sábado, 24 de novembro de 2012

. Essa temida tradição escoteira.



Prefácio.

Fernando Robleno é um estudioso Escoteiro. Escreve para seu blog “Café Mateiro” de uma maneira simples e objetiva. Fernando Robleno escreve maravilhosamente sem dar conotação apaixonada nos seus escritos bem diferente como eu sou. Não o conheço pessoalmente. Virtual sim. O chamo de jovem, mas deve ter mais de trinta anos (risos). Tem morada no sul. Precisamente em Joinville. É um aficionado em internet. Meu professor quando preciso de ajuda. Seus artigos tem uma característica básica. Atinge os objetivos que se propõe. Um deles estou publicando aqui. Que os meus leitores tentem assimilar este emérito articulista Escoteiro. Divirtam-se.

. Essa temida tradição escoteira.

Nas eleições deste ano (2012), fui votar no colégio municipal onde estudei quando criança. Permiti-me passear pelo bairro onde cresci. Foi pitoresco, quase surreal, ver crianças empinando pipa, jogando bola na rua e trocando figurinhas na calçada. Até porque é um bairro de periferia e imagino que não são todos os que têm um computador ou um videogame como opções de ócio. O escotismo aqui, lembremos, é de inclusão, ou seja, contempla os do “Playstation” e os da “pipa”.

Se a questão da tradição escoteira girasse ao redor da substituição de uma bússola por um GPS, ou de um Atari por um Wii, ou de uma pipa por um aeromodelo, quão fácil ficaria o diálogo neste ou em qualquer outro blog. Bastaria estar por dentro das novas tecnologias e pronto. Mas não se trata somente disso.

Pessoalmente, não assimilo a questão da tradição escoteira.  Não sei quando ela começou. Seria aquela que vivi no final dos nos 80 como membro juvenil? Ou aquela, para os mais entrados em idade, vivida na década de 60? Não sei, ademais, se ela deveria existir, já que a escravidão, por exemplo, foi uma tradição neste país.  Não entremos no mérito da “tradição de Baden-Powell”, já que é digna de uma tese, sendo separada por fragmentos a começar pelo próprio Escotismo para Rapazes, o qual sofreu atualizações das mãos do próprio fundador até pouco antes de sua morte; mas há, ainda, os que insistem em que a primeira edição pensada para uma Inglaterra colonialista é a que vale.

Cabe ao povo, e somente a ele, decidir quando uma tradição acaba e quando ela começa. E não uma junta diretiva ou uma comissão. Não adiantará assinar leis estabelecendo uma tradição ou decretando seu fim se o povo não a aceitar. Não sendo assim, cedo ou tarde, ela acaba minguando e caindo no esquecimento, provando que não passou de uma moda passageira, longe do que entendemos por tradição. O próprio escotismo é prova disso: se é uma tradição encontrar escoteiros na rua aos sábados, é porque de 1907 pra frente o povo aderiu à ideia.

Para ilustrar o pensamento, a bandeira do Mercosul deveria ser hasteada, por lei (sequer é uma tradição), em todos os estabelecimentos públicos oficiais. Quantos de nós já vimos uma bandeira do Mercosul?
E não há meio de afrontar uma tradição sem deixar feridos pelo caminho. E esses feridos podem ser os que mais precisamos num movimento em queda livre, já que trazem na bagagem as rugas de alegria em relação ao que deu certo, e as cicatrizes daquilo que não vingou.

Traslademos o pensamento à associação escoteira. Uma instituição que não aposta na própria imagem e no que ela representou e representa há décadas, não poderá mostrar seriedade ou firmeza naquilo que crê ou faz. Um desenho que sempre estampou aqueles uniformes levados com galhardia, livros publicados na década de 60 (período mais fértil da literatura escoteira), se é apagado de nossa história da noite para o dia por uma comissão sem que haja uma justificativa de impacto à margem da démodé “são os jovens”, não somente mostrará que a associação não acredita em sua imagem, mas que sente dificuldade em valorizar aquilo que fez dela o que é hoje - “um país que não conhece sua história, tende a cometer os mesmos erros no futuro”.

E se por uma questão de moda se tratasse, ela, a moda, é tão passageira como o passar das estações. Não podemos afirmar o mesmo no que se refere à tradição, que se perpetua com o passar dos tempos, é aceita e mantida pelo povo: ela fala por si e não há necessidade de vendê-la, sequer enfeitá-la.

Não se trata de mudanças somente de imagens, ou de roupas, ou de modas, ou de gadgets. É que a própria instituição se resiste às mudanças. E por uma dessas ironias que nos cruzam o caminho, nos mostra essa resistência justamente porque ela, a instituição, não quer mudar sua forma de governar, sua “tradição” política, mesmo que seja para um bem comum e mesmo que os associados a reivindiquem.

Com o artifício da internet, o povo desfruta de portais de transparência, mas parece que o escotismo não precisa disso. Enquanto o voto direto representa uma democracia, nós não o temos. Enquanto a participação dos associados, o patrimônio máximo de uma associação, é levada em boa conta em qualquer segmento, no escotismo se faz a engenharia inversa.

Há aqueles com o discurso na ponta da língua: “mas o foco é o jovem”. Lembremos que são 12 mil adultos os que mantêm essas crianças interessadas em escotismo.  A modernização que traz resultados, como se vê lá fora, é justamente essa: a de se saber dar o devido valor ao adulto - a meritocracia. Mas nossos sites, longe de se atualizarem, preferem apenas gastar umas poucas linhas ao voluntariado.
No meu tempo era melhor? Lembro-me de minha infância com carinho, mas não me atrevo a equipará-la a outra infância ou adjetivá-la de “a melhor”. 

Hoje é melhor? Para os jovens que vivem esse tempo, sim.
Mas para os adultos, que são os alicerces do movimento escoteiro, talvez seja um fardo demasiado grande que carregam a favor de crianças, porque a associação contribui para tanto. O escotista, o adulto, quer atuar onde a meritocracia funcione; quer ser ouvido, quer estar onde possa apertar a mão de um comissário distrital; ter uma conversa ao pé do fogo com algum dirigente nacional; receber uma carta lhe congratulando. A associação, ao contrário, se distancia cada vez mais do seu maior patrimônio, daquele que defende o nome da causa escoteira esteja lá onde estiver: o adulto, o “chefe”.

Não sei se será outra quimera, mas acredito piamente que o escotismo brilha mais por inciativas isoladas destes adultos do que associativamente falando.
O movimento escoteiro no Brasil não perde jovens para a internet ou para videogames. Os perde para ele mesmo. Passamos de um movimento que oferecia algo único, praticamente competindo sozinho, a um movimento que oferece o mesmo que outros, apenas com outra roupagem. A premissa da “escola de cidadania” não passará de um mantra se não nos fazemos ver e, por conseguinte, não sermos lembrados.

Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos.


domingo, 18 de novembro de 2012

O maravilhoso mundo dos escoteiros.


Escrevi esta crônica para publicar no grupo Escotismo e suas histórias e em minha pagina no Facebook. Resolvi publicar aqui para fazer minha homenagem a todas as organizações escoteiras existentes no Brasil. Tenho orgulho de ter amigos em todas. Me sinto honrado com isto. Apesar de não ser registrado luto por uma UEB democrática, amiga e procurando entender que somos todos irmãos. Quanto tempo vai durar esta luta surda que muitas vezes muitos não estão sabendo eu não sei. Mas torço para que a fraternidade seja uma palavra sincera e não como é apregoada por muitos que se sentem ameaçados com outras organizações. 



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O maravilhoso mundo dos escoteiros.

                 Exalta-se por todos os lados, em todas as nações onde o escotismo é praticado que ter a alegria de por um lenço, fazer uma promessa, sair por aí enfrentando o vento, olhando o céu azul, amigos juntos, são particularidades de nós escoteiros que praticamos o escotismo. É mesmo um movimento maravilhoso e único. Perguntem aos Florestais. Perguntem aos meninos da FET ou perguntem aos jovens da AEBP. Perguntem aos Desbravadores. E finalmente aos jovens da UEB. Eles não se importam de onde são, pois assim como todos tiveram um dia a ventura de acordar em uma montanha, ou em uma campina e verem o nascer do sol, de poder ver à tardinha em um acampamento, a fome chegando a fumaça da lenha queimando no fogão o olhar faminto, mas contente de um dia que se foi. Isto meus amigos não é privilegio de ninguém. É de todos que abraçaram os ensinamentos de Baden Powell.

                 Francamente eu não entendo apesar de que têm muitas explicações o porquê desta animosidade por aqueles que abraçaram a causa Escoteira em outra organização. Caramba! Afinal não dizem que somos todos irmãos? Que adianta dizer que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Meu passado Escoteiro hoje está vendo uma luta surda que nunca presenciei na minha vida escoteira. Porque antes éramos um só, em volta de uma organização que nos preenchia tudo que esperávamos do escotismo. Mas ela também é sujeita a erros, não é onipotente. Se alguns quiseram abraçar e fazer outra escolha, outra organização é um direito deles. Se eles estão fazendo o escotismo conforme nossa Lei e Promessa deixaram de serem nossos irmãos?

                 Convidem a todos os jovens de todas as organizações, os coloquem em um grande acampamento e verão como são irmãos. Verão como irão sorrir e se abraçar mutuamente. Não ficarão lá dizendo que minha organização é melhor que a sua. Que eu sou certo e você errado. Que vocês fazem isto e isto. Eles são puros nas suas maneiras, nas suas palavras e nas suas ações. Quem fica implicando e batendo no peito que eu estou no lugar certo e vocês no lugar errado são os adultos. Não todos adultos, pois em todas estas organizações tem chefes escoteiros maravilhosos.

                 Se um dia pudessem mais de perto ver aquele Chefe Escoteiro, seja em que organização for, lutando pela formação dos jovens, dentro dos padrões e métodos escoteiros iriam ver quanta beleza existe no coração de cada um, seja homem ou mulher que orgulhosamente vestem seu uniforme. Quando eles sacrificam suas horas de lazer, quando sacrificam seu trabalho profissional, quando eles deixam de dar a alguém próximo de sua família para doar seu amor ao escotismo, existem diferenças entre uma e outra organização? Afinal temos ou não o direito de escolha? Eles escolheram seu caminho, agora continuam fazendo escotismo e nossa obrigação é aplaudir. Continuamos sendo irmãos escoteiros. O futuro daqueles meninos que vestiram um uniforme fizeram uma promessa, correram pelas campinas em busca de aventuras será diferente dos demais?

                Acho que devemos pensar um pouco. Quem se acha dono dos seus direitos esquece que o direito de um termina onde começa o do outro. Parodiando Paulo Miranda, ele diz que somente com a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação, respeito à cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado democrático de direito, é que podemos pensar em transformar regimes de força, em regimes de direito. Diderot também dizia que existe apenas um dever, o de sermos felizes!

                A UEB não é onipotente. Não tem o direito de cercear através de uma maciça lavagem cerebral de muitos chefes, esta luta contra as outras organizações que fazem o escotismo. Ela deveria olhar melhor para dentro de sí.  Deveria ter como exemplo o respeito, a boa convivência e o amor que existem em muitos países europeus. Lá como aqui também tem aqueles que resolveram escolher outro caminho, mas como mesmo objetivo da chegada – Formar bons cidadãos com o nobre princípio da Lei e da Promessa. Sei que minhas palavras podem não ser entendidas por muitos. Mas está crescendo esta luta. Antes que ela se transforme em uma bola de nove, devíamos pensar melhor e aceitar a todos como irmãos escoteiros. Não importa onde estão! Uma vez comentei aqui em um artigo que me senti pressionado várias vezes a acatar ideias que não eram de meu agrado. Poderia ter saído do escotismo como fizeram e estão fazendo hoje milhares de escotistas e até jovens insatisfeitos com o que estão vendo e sentido nos seus superiores hierárquicos. Eu continuei, mas fazendo minha cruzada pessoal. Sou da UEB mesmo sem registro. Mas não aceito sua maneira autocrática e muitas vezes ditatorial.

                  Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Tiro meu chapéu para todos os chefes e as chefes que lutam por um escotismo melhor. Que ele seja dos Florestais, que ele seja da AEBP, que ele seja da FET ou da UEB e de tantas outras que estão surgindo. Sei que palavras são palavras e muitas vezes elas são levadas como vento. Mas vendo aquele Chefe ou aquela Chefe sorrindo junto aos seus meninos e meninas, se sacrificando, dando tudo de sí para a juventude, me levanto e grito bem alto: - Aplausos gente! Grande Palma Escoteira para eles. Nesta hora estão fazendo escotismo e muitas vezes com o sacrifício pessoal que merece nosso abraço e o nosso Sempre Alerta!   

                  E para terminar eu digo aos meus amigos e amigas, eu não quero saber se o Pedro se chama João ou se o Antonio se chama Joaquim. Os motivos de cada um não importa. Importa sim o que fazem e como me sinto orgulhoso em ter amigos em todos eles. Amo o escotismo. E vejo nele uma maneira de se alcançar a felicidade plena. Deixem que todos façam isto. Deixem que eles possam ser nossos irmãos. E os motivos porque escolheram outro caminho não me importa. Importa é o que estão fazendo e vão fazer pela juventude de nosso país!                  

domingo, 4 de novembro de 2012

Até que enfim! Vem aí o novo Uniforme da UEB!


A análise de memória social e memória individual é um tanto ilusória quanto fascinante, pois não pode se analisar uma sem a outra, visto que ambas estão ligadas, formando a história e cultura de um povo.

Até que enfim! Vem aí o novo Uniforme da UEB!

                Tanto se falou tanto se comentou que a UEB resolveu dar sua posição no tema. Afinal isto vem se arrastando. Uns dizendo que ela comentou com muitos, outros dizendo que não sabiam de nada. E ainda aqueles que defendem com unhas e dentes esta maneira de agir um pouco autoritária.  Prometeram apresentar no Congresso Nacional. Depois prometeram mostrar no Jamboree do Rio de Janeiro. Nada. Uma ata do CAN mostrou a divergência de alguns da maneira com que o tema era conduzido. Isto é próprio de dirigentes? Uma organização que dizem ter chegado aos 70.000 não pode ser dirigida assim. No passado mudaram tanto, muito do que se considerava tradição foi esquecido ou sepultado, por um simples ato de uma liderança de poucos. A memória individual e a memória social são um tanto ilusórias e não deixa de ser fascinante. Assim dizia um poeta que nunca poderíamos analisar uma sem a outra, visto que ambas estão ligadas, formando a história e a cultura de um povo.

           Mas os tempos são outros. Sentindo talvez a pressão de alguns dos seus milhares de adeptos, eis que a UEB se tocou e através de uma Nota de Esclarecimento explica a razão do novo vestuário no escotismo. Ela simplesmente deu suas razões, alega ter feito consultas e claro, dando como referencia a tendência mundial, resolveu mudar nosso Uniforme Escoteiro. Fico a pensar o que vai levar tudo isto. Centenas de jovens e adultos se afastando por acharem que foram tapeados pela organização. Sei de muitos IMs que não participam mais pelo autoritarismo imposto por eles. Quem ler com atenção a nota de esclarecimento publicada no site da UEB pode observar quanta incoerência com o dito anteriormente e sua explicação de uma decisão já tomada há tempos.

             Tentam analisar de varias maneiras o crescimento pífio que estamos tendo nos ultimos anos. Agora parecem dizer que o novo uniforme seria uma espécie de tábua de salvação. Em vez de fazerem uma grande pesquisa nacional com os membros registrados, pois eles são os interessados ela a UEB simplesmente escora numa explicação sem eira nem beira, dizendo que o SENAI de São Paulo, gentilmente se ofereceu gratuitamente com seus profissionais do ramo a dar as sugestões necessárias à implantação. “Insistem em dizer que foram feitas pesquisas “ocultas” e virtuais”. Ninguém sabe ninguém viu. Fico pensando que eles não iriam meter a mão na cumbuca em ouvir milhares de jovens de todo o Brasil com suas ideias estapafúrdias (risos). Seria um trabalhão. Bom isto. Agora já temos algum sólido. Antes eram conjecturas. Aqui e ali pequenas frações do assunto. Eu francamente não soube de nenhum Escotista ou Escoteiro que conheço que deu sua opinião. Isto ela diz em seu comunicado. Se foi assim não tenho como contradizer. Deve sim ter sido um número considerável que ninguém sabe quem é ou quem são. Repetindo, afinal foram pesquisas ocultas e virtuais. Interessante isto. E quem para contradizer?

          Sempre ouvi dizer por aí que muitos queriam continuar com seu caqui amado, outros com seu azul cinza. Alegres mesmos estão os do ar e mar, pois ninguém mexeu com eles. Porque será? Diz a UEB que neste mês será apresentado pelo DEN ao CAN todos os detalhes para a implantação. Mas e a ata passada que o CAN comenta o assunto? Diz ainda que acredita que na alteração isto fará com que nosso movimento tenha um novo significado e será muito eficaz para nosso crescimento quantitativo. Interessante que através deste novo traje Escoteiro alega a UEB que teremos maior solidez e maior aceitação pelos jovens nas lides escoteiras. Nunca achei que um traje ou uniforme poderia dar um salto estupendo na procura e na permanência de jovens no Escotismo. Claro sua explicação dá a entender que antes isto não acontecia com os uniformes que serão substituídos. Nunca pensei isto. 64 anos participando para ser esclarecido agora que o uniforme antigo é ultrapassado. Alguns sábios agora analisaram qual o melhor para o movimento e buscam o bode expiatório do uniforme antigo como culpado.

         Assim entendemos que o nosso antigo uniforme nada representa na sociedade atual. Com o novo as esperanças de crescimento terão agora maior firmeza. Como é uma tendência mundial (?) estamos sempre seguindo nossos irmãos do outro lado do oceano. Quem são eles não sei, pois a maioria dos países que mantenho contato. não pretendem fazer nenhuma alteração no uniforme. E crescem a cada ano. Nossos dirigentes sempre com uma explicação estapafúrdia para explicar a extinção e alterações de tudo que até hoje em nome de seus modernos estudos modificaram. Interessante. De uma época a outra eles são mestres em tentar tapar o sol com a peneira.

        Continua assim a maneira com que os membros da UEB são tratados. Sem consulta as bases, sem uma pesquisa nacional e uns poucos decidindo por todos. Agora é um novo uniforme. Quem sabe daqui a alguns anos a tendência mundial irá novamente dar nova ideia para um novo uniforme brasileiro? Quem sabe, quem sabe. A cada ano surge algum novo, uma nova ideia, um novo dirigente e assim vai evoluindo o escotismo em nosso país.

        Em vez de fazerem uma grande pesquisa nacional, não só do uniforme que na minha ultrapassada opinião nunca deveria ser alterado, quem sabe discutir o porquê da estagnação do escotismo? Porque este efeito sanfona de entra e sai? Porque não discutir ainda esta enorme evasão e que explica tudo que tentam contradizer? Claro, sempre vai sobrar para os chefes, eles sim são os responsáveis pelo crescimento. A UEB faz sua parte. Cursos à vontade. Modificações à vontade. Engraçado. Nosso movimento se sente culpado pelos desmando de uma organização. Poucos dizem alguma coisa. A maioria aplaude e diz que a culpa é nossa.

          Em uma nota que postei no face sobre o novo uniforme, além de dezenas de outros comentários e diversas opiniões, vi um que me chamou a atenção. Declino aqui seu nome. Posso dizer que estou autorizado para publicar o que escreveu. Na minha modesta opinião, perfeito. Explica tudo. Mostra que os argumentos da UEB não tem nenhuma base para sustentar esta troca da maneira com que estão tentando mudar. Vejamos o que diz o comentário:

- A nota publicada pela UEB se apoia em dois argumentos: em Jean Cassaigneau, alegando que “a mudança do traje era um dos principais focos do relatório” (vide relatório aqui publicado neste blog), o que é uma meia-verdade. Das 70 páginas, creio que somente uma ou duas falam de “nova imagem para a instituição”. As demais páginas tratam justamente da falta de transparência da associação e do tratamento indiferente ao associado. Neste quesito, entendo que não adianta mudar o traje se o ato em da mudança, a exemplo de outras decisões, não é feito as claras.

- Apoia-se, também, na “tendência mundial”, o que é outra meia-verdade. Os países que mudaram suas vestimentas já vinham de um bom efetivo e não tinham, em sua história, a inclusão de um traje (azul mescla nos anos 90) que resultou, entre outros motivos, na evasão de 20.000 mil escoteiros. Mesmo assim, para cada país que muda sua identidade visual, basta sair de nossas fronteiras para citar outros dois que mantem sua imagem exatamente como décadas atrás.


- Nem entremos no mérito das pesquisas, pois é uma jogatina “démodé” para que não tenhamos meios de comprová-las: pesquisa oculta, pesquisa virtual etc. Fiquemos com o fato que, ao menos em redes sociais e grupos de discussão, ninguém sabe ou viu nada. Cita, no final do documento, que a atualização da vestimenta “é tão importante quanto o programa e o planejamento estratégico”. Cabe lembrar que o planejamento estratégico não contemplava mudança alguma no traje e que a inclusão deste novo vestuário no documento foi feita às pressas DEPOIS de terem se decidido por um novo traje (vide ata do CAN nr.70).

- Mais do que uma nota informativa, é um texto que pode incendiar ainda mais as discussões. Se me permitem, discutir se vai ser azul ou verde, moderno ou tradicional não é o caminho. O importante é que decisões que afetam jovens e adultos (financeiramente até) não mais sejam tomadas a portas fechadas e que a opinião e participação do associado, patrimônio máximo da associação, possam ser levadas em boa conta.

                Acho que não preciso dizer mais nada. Que cada um pense a respeito. Sempre perguntei se por acaso a culpa de perdemos mais de quarenta por cento dos nossos jovens a cada ano, e a falta de interesse do programa que hoje foi implantado ou então não seria culpa da UEB pela sua falta de criatividade. Nesta hora milhares de vozes se erguem. Mas nenhuma tenta analisar porque erramos tanto. Cabe a cada um fazer um exame de consciência e dizer a sí próprio – Estou satisfeito com os resultados, ou – Não estou satisfeito com os resultados. Melhor deixar como está. Quem sabe poderia dizer a cada um: – Mãos a obra! Faça sua parte pois eu já fiz a minha!

As pessoas com privilégios preferem arriscar a sua própria destruição a perderem um pouco da sua vantagem material.

John Galbraith