração, primeiramente, que é nessa idade que se desperta a faculdade emotiva e se desenvolve a sensibilidade de alma, ou seja, o jovem em uma fase de transição, carente de cuidados especiais.

                         Desperta-se a consciência de sua personalidade, começa a sentir e pesquisar mais as coisas sente o peso de suas responsabilidades, e nasce um pudor que esconde seus desejos, temores, dúvidas e desapontamentos. E a idéia de acabar com sua antiga vida de Lobinho e ressuscitar como escoteiro parece-lhe uma aventura extraordinária, ao lado desse estado emocional próprio da idade. Outros fatores influenciam a aceitação da vida na Tropa, quais sejam:

Perda de Status: O sistema de insígnias, ou seja, para cada avanço conquistado um símbolo (distintivo) que evidencie esta situação que tanto estimula os Lobinhos e escoteiros, pois influir negativamente na passagem, seja o Lobinho tão adestrado (e “enfeitado” no seu uniforme) vê-se de repente, sem nada, começando tudo outra vez; daí um motivo a mais para que trabalhemos para a conquista do Cruzeiro do Sul, pois o ex-Lobinho o ostentará no uniforme até 21 anos de idade, evidentemente é importante que o Chefe de Tropa faça seus escoteiros conhecer e valorizar este símbolo!

                             Outro dado importante é que o Chefe da Alcatéia evidencie na oportunidade da “trilha escoteira” que o adestramento obtido na Alcatéia é o início de um caminho e a base de conhecimento e aptidões que ele vai desenvolver paralelamente ao seu crescimento. Devemos mostrar ao Lobinho que os nós aprendidos na Alcatéia serão de valia em atividade de acampamento, jogos e grandes pioneirias como uma ponte, por exemplo; que cada especialidade tirada como Lobinho continuará valendo, e que surgirão novos desafios para aquela sua aptidão! 

                     Mudança de Ambiente: Qualquer um de nós já sentiu o quanto é desagradável adentrar (e se familiarizar) com um ambiente completamente novo e a Tropa, é algo muito novo para os Lobinhos, seja quanto à mística, como quanto à forma e organização, ou costumes e uniformes. É preciso por este ambiente o mais familiar possível antes da passagem. Por isso a “Trilha Escoteira” deve ser levada a sério. Façamos, portanto, a conversa com Chefe de Tropa, deixemos o Lobinho conhecer bem seu monitor, sua patrulha e seu canto de patrulha e façamos que participe de uma duas ou mais reuniões com a Tropa.

                    Esses contatos devem ser preparados meticulosamente pela Chefia de Tropa levando-se em consideração a presença do Lobinho. Provavelmente, é evidente, mas vale a pena lembrar que a acolhida da Tropa deverá ser familiar, sempre a de mostrar o júbilo em receber mais um elemento que contribuirá com crescimento quantitativo e qualitativo da patrulha e Tropa. Transformar a palavra Lobinho em adjetivo pejorativo ou usar expressões como “praga azul” poderá ser útil a Chefes que procuram uma identificação barata com seus escoteiros tampando sua incapacidade de manipular o verdadeiro método utilizando-se do mais fraco, mas certamente será humilhante e desestimulante para o Lobinho.

Melhor possível!



quarta-feira, 26 de junho de 2019

Papeando nas areias do Waingunga. O Ramo Lobinho.




Papeando nas areias do Waingunga.
O Ramo Lobinho.

Prologo: – Ao fazer pela manhã minha caminhada matinal, quando bengalando e tropicando raciocino: Porque o lobinho ao passar para a tropa tem menos direito do que aquele que entrou há poucos meses atrás e não foi lobinho? O que ele leva como bagagem para construir o respeito dos demais da Patrulha? Ainda o chamam de “Lobinho, filhinho da Mamãe”? Apenas para meditar...
               O Ramo Lobinho de hoje não é minha praia. Fui lobinho de 1947 até meados de 1951. O programa na época era bem diferente do atual. Sei que meu Balu nunca tinha lido o Manual do Lobinho de BP e nem tampouco o Livro da Selva. Ele sabia da existência de um Mowgly, de um Akelá, de Um Balu uma Bagheera e uma Kaa. Sabia da Roca do Conselho e do Shery Kaan. Inventou algumas danças esquisitas (que adorávamos) e nos incentivava a abrir os olhos com a Primeira e Segunda Estrela. Um dia nos contou que existia o Lobinho Cruzeiro do Sul! Ufa!

                 Fui Akelá por pouco tempo. Minha experiência não é das melhores. Agraciado com a IM de Lobinhos participei de equipes em cursos de lobinhos. No inicio cercado de sumidades em Lobismo que me ajudaram muito nas minhas deficiências. De tempos em tempos me perguntava por que a progressão na passagem e depois na rota sênior poucos lobos permaneciam. Pioneiros era uma raridade. Uma vez em um CAB de Lobos, convidei os alunos para uma Dinâmica de Grupo cujo tema seria a passagem e a permanência futura do lobo na tropa. Um comentário me chamou a atenção. O lobinho quando passa para escoteiro tem menos direito que um novato que nunca foi lobo. A discussão foi boa, mas os resultados foram esquecidos. Não sei hoje, mas ouvindo Mestres em Lobismo parece que a evasão e os direitos dos lobos nas tropas ainda continuam.

                 Quando surgiu o Manual do Lobinho de BP, ele serviu de base para muitas alcateias que estavam começando. Contar a história do surgimento do Ramo Lobinho não é tão importante já que acredito todos os lideres de Seeonee devem conhecer de cor. Mas vejamos quando dos primórdios do ramo lobinho os menores de nove anos já participavam das patrulhas, e não gostaram do programa quando foram separados. Não sei se foi aí a primeira divergência dos menores. Muitos daqueles iniciantes levantaram-se contra o novo programa e alguns se intrometiam nas reuniões de tropa para serem ouvidos e poderem participar. Conta-se que os primeiros esforços para trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Os “Junior Scouts” não tiveram bons resultados. Foi nesta época que Baden-Powell resolveu tomar providencias. Foi uma tarefa árdua. Ele queria evitar que o movimento estivesse criando um Jardim de Infância.

                 Preocupado B.P escreveu um artigo no “Headquarters Gazette” que não iria exaurir as crianças com atividades além de sua capacidade física. Em 1913 escreveu as primeiras tentativas de denominar os menores com nomes sugestivos: - Juniores Scouts, (escoteiros juniores) Beavers (castores) Wolf Cubs (lobinhos) Cubs (filhotes) Colts (potros) e até mesmo Trappers (ajudante de caçador). Ele se preocupava que o novo ramo tivesse suas próprias características e não uma versão simplificada do programa dedicado aos escoteiros. A história a seguir é conhecida. Percy W. Everett a pedido de B.P. estudou um esquema provisório. O projeto incialmente foi intitulado de: “Regras para escoteiros menores”. Com o início da Guerra a maioria dos homens atendiam aos apelos do exercito e foi permitido a participação de mulheres no escotismo. Elas estavam encantadas com a ideia de que pudessem adestrar os pequenos. Foi nesta época que surgiu a Srta. Vera Barclay que foi o braço direito de BP. Também esperavam o primeiro Manual do Lobinho já prometido por ele.

                   Vera se dedicou com entusiasmo na organização do Manual do lobinho. Sua dedicação foi tanta que influiu fortemente para sua indicação como Comissária do Quartel General para Lobinhos. Porém o que veio responder a procura de Baden-Powell por algo atraente, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança foi o “Livro d Jângal” cuja adoção revolucionou completamente o esquema. The Jungle Book (Livro da Jângal) de Rudyard Kipling foi publicado pela primeira vez em Nova York em 1904 e sua poesia diáfana e pura captou a imaginação do publico. B.P sabia da importância da imaginação para meninos mais jovens e reconheceu, nesta obra, o suporte que viria dar a eles, todo o divertimento, interesse e atividade que necessitavam e para abrir o apetite pelo escotismo.

                 Mais de cem anos se passaram. Do Livro da Jângal aos Manuais de Lobinhos muita coisa mudou. Se foi bom ou não quem deve saber são as(os) chefes de lobos. Se a preocupação é com um programa para lobinhos sem estar interligado com o programa de tropa, se o ciclo de ontem não será o mesmo de hoje e de amanhã, se as alterações feitas e os programas muitas vezes infantis demais para os meninos e meninas de hoje são válidos ou não. Não discuto as alterações e o desejo de muitos dirigentes de “alto coturno na UEB” fazerem alterações ou mesmo editando novos manuais. Quantos surgiram depois do primeiro de Baden-Powell? Surtiram os efeitos esperados? Os lobinhos estão devidamente preparados para uma passagem e serem recebidos na tropa como um valente Mowgly da Jângal? Ou eles serão os últimos da fila sendo sempre chamados de lobinhos, filhinho da mamãe?

                Sei que existem muitas alcateias e tropas que atuam conjuntamente e os resultados são os melhores. No entanto é difícil ver uma tropa com pelo menos uma boa porcentagem de escoteiros advindos de uma alcateia. A passagem para a cidade dos homens muitas vezes é cercada de sentimentalismo, saudosismo e lágrimas por parte dos dirigentes da alcateia e isto não é saudável. Queira ou não, acredito que temos muito a estudar para que os que passam para a cidade dos homens se sintam bem na companhia um do outro. Lembro que não sou um expert da matéria. O que escrevi é apenas um comentário da minha experiência no lobismo que é pouca. Que os habitantes da Jângal sejam felizes e que façam belas passagens.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Crônica de um Velho Chefe Escoteiro. Distintivo de Lapela Escoteiro. (Button).




Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
Distintivo de Lapela Escoteiro. (Button).

Prólogo: “Levei um ano de minha adolescência com um lenço enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro sempre escoteiro”. (Fernando Sabino).

                O Button é um objeto na maioria das vezes redondo ou com outro formato que contém conteúdo promocional publicitário ou decorativo. É pregado na roupa ou outra superfície com um alfinete e são usados para indicar a adesão a algum movimento, causa ou partido político. Pois é, no escotismo temos um que hoje pouco se vê nos paletós, gola da camisa boné ou bolso. Quem já teve um nunca esqueceu. Houve época que fazíamos questão de presentear autoridades, simpatizantes e todos nós do Grupo Escoteiro o usávamos. Não era caro e juntávamos nossa economia para ir até a Loja Escoteira no Rio de Janeiro e trazer uma baciada. Quando o vi pela primeira vez me encantei. Só não chorei porque o sonho era real e mesmo sem o uniforme eu poderia mostrar que era um escoteiro.

               Pequeno, dourado com uma linda flor de lis em cores verde e amarelo era um distintivo que me deu enormes alegrias. Na primeira vez minha mãe me deu dizendo que era presente do meu tio da capital. Passei a usá-lo na gola diariamente. Tinha uma presilha que se prendia facilmente. Cidade pequena os Rotarianos e os sócios do Lions Club usavam o seu. Na câmara de vereadores cada um desfilava com sua escolha pessoal. Quando presenteávamos não exigíamos que fosse usado, mas a maioria passou a usá-lo com prazer. Zózimo vereador, Capitão Machado, Totonho da Padaria, Leôncio barbeiro e seu Zé do Armazém não tiravam o dele.

               Mesmo não sendo uma peça para usar no uniforme ele estava sempre lá na camisa um pouco de lado para o lenço não ficar por cima. Quando víamos alguém com ele sorriamos de ponta a ponta. E na estação de trem? Eu gostava de ficar lá em horas livres e ver os passageiros em seus vagões sorrindo, cantando e comendo seus lanches que ninguém deixava para trás. Era avistar um com o Button e a gente gritava: - Sempre Alerta! Se o trem fosse ficar mais tempo não faltaria um aperto de mão um abraço e até mesmo contar de onde era e qual grupo.

               Não esqueço lá por volta de 1955 foi feito uma “vaquinha” para comprar cintos, chapéus, e distintivos de segunda e primeira classe. Valparaiso um Sênior foi escolhido para ir até a capital. O Senhor Lair prefeito e muitos vereadores entraram na vaquinha para que eles tivessem também o Button dos escoteiros. Valparaiso fez um bate volta das boas. Quase 30 horas de viagem ida e volta em estrada de terra batida na antiga RioBahia. Voltou no dia seguinte. Escoteiro não tem essa de reclamar. Chegou sorridente com vários pacotes e até um saco de chapéus. Ele foi para a sede e ela se encheu de escoteiros lobos e chefes. Isto em plena terça feira.  

               Quando Valparaiso começou a contar como era o mar, a Igreja da Candelária e as grandes avenidas apinhadas de carros e ônibus formou-se uma roda em volta dele e ficamos lá boquiabertos com tudo que ele falava. Trouxe também alguns livros que eu não conhecia para a biblioteca do Grupo. Para ser Escoteiro, Guia do Chefe Escoteiro, Guia do Escoteiro e Escotismo para Rapazes. Fizemos uma fila na biblioteca reservando datas para levá-los para casa. E a Loja Escoteira? Ele sorria e falava quanta coisa tinha lá. Jurei para mim mesmo que um dia eu também iria lá comprar o que quisesse!

               Pois é, meu Button ou meu distintivo de lapela com uma linda flor de lis nunca esqueci. Hoje quase não se vê mais aquele Botton lindo verde e amarelo nos antigos escoteiros, nos escoteiros sem uniforme e autoridades sejam elas religiosas ou politicas. Sei que ele está à venda nas lojas escoteiras, mas é muito pouco usado. É fato que identificar hoje um antigo escoteiro é difícil. Há não ser que seja conhecido. Agora deram para colocar o lenço em roupa civil e se acham uniformizados. É triste ver um Insígnia fazendo assim. O exemplo de B.P ficou esquecido. BP só de lenço? Não dá para acreditar. As coisas mudam me disseram. Mas sabe? Eu não vou mudar.

                    Estou aqui pensando por que estou escrevendo sobre o Distintivo de Lapela. Afinal nem mesmo conheço os distintivos especiais conquistados pelos escoteiros há não ser as especialidades. A Segunda e Primeira classe ficaram na história. A primeira e segunda estrela não é mais usada. Nem mesmo sei quantos são os Lis de Ouro e Escoteiro da Pátria. Sei sim de muitos chefes que recebem medalhas, lenços, e galhardamente estão nas páginas sociais. Meninos escoteiros? São poucos e quase não são noticias. Pois é, e dizem que o escotismo foi criado para eles. Breve estaremos copiando os americanos que usam uma faixa para colocar as centenas de especialidades. Se eu demorei quatro meses para conquistar há de primeiros socorros, hoje demoram algumas horas. Ainda não tenho uma explicação para tantas especialidades. Mas é uma seara moderna. Eu sou do passado e quem sabe o novo programa poderá trazer resultados surpreendentes. Assim espero.

                     Meu distintivo de Lapela é uma sombra que desapareceu no tempo. Eu perdi o meu em uma enchente onde morava em uma cidade do interior. Lá se foram muitas lembranças, fotos e até mesmo meu primeiro uniforme de lobo e escoteiro. Mas chega de ficar remoendo lembranças que nos fazem voltar no tempo. Mas se você meu caro amigo ou minha cara amiga escoteira usar seu Button quando sem uniforme, se motivar seus amigos escoteiros ou ex-Escoteiros a ter o seu quem sabe teremos muitos perguntando: - O que é isto? Isto? Ora meu caro, sou um escoteiro e ele me identifica como um Badeniano de coração.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Carta de Um pai ao Chefe Escoteiro de Seu filho.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Carta de Um pai ao Chefe Escoteiro de Seu filho.

Prólogo: - Esta carta é baseada em uma escrita por Abraham Lincoln ao professor de seu filho em 1830. Os dizeres são todos aqueles que os pais dos escoteiros de ontem de hoje e de amanhã desejam para seu filho. 

“Caro Chefe Escoteiro”. Boa tarde. Antes de qualquer coisa saiba que meu filho não é melhor que ninguém. Ele hoje está maravilhado com a vida escoteira que iniciou há pouco tempo. Sei que os objetivos escoteiros é adestrar os jovens para uma vida futura sadia e honesta. “Sei que ele deverá aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que, para cada vilão há um herói, para cada egoísta, há um líder dedicado”. - Ensine-o, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-o que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada. - Ensine-o que vale a pena ser honesto, ser ético, reconhecer que a Lei Escoteira é seu bastão que o levará a um futuro melhor.

- Ensine-o que nos jogos se perder sorrir se necessário. Ensine-o, a saber, gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso. Faça-o maravilhar-se com as técnicas escoteiras, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales. - Quando for brincar com os amigos da Patrulha, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. - Ensine-o o caminho para o sucesso, deixe que ele se guie pelo próprio exemplo aprendendo a fazer fazendo e acreditando que sempre pode fazer o melhor.

Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar em multidões simplesmente porque os outros também entraram. - Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho. Ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram. - Ensine-o o valor da fraternidade, da igualdade e que ele nunca se esqueça de sua Promessa Escoteira que irá viver em seu coração para sempre. - Ensine-o a lutar pela verdade, não seguir falsos profetas, e se necessário lutar só ou contra todos, se ele achar que tem razão.

- Mostre a ele o caminho a seguir, o caminho a evitar e se necessário pular o obstáculo. Mostre que ser escoteiro não é só no nome, mas também no coração. - Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço. Deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso. - Chefe, mostre a ele o orgulho em ser escoteiro, a estar sempre limpo e asseado, mesmos nos acampamentos que aprenda que o garbo o fará um homem elegante, com distinção e boa aparência. 

Transmita-lhe chefe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens. Chefe eu sei que estou a pedir muito, mas ele vai ver no senhor o seu herói e seu exemplo será por ele seguido. Meu amigo Chefe veja o que pode fazer. Confio na sua verdade no seu amor aos jovens e no respeito que tem por eles. Obrigado.

Assina: Um pai de Escoteiro.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Os Escoteiros Tradicionais.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Os Escoteiros Tradicionais.

Prólogo: Baden-Powell escreveu que devíamos espalhar nossas ideias pelas nações e nos tornarmos amigos e irmãos. Acreditava que seu método seria o elo mais importante na formação do caráter e do amor ao próximo. O significado de Fraternidade pode ser entendido como um parentesco entre irmãos, uma boa relação entre os homens – fraternidade universal. Dessa forma, desenvolve-se sentimentos, como de afeto, pelos irmãos de sangue. A fraternidade é vista como um laço de união entre os homens, com base no respeito em relação à dignidade humana e na igualdade de direitos para com todos os seres humanos.

- Tudo bem, convenhamos que a Escoteiros do Brasil não agiu com elegância e foi arrogante e prepotente na sua atitude de abancar tudo que Baden-Powell ofereceu a todos que praticam Escotismo nos seus princípios e métodos. Se assenhorar de algo que não é seu, pensar que era a única a ter diretos dos princípios do fundador e principalmente desmotivando muitos a deixarem suas hostes foi uma atitude intempestiva e inapropriada para quem deveria antes de tudo ser sóbria nos seus pensamentos da Lei Escoteira que deveria preservar mostrando ser um exemplo pessoal para seus milhares de associados. Alguns anos passados eis que nas diversas instâncias que ela impetrou processos judiciais contra as novas Associações não alcançou nenhuma vitória sequer. Isto demonstra que seus defensores ou não conheciam a lei ou então pensaram que o escotismo tinha um só dono o que não aconteceu. Os gastos financeiros realizados nesta viagem aos tribunais de justiça nunca foram de domínio dos associados. Interessante é que alguns lideres das associações que se intitulam Escoteiros Tradicionais na sua maneira de agir e atuar estão preparando recorrer à justiça para indenização dos pagamentos com seus advogados pelo tempo perdido e prejudicado na sua associação de origem.

- São várias as associações que sofreram perseguições por parte da Escoteiros do Brasil. Eu aqui no meu cantinho assisto o embate valorizando um e desencantando outro. Não tenho nenhum vínculo com nenhuma das associações escoteiras do Brasil seja as tradicionais e a Escoteiros do Brasil. Quisera eu ser livre para mostrar meus ponto de vista sem sofrer admoestações advertências reprimendas ou processos principalmente de algumas regiões que fazem das Comissões de Éticas verdadeiras caças as bruxas tal como se vê falar aqui e nas redes sociais. Quanto ainda a Escoteiros do Brasil vai depender de pagamentos por indenização de danos morais aos que ela prejudicou no seu crescimento e na sua atuação com seus associados? Isto está sendo previsto no seu orçamento futuro? Acha que ainda tem chance nos tribunais superiores? O tempo dirá. Não sei se ainda estarei escoteirando nas páginas da minha imaginação para escrever os resultados finais.

- Mas nos entretantos e finalmente me pergunto. Quantos são estes Escoteiros Tradicionais? Seus lideres sapecam vez ou outra nas páginas das Redes Sociais seus cursos, seus promessados, suas outorgas e condecorações. Ainda não li um relatório de suas atividades, das eleições, do seu organograma e seu efetivo por idade e formação. Alguns são filiados a Órgãos Escoteiros Internacionais outros não. Os insatisfeitos com a EB se filiam ou criam novas associações e muitos preferem fazer seu escotismo a “Escoteira” aquele que anda só. Se eu tivesse forças e voltasse as minhas lides escoteiras claro que iria fazer meu escotismo a “Escoteira” uma tropa que anda só! Quem sabe está na hora de um “merchandise” entre elas visando uma união e marketing mais efetivo do que fazem do que irão fazer e dos resultados alcançados e a alcançar. Atividades entre elas, acampamentos nacionais respeitando a individualidade seria uma forma de mostrar que as associações escoteiras tradicionais existem e estão viva nas terras do Brasil.

- Tenho aqui nas minhas páginas dezenas de amigos e amigas virtuais que pertencem a estas associações escoteiras tradicionais. Gostam do que fazem, dizem ter liberdade de ação e uma atuação voltada para o escotismo Bipidiano. Eu aplaudo o que fazem mesmo tendo minhas duvidas até quando elas irão existir sem um perfeito sincronismo de democracia e liberdade nas suas respectivas engrenagens estatutárias. Dizem que a união faz a força e o trabalho em equipe produz resultados extraordinários. Se a Escoteiros do Brasil no seu egoísmo pessoal se mantem fechada a dialogar como bons cavalheiros escoteiros que as demais dêem um passo a frente conversando e fazendo um escotismo de aproximação dentro dos princípios básicos a que foram criadas. Não significa uma nova Associação única. Nada disto. Sou daqueles que pensa que a liberdade de escolha é o principal objetivo de liberdade a quem pensa diferente e quer se associar.

- Pena que a Escoteiros do Brasil se relega a segundo plano na Lei que ela tanto prega. “O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros”. Nada justifica está ignóbil maneira de interpretar o Escotismo como se ela fosse à proprietária de tudo agindo de forma ante-escoteiro como se fosse à mãe de todas as normas, regulamentos, princípios e métodos do Escotismo de Robert Baden-Powell um homem que pregou a amizade e acreditou que a fraternidade seria a base da formação escoteira no Mundo. Pregar exemplos, ouvir e raciocinar, mostrar que a filosofia escoteira deve estar presente em todos nos que um dia fizemos nossa promessa, não importa onde e como, mas com o coração aberto para aceitar que dentro da doutrina de Baden-Powell somos todos irmãos deveria ser uma obrigação por todos escoteiros não importando a associação ou classe que pertençam.  

sábado, 15 de junho de 2019

O fantástico mundo da fantasia do Facebook.




O fantástico mundo da fantasia do Facebook.

Prólogo: Enquanto a meninada corre na fantasia de uma reunião, jogos bandeira em profusão, eu aqui sem poder estar lá fico a imaginar. Quanta alegria quanta satisfação dos jovens que podem usufruir de tamanha felicidade. E eu aqui no meu cantinho mágico da imaginação dedos no teclado, vou escrevendo amasiado com minhas saudades a pensar que ainda bem que tenho o Facebook para dar meu testemunho.

            Seria nosso mundo de fantasia? Pode ser, alguns reclamam outros praguejam, mas vivemos nele sem reclamar. Por sinal quase todos que ali estão gostam do que leem ou fazem e se têm curtidas e comentários um sorriso brota de orelha a orelha. São escolhas diversas. Têm os saudosos, os tristes, os revoltados, os conformados e os aventureiros a escritores, alguns pseudos doutores e filósofos em todas as diversas situações. Uns comentam politicas, outros seus amores e outros seus dissabores. Todos tem uma maneira de pensar de agir de fazer de prometer de dar adeus e pensar que aquele que se foi nunca mais vai voltar. Parece um mundo de sonhos, sonhos loucos, sonhos pensados e sonhos amados. Quase ninguém conhece ninguém. O som da sua voz, o seu andar, o seu sorriso, suas escolhas seus amigos reais. É mesmo um mundo de fantasia. Um mundo louco onde a maioria são amigos, amigos desconhecidos vistos por uma janela de uma foto, de uma palavra de um sorriso que pode ter sido feito para isto e nada mais.

            Assim é o Facebook. Alguns reclamam, outros proclamam seus amores suas dores. A maioria gosta de viver nesta magia, nesta fantasia de acreditar no impossível nos amigos de hoje de ontem e os novos que irão surgir. Vi uma amiga virtual que acreditava em anjos e, porque tanto acreditar eles passaram a existir. Tem aqueles que amam poemas, feitos de sobremesa para deglutir nas horas saudosas de lembranças boas ou tristes que ficaram para trás. Tem outros como eu que adoram contar histórias. E quando o ocaso de um dia que parece ir com o vento da saudade, eis que os dois se encontram em uma esquina qualquer. Sorriem um para o outro. È você? Parecem não acreditar. Fizeram de suas fantasias uma pessoa diferente e eis que de repente ele ou ela está ali na sua frente. Sorrindo diferente do que você pensou. Ah! Realidade mas tão cruel que maldade. Seria bem melhor ter ficado na saudade, na ilusão. Um poeta disse que existem duas formas para viver sua vida seus sonhos. Uma é acreditar que não existem milagres. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

           E assim a gente vai vivendo, amando o que faz, sonhando com o outro que está perto ou longe. Buda deu um conselho, bom ou mau ele não mediu suas palavras quando disse: - Não acredite em algo simplesmente porque ouviu ou leu ou sentiu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o. Facebook, sonhos? Realidade? Fantasia? É não tem jeito de o deixar. Cada um tem seus motivos, cada um vai pisando no ar a procura do real que não é mais que imaginário.

            E você meu amigo e minha amiga, saiba que não te esqueço, não te deixo e nunca vou te abandonar. Podem pensar que sou louco, mas só eu? E os milhões que aqui habitam que dizem o que querem dizer. Que contam o que querem contar. Se um dia o Facebook acabar, o que será de nós? Onde iremos parar? Eu sei que nada é eterno, que um dia vai mudar, mas quando este dia chegar eu quero dizer a você, que mesmo não te vendo, não ouvindo sua voz, guardei um cantinho de mim no meu coração e lá é onde você vai morar.

Facebook ame-o ou deixe-o.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ilmo. Senhor Doutor Presidente da UEB e seguidores.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ilmo. Senhor Doutor Presidente da UEB e seguidores.

Isto mesmo. Escrevi sem título e sem fotos. Somente um desabafo de um velho escoteiro sem dente e que nem pode falar e andar direito. Escrevi por escrever em uma hora de nostalgia. Às vezes sou tinhoso na maneira de tocar nas letras para formar palavras. Sem nada pensante eis que fiquei surpreso com os comentários e curtidas, sem contar os compartilhamentos do artigo que fiz me dirigindo ao Doutor Presidente da UEB sobre o Escotismo Moderno. Não o conheço, sem que se um dia formos apresentados iremos nos postar como cavalheiros e teremos respeito mútuo. Ele sabe que não vai me convencer das suas performances escoteiras e eu sei que nunca irei convencê-lo que o escotismo de Baden-Powell com poucas adaptações as novas realidade que não renego é o melhor para o aprimoramento do caráter na formação do jovem. Comungo-me com BP que formar caráter é nosso objetivo e para isso não importa a finalidade da atuação. Quem sabe isto será um fato no futuro daqueles que passaram por este escotismo e estão passando na época atual e futura.

Sem apontar erros e acertos posso dizer que somos esquecidos pela comunidade, pelos órgãos educacionais e esquecido pela imprensa falada escrita e televisada. Não temos marketing, nem pensadores ou filósofos para dar testemunho do valor do escotismo na Formação do Caráter. Luiz Felipe Pondé, Mario Sérgio Cortella e Leandro Carnal entre outros pensadores e filósofos famosos da atualidade pouco ou quase nada defendem nossa filosofia escoteira. Nos meios educacionais somos considerados uma organização infantil e divertida. E o que temos na liderança em termo nacional ou regional? Nada! Quando somos notícias mais parecemos um bando de meninos a brincar de armar barraca ou fazer formações azoadas para mostrar que somos organizados. Nesta hora a chefia não está preparada para dar uma demonstração da capacidade do nosso método tão bem idealizado por um dos maiores pensadores da história: - Robert Baden-Powell. Como demonstrar que sua proposta seria o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa (ou compromisso) e na Lei Escoteira (Ou lei do Escoteiro) e através de prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, faz com que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornando-se um exemplo de fraternidade, lealdade, companheirismo, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina.

Como demonstrar para a sociedade escondidos atrás de muros da sede? Fazendo o que podem fazer com meninos cansados e nunca consultados nas cidades plantando árvores, fazendo limpeza em praças rios e avenidas? Isto cansa, e quando menos se espera lá vai ele para sua casa e não volta mais. Os cursos os tutores e tantos outros deixaram para trás toda uma gama de jovens ingressando na idade adulta, respirando escotismo pelos poros com tantas coisas a dar aqueles que vão chegando como eles um dia chegaram. Sem desmerecer os novos voluntários que pouco conhecem da metodologia de BP tentam a sua maneira adaptar sua vivência profissional, que procuram buscar conhecimentos só recebem novos programas, novas metodologias iguais a tantas outras que nada demonstram nossa capacidade de formar cidadãos. (temos muitas exceções de bons escotistas fazendo bom escotismo). Não há duvida que o escotismo na sua forma educacional seja uma verdadeira Colmeia de formação do caráter. Estamos crescendo do marasmo dos últimos anos em quantidade, mas a qualidade deixa a desejar. Falta a estrada escoteira onde pisar nas descobertas ao ar livre. Poucos entenderam as palavras do Mestre BP: - “Saiam por aí e digam aos escoteiros que acima da torre da Catedral ainda tem estrelas no céu”.

Prefiro não entrar na polemica de que somos um movimento organizado, com regras e normas para podermos ser o que sempre sonhamos e nunca alcançamos. Dificilmente teremos uma nova visão do que é o verdadeiro método de BP com as desculpas de muitos principalmente dos lideres do Escotismo Nacional que soletram a mesma cartilha que a modernidade não pode ser esquecida, que hoje os tempos são outros que temos de nos adaptar para não sermos esquecidos pela história. Se isto ainda não aconteceu, eu encerro dizendo que existe vida fora da cidade, temos matas e florestas, os campos floridos, os picos mais distantes, as estradas vicinais, as correntezas de um riacho, as estrelas no céu, a lua o nascer e o por do sol não deixaram de existir. Se estivermos preparados podemos dar um escotismo conforme nos dizia Baden-Powell que fora das torres dos arranha-céus existem estrelas no céu.

Hoje nós os antigos escoteiros somos marginalizados. Dificilmente teremos voz e voto. Se BP dizia que depois dos sessenta anos aprendemos tanto e podíamos ensinar aos jovens nada disso é levado a sério. Os anciãos escoteiros são agraciados com medalhas e mais nada. A estrutura atual foi feita para que alguns sejam os lideres e outros liderados. Chegamos ao ponto que uma normativa da Escoteiros do Brasil aconselha aos grupos tomarem cuidados com os antigos escoteiros. Quem já leu sabe que a dita é que podemos atrapalhar os planos da direção e criar desarmonia no Grupo Escoteiro local. Incrível isso! Sei que palavras somente não resolvem. Eu um velho escoteiro não desisto de ver novamente um escotismo de vida ao ar livre e não preso aos muros da sede escoteira. Não vou atingir o proposto e nem vou deixar minha luta contra a Escoteiros do Brasil sabendo de antemão que não vou vencer. Não vou mudar de associação escoteira, a elas desejo sucesso. Nasci na UEB e nela vou morrer. Podem dizer que sem registro não sou nada, para mim isto não existe. Com ou sem sou escoteiro Uebeano. Nasci vivi e pretendo morrer Escoteiro do Brasil!  

Quem sabe a metodologia atual pode alcançar o sucesso. Não discuto. Mas por favor, mudem o nome da associação. Escotismo é sinônimo de Baden-Powell fundador e único. Muito obrigado aos que entenderam meu objetivo e tão educadamente compareceram dando seu testemunho. Não somos uma legião, mas pelo visto temos um grande caminho para tentar reverter o que não coaduna com os princípios do método escoteiro idealizado pelo fundador. Honrado em saber que tenho muitos amigos que me seguem e acreditam nas minhas palavras. Fraternos abraços, meu Melhor Possível Sempre Alerta e Servir. Um belo dia para todos e Plajeando um autor desconhecido “A união faz a força, o diálogo faz o entendimento e quando todos se unem nada impede o sucesso almejado”.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. 80 anos de uniformização tradicional.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
80 anos de uniformização tradicional.

80 anos? Não sei. Historiadores dizem ser muito mais. Eu o conheci em 1947. Meus chefes diziam que era nosso uniforme oficial. Vi alguns grupos com calça azul e camisa caqui. Desapareceram com o tempo. O caqui tornou-se uma vestimenta nacional. Havia um orgulho, uma altivez no porte, e porque não dizer vaidade em ser considerado único. As modalidades do mar e do ar se orgulhavam do seu. Um pequeno desenho cujo autor desconheço, dizia lá pela década de cinquenta sobre o desenho de vários tipos de uniforme – Básico ar e mar: - “E ainda dizem que somos um movimento uniformizado”. Ah se visem o que é hoje! Havia uma certa dignidade quando se portava o caqui, seja aonde for. Ver escoteiros e chefes dignamente uniformizados era exemplo a ser seguido por todos com orgulho e paixão.

A preocupação da aba do chapéu, as pontas bem dobradas, o garbo do passar, de usar, do meião sem estrias, do sapato engraxado, do cinto limpo e das fivelas brilhando. As estrelas de atividade de metal faziam gosto de ver. Cada distintivo no seu local, nada fora do lugar. Não importa onde se estivesse em atividade escoteira o uniforme se vestia completo. Afinal foi uma época de difícil facilidade na aquisição dos acessórios que o acompanhavam. Conheci escoteiros que passavam seus fins de semana quando não estavam acampando limpando quintais, engraxando sapatos, fazer “mandados” da vizinhança só para poder ganhar uns trocados e comprar aquele que era seu sonho, os seus adicionais, o cantil, a faca, a machadinha e tantos mais. Papai e mamãe ajudavam quando podiam sem se sacrificar.

Sem menosprezar, éramos conhecidos. O Sempre Alerta, a Palavra de Honra, a boa ação, o chapelão, a cor do lenço a bermuda curta, e o melhor diziam sobre nós: - São aqueles que gostam de um sorriso e é escoteiro de corpo e alma! Não que hoje isso não aconteça mais, significativamente bem menos do que o passado escoteiro. Dia do escoteiro lá íamos uniformizados... Desfile e solenidades? Sempre muito bem apresentados, e fazíamos questão do garbo e era com um sorriso escondido que víamos as palmas da população a dizer: - São escoteiros... Escoteiros do Brasil. Fui testemunha onde passei. Adorava gravuras, fotos, símbolos e propagandas de empresas escrevendo notoriamente sobre o escotismo de Baden-Powell que hoje não existem mais. Não vendíamos biscoitos e nem saiamos pela rua catando coisas, pois ali só passávamos a cantar e marchar para um local qualquer escolhido e acampar.

Os anos passaram. Novos chegaram. Exigiram mudanças. Chefe! Os tempos são outros gritavam os sem memória. Chefe a modernidade chegou, agora temos uma nova era social, cultural econômica já vigente no mundo todo. Estamos na época moderna, pré-moderna ou para ser sincero na pós-moderna. No meu canto raciocinava onde iríamos parar. Sei que não poderíamos parar no tempo. Havia necessidade de adaptar as novas situações. Mas abruptamente chegaram os “çabios” os pedagogos e que se diziam estudiosos da nova formação educacional e a assenhorar de tudo que diziam se locupletando a dizer que sabiam o que eles queriam (os jovens) e quais os seus objetivos finais. Baden-Powell? Suas propostas, seus métodos suas criações ficaram escondidas em algum quintal imaginário onde poucos podiam chegar.

Aos poucos foram alterando nomes, nomenclaturas, dísticos num sem parar para perguntar ou mesmo saber a opinião daqueles que estavam ainda a vivenciar um escotismo que consideravam retrógado. Reconhecidos por nossa identidade tradicional vieram a mudar para os simplórios e pomposos nomes usados na hierarquia mundial. Breve teremos um “Boss” um President e um Director, pois Scout está na moda. Escoteiro? Esquece, agora é Scout. O sistema de progressão foi modificado de cima em baixo. No afã de ganhar mais nas suas publicações e materiais, alterou-se distintivos, literatura e outros mais. Nunca em tempo algum fizeram pesquisas. Nunca perguntaram se estavam no caminho do sucesso contrário ao pensamento do fundador. Seu livro antes intitulado Rovering to Success (A caminho do Triunfo) foi esquecido. O exemplo da liderança na sua apresentação é um marketing forçado para que se copiem suas performances e suas megalomanias.

Hoje os defensores da nova apresentação pessoal cresceu. A tradição o passado ficou na margem do tempo. Eles os novos não se importam. Tentam justificar os erros e se haver acertos poucos comentam, pois não sabem. Artigos e reclamações pedem para melhorar a confecção do vestuário. Danado de vestuário. Impuseram na calada da noite, discussões e aprovação sem perguntar a ninguém se era assim que deveria ser. Num espetáculo digno de um Fashion Week, onde dizem uma estilista foi uma das responsáveis na criação, ao som de musica própria eis que fizeram a apresentação. Dezoito tipos dançantes mostrando a nova performance do novo vestuário e ali queriam decretar o fim do verdadeiro líder, aquele que se posou para a posteridade como um uniforme conhecido por toda população do Brasil durante 80 anos.

Se hoje alguns se ressentem com a confecção, com o péssimo gosto do tecido que desbota e nem mesmo pode ser considerado uma vestimenta durável, com fácil combustão para atividades mateiras, poucos se queixam. A uma aceitação soberba de disciplina que nem pensa nos seus direitos. O preço não importa. A maioria pode pagar. Liberdade de escolha ainda existe, mas o sonho dos soberbos lideres é ter um só uma só apresentação. Um dos notórios lideres convenceu da modernidade de colocar a camisa solta em cima da calça. Bendito seja! Os novos chefes, aqueles que não vieram do passado adoraram e deram seus exemplos para seus novos pupilos que nem sonham com o valor da tradição enterrada em um cemitério qualquer onde jazem os antigos escoteiros que tiveram seu orgulho em vestir o que acreditaram ser a verdadeira apresentação escoteira. Costumo brincar que não se precisa de cinto. Amarre a calça com embira barbante sisal ou cipó. Rarará! Sem ofender, desculpe!

Vejo constrangido diversas posições de chefes nas redes sociais ou mesmo em conversas privadas usando tal vestuário, sem se importar com a apresentação ou mesmo não se importando o que pensa a comunidade que ainda aplaude o escotismo que hoje fechado entre muros de sedes à maioria nem sabe onde estão. As cantigas, as marchas, as idas nas ruas da cidade para as jornadas, os grandes acampamentos de tropa, os azulões (lobinhos) que estão deixando de existir foram transformados nas nova mentalidade de uma tal modernidade que nem sequer respeitou o desejo de uns e outros que pensavam de maneira diferente. Me escondo no que escreveu Baden-Powell: - Tem gente que um gansinho, daqueles que vão atrás... Nas pisadas do pai ganso, vai correndo o filho atrás. Sem ofender a quem quer que seja!