segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Os pais dos escoteiros.


Conversa ao pé do fogo.
Os pais dos escoteiros.

                      Era uma noite calma, até quente para aquele mês, eu e mais doze chefes estávamos sentados em volta de um foguito quando o Chefe Popeye soltou esta: - Seria muito bom se não tivéssemos pais para encher a paciência! Olhamos espantados para ele. – Não se fez de rogado – Veja só continuou quando chegam ao grupo temos que perder um enorme tempo para explicar as vantagens do escotismo. Depois mais um tempo enorme para mostrar o que podemos fazer para ajudar. E olhe, tem muitos que nem prestam atenção só olhando para o relógio como se ele fosse mais importante com a formação do seu filho. Perdemos um enorme tempo tentando incutir em suas cabecinhas o método Escoteiro e o principio de aprender fazendo. Quando comentamos sobre os acampamentos é um Deus no acuda! – Tem cobra? Tem carrapato? Tem Leão e onça? Mas Chefe ele vai comer a comida lá do mato? Quem é o cozinheiro? E os remédios dele? E se ele tiver fome? Coitadinho do meu filhinho!

                      Queira ou não nenhum Chefe deixou de pensar e concordar em parte com o que o Chefe Popeye dizia. Seria muita pretensão pensar que eles um dia pudessem ter sido escoteiros e já chegassem sabendo de tudo. – Afinal continuou o Chefe Popeye – Já contaram o tempo que perdemos com eles? Fazemos visitas em suas casas e eles dificilmente vão às nossas. Motivamos sua presença na reunião de pais que de pais só tem nome, pois a maioria que aparecem são mães. Todo sábado a maioria leva seus filhos na reunião e muitos nem terminou o tempo ficam no pátio a olhar para o relógio como se estivéssemos atrasados! Sorri para mim mesmo. Nesta parte eles tinham razão. E nos acampamentos? A mãe a abraçar o filho ou a filha, o pai nos olhando como se fossemos fazer uma sopa do filho dele. E os avisos? – Meu filho tem isto e aquilo! Qualquer coisa corra com ele para o hospital e nos avise!

                   Ninguem cortou o Chefe Popeye. Ele de cabeça baixa, olhando a grama molhada da noite enluarada sorria baixinho. – Sabem, tem uma mãe que teve a pachorra de me dar uma enorme sacola com tudo que ele comia, pois era enjoado e não comia qualquer coisa! – E a lista dos remédios? Enorme. As tantas deem isto a ele, as tantas mais estas e assim vai a lista sendo programada para os três dias de acampamento! E se você precisar deles? Tem alguns que aceitam logo seu convite. Querem ficar perto dos filhos e se resolvem participar como chefes tome cuidado. A proteção que dão nos faz ficar vermelhos de raiva. Afinal ele não foi ali para aprender a viver a vida como ela é? Aprender a se virar sozinho? Aprender a fazer fazendo?

                  Pois é, não tiro a razão do Chefe Popeye. Claro que tem muito do que ele disse que não é assim, mas tem outras que ele está inteiramente certo em suas ponderações. Como somos um movimento quase desconhecido, nossos marketing deixa a desejar. A maioria dos pais nem sabem para que serve o escotismo. Sempre é o menino ou a menina que se entusiasma e na primeira vez recebe um senão dos pais. Eles não desistem e um dia lá está ele com seu filho para matriculá-lo. Os pais não a mãe. O pai sempre está ocupado. Não dizem que mãe é mãe? Olhei para o Chefe Popeye e na minha mente completei um pouco de suas ponderações. Realmente na maioria dos grupos é uma dificuldade arregimentar os pais. Quando fazemos uma Assembleia não perguntamos qual seria o melhor horário e dia. Nunca chegaríamos a um consenso comum.

                     Hoje com a entrada de milhares de pais tudo tem mudado um pouco. Mas ainda vejo comentários deles dizendo o que fizeram com seus filhos, que eles são prejudicados, que o Chefe tal não os ensina que o monitor é mal educado e assim vai. Será que estes pais que chegaram agora estão mesmo ajudando ou prejudicando a formação do seu filho conforme preceitua o método Escoteiro? Sei que teremos leitores mil a dizerem e até aconselharem a melhor forma de agir. Eu posso até concordar em tese, mas não sei se na prática seria assim mesmo. Posso afiançar que nenhum Grupo Escoteiro dentro do pensamento da UEB através dos seus estatutos pode viver sem eles. Os pais são o baluarte e a segurança de uma unidade escoteira. Mas lembremos que pai é pai, Chefe é Chefe. O respeito de ambos deve ser fato primordial e até não vejo dificuldade de uma conversa franca para amenizar discórdias.

                               Já pensaram continuou o Chefe Popeye se os pais tivessem sido escoteiros? Beleza! Meio caminho andado. Hoje se não tivermos uma comunidade local que dá apoio à maioria dos grupos não sei se teríamos escotismo em muitas cidades brasileiras. A manutenção do Grupo Escoteiro não é fácil. Parodiando o Chefe Popeye se os chefes não andarem com suas próprias pernas o sucesso será impossível. O convencimento, o trabalho individual com cada um deles, o apoio para arregimentação de fundos, os planos de sede própria tudo deveria ser de responsabilidade dos pais ou da comunidade próxima onde vivem. Mas não é assim que acontece em muitos Grupos Escoteiros. Tive experiências em diversas comunidades com Grupos Escoteiros. Em qualquer uma é possível fazer um bom escotismo, mas insisto, o trabalho não pode de maneira nenhuma sem a cooperação dos pais. Falta a presença de um profissional competente para fazer o marketing necessário onde todos pudessem ver as vantagens educacionais do escotismo.

                                 As regiões tentam a sua maneira colaborar, mas esta é mínima. Dar uma Autorização Provisória, ter a presença de um Escotista na abertura do grupo é muito pouco. Logo ele terão de andar com suas próprias pernas, os lideres correrem atrás de cursos, de literatura e a falta de um conhecedor do escotismo, bom conferencista para atender a demanda dos grupos em suas cidades é nula. Os distritos não vou a tanto. Eles salvo raríssimas exceções não tem meios financeiros de sobrevivência. Se não é o altruísmo e a força de vontade em ajudar do Comissário Distrital nem sei se existiriam distritos. Seria maravilhoso se os pais viessem já sabendo das vantagens do escotismo. Mas muitos deles olham com desconfiança, pois sabem que seus filhos precisam estar em mãos de pessoas competentes e o Chefe seria responsável a ponto de confiar?


                     Afinal quem iria ganhar com isto não é o Chefe e sim ele próprio e seu filho. Sei que existem diversas formas para arregimentar e motivar os pais. Mas sei também por experiência própria que sem o trabalho do Chefe nada irá dar certo. Chefe Popeye tem razão em muitas coisas. Ser Chefe Escoteiro hoje em dia não é fácil. Tem que ter altruísmo e abnegação se não desiste logo. Penso como o Chefe Popeye. Falta ação dos nossos dirigentes. Afinal valorizar os nossos voluntários escoteiros deveria ser uma norma diária na formação de um Grupo Escoteiro.

Nota de rodapé: - Você é pai de um escoteiro ou escoteira? Quem sabe de um lobinho ou Lobinha, pode até ser pai de sênior ou guia não importa. O importante mesmo é que haja diálogo, troca de ideias e respeito entre o Chefe e os pais. Participar é válido desde que pense que vai ajudar a todos e não ao seu filho ou filha. O artigo não diz muito, talvez falte mais dados e olhe eu não tiro a razão do Chefe Popeye. Leia e veja se estou errado ou não. 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

No Escotismo, o livro da Selva vem em primeiro lugar.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
No Escotismo, o livro da Selva vem em primeiro lugar.

                 Sei que todos nós do movimento escoteiro já ouvimos falar de Mowgly, o menino lobo. É impressionante como uma história escrita há tanto tempo (foi publicado em 1893 e baseado em fatos de 1850/60) conseguiu manter os leitores de hoje ligados no que vai acontecer. No Livro da Selva cada parte têm um clima diferente e sei de vários afcionados por uma história por um bom livro que já o leram mais de uma vez. Muitos criticos literários dizem que ninguém deveria ser autorizado a chegar na idade adulta sem ter lido o Livro da Selva. São histórias que conservam todo o encanto, onde Kipling alimenta as tantasias de todas as crianças com as aventuras do jovem Mowgly perdido nas florestas de Seeonee junto a uma Alcateia de lobos.

                São histórias fantásticas que prendem do começo ao  fim. Um menino que vive entre cobras, panteras, ursos lobos e tigres e que desenvolveu sua argucia e a sua força prende e da asas à imaginação de qualquer leitor. Intercaladas por muitas narrativas da selva, como a de Rikki-Tkki-}Tavi, Baloo e Bagheera dão vida e contribuem para conferir maior riqueza e profundidade de uma linda história. O Livro da Selva é uma obra prima da literatura juvenil de todos os tempos. O Escritor e poeta Rudyward Kipling nascido na Índia, foi o primeiro cidadão ingles a ganhar o Premio Novel da Literatura.  

                As suas histórias baseadas na sociedade inglesa na Índia colonial renderam-lhe o reconhecimento na Inglaterra principalmente pelo mais conhecidos contos das aventuras clássicas de animais. As histórias de Mowgly inspirou Lord Baden-Powell fundador do escotismo a dar vida ao novo ramo que iniciava com suas primeiras passadas. Kipling pessoalmente aprovou o pedido expresso de Baden-Powell para a utilização de todas as histórias do Livro da Selva.

                As publicações de Kipling divertiram crianças e adultos em todo o mundo. Vejamos algumas: - "Kaa's Hunting". Esta história ocorre antes que Mowgli bata Shere Khan. Quando Mowgli é seqüestrado por macacos, Baloo e Bagheera partiram para resgatá-lo com a ajuda de Chil the Kite e Kaa the python. Em Tiger! Tiger!" Mowgly volta para a aldeia humana e é adotado por Messua e seu marido que acreditam que ele é o filho de sua longa vida, Nathoo. Mas ele tem problemas para se adaptar à vida humana, e Shere Khan ainda quer matá-lo. O título da história é tirado do poema "The Tyger" de William Blake.

                "The White Seal": Kotick, um raro selo de pele branca, busca um novo lar para o povo, onde eles não serão caçados pelos humanos. A história pode ser considerada uma alegoria para o movimento sionista, cujos esforços para encontrar uma pátria judaica começaram na mesma década quando Kipling escreveu o livro. "Rikki-Tikki-Tavi": Rikki-Tikki, o mangusto, defende uma família humana que vive na Índia contra um par de cobras. Esta história também foi publicada como um livro curto.

                 "Toomai dos Elefantes": Toomai, um menino de dez anos que ajuda a cuidar dos elefantes que trabalham, é informado de que ele nunca será um manipulador de elefantes de pleno direito até que ele tenha visto os elefantes dançar. Esta história também foi publicada como um livro curto. Em os “servos de Sua Majestade" (originalmente intitulado "Servos da Rainha"): Na noite anterior a um desfile militar, um soldado britânico espiava uma conversa entre os animais do campo.

               Aqueles que pensam que o Livro da Selva é só um livro infantil sem maiores atrativos, estão enganados. Este livro foi escrito para as crianças sim, mas não tem nada de bobo ou engraçadinho: as histórias são maduras, tensas, amedrontadoras… A criança que cresce ouvindo essas histórias é aquela que tem maior senso crítico, maior cultura e maior inteligência do que aquela de cujos pais se contentaram em mostrar o desenho da Disney.

               O Livro da Selva, além disso, é mais do que somente a história de Mowgly – que, em si, fala do ato de crescer, do amadurecimento e dos ritos de passagem para a vida adulta – mas é também uma série de contos com diversos protagonistas e poesias que são uma declaração de amor aos animais, à natureza e à própria Índia. Apesar de tantos outros livros escritos não só por Baden-Powell como por muitos escritores famosos no Escotismo, o de Kipling é o que mais chama a atenção. A mística surge aos borbotões, a Jângal os lobos, Shery Kaan e os animais amigos de Mowgly Balu e Bagheera dão sabor em todas as histórias ali narradas.

                As mensagens, as conversas dos animais, as frases típicas deram vida a um ramo escoteiro que prende não só as crianças, mas todos os adultos que ali vão viver junto aos lobos as peripécias de Mowgly, o “Menino Lobo”.


Não poderia encerrar este breve relato sem postar uma das melhores frases de Rudyard Kipling: - “Nenhum homem tem o dever de ser rico ou grande ou sábio, mas todos têm o dever de serem honrados”. 

Nota de rodapé: - 
Publiquei aqui algumas histórias baseadas no Livro da Selva de Rudyward Kipling. Como sempre os aficionados do ramo lobinho me deram a honra de ler e comentar. Cada frase cada pensamento mostra como as histórias de Seeonee atraem multidões. A todos que escreveram meu muito obrigado. Que este maravilhoso ramo seja a porta de entrada para um escotismo vivido com o coração. A todas as Alcateias que vivam com Mowgly viveu. Abraços fraternos.

sábado, 21 de outubro de 2017

Anotações de Baden-Powell – Número 2. Apenas basta sorrir!


Anotações de Baden-Powell – Número 2.
Apenas basta sorrir!

“Quando tudo vai mal e parece inclinado,
    A tornar-se pior e mais turvo a seguir,
   Não dê coices, nem grite e não fique afobado;
        Apenas basta sorrir.

           Quando alguém, a você, quer passar para trás.
              E tomar mais que a parte que lhe competir,
                Seja firme, gentil e paciente rapaz:
                  Apenas basta sorrir.
             
                     Mas se um dia você ficar “cheio“ demais
                       (certas vezes você ficará abafado)
                           Não podendo sorrir, não se irrite jamais
                              “Apenas fique calado”.
                  Do Livro o Caminho para o Sucesso. Baden Powell.

Boa disposição.
- A falta de riso significa falta de saúde. Deves rir tanto quanto puderes que te faz bem; por isso, sempre que puderes dar uma boa gargalhada ria à vontade. E faz rir os outros também quando puderes, visto que lhes faz bem. Se estiveres a sofrer, ou em apuros, faz por rir da tua dor ou das tuas preocupações; se te lembrares disto, e te obrigares a rir, vais ver que te faz realmente bem. Uma dificuldade deixa logo de ser uma dificuldade assim que te rires dela e a enfrentares.

- A vida do Escoteiro torna-o tão jovial que ele está sempre a sorrir. “Um sorriso leva duas vezes mais longe do que uma careta”. Uma palmada amigável nas costas é um estímulo mais poderoso do que uma picada de alfinete. Se olhares para um verdadeiro lobo, vê-lo-ás sempre de focinho franzido, como se estivesse a sorrir. Então, o lobinho também deve andar sempre sorridente. Mesmo que não te apeteça sorrir - e por vezes até podes ter vontade de chorar - lembra-te de que os lobinhos nunca choram. Com efeito, os Lobinhos sorriem sempre, e quando têm problemas ou estão com dores, quando estão em apuros ou em perigo, sorriem sempre e aguentam.

Nos Lobinhos, o sorriso do escoteiro deve ser um riso aberto. O riso neutraliza a maior parte dos defeitos das crianças e promove a alegre camaradagem e a abertura de espírito. O rapaz que muito ri pouco mente. Uma Escoteira anda sempre a sorrir e a cantar, dando alegria aos outros e a si mesma, especialmente em tempos de perigo, pois mesmo então nunca deixa de fazê-lo.
«Ri enquanto trabalhas» (lema sugerido para as Escoteiras)

Em geral, existe sempre um lado divertido até mesmo nas piores alturas. O bom humor é tão contagioso como o sarampo. Uma boa dose de riso é um banho para o cérebro. Com carácter e um sorriso, o rapaz vencerá os males que se lhe deparem no caminho. Há muito tempo, descobri por experiência própria quanta verdade existe no ditado; «Um sorriso e uma bengala ajudar-te-ão a atravessar todas as dificuldades que há no mundo»; e quando ganhei mais experiência, percebi que normalmente até se pode deixar a bengala em casa.

Se um rapaz se habitua a mostrar um semblante alegre quando vai pela rua, já faz muito. (Não nos esqueçamos de que ele adquire este hábito graças ao exemplo do seu Chefe). A sua atitude ilumina e torna mais felizes muitos dos que passam por ele, comparada com as deprimentes centenas de caras tristonhas com que também se cruzam. A alegria e a tristeza são tão contagiosa uma como a outra.
«Um sorriso é a chave secreta que abre muitos corações».

As Escoteiras nunca resmungam perante as dificuldades, nem refilam umas com as outras, nem se põem de má cara quando ficam de fora. Acho que nós, os Escoteiros, podíamos acrescentar mais uma às sete virtudes cristãs - concretamente, a boa disposição. Há uma divisa que afirma: “Sê bom, e serás feliz”. A minha versão é: “Sê bem disposto, e serás feliz”.

Vede sempre o lado melhor das coisas e não o pior.

Nota de rodapé: - Hoje dia de reunião poucos irão ler agora a magnifica interpretação de Baden-Powell sobre a alegria e o riso. Sei que quando saírem da reunião na primeira oportunidade irão ler. Vale a pena. BP foi um homem além do seu tempo. Em tudo que fez e criou. “Sê bem disposto, faça uma boa ação e serás feliz”.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Crônicas de um Chefe escoteiro. Finalmente cheguei a Gilwell Park.


Crônicas de um Chefe escoteiro.
Finalmente cheguei a Gilwell Park.

                Duas da manhã. Cochilando ainda escrevia meu novo livro. O telefone tocou. Parei de escrever pensando se o titulo era correto: - “Dez passos para ser um Politicamente Correto da UEB”. Atendi. Surpresa, nada mais nada menos que o Scout Bear Grylls, celebre Escoteiro Inglês e muito meu amigo. – Chefe Vado Escoteiro, desculpe incomodar esta hora, mas recebi da Rainha Elizabeth Alexandra Mary Windsor Isabel II para convidar o Senhor a uma recepção no Palácio de Buckingham. Estarão presentes toda a realeza e o Principe Willian me incumbiu de dizer que é seu fã. Conversamos como bons amigos no idioma inglês no melhor estilo Oxfordiano. Confirmei minha ida.

                Em Cumbica tomei meu lugar na primeira classe em um voo da British Arways. A simpática Flight Attendant (aeromoça) me recebeu como se eu fosse um Chefe de Estado. – Sir Osvald! Desculpe chamá-lo assim, mas me disseram que receberá o título das mãos da Rainha e saiba que também sou sua fã! – Demais. Linda, simpática, graciosa falando assim com o Chefinho Vado matuto das Minas Gerais. Foi um voo tranquilo. Durante a viagem beberiquei um autêntico Ballantines que escolhi dentre os Blach and White, Buchanans e Burrberrys. No almoço Pedi uma Omelete de cinco mil dólares, igual a que comi no Norma’s Restaurante e no Hotel Le Parker Meridien em Nova York.

                  Pousamos as 6:15hs no Aeroporto Heathrow. Gosto da pontualidade britânica. Atrasamos seis segundos e o Comandante Ehlmut Wick, filho do célebre aviador da Segunda Guerra Major Helmut Wick pediu desculpas pelo atraso. Eita povo de Baden-Powell, são demais! Uma limusine me esperava e fui direto para o Palácio da Rainha. Soube que a Câmara dos Lords iria formalizar meu titulo de Lords cujo certificado já recebera via Correios com seis meses de atraso. Eita correio do Brasil não tá com nada! Porque tanta homenagem? Será pelo fardão que me entregaram com o titulo dado pela Academia Escoteira de Letras? Ela ainda não existe e tem muitos dando palpite.

                  Fiquei pouco tempo no Palácio. Meu intuito era ir direto a Gilwell Park para o Fogo de Conselho do Ano. O convite era de Baden-Powell meu velho amigo a quem admiro muito. Bear Grylls fez questão de me levar. Estava sem graça ao dizer: - Chefe Sir Vado, recebi um telegrama das autoridades escoteiras brasileiras. Disseram que o senhor não tem registro, veste o caqui em vez da vestimenta, não usa a camisa prá fora e não pagou a taxa de viagem a eles em dólares. Pediram para não receber o senhor. Pensei comigo: - Que autêntica palhaçada! Risos.

                 No célebre portão de entrada de Gilwell, vi o machado cravado num tronco, idealizado por Francis Gidney a quem todos chamavam carinhosamente de “homem-rapaz”. O machado se tornou um símbolo do Parque de Gilwell. Foi construída uma cabana no parque com o nome do seu benfeitor Francis Gidney que até hoje é usada. O pior estava a acontecer. Não sei se à custa deles ou da UEB diversos dirigentes brasileiros estavam lá gritando que eu não poderia entrar. Cambada de idiotas! Foi então que Percy Bantock Nevill, um espirito amigo me levou por outra trilha onde confirmei que é mais verde a grama lá em Gilwell.

                Minha visão se estarreceu. Em volta de um pequeno fogo sentados em tocos de madeira lá estavam: - Lord Baden-Powell, Percy Bantock Nevill, John Gayfer, Francis Gidney, o escoteiro americano Frederick Russell Burnham, Sir William de Bois Maclaren, a esposa de BP Olave St. Clari Soames, a Chefa americana Juliette Lowe, a Srta. Vera Barclay, Sir Percy Everet, Jonhn Thurman e muitos outros. Ops! Esqueci-me do meu amigo Floriano de Paula e Darcy Malta. Estava embasbacado! Não merecia tamanha honraria. Aproximei-me deles, todos ficaram de pé e vieram me abraçar. Chorei. Isto sim era fraternidade diferente dos dirigentes e donos do poder do escotismo no Brasil e em alguns países do mundo.

               Baden-Powell com seu sorriso cativante me convidou a sentar ao seu lado. Quando ele ia fazer a abertura do fogo, quando começou a chamar os Ventos do Norte, os Ventos do Sul eis que uma cambada de Politicamente Corretos da Escoteiros do Brasil invade o campo. Aos gritos de acabem com o Vado Escoteiro, acabem com esta tradição besta, eles não estão registrados e não tem direito de se chamar escoteiros. Nós sim, temos registro no IMPI! Quanta boçalidade. Graças a Deus que ao meu lado estava meu bastão escoteiro de um metro e setenta, duas e meia polegadas com ponteira de aço. Eles iriam ver como eu era no jogo dos bastões que aprendi com um Zulu nas Matas de Luanda.

              A coisa começou a pegar fogo. Levei um catiripapo na orelha. Tentei revidar, mas nunca vi tantos puxas saco da UEB reunidos. A gritaria era demais. Os Grandes chefes do Passado estavam perplexos com tudo aquilo. Eles eram fraternos, irmãos, davam as mãos a todos que amavam o escotismo independente de sua condição, raça, cor ou escolha pessoal da associação. Tremia de raiva, não sabia mais o que fazer. Apanhava e batia. Gritava feito um louco. Uma vozinha doce e suave me chamava:


              - Vado Escoteiro, acorda! Acorda meu querido. Outra vez estes pesadelos? Marido, você precisa ter mais calma, afinal aprendeu que a fraternidade não é só uma palavra é muito mais. – Sábia a minha mulher. Perdi o melhor de tudo, o fogo de conselho que sempre imaginei participar. Mas me desculpem estes politicamente corretos, será este mesmo o escotismo que querem fazer?

Nota de rodapé: - Ops! Não se revoltem. Calma, é apenas um artigo divertido e sem nexo do Chefinho Vado. Sem ofensas. Não me levem a mal. Sou um pobre escoteiro metido a escritor que gosta de escrever sobre tudo. A história é inverossímil e sem cabimento. Assim não me processem, pois os que me conhecem sabem que não posso ser processado. Sou duro, não pago advogado e nem tenho onde cair morto! Kkkk. E viva Baden-Powell!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Técnicas de dobras de lenço Escoteiro


Conversa ao pé do fogo.
Técnicas de dobras de lenço escoteiro.

               Tem técnicas? Risos. Acho que não. Cada um dobra como aprendeu. Com ferro de engomar, enrolando com os dedos, conheci um Chefe que cortou um galho reto sem fissuras e depois de limpar e envernizar o usava para enrolar o lenço. Muitos custam a lavar e outros lavam toda semana. É questão de escolha e gosto. Os primórdios do lenço dizem que BP copiou dos cowboys americanos, outros dos exploradores africanos e australianos. Todos davam só uma volta e colocavam n pescoço. Tem história o lenço, já contei aqui um dia deste volto a postar novamente.

                Hoje quero mostrar uma dobra de lenço que nada tem de inédito. Sei de mais de um milhão escoteiros que já fizeram assim. No passado (tem gente que não gosta, poxa! O que eu posso fazer?) “entonse” no meu tempo de escoteiro a gente ia aos acampamentos e muitas vezes ficava lá dias e dias. Nas férias eu acampei diversas vezes por mais de quinze dias. Meu Chefe ia visitar uma vez por semana. Não podia ficar lá o tempo todo, pois era como vocês hoje, escravos do tempo, trabalhando como um danado para comprar o pão e o leite das crianças.

                 Nestes acampamentos sabíamos quando ele chegasse ia fazer inspeção e o uniforme era o mais cobrado. Tínhamos uma técnica própria para passar o uniforme depois de lavado e o lenço. Coisa simples que quatro ou cinco varas de marmelo não podia resolver. Bem sei que muitos conhecem varas de marmelo de outra forma, mas hoje o tal Estatutos da criança proíbe. Um tapinha, delegacia, xadrez e ouvir sermões do delegado. É duro, pois muitas veze o cara nem tem filhos e vem querendo ensinar como agir. Saudades da mamãe e sua vara de marmelo.

                Esticadas entortadas lá ia secar o uniforme e o lenço. Duas horas depois de sol quente era tirar com calma dobrar guardar e esperar a hora certa para vestir e formar em frente ao pórtico de campo esperando o Chefe chegar. Foi numa dessas que me lembrei de um fato acontecido há anos passados. Eu estava na casa da Chefe Cida, uma formadora residente em São Caetano, e lá estavam também diversos chefes de uma seita, Ops! Digo Grupo de amigos do Google se confraternizando. Uma atividade gostava repetida anos depois. Eram bons abraços, bons apertos de mão, bons sorriso e sempre um semblante mostrado de bons companheiros.

                 Eis que chegou a hora de tirar a foto oficial. Um amigão estava a enrolar o lenço em uma mesa. Porque não ajudar? Lá fui eu intrometido a dobrar seu lenço no método boca dedo, criado por um Zulu com quem encontrei em sonhos na Caverna dos Macacos no alto do Kilimanjaro. Todos passaram a me olhar como se fosse um ET escoteiro recém-chegado do espaço. Sei que poucos imaginaram que se podia enrolar assim! A turma se divertiu a valer. Muitos contaram como enrolavam e as técnicas utilizadas. Se ainda não conhecem este modo simples, fiquem a vontade para treinar e se divertir. Afinal nos acampamentos não tem mesa nem ferro de passar.

                E chega por hoje. Quem gostou, gostou quem não gostou paciência. E olhe uma vez fiz este comentário e nossa! Houve milhares a demonstrar outros métodos que conhecia e sei da sua validade. Lenço, agora é um símbolo para demonstrar que é escoteiro. E “vamo que vamo” mais tarde tem conto e boa noite. Até mais...

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Poemas do Chefe Osvaldo. Poemas, poesias sempre encantam. Porque não publicar uma?


Poemas do Chefe Osvaldo.
Poemas, poesias sempre encantam. Porque não publicar uma?

No mundo da fantasia... Mora a escoteira Luzia.

No mundo da fantasia, vivia a escoteira Luzia.
Sorriso alegre bem faceira, uma linda escoteira,
Na Tropa da imaginação, Luzia entregou seu coração.
Sonhava noite e dia, para o escotismo vivia.

Morava em uma tapera, encantada em sua quimera,
Entregou-se a uma ilusão, e ao escotismo seu coração.
Só falava só cantava na patrulha que amava.
Não importavam os ventos, adorava acampamentos.

Tinha um sonho dourado, e Deus seja louvado,
Sem criar desavença, montar uma barraca suspensa.
O tempo sem um final, no campo deitou temporal.
E na chuva molhada, a patrulha ela gritava:
Irmãos consegui. Na barraca sobrevivi.

Zé Santana, Nonatinha, Lovegildo e Renatinha.
Ela, Tonho monitor, todos da patrulha Condor.
Reuniões, saudação amores e dissabores.
E no aperto de mão mostravam que eram irmãos.

Noites viagens ligeiras, dormindo sob as estrelas,
Conquistas e façanhas, escalando belas montanhas.
Bussola, Rosa dos ventos, chuva toma tento.
Ela participava e sorria, assim era a escoteira Luzia.

Mas a vida não é sorriso, e tudo parece improviso.
Eis que de repente, alguém a olha sorridente,
Ela se ergue no ar, é o príncipe do além mar!
Olá, sua voz ecoou! Seu coração disparou!

E assim em poucos instantes, iniciou um romance.
Foi amor de improviso que aumentou seu sorriso.
Mas ele com seu gesto mostrou não ser honesto.
Amou Vania, amou Vanda, amou demais Maria Ana.

A bela não mais sorria coitada da linda Luzia.
Tinha abandonado as amigas, chorava com suas cantigas.
Escoteira tomou resolução. Ele não vai partir meu coração.
Escoteira acorda e não dorme, vá vestir seu uniforme.

Voltou, esqueceu-se da ilusão. A todos pediu perdão.
Na bandeira bem faceira, sorria a bela escoteira.
Junto aos amigos de fato, a todos deu um abraço.
A historia termina em euforia, Voltou à escoteira Luzia.

Que jurou o seu amor, a patrulha do Condor!        


Nota de rodapé: Meus amigos tomem acento,
Neste belo acampamento.
Em sonhos fui acampar,
E resolvi poetar...
E chega de romarias,
Apresento a escoteira Luiza.
Se gostarem batam palmas,
Se não cuidado com suas almas.
Abraços fraternos.

domingo, 15 de outubro de 2017


Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
O poste.

                            Ele não sabia há quanto tempo estava ali naquele Grupo escoteiro. Podia chover fazer sol e lá estava ele firme sem reclamar. Afinal aprendeu a ser um mero cumpridor de ordens. Bem não vamos ser tão críticos, mas o poste nunca recebeu um tapinha nas costas um obrigado ou um incentivo. Ele sabia que era um poste e sua utilidade era uma só. Segurar os fios do telefone e força elétrica e esperar as ordens do seu superior hierárquico no Grupo Escoteiro. Mais nada. Mais nada? Ele sabia que ninguém invejava a vida de um poste. Mas cá prá nós, ele se sentia satisfeito, o sorriso da moçada, da lobada e isto o fazia sorrir também.

                            Acreditava piamente que fazia sua parte na formação da juventude no país. Um dia ele se achou mais importante do que era, mas alguém achou que não. Mandaram calar e se não estivesse satisfeito que procurasse outro lugar. Notou que em todos os Grupos Escoteiros que visitava sempre tinha um ou mais postes. Sabia que neles muitos foram trocados por se revoltarem com sua condição de poste. Uns por velhice outros por atraírem beijos da meninada e logo o acusavam de tudo. Ele se comparou ao poste da esquina. Os veículos eram atraídos como mel nas flores e soube que o anterior um raio o partiu ao meio. Bem ele sabia que nenhum deles fez falta. Quem sabe pensou se um dia se revoltasse poderia dizer que eles os postes eram de uma casta muito importante?

                     Ele sabia que os demais chefes riam a beça dos postes. Não tinham o mínimo de respeito por eles. - Aqui é o fim da fila? - Uma Assistente de tropa perguntou só de gozação. Ele riu e respondeu: - Não, não, é o começo, só que estou de costa. Pois é, ela brincou, tome cuidado com os cães! Adoram fazer de vocês postes banheiro publico. E olhe que algum “bebum” pode passar e acha que você é um vaso sanitário. Ele ficou pensativo. - E daí? - Quem poderia se incomodar com ele? Não tinha dúvida nenhuma que era um poste. Mandavam-lhe varrer a sede, fazer limpeza nos banheiros e nos acampamentos lhe davam serviços de segunda categoria. Se o “bebum” escorava nele, se entortava todo e em dado momento caia esborrachado no chão não era seu problema. Ele pensava e ria. O que diria? - Nossa, caiu? - Não, senti atração pela Terra e decidi abraçá-la. Ele ria afinal chorar para que? Ele era apenas um poste. Ele gostava da escoteirada, da lobada e isto o fazia feliz. Fingia não ver os erros que os chefões faziam, e mesmo ele tentando ajudar sabia que sua ajuda não teria valor.

                     Um dia ouviu um Diretor Técnico chamar os outros chefes e dizer: - Não é melhor o mandar sumir? Afinal é um poste e como tal é um verdadeiro perigo! Nenhum poste poderia ser pretendente a um Chefe Escoteiro. Porque não? Perguntou a Akela mandona. - Porque se vier alguém em alta velocidade impreterivelmente vai bater nele. Era verdade. Ele não sabia por que as batidas eram sempre em cima dele. Quando ouvia um cantar de um pneu fechava os olhos esperando a batida. Tentou tudo para deixar de ser um poste e não conseguia. Por quê? Será que era o seu destino? Interessante que ele não sabia das estatísticas do SIGUE que todos os dias eram centenas de postes que apareciam para ficar em uma esquina esperando uma batida.

                     Afinal e pensando bem, eles os postes não eram imprescindíveis? Será que os Grupos Escoteiros poderiam viver sem um poste? Ele passava a maior parte do seu tempo pensando nisto. Como fazer para desviar dos chefes e suas ordenanças estapafúrdias. Reclamar? Ele sabia que não podia, afinal era um poste pombas! Ele sabia que desde os primórdios do escotismo existiam os postes. E olhe que sempre tinha um para lhe recordar que o poste Escoteiro é obediente e disciplinado.

                        Mesmo se fosse de família importante ele não deixava de ser um poste. Pensou em fazer uma Indaba com todos os postes do Brasil. Vamos nos revoltar? Vamos mudar de esquina e ir ser poste em outro lugar? Ele não gostava das eleições. Todos se julgavam no direito de colar cartazes, santinhos e ele ficava uma sujeira só. E depois diziam que eles eram civilizados e ele um poste.  E as piadas? Detestava. Tá lavando a calçada? – Não, tô regando prá ver se nasce aqui um pé de poste. Era assim nos fogos de conselho. A escoteirada e lobada ria a mais não poder. Alguns sentiam pena, mas eram motivados pelos durões chefes Escoteiros. Sonhou um dia que um policial deu um tapa num marginal e o prendeu no poste. Era ele. Não pode fazer isto aqui, ele queria dizer ao policial. Mas ele nem aí. Deixaram o marginal lá por dois dias e depois soltaram. Ele teve de ficar ouvindo o matraquear do marginal que prometeu matar ele, seu pai, sua mãe e todos que tinham seu sangue.

                        É, dizem que é isto mesmo. Poste é poste e não adianta discutir. Está ali para ser mandado, sabe que sua estirpe, sua árvore genealógica sempre foram postes. Quem sabe um dia iriam reconhecer seu trabalho? Afinal poste é poste e ser humano é ser humano. Não diziam que o espelho das sombras é um poste iluminado? Afinal será que você quer passar o resto da vida vendendo ilusões ou quer ter uma chance de mudar o mundo? Isto dê o primeiro passo, deixe de ser poste, educadamente mostre que você pode fazer tão bem como eles fazem e se não acharem assim, o melhor meu amigo é por seu boné e procurar outra esquina e continuar sendo um poste!


                      Pois é, e o pior é alguém sentir sua falta. Isto pode acontecer? - Cadê o poste? O poste sumiu! E o au, au que queria fazer xixi? Cadê o poste!  O poste já era. O poste foi ser Chefe Escoteiro em uma esquina da vida. Lá aprendeu qual a diferença de um poste e aquele que é amigo de todos e irmãos dos demais Escoteiros. Sei que em muitos Grupos Escoteiros tem um ou mais postes. Aqueles que deixam o tempo passar sem preocupações. São aqueles bem mandados, que aceitam tudo, que não discutem e sempre com um sorriso nos lábios a dizer: sou feliz, pois amo esta meninada e faço tudo por eles. O que outros fazem não me preocupo. “Seria ele um poste”?

Nota de rodapé: -- “A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz! Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente. B-P. E eu completo: Afinal você não é um poste!

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Pérolas dos livros de Baden-Powell.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Perolas dos Livros de Baden-Powell.

                      Nos cursos escoteiros que tive a honra de dirigir ou colaborar, sempre disse a todos os chefes voluntários que sem ler pelo menos duas vezes os Livros do Fundador (Caminho para o Sucesso, Escotismo para Rapazes e Guia do Chefe Escoteiro e o Guia do Lobinho) não poderiam ter uma ideia de como participar agir e fazer o Escotismo que ele idealizou. Sei que hoje tem centenas de livros, livretos, apostilas e etc. nas lojas escoteiras, mas se não tiverem lidos os principais ninguém em sã consciência mesmo sendo portador da Insígnia de Madeira pode dizer que está preparado para formar e adestrar lobos e escoteiros. Deixei anotado aqui algumas perolas retiradas de suas publicações. Anotei poucas delas. Seus versos e suas frases mostram como podemos praticar o escotismo do Fundador.

Pérolas do fundador:
- Um sorriso é a chave secreta que abre muitos corações. Nenhum homem pode ser chamado de educado, se não tem uma vontade, um desejo e uma habilidade treinada para fazer a sua parte no trabalho do mundo. - Nosso método de treinamento é o de educar a partir de dentro, em vez de instruir a partir do exterior, oferecendo jogos e atividades também atraentes para o rapaz. Educação moral, mental e física. - “Sem Chutar o IM sílaba da palavra impossível, ninguém terá a certeza de sucesso.”. - "O acampamento é de longe a melhor escola para dar aos jovens as qualidades de caráter.”. - “O teste da educação bem sucedida não é o que uma criança sabe, com base após exames escolares, mas o que ela estará fazendo dez anos depois”.

- Cada um terá que escolher por si próprio qual será o verdadeiro lema. O egoísmo é mais cómodo; o Serviço envolve sacrifício. Se um indivíduo não é capaz de se sacrificar, não tem direito de se chamar Homem. “Mas se se sacrifica para servir, exprimindo da melhor maneira possível o seu amor, pode estar certo de que a vida será para ele um bem muito real, cheia de Felicidade”.

- Levar-se muito a sério enquanto jovem é o primeiro passo para tornar-se um “PEDANTE”. - Um pouco de bom humor poderá tirá-lo deste perigo e também de muitas ocasiões desagradáveis. - Aquele que se elogia é geralmente aquele que necessita de ajuda; - Um cidadão equilibrado vale meia dúzia de extravagantes; - Muitos querem seus direitos, antes de os terem merecido.

“Quando tudo vai mal e parece inclinado, A tornar-se pior e mais turvo a seguir, Não dê coices, nem grite e não fique afobado; Apenas basta sorrir. - Quando alguém, a você, quer passar para trás e tomar mais que a parte que lhe competir, Seja firme, gentil e paciente rapaz: Apenas basta sorrir. Mas se um dia você ficar “cheio“ demais (certas vezes você ficará abafado) Não podendo sorrir, não se irrite jamais, a Apenas fique calado“. (Anotações do Livro Caminho para o Sucesso).

- Nos momentos difíceis, um sorriso nos 99% das dificuldades. Sede constantes. – Muitos fracassam por falta de vontade, paciência e perseverança. Não me distingui em nada, mas provei muitas coisas que me permitiram gostar das alegrias que o mundo oferece.

- A amizade é como um boomerang; tu dás a tua amizade a um dos teus companheiros, e depois a outro e a outro ainda, e eles retribuem-te com a sua amizade. Assim, a tua amizade e boa vontade iniciais vão-te fortalecendo à medida que vão sendo transmitidas aos outros, e acabam por regressar a ti, em retribuição, tal como o boomerang regressa à mão de quem o lança. Se não tiveres medo das pessoas que encontras nem sentires antipatia por elas, também elas, da mesma maneira, não te recearão nem desconfiarão de ti e terão tendência para gostar de ti e ser tuas amigas.

- Aprender fazendo. - Todo o escoteiro tem de começar como Pata-Tenra e cometer alguns erros no princípio. Como disse Napoleão, “Um homem que nunca fez erros nunca fez nada”. A criança quer estar a fazer coisas; por isso, encorajai-a a fazê-las na direção correta, e deixai-a fazê-las à sua maneira. Deixai-a cometer os seus erros; é por meio destes que ela ganha experiência. A prova do pudim só se faz quando o comemos. Não faça ele (o chefe) muito daquilo que compete aos próprios rapazes, e assegure-se de que eles o fazem. “Quando quiserdes que uma coisa se faça, não a façais vós” é a divisa apropriada.

- “É a vara que muitas vezes faz o covarde e o mentiroso”. - Buda disse “Só há uma maneira de expulsar o Ódio do Mundo, e essa maneira é incutir nele o Amor”. Temos diante de nós a oportunidade para, em vez do egoísmo e da hostilidade, inculcarmos paz e boa vontade no espírito das gerações vindouras.

- Baden-Powell era muito preocupado com o exemplo pessoal do chefe escoteiro, tanto que no Guia do Chefe Escoteiro repete por diversas vezes isto. Quando ele fala de religião ele diz que uma das maneiras de o Escotismo ajudar é pelo exemplo pessoal do Chefe Escoteiro, e ele enfatiza isto escrevendo que “Não há dúvida nenhuma que aos olhos de um jovem, o que interessa é o que a pessoa faz e não o que a pessoa diz”.

Curiosidades: - A primeira versão portuguesa do livro Caminho para o Sucesso foi publicada pela Associação dos Escoteiros de Portugal com o título "Manual do Escoteiro", encontrando-se esgotada há várias décadas. O Escotismo para Rapazes continua a ser um best-seller, estando traduzido para todas as principais línguas do planeta. O Escotismo para Rapazes passou para o domínio público em 2011, 70 anos após a morte do autor. Em 2008 foi comemorado o centenário deste livro.


A última mensagem de BP: - “Procurem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram, e, quando chegar a hora de morrer, poderão morrer felizes sentindo que pelo menos não desperdiçaram o tempo e que procuraram fazer o melhor possível. Deste modo estejam sempre ‘Bem Preparados’ para viver felizes e para morrer felizes – mantenham-se sempre fiéis à sua Promessa Escoteira – mesmo quando já tenham deixado de ser rapazes – e que Deus ajude a todos a procederem assim.” - Robert Baden-Powell.

Nota de rodapé: -  Muitos chefes com quem convivi no passado foram unânimes em dizer que o Chefe que não leu os quatro principais livros de Baden-Powell (Escotismo para rapazes, Caminho para o Sucesso Guia do Chefe Escoteiro e o Guia do Lobinho) não está preparado para dirigir uma sessão escoteira seja ela qual for. Verdade ou não sempre aconselhei a todos os chefes nos cursos que participei dirigindo ou na equipe que tivessem estes livros em sua cabeceira. Escotismo é muito simples, aprender com BP e ouvir os rapazes. Mais que isto é complicar o que é muito fácil de realizar.