quinta-feira, 30 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Mafeking! "Tudo bem. Quatro horas de bombardeio. Um cachorro morto."




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Mafeking!
"Tudo bem. Quatro horas de bombardeio. Um cachorro morto."

... – Existem muitas versões sobre o Cerco de Mafeking. Dizem os historiadores que sem essa Batalha, Baden-Powell não seria conhecido como é hoje. Verdade ou não seu estilo sua maneira de agir, o famoso “Jogo de Blefes de Mafeking” o tornou um herói que o elevou ao nobre título de “Lord” e após o de “Sir” pela Rainha. Convenhamos que defender uma cidade aberta com pouco mais de 800 soldados contra mais de 6.000 Boers é um feito que não pode ser desconsiderado. Aguardem outras publicações de Mafeking proximamente.

Todos reconhecem que sem B.P. o Escotismo jamais teria visto a luz do dia. A isto, pode ser acrescentado que sem o prestígio mundial dele, como herói de guerra, o Movimento Escoteiro nunca teria alcançado suas atuais dimensões. O renome de B.P., como herói de guerra, foi ganho no período de 11 de outubro de 1899 a 17 de maio de 1900 - exatamente em 217 dias. Nos quase sete meses, ele emergiu como salvador do que será para sempre conhecido na história como o cerco de Mafeking, uma cidadezinha obscura localizada na África do Sul que, por acidente, foi projetada no palco mundial quando se tornou cenário do conflito entre os "Boers" e os britânicos. A reputação, em âmbito mundial, de B.P, pode remontar-se ao papel que ele desempenhou no cerco de Mafeking.

Não é fácil explicar a histeria coletiva que tomou conta do povo britânico - normalmente tão calmo e fleumático -, quando foi anunciado o levantamento do cerco àquela cidade, há tanto tempo esquecida. Mas, nada era normal, naqueles dias frenéticos do mês de maio de 1990, e a Nação Britânica deu vazão ao seu alívio e aclamou o seu herói - Baden-Powell - e, ele próprio, ficou assombrado com a fama que lhe impuseram. O telegrama anunciando a boa notícia levou cerca de dez horas para chegar, de Pretória a Londres. Caiu no birô de notícias da Reuther 17 minutos após as 9 horas da noite. Meia hora mais tarde, uma imensa multidão invadiu as ruas de Londres para irromper em uma orgia de comemorações, e que foi seguida pelo resto do país, alguns minutos depois.

Plateias, artistas, atores, nos teatros de variedades, levantaram-se, espontaneamente, para cantarem o hino nacional. A Rainha Vitória abandonou a mesa do jantar para despachar telegramas de congratulações, em nome do Império Britânico, a Baden Powell e às tropas dele, a milhares de milhas de distância, na África do Sul. Os jornais, em edições especiais, descreveram a bravura das forças britânicas, como "uma nova página na história do heroísmo humano". B.P. foi promovido a General de Divisão na hora - o mais jovem naquele posto, do Exército Britânico. Estava com 43 anos de idade. Um modelo dele, em cera, tomou lugar na plataforma dianteira, do famoso Museu da Madame Tussaud, em Londres. O vencedor de Mafeking, repentinamente, tornou-se o maior herói, depois de Nelson e Wellington.

Com todo o devido respeito às vítimas inocentes da legendária Mafeking, deve ser mencionado que o cerco não foi notável pela bravura, de qualquer dos lados. Ao todo, 20.000 granadas caíram sobre a cidade, umas 100 por dia, causando danos relativamente pequenos e interferindo muito pouco na vida quotidiana dos seus defensores. Além disto, Mafeking em tempo algum esteve inteiramente sitiada pelos 'Boers'. Espiões e mensageiros entravam e saíam livremente e, consoante às palavras de um historiador moderno e irreverente, sobre o evento, os piores inimigos das tropas e da população, na cidade sitiada, eram as pulgas, moscas, mosquitos e formigas. Os suprimentos de alimentos eram adequados e não havia nem mesmo falta de diversão. Por exemplo, o jantar oferecido às vésperas do Ano-Novo, que constituiu de uma dúzia de pratos diferentes, não poderia ter difamado um hotel três estrelas. Jogos de polo e de cartas (bridge), bilhar e apresentações teatrais, animavam uma atmosfera que se caracterizava especialmente pelo aborrecimento.

Houve, por certo, alguns casos fatais e de danos materiais, mas o número total de mortos não foi superior a 400. Pelo lado britânico, os combatentes totalizavam 1.213 oficiais e praças, e 6.000 pelo lado dos "Boers". A população civil, na cidade sitiada, era estimada em 1.800 brancos - incluindo mulheres e crianças - e 7.500 negros. Tampouco foi exorbitante o custo da guerra - 123.251 libras esterlinas, que incluíram custos de alimentação dos defensores e a compensação dos danos causados pelas granadas à população local.

E, antes de tudo, não foi um cerco sangrento. De fato, houve apenas dois confrontos, que poderiam ser descritos como violentos. Não admira, pois, que o cerco de Mafeking tenha sido habilmente descrito por um eminente historiador como "a última das guerras de cavalheiros". A título de esclarecimento, as hostilidades cessavam nos domingos que eram observados como uma espécie de trégua não oficial, por ambos os lados. Aquele era o dia consagrado à igreja, ou para descanso e, para que as mulheres lavassem e passassem a ferro as roupas. Bandeiras brancas emblemas da Cruz Vermelha eram escrupulosamente respeitados e os mensageiros que portavam cartas dos atacantes eram tratados com deferência e até cumulados com presentes.

O império Britânico estava no ápice de sua glória e era inconcebível que a "Paz Britânica" pudesse ser perturbada por qualquer quadrante do mundo. Duas repúblicas absurdas, como eram chamadas pela imprensa britânica - O Transvaal (comumente conhecido como República Sul Africana) e o Estado Livre de Orange, habitadas por camponeses frustrados e religiosos - tinham ousado torcer a cauda do invencível Leão Britânico, para divertimento do resto do mundo.

A despeito de sua superioridade numérica e técnica, o Exército Britânico tinha sofrido humilhantes e inesperadas derrotas e o obscuro cerco de Mafeking tornou-se, repentinamente, o símbolo da sobrevivência do Império Britânico - o maior que o mundo tinha até então visto. Após a humilhante derrota em Magersfontein - um evento que traumatizou a opinião pública britânica, mais do que qualquer outro, durante a era Vitoriana - as esperanças da Nação estavam centralizadas sobre Mafeking. Resgatar a cidade do domínio do 'Boers', tornava-se um ponto de honra.

Quanto a Baden-Powell, estranho foi o destino dele: um soldado por acidente, herói por acidente que preencheu, assim, uma necessidade do público. Ninguém contestou suas qualidades e, positivamente, não em nível militar. Com um punhado de homens apenas, tinha resistido a um grande exército que era no mínimo, três vezes mais numeroso, e permitido, assim, que o grosso das desorganizadas tropas britânicas se reagrupasse para um contra-ataque. Em nível humanitário, igualou-se à imagem que o público tinha criado em torno da personalidade dele: calmo, fleumático, corajoso e capaz de realiza atos de heroísmo onde que surgisse a necessidade. E o senso de humor dele apenas aumentou sua popularidade. Era mestre em elaborar boletins autocríticos de guerra: "Tudo bem. Quatro horas de bombardeio. Um cachorro morto.”.
Nota – Proximamente publicarei mais artigos sobre o Transvaal e Mafeking.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Uma homenagem aos Escoteiros do Ar. Hoje é o dia do Escoteiro do Ar.




Uma homenagem aos Escoteiros do Ar.
Hoje é o dia do Escoteiro do Ar.

... – No dia 28 de abril de 1938, é oficializado o primeiro Grupo Escoteiro da Modalidade do ar, o Grupo Escoteiro do Ar Tenente Ricardo Kirk, tendo como responsáveis o Major Aviador Godofredo Vidal, o Tenente Coronel Aviador Vasco Alves Secco e o Primeiro Sargento Telegrafista Jaime Janeiro Rodrigues. Tem muitas coisas para contar...

- Eu não sabia. Fiquei feliz em saber. Nunca fui do ar, só bem mais tarde na minha vida escoteira fui conhecer as novas modalidades, ou melhor, as antigas modalidades do Ar e do Mar. tinha medo de avião e quando voei pela primeira vez procurei o chão e não encontrei. Rs. Esta modalidade tem meu respeito. Demonstra o garbo e a apresentação um exemplo a dar para todos. Tenho muitos amigos Escoteiros do Ar. Um deles é Francisco Rinaldi que é um dos poucos a me fazer contato, visitar e se preocupar com o Velho Chefe Escoteiro Básico, aquele da barraca, do chapéu, do meião, da calça curta e do Uniforme Caqui. Além de ser um incansável leitor e sempre comentando nas minhas postagens nas redes sociais. Sinto-me honrado em tê-lo como amigo. São poucos os que hoje me visitam e telefonam para saber como estou. Meus amigos chegados já partiram e ele supre a falta com dignidade. Os donos do Poder escoteiro em São Paulo resolveram colocá-lo no limbo. Gente mesquinha que não merece ser chamado escoteiro. Ele não desiste, insiste... Coisas de homens de valor que tem o Espírito Escoteiro voltado para servir. Para ele eu tiro o chapéu e dou meu Anrê, meu Bravôo e meu Sempre Alerta com orgulho de ter a honra de tê-lo como amigo.

A História do Escotismo do Ar.
(O Perfil de um dos irmãos de Baden-Powell que era um incansável apoiador e pioneiro da Aviação Militar e da Royal Geographical Societ).

- Em uma semelhança com o Escotismo do Mar, a história do Escotismo do Ar começa com o perfil de um dos irmãos de Robert Smyth Baden-Powell. É razoável supor que o Chefe Escoteiro Mundial buscasse entre aqueles que o rodeavam, especialmente os mais próximos, para auxiliá-lo a tornar o Escotismo uma realidade. Warington Baden-Powell, irmão mais velho de Baden-Powell e que com suas competências e habilidades foram bem aproveitadas no Escotismo do Mar sendo que sua influência foi fundamental e profunda. O mesmo também podemos relatar com referência ao irmão mais moço de BP, o qual se chamava Baden Fletcher Smyth Baden-Powell (1860-1937).

Baden Baden-Powell foi um pioneiro da Aviação Militar na Grã-Bretanha e Presidente da Royal Aeronautical Society e membro da Royal Geographical Society. Ele foi um dos primeiros a preconizar o uso da aviação em um contexto militar. Também construiu os seus próprios balões e aviões contando sempre com a colaboração de sua irmã Agnes. Baden Baden-Powell foi que desenvolveu as primeiras atividades aéreas no Escotismo, em forma de pipas, sendo que algumas eram semelhantes a modelos de avião. Ele é considerado o fundador e criador do Escotismo do Ar. Não era mero expectador do pioneirismo da aviação, ele estava sempre na vanguarda do balonismo, das pipas e das aeronaves nos primeiros dias dos voos tripulados.

O Início
Em 1880, o Major Baden Baden-Powell presenciou pela primeira vez a ascensão de um balão, ficando maravilhado com o feito. Fazendo questão de conhecer alguns dos balonistas e logo a seguir, entro para a Sociedade Aeronáutica. Em 1882, ele foi incorporado na Guarda Escocesa, porém sua paixão pelas coisas aeronáuticas era inabalável. E, com a idade de 23 anos, foi convidado a proferir uma palestra na Royal United Services Institution, sobre “Balonismo”, a qual acabou se tornando profética. Disse ele: “Parece surpreendente que um corpo de aeronautas não formem uma seção regular dos exércitos regulares do mundo civilizado”. Baden Baden-Powell aproveitava toda e qualquer oportunidade de se fazer presente em qualquer evento que possuísse potencial para voar. Também visitou as obras do Zepelim na Alemanha, assim como se fez presente em muitas ascensões dos grandes pioneiros do balonismo pela Europa e nos Estados Unidos da América.

Também desenvolveu, construiu e testou o seu próprio projeto para o homem de levantamento de pipas. No Pirbright Camp, em 1894, Baden Baden-Powell construiu uma enorme pipa com 36 metros de altura, a qual levantou voo do chão. Meses depois, construiu cinco pipas com 12 metros de altura, que ao serem levantadas se elevaram do solo a uma altura de 100 pés. Em 1886, Baden Baden-Powell foi eleito para ser membro da Sociedade Aeronáutica, na qual foi presidente por aproximadamente 50 anos, reerguendo-a. Porém, na mesma época, paralelamente desenvolvia suas atividades e exercias as suas funções no Exército Inglês, levando a viajar por muitos países, ainda mais do que seus ilustres irmãos mais velhos.

Numa incrível coincidência, Baden Baden-Powell participou da libertação do Cerco de Mafeking, quando fazia parte das tropas de socorro. Em 17 de maio de 1900, Baden Baden-Powell, supostamente acordou seu irmão Robert S. Baden-Powell de seu sono para lhe comunicar de que Mafeking havia sido libertada.
Em 1901, Marconi valeu-se de uma das várias pipas confeccionadas por Baden Baden- Powell, a qual levava o nome de “Levitor”, para levantar o “Ariel” ate uma altura compatível que lhe permitisse realizar a primeira transmissão eletrônica sem fio para a América. Este aparelho, completo, juntamente com a “Levitor”, foi utilizado nos últimos estágios da Guerra contra os Bôeres na África do Sul.


Alguns Kits de pipas elaboradas por Baden Baden-Powell também foram utilizadas em transmissões de correio eletrônico a partir do “Destroier Ousar” para outros navios.
Em 1902, quando de seu retorno da África do Sul, Baden Baden-Powell tornou-se Presidente da Aeronautical Society, a qual prosperou e em 1918 passou a chamar-se “Royal Aeronautical Society”, contando em 2011 com aproximadamente 17.000 associados e estando presente em 100 países. Em 1908, Baden Baden-Powell que era um entusiasta pelos assuntos aeronáuticos, incluindo-se ai os voos motorizados, viajou para a França a fim de se avistar com os Irmãos Wrigth. Baden Baden-Powell desenvolveu seus próprios planos para um avião militar, tentou vender para o Ministério da Guerra da Grã-Bretanha, não obtendo sucesso.

No Show Aéreo de 1909, em Olympia na Grã-Bretanha, Baden Baden-Powell apresentou e demonstrou com sucesso a sua embarcação aérea semi-rígida. Ele também era piloto de planador e, em 1910, projetou, pilotou e voou seu próprio monoplano leve de autopropulsão denominado “O MIDGE”. Foi eleito em 1919 como Membro Honorário da Real Sociedade, cargo que manteve até 1937, quando faleceu.

sábado, 25 de abril de 2020

Conversa ao pé do fogo. 25/04/2020 Putz Grila, vai ser a festa do ano!



Conversa ao pé do fogo. 25/04/2020
Putz Grila, vai ser a festa do ano!

... – Não vou falar no Moro, nem no Bolsonaro, tenho minha opinião que difere de muitos e que cada um carregue seu calvário, pois só o futuro dirá. Se o diabo não ajuda, minha festa vai ajudar. Estão todos convidados!

Aceite o meu convite, da minha festa Senhor...
O faço de bom alvitre insisto com muito louvor.
Vai ser tudo de graça, uma festa muito massa!
Faço questão que venha, mesmo morando na Penha.
Tem musica escoteira e samba, vai ser uma festa de arroba!

- Pois é meu dia chegou e eu nem esperava. A Caixa Econômica ligou dizendo que eu tinha ganhado milhões e milhões de reais. Eram tantos que ela pedia minha presença para ajudar a contar. Corremos eu e Célia logo ao amanhecer do dia para a matriz de Osasco. Fomos de limusine gentileza do Presidente da Caixa. Um carro enorme de vidros fumê e com uísque Dalmore 18 anos que nunca pude comprar. Oito agentes secretos a nos escoltar. Pensava com meus botões se ia gostar ou não. Sempre fui feliz sendo pobre e agora? Célia fazia planos. Deixei-a voar nas asas da imaginação. Ela me olhou com aqueles olhos que sempre amei e disse: Marido e agora? Eu sorri para ela. Não tinha respostas. Precisava pensar. Fomos tratados como reis na Caixa. Tinha até um bilhete do Bolsonaro nos convidando a investir na Policia Federal... Eu eim? Seria tanto dinheiro assim? Eu é que não iria me meter nesta cumbuca! Tem gente demais querendo mandar. Rs.

Ficamos o dia inteiro na Caixa. Chamei os filhos e cada teve o seu bom bocado. Foi então que assustado vi o quanto sobrou. Tirei dez por cento para viver e o restante comprei Letras do Tesouro Nacional para com os juros ajudar as crianças doentes do mundo. Era muito dinheiro. Pedi ajuda a Viviane Sena. Ela tem uma ONG só para isto. Meus dez por cento passava de quarenta milhões de dólares. Só se falava em dólares em euros. - Célia vamos ajudar a todos os grupos escoteiros humildes. Sede própria e material completo. Ela concordou e sorria. Amava o escotismo como eu. Marido você sozinho não aguenta. Vamos contratar secretárias, advogados, funcionários logo após o Covid-19 passar. – Putz! A coisa estava complicando. Queria ajudar e não arrumar novos problemas. Em casa cinco telegramas. Um do Denzel Washington se oferecendo para organizar a noite de autógrafos. O que? Ah! Eram meus livros que seriam publicados. Capa dura, letras em ouro. Folhas de linho indiano. Denzel na sua maneira humilde disse que se responsabilizaria pela festa. Poxa! Como ele sabia que eu ia fazer meus livros?

 Sandra Bullock me telefonou. Queria me parabenizar. Iria fazer um filme com Nicolas Cage.  Chefe é uma historia de uma Chefe escoteira que abandona o grupo e vai ser diretora na Escoteiros do Brasil! – Putz. Não gostei do enredo.  Sei que ela é linda, mas prefiro a Julia Roberts e a Nicole Kidman. Paulo Coelho se ofereceu para ajudar. Sua editora se prontificou. A Amazon telefonou. A Microsoft também o Google e o Facebook não ficaram atrás. Disse a todos que não ia regatear. Exigi letras bordadas em ouro. Meus livros seriam de graça a quem me pedir. Os grandões da EB não iam ter colher de Chá. Ou pagavam ou iam ler na Cochinchina junto ao Covid-19. Os telefonemas não paravam. Vin Diesel e Keanu Reeves se prontificaram a abrilhantar a festa. Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger se ofereceram como sentinelas. Mel Gibson se ofereceu para dar seu sorriso malandro e piscar para as Chefes Escoteiras.  

Célia sugeriu chamar o Jackie Chan e o Jet Li para ficar na porta dando as boas vindas. Poxa, a festa seria demais. Ia contratar vinte Boeing da Azul da LATAN e da GOL que ficariam à disposição aos que quisessem participar. Ninguem iria gastar nada. Reservaria 5.000 quartos nos melhores hotéis da cidade. Seria a festa escoteira de todos os tempos! Paguei os tubos para o André Rieu e sua orquestra estarem presentes. Roberto Carlos, Dana Summer, e alguns pagodeiros iriam ser contratados apesar de não fazerem meu forte. Ia ter dança ia ter fogo de conselho em um enorme salão no Centro de Eventos do Anhembi. André prometeu valsas vianenses e para terminar ele iria fazer um arranjo especial de Auld Lang Syne (a canção da despedida). Ele contratou a Royal Scots Dragoon Guards só para marchar à canção de todos os tempos. Eles são o máximo.

Tudo caminhava bem. Programação escoteira perfeita. Angelina Jolie e Brad Pitt se ofereceram para serem os anfitriões devidamente uniformizados com o Caqui meu amor. A coisa começou a complicar quando o Rodrigo Maia e o Alcolumbre pediram para trazer duzentos deputados da tal Frente Parlamentar escoteira. Um tremendo de um papo furado. A maioria nos arquivos do STF e nas páginas policiais. Soube que o Zero um queria vir. Mandei um convite para Sérgio Moro o demissionário. A presença dele era muito importante para evitar ladrões do erário. Melhor me prevenir e não receber de ultima hora a visita do Bolsonaro. Arre! Ninguém iria bagunçar minha noite de autógrafos. Liguei para Will Smyth e Bruce Willis. Preciso de vocês para organizar a fila! Recebi um telefonema do Presidente da WOSM. Queria participar. E junto iriam trazer a cambada da Nacional. Never!

Randall L. Stephenson da Boy Scout of America conseguiu o Air Force One para trazer todos os grandes escoteiros do mundo. Bear Grylls mandou um recado que viria e que ia convidar o Principe William e o Principe Harry e seus consortes para virem também. Pensei convidar os bisnetos de BP. Sei lá. Nem sei se são bons escoteiros. Eu fazia questão de trazer meus amigos do escotismo. Do sul, do norte, do nordeste do Centro Oeste e dos países que me acompanham no Facebook. Entrada livre para a meninada escoteira, desde que com um sorriso. Entraria vestimentados desde que estivessem com a camisa dentro da calça sem chapéu texano e Australiano. Tudo ia nos conformes. Reservei duzentos lugares no presídio do Tremembé para os figurões escoteiros. O grande dia chegou. Congonhas e Cumbica cheia de jatos. Dezenas de ônibus de luxo transportavam meus convidados. Nove da noite. Com minha nova bengala feita de pau de goiabeira estava na entrada de calça curta, caqui, nos trinques e meu chapelão Escoteiro. Fiz questão de colocar meu penacho azul e minhas jarreteiras verdes.

Dizem que tudo que é bom dura pouco. A Celia me cutucava. Marido! Marido! Está na hora do nosso Culto no Lar. Acordei esfregando os olhos. Era quarta dia sagrado. Quanta tristeza ia ser uma festa de arromba. Ainda bem que não lutava com os Chefões da Escoteiro do Brasil. Metidos a besta na minha festa não iam entrar. Quem sabe um dia fico rico e a festa vai acontecer? Se for rezarei para ter nela meu amigo Robert Baden-Powell em espírito para abrilhantar. Arrê! Quem sabe este sonho vai acontecer?    


quinta-feira, 23 de abril de 2020

“Minha homenagem a todos os Escoteiros do Brasil e do mundo”




“Minha homenagem a todos os Escoteiros do Brasil e do mundo”

Hoje, é o meu, o seu o nosso DIA. DIA DO ESCOTEIRO. No dia 23 de abril, comemora-se o Dia do Escoteiro em boa parte do mundo. A data foi escolhida pelo fundador do Movimento Escoteiro, Robert Baden-Powell, por ser o mesmo dia em que se celebra o Dia de São Jorgepatrono do Escotismo - na época, em 1910, era comum que se escolhessem santos como patronos. Para homenagear a todos os meus irmãos de todo o Mundo, dedico este poema:

São Escoteiros.

- Já viste por acaso, a luz das madrugadas,
Uns veleiros azuis singrando mar afora,
Ou em marcha, a cantar patriótica toada,
Um grupo que na serra alcantilada
Em plena mata acampa e uma bandeira arvora?

Desta flotilha azul quem são os marinheiros,
Que se animam a escalar as serranias e alturas?
Contemplais que vereis, são jovens Escoteiros,
Entusiastas, joviais briosos brasileiros,
“Que lá vão brincar ao léu de uma aventura”

E se você meu amigo, assim pensais,
Trazei vosso concurso a nobre instituição,
E um dia quando ouvirdes Rataplã lá fora,
Também direis, “eu sou Escoteiro agora”
Dos Jovens do Brasil tereis a gratidão.

Autor desconhecido.

ESCOTISMO ESCOLA DE HERÓIS!



quarta-feira, 22 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ser ou não ser...




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser ou não ser...

... – Sem rumo, sem direção, escrevi para alguns e não para todos. Tiro o chapéu para muitos que levam a sério seu papel de Chefe no Movimento Escoteiro, seja a do Brasil, seja os tradicionais ou mesmo os desbravadores, bandeirantes e florestais. Precisamos de exemplos, mas tem muitos por aí que esquecem sua promessa sua Lei e sua ética. Fraternos abraços.

Plagiando Shakespeare estou aqui pensando em copiar a sua frase célebre: - Ser ou não ser eis a questão! A minha seria, postar ou não postar eis a questão! Dizem que Shakespeare como Hamlet encontrou um crânio no meio da terra e começou a refletir quem ali esteve com vida, energia, família etc. Shakespeare pensou e questionou a sim mesmo: Se ele fez errado, se fez coisas boas sempre acaba na mesma coisa, a morte e só restam ossos no meio da terra. Magistralmente ele criou a frase “Ser ou não Ser!”. Bem não sei se a expressão é correta, pelo sim pelo não, não sou dramaturgo ou poeta como ele. Aqui costumo postar contos, artigos e inversamente ao contraditório às vezes uma mísera crônica pensando em ajudar a nossa bela criação chamada de Escoteiros, ou muito imitada hoje em dia com nome conhecido em todo planeta: A Boy Scout of America. (Hasta la vista, baby!).

Fico batendo na testa o que fazia quando o vento jogava minha barraca ao chão apesar de estar bem pregada com espeques feitos de galhos, e no lugar de um cabo usava uma lasca de finas tiras para fazer uma embira trançada isto se não encontrasse um cipó-mariri que usava com prazer. Se fosse hoje iria dizer “Cair ou não Cair?”, mas como agora estamos quarentenando e usando o meu breve espaço de tempo escrevo a mais não poder e... Postar ou não postar? O que seria melhor? Postar para os lobinhos? Escoteiros? Seniores ou Pioneiros? Todos devidamente acompanhados das lindas meninas e moças devidamente uniformizadas ou vestimentadas? “Non”! Eles estão em outra. Correm das páginas do Facebook. Aqui estão orgulhosamente os seus próceres, chefes ou lideres alguns devidamente fardados e outros não.

Eles sabem que poucos serão os escolhidos. (Em Mateus 22:14, Jesus disse que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”). Isto mesmo, eles os jovens sabem que aqui neste mundo do faz de conta chamado Facebook poucos deles serão comentados, fotografados, elogiados já que nem sempre correspondem ao que seu Chefe nos seus atos e relatos, suas escolhas pessoais, seus chamados políticos darão o exemplo para eles copiarem. Ali estão eles saudando seus belos dotes de fazedores de notícias. E nos entretantos preferem outros caminhos para trilhar. Sinceramente sem ser indelicado eu gostaria de postar para eles, os jovens, as crianças, pois sei que eles sim gostam de alguém para contar uma boa história. Agora se sou lido por eles desconheço. Às vezes aparece uma humilde escoteira ou um Sênior para dar seus pitacos nos meus escritos. Opa! Ainda bem que não curtem nem lascam lá aquele “homizinho de azul batendo palmas” ou uma mão de emoji para dizer: “Chefe tô com você, gostei”.  

Talvez eu tenha culpa. Costumo elogiar aqueles que acho que merecem e mesmo alguns me decepcionando lasco uma foto, uma frases esperando que isto mostre que somos irmãos aqui na lua no sol ou nesta terra bendita. Posto poucos elogios aos jovens há não ser quando aparecem brilhantemente uniformizados, recebendo uma comenda ou promessando com orgulho e sabendo que este é seu dia especial. Copiar suas fotos não sempre é fácil. Preciso de autorização e na maioria os pais ou chefes discordam o que acho natural. Afinal a Escoteiros do Brasil tem norma, dizem até que pode ser processado quem autorizar. Mas o Chefe? Ah o Chefe! Tem fotos prá todo lado. Uma pena que o que mais atrai a escoteirada não aparece nenhuma. Fotos deles no campo, no sertão, nas bandas de um vale, no alto da montanha, no campo campestre, em matas verdejantes andando entre flores silvestres, na sua barraca, no seu habitat com plena liberdade de fazer para aprender... Mesmo errando... E “devidamente uniformizados ou vestimentados”.

Sabemos que isto não acontece. Ele o menino, a menina o jovem ou a jovem estão em outra, diz o Mestre Chefe treteiro. Orgulhosamente me dizem: - “Grande Chefe”! (note que só tenho 1,67 portanto não sou grande). São novos tempos, os cursos, os livros, os alfarrábios ensinam agora a nova pedagogia escoteira! Açoito-me com um ramo de oliveira no pescoço cheio de rugas e peles mexidas que dizem chamar de pisadura, gilvaz e mossa (putz!). (O ramo de oliveira é um símbolo conhecido segundo a religião que traz consigo a ideia de piedade, sendo também a derrota do pecado). Nem sei o que é isto. Não discuto, não vale a pena. Coitado da cambada de pirralhos que hoje pisam no tal Escotismo Moderno. Na escola uma cadeira, um quadro negro, no Grupo Escoteiro muitas cadeiras e um quadro negro! E vá dizer que isto ninguém quando miúdo quer. Mas eles os agora chamados de docente educadores no alto de sua sapiência dizem; Eles adoram, ontem fiz um jogo que foi um sucesso! Precisava ver o sorriso deles! E eu boboca finjo que acredito...

Mas será que estou perdendo o fio da meada? Sei não. Prefiro não postar técnicas de campo, de acampamento de jornadas nas matas do meu Brasil. Melhor é jogar Amarelinha, pois sei que é sucesso garantido. Se precisar de material uma faca para o chão de terra, um giz para o pátio da sede se tiver cimentado eu agacho, apanho a pedrinha e pulo para fora do caracol! Melhor mesmo é pegar minhas biroscas que alguns diziam ser bolinhas de gude, meu finquinho ou melhor, tá ventando, vou empinar meu papagaio, pois voltando nos meus velhos tempos isto sim era batuta, era melhor!

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O golpe de 1964.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O golpe de 1964.

... - A idade não depende dos anos, mas sim do temperamento e da saúde; umas pessoas já nascem velhas, outras jamais envelhecem. Não sei onde me situo. Falta pouco para meus oitenta anos. Será que um dia vão bater de novo na minha porta em nome da Revolução?              

Este meu artigo é endereçado a uns poucos amigos que tenho aqui o Facebook. Não mais de quinze ou vinte. Todos boa gente que me seguem há anos e tenho por eles alta admiração. Tenho mais uns quatro a cinco mil em cada página e como eles quase não comentam não sei de suas opiniões. Reservo-me o direito de publicar em minhas páginas e grupos e portando não irei polemizar. Não pretendo mudar concepções escolhas e opiniões diferentes do meu pensamento e nem tampouco discordar da tese que precisamos mudar e já. Também penso assim, um pouco diferenciado do que estão dizendo por aí, principalmente na ideia de que as Forças Armadas sob o comando do Presidente deveria dar um golpe militar, fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. (Respeito e admiro nossas Forças Armadas que sabem do seu papel Institucional e a eles tiro meu chapéu) Dar exemplos que acontecem pelo mundo sei que não adianta. Às vezes um civil é o líder e permanece por anos e anos no poder e no final ninguém sabe para que veio. Estamos cheios de exemplos conhecidos.

Não vou dar lições de quais países abdicaram da Democracia para contar uma pequena história do qual fui testemunha ocular. No inicio da década de sessenta trabalhava como peão na Usina Siderúrgica de Minas Gerais – Usiminas – e levava uma vida tranquila mesmo esquivando das brutalidades de poucos integrantes da Policia Militar e os Vigilantes da Usina. Era um membro do Grupo Escoteiro Tapajós, primeiramente em Melo Viana e depois transferido para Coronel Fabriciano. Fomos eu e o Chefe Carlos os fundadores e nos considerávamos irmãos escoteiros. Assisti “in locum” e quase morri ao ver a arrogância e bestialidade de alguns vigilantes e policiais militares. Mas esse é outra história que um dia quem sabe em volta do fogo, com amigos poderei narrar.

Em 31 de março de 1964 eu e a Célia estávamos em Belo Horizonte em visita a meus pais que lá moravam. Fiquei sabendo da movimentação de tropas e do golpe, mas não dei tanta importância como hoje. Precisava voltar no dia seguinte e o nosso transporte ferroviário e rodoviário foi interrompido. Dois dias depois desembarquei em Coronel Fabriciano. Ao chegar fui informado por um motorista de taxi meu conhecido que não devia ir para minha casa, pois estava sendo procurado pela policia. Assustei e muito. Sempre estive do lado da lei e da ordem e nem sabia o motivo. Ao chegar a minha casa o Zé Pontes nosso presidente do grupo contou que o Seu Leo (nome fictício) o Juiz de Paz foi quem disse que éramos comunistas. – A revolução tinha já tinha tomado forma. Aconselhou-me a ir para Valadares ou voltar a BH. Perguntei pelos outros chefes e o Carlos e me disse que foi preso e o levaram para o DOPS (o terror da época) na capital. Disse que a sede foi arrombada e vasculharam tudo a procura de panfletos comunistas. – Depois fui saber que foi por causa do nosso Lenço vermelho e branco.

Resolvi ficar em minha casa. A maioria dos outros chefes não me visitaram. Na Usina todos calados e o silencio era amedrontador. Duas semanas depois o Chefe Carlos me procurou. Contou chorando as sevícias que recebeu e até tiraram duas unhas da sua mão com alicate para contar sobre o nome dos comunistas. Quais? Ele não sabia, nem tinha a ideia se no seu circulo de amigos tinha algum. Meses depois ele e eu fomos demitidos da Usina e cada um de nós tomou rumo diferente. O Tapajós foi transferido para a Paroquia de Coronel Fabriciano e existe até hoje. O Carlos comprou um Karmanguia usado e no dia seguinte uma Jamanta passou por cima dela no Trevo de Juiz de Fora. Morreu na hora.

Acompanhei nos vagões dos trens com destino a Belo Horizonte centenas de prisioneiros. Não foi só em Minas, mas em todo Brasil. Muitas mães ficaram viúvas e outros não tinham cadáver para enterrar. Até hoje contam histórias e muitos não acreditam como aquele que alega ser a Terra chata ou quadrada sei lá. Ele tem seus seguidores que duvidam que a Terra seja redonda. Teria muito ainda para contar, a surra que levei por tentar me empregar na Usina de Peletização no Porto de Tubarão em vitória em 1965. Fiquei dias de molho no hospital tratado como um reles bandido só porque precisava de um emprego. Tivemos longos períodos de censura e pouco sabemos dos que aproveitaram de seus dotes empresariais e enriqueceram extraordinariamente. Ninguém podia contar. O AI5 fechou o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Não havia a quem reclamar.

Em 1966 colaborava como Chefe de tropa no Grupo Escoteiro Walt Disney em Belo Horizonte, no Convento dos Dominicanos no alto do Bairro da Serra. Os Dominicanos tinham fama de acobertar fugitivos e frequentemente havia buscas nas suas dependências. Um dia vi alguns militares na sede escoteira, destruindo boa parte da nossa intendência. Fui reclamar e apanhei de novo. Até ameaçado a ser levado para o DOPs por agir como comunista. Sei que muitos dirão que isso não diz nada, que hoje tudo é moderno (Deus meu! Este tal moderno me engasgo a ouvir). Adolf Hitler (deve ser um personagem conhecido por muitos) dizia: Que sorte para os ditadores que os homens não pensem. Gustave Le Bom completava sobre eles: - Um ditador não passa de uma ficção. Na verdade, o seu poder dissemina-se entre numerosos subditadores anônimos e irresponsáveis cuja tirania e corrupção não tardam a torna-se insuportáveis.

Nota – Encontrei em 1982 o Zé Pontes o Nosso antigo Presidente do Grupo escoteiro Tapajós em Osasco próximo a prefeitura. Uma surpresa gostosa e maravilhosa. Tomamos num “boteco próximo” gostosas geladas e as lembranças do passado afloraram. Lembrei-me de sua ultima frase na nossa despedida: - A juventude é um disparate, a idade adulta uma batalha e a velhice Chefe uma saudade!   

domingo, 19 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. São Escoteiros?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
São Escoteiros?

... – Este artigo cujo teor é de meses atrás, ainda acontece até hoje. Não vamos generalizar e sei que a maioria age corretamente obedecendo às normas conforme acreditam e orientado pelos seus Dirigentes e APFs. Vez ou outra um ou outro Chefe descontente abre espaço em suas páginas para protestar e exigir seus direitos. Concordo com o que escreveu Cristina que dialogar é escutar o que o outro tem a dizer, sem ficar pensando o que vai responder em seguida. Dialogar é falar com o coração e com a razão também. É respeitar e ser respeitado. “Perfeito”. Não discuto aqui os valores das normas estatutárias e outras resultantes do pensamento de algum líder em seu poder nas artes relevantes de sua associação. Quando o poder for simplificado para “o saber ouvir e compreender” então teremos oportunidade do diálogo e não o monólogo.

Vejamos o que escrevi há meses sobre o tema... - Ontem passeando nas páginas do Facebook deixei de lado as Fake News horríveis, muitas postas por pseudos Chefes Escoteiros (o que não devia acontecer) e me deparei com uma desavença de alguns sobre a posição de uma determinada patente em um Grupo Escoteiro. Comecei a ler os comentários a favor e contra. Tudo começou com um revoltado membro Escoteiro com um Presidente do Grupo que não registrou os membros da diretoria. A discussão chegou às raias da ameaça e da punição. Um bate boca h horrível que não coaduna por quem tem o espírito Escoteiro. São situações análogas que vem acontecendo não frequente, mas existem. Algumas explicações foram entrepostas e um que me parece ser um líder do distrito disse que todas as providencias estavam sendo tomadas. Ameaças veladas no ar. Fiquei pensando nas normas, nos artigos de um estatuto que rege os papas escoteiros de hoje. A discussão foi evoluindo. Se estivem no mesmo local sairiam para o sopapo sem dúvida. Não sei o motivo real, mas seja o que for este tipo de comportamento não coaduna com os princípios escoteiros.

Contra meu modo de agir e me “abiscoitar” como docente escoteiro, coloquei minhas ponderações sobre o motivo da contenda. Falei da amizade, do sexto artigo do direito de agir, falei da fraternidade, da irmandade tão usada pelos dignitários escoteiros. Disse da minha perplexidade de tal discussão ser lida por milhares e milhares de escoteiros do Brasil e do Mundo. Não gosto de dizer que roupa suja se lava em casa... Mas... Parece que se tocaram e retiram a postagem alguns minutos depois. Já vi esse filme. Alguns poucos me escrevem reclamando a mesma coisa. Sou um velho escoteiro de setenta e três anos de escotismo e não um Salomão Escoteiro. Costumo pensar que apesar de ser um leitor emérito de Baden-Powell nunca li que ele disse que para ser escoteiro tem de ter registro, que a associação do país tem de ser reconhecida e registrada por um órgão internacional.

Li sim muito do que escreveu que o escotismo simples dentro das bases do que ele deixou e bem aplicado tem tudo para dar certo na formação da juventude. Deu a fórmula através de um método perfeito. Deu uma Lei e uma Promessa. Disse que para crescermos devemos aprender fazendo. Sempre repetia em seus escritos que o Chefe é exemplo. Os jovens farão o que seu líder faz. Não disse nada sobre registro, sobre Presidente, sobre Diretores e outros badulaques hierárquicos. Falou muito do Chefe. Do Chefe... Sei que não são todos, mas tem uma minoria que deixa a desejar. Ás vezes me olho e olho em volta perguntando? São Escoteiros? São fraternos, convivem em harmonia, procuram ajudar, ouvem e sabem falar na hora certa? Pensam primeiro nos outros? A lealdade acima de tudo, à cortesia e a irmandade do sexto artigo prevalece em suas ações? Acreditam mesmo que são exemplo para conduzir escoteiramente esta moçada no porvir?

Falamos de ética, de honra, de caráter de personalidade de Servir, falamos tanto que essa preocupação em condenar, em exigir normas sem dar oportunidade de correção e sabemos que os órgãos correlatos para isso não são o melhor lugar para usar da palavra e definir uma conclusão. Repito o diálogo e não o monólogo não seria melhor que ameaças? Essas ações dos Dirigentes na mais ampla escala de valores e da ética dentro da hierarquia escoteira não trazem benefício algum. Não concordo com o que colocaram na promessa que nada tem a ver com as idéias de Baden-Powell: “Servir a União dos Escoteiros do Brasil”. Ufa! Se eu quero ser escoteiro e prefiro fazer dentro dos parâmetros que acredito não tenho esse direito? Se não estou agindo dentro da lei existe um caminho correto para resolver. O que não pode é essa intolerância, essa opressão pensando que somos todos soldadinhos do que dizem os estatutos e os mandatários da EB. Ah! Esses líderes de grupo que se acham dono da verdade.

Interessante que minhas páginas e grupos tem participação internacional. São escoteiros e chefes de vários países que leem tais pensamentos transformados em demanda entre um e outro nas páginas das redes sociais. Não sei se em seus países isto acontece. Sem sim que tem alguns deles que costumam discordar e sei também que depois de um bom mediador participar da contenda chegam à conclusão que o importante é o jovem. Ainda estamos na fase troglodita de resolver discórdias? Em um movimento reconhecidamente fraterno? O que valeu a promessa, a lei tão bela e sincera no seu modo de ser. Vez ou outra temos uma voz gritando baixinho, chorosa, respeitosamente saudosa dizendo que está deixando o escotismo. E todos em uníssemos repetem: - Por quê? Difícil entender a voz da razão de cada um. Não importa se vamos chegar aos duzentos mil... Não importa. O importante é manter a ética o respeito e a lealdade com aqueles em volta que consideramos irmãos escoteiros.

Não vou discutir aqui se o registro anual é valido ou não. Não vou discutir também se os Estatutos devem ter as normas da associação para melhor disciplina. Já diz o sétimo artigo que o Escoteiro é obediente e disciplinado, mas não enxovalhado e escravo de uma crendice que não é a sua. Baden-Powell dizia frequente que estamos nos transformando em uma organização burocrática, cheia de poderosos que podem sem sombra de duvida mudar o pensamento mundial que o escotismo é para os jovens, para sua alegria, para sua formação e para que ele tenha no seu pensamento que a Lei Escoteira e a Promessa veio para ficar por toda sua vida. Precisamos repensar o que estamos construindo para o nosso futuro, um dragão guerreiro ou sínteses de jovens com Espírito Escoteiro para que nosso futuro seja o esperado por todos que labutam nas hostes do Escotismo Brasileiro e Mundial.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Conversa ao pé do fogo. Atividades aventureiras Escoteiras




Conversa ao pé do fogo.
Atividades aventureiras Escoteiras

... - “Quem cede a sua liberdade essencial em troca de um pouco de segurança temporária, não merece nem liberdade nem segurança”. Benjamim Franklin.

... – Não é incorreto definir muitas atividades escoteiras com nomes muitas vezes tirados da imaginação ou aprendidos em cursos ou mesmo na sequência aprendida no seu Grupo Escoteiro. Costumo dizer que o importante é fazer, é realizar deixando para o jovem a aventura, a descoberta o gosto de viver a “escoteira” na vida campestre junto á natureza. Pensando nisso e lembrando-se da nomenclatura aprendida nos tempos da “diligência” e sabendo que a uma série de conflito nos dias de hoje sobre a importância do texto o Que? Quem? Quando? Onde? Porque? E Como, e eu nem mesmo tenho ideia de quem foi o autor, (dizem que remete a Ernesto Che Guevara um dos líderes da Revolução Cubana)  mas ainda tenho duvida de quem foi o Criador de tão importante texto que ajuda e muito a quem pretende realizar atividades aventureiras e escoteiras.

Pensando bem, o “que” poderia ser o iremos realizar, “quem” seria os participantes e responsáveis, “quando” claro que significa a data que iremos partir e voltar, “onde” o local escolhido, seja em um bosque, em uma estrada carroçável ou uma trilha, sem considerar uma montanha bem alta para cansar e finalmente vem a ultima pergunta, “porque”! Isto mesmo porque vamos realizar tal atividade? Se perguntarem aos seus escoteiros (as) as respostas serão sempre as mesmas e às vezes variadas. No fundo acredito que deve estar embutido o desejo da conquista, o desafio, o aprender fazendo e porque não percorrer os caminhos da aventura seja de que jeito for. Pode ser um belo acampamento de vários dias ou um de fim de semana. Pode ser um bivaque percorrendo um trecho determinado e pernoitando para descansar, ou uma excursão em um local para deixar saudades no retorno.

Falamos muito em acampamentos. Claro sem ele não existe escotismo. Quando os jovens ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram. Eles adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se no último acampamento se decepcionaram e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí meu amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. Não adianta o melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas lembre-se você não pode falhar. Você Escotista é responsável para que os sonhos deles se tornem realidade e não o seu. Quando você deu a eles as delicias de uma vida mateira, quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o tempo foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de ir, então o sucesso é garantido e absoluto. 

Costumo dizer que existem acampamentos e acampamentos. Vejamos o que o Google diz sobre ele – “Acampamento (do inglêscamping) é um local onde se estabelecem barracas ou tendas, geralmente com a proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo”. - Mas será isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Isto aí é Camping. Escoteiros acampam e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a organização é a “alma do negocio”. Se a preparação e a organização foi perfeita então o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes escoteiros mais experientes, pois sei que a maioria sabe melhor que eu o que seria um acampamento Escoteiro. Seria presunção minha dizer o contrário.

Por outro lado um bivaque tem sua hora e seu lugar. Bem feito deixa marcas que nunca serão apagadas. Todo o cuidado é pouco. A preparação meses antes deve ser observada, pois nem sempre temos aventureiros preparados para uma longa  jornada e sabemos que um só reclamante põe tudo a perder. Adestrar em pequena rotas e aumentar à medida que estão aprendendo o que levar o que vestir para então partir em um esplêndido bivaque nunca antes caminhado em estradas e trilhas desconhecidas. Bivaque ou “Vivouac” em francês significa um acampamento rudimentar para passar a noite na natureza, pode ser feito sobre tendas, ao ar livre ou em fazendas desde que previamente combinados. Nunca esqueci um bivaque de Escoteiros Seniores que se saíram muito bem mas os chefes se cansaram demais. Esqueci que eles ainda não estavam preparados para “bivacar”.

Tem muitos escoteiros e escoteiras que gostam muito de uma atividade de fim de semana explorando uma trilha em uma montanha, um local aprazível para passar a noite, ver o nascer e o por do sol, as delicias dos sons da natureza, a brisa solta no ar, o vento soprando e os pássaros cantando, ops! Lá estou eu a poetizar. Será que não existe mais aquela possibilidade de sair com seus monitores e subs em bikes por caminhos desconhecidos, para mateiramente bivacar?  

- Não podemos esquecer os Acampamentos Volantes. Um pouco diferente de Bivaques. Próprios para seniores/guias experientes ou boas patrulhas escoteiras com ótima vivencia de campo. Uma programação com horários determinados e levando em consideração o tempo. Pode-se desenvolver um grande jogo, tipo os fugitivos do sol nascente (uma patrulha a frente, esconde após caminhar por cinco quilômetros, não longe da trilha ou estrada). A patrulha que avistar ganha pontos e segue a frente para fazer o mesmo. Se não avistarem, os fugitivos devem ultrapassar as patrulhas, e esconderem no segundo dia. Em acampamentos volantes as barracas vão nas mochilas assim como a intendência necessária. Muitas outras programações devem ser criadas. Andar por andar não tem finalidade escoteira. Passo escoteiro, Percurso de Giwell, ver sem ser visto, relatórios podem ser pensados. Cada tropa desenvolve seu programa escolhido por todos.

Voltemos ao texto o Que? Quem? Quando? Onde? Porque? Para rememorar que estas atividades são excelentes para desenvolver o programa escoteiro. É uma atividade de jovens para os jovens. O Chefe está ali para aconselhar e dar diretrizes do aprender fazendo e não ser o substituto deles. O jovem quer fazer, quer ser o aventureiro, o guia, o bandeirante, ele quer ser o herói na estrada, na trilha, e até mesmo nas noite enluaradas para contar estrelas... Se o ensinaram a fazer isso antes de sair por ai a aventurar sem saber o que fazer e aonde ir. Já me disseram que muitos jovens não tem mais aquele devaneio, encantamento ou fantasia para uma vida aventureira. Costumo dizer que cada um de nós tem suas escolhas e se elas ainda não  foram colocadas á prova se ainda não o ensinou a pescar a lua e as estrelas, costumo aconselhar a entender as palavras de Rudyard Kipling: - “Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Quase 35 anos de um dos maiores mistérios do Brasil. O desaparecimento de um Escoteiro.




Quase 35 anos de um dos maiores mistérios do Brasil.
O desaparecimento de um Escoteiro.

... - O mistério do desaparecimento do Escoteiro Sênior Marco Aurélio no Pico dos Marins foi amplamente comentado e até um livro foi editado. Juan Bernabeu Céspedes o Chefe participou de vários cursos que dirigi na década de oitenta e sempre o achei muito responsável por isto foi aprovado em todos. Até hoje o enigma continua. Hipóteses mil foram levantadas. Mas onde está Marco Aurélio?

(– Este artigo foi escrito por uma escoteira e publicada no site Go Outside – Do blog Scout – Uma aventura aos seus pés.).

34 anos de um dos maiores mistérios acontecidos no escotismo. Um episódio que marcou muito minha infância. Morava na cidade de Lorena que é vizinha à Piquete, fiquei muito assustada com o ocorrido. E desde este evento, comecei a olhar para aquela cordilheira com temor. Porém, eu não sou muito ligada à datas, achava que este acontecimento teria sido em julho, mês das férias, porque em minha memória, eu li os cartazes com as fotos do menino na subida da Serra quando viajei ao Sul de Minas. Contudo, hoje, não sei se por coincidência, pensei o dia todo no assunto. E na pressa, para não tardar muito na data, resolvi fazer uma compilação de alguns textos que achei na net. “O misterioso desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio Simon, em 08/06/1985, o pai, Ivo Simon, conta que seu filho tinha 15 anos quando desapareceu. Ele estava numa excursão no Pico dos Marins, junto a seu grupo de escotismo, quando um dos escoteiros se machucou. Marco Aurélio, como monitor da equipe, foi então designado para ir à frente do grupo em busca de socorro. Depois de partir a fim de cumprir a determinação, o escoteiro sumiu sem deixar qualquer vestígio. Hoje, passados mais de 30 anos, a família ainda sofre com incerteza sobre o destino de Marco Aurélio, embora mantenha viva a esperança de reencontrá-lo”.

Fonte: Papo de Mãe
“O jornalista Ivo e a mulher não acreditam na morte do filho desaparecido. "Em nenhum momento eu considerei meu filho morto", diz Neuma. Foi em 8 de junho de 1985 que Marco Aurélio, acompanhado de mais quatro escoteiros e do guia, saiu de casa para uma excursão ao Pico dos Marins. Quando o grupo subia o morro, um dos garotos torceu o pé e o guia decidiu mandar Marco Aurélio de volta na trilha, em busca de socorro. A partir desse momento, o garoto nunca mais foi visto”. “Durante 28 dias, policiais civis e militares vasculharam o pico a pé e com helicópteros. Nenhum corpo, nenhum pedaço de roupa ou rastro na terra foram achados. “A polícia procurou tão bem que um soldado perdeu uma faca no meio do mata e, na busca do dia seguinte, ela foi encontrada”. Mas não houve pistas do meu filho", diz a mãe”.

Arquivos secretos - A família percorreu o País em busca de todo tipo de notícia que chegava de Marco Aurélio. Certa vez, um delegado perguntou se os pais acreditavam em discos voadores e sugeriu que fossem a Brasília e falassem com um general da Aeronáutica, conhecedor de fenômenos extraterrestres. O general disse que podia comunicar-se com ETs por telepatia. Os pais disseram a ele que pedisse aos ETs a devolução do filho. Nunca houve resposta. Fonte: Escoteiro Sempre Alerta. Vinte anos após o escoteiro Marco Aurélio Bezerra Boxada Simon ter desaparecido durante uma excursão ao Pico dos Marins, na divisa de São Paulo e Minas Gerais, a família do rapaz, ainda tem esperança de encontrá-lo vivo.

A tragédia que abalou a família de Ivo também comoveu o país, que acompanhou pela imprensa e pela televisão a busca desesperada por Marco Aurélio. Durante 28 dias, mais de 300 pessoas entre voluntários, bombeiros e equipes especializadas em salvamento e busca na selva vasculharam a região do Pico dos Marins, sem sucesso. ENIGMA - O desaparecimento misterioso de Marco Aurélio e o fato de não ter sido encontrado nenhum vestígio (roupas ou pertences como faca, cantil ou canivete) transformaram-se em um enigma que alimenta as esperanças da família de um dia ainda encontrá-lo vivo.

O grupo chegou a Piquete no dia 6 de junho. Subiram até a base da montanha, onde foram montadas barracas e realizadas diversas atividades próprias do escotismo. No dia seguinte, os escoteiros começaram a caminhada em direção ao cume do Pico dos Marins. Quando o grupo alcançou a altitude de 750 metros, um dos escoteiros se machucou. Os demais desistiram da subida e decidiram retornar à base. Marco Aurélio era o monitor da equipe e foi, segundo contaram os escoteiros, designado pelo guia Juan Bernabeu a ir na frente em busca de socorro. O rapaz foi orientado a deixar sinais na trilha para não se perder. Ele partiu para cumprir a determinação do chefe e nunca mais foi visto.

Na época, levantaram-se várias especulações, inclusive a possibilidade de homicídio, mas nada foi constatado. COMOÇÃO - O desespero da família Simon, principalmente da mãe de Marco Aurélio, Thereza Neuma Bezerra Simons, comoveu a população de Piquete, onde foi montada a base de busca, a ponto de a prefeitura cancelar as festividades de aniversário. Hoje, Ivo diz acreditar que seu filho não foi morto. O jornalista reclama também da falta de apoio da União dos Escoteiros do Brasil e agradece a solidariedade que recebeu de todos os cantos do país. "Isso é reconfortante e ajuda a nossa família a ter esperanças de encontrar Marco Aurélio vivo."

Nem ufólogos conseguiram explicar! Marco Aurélio Simon era um garoto curioso. Tudo o que fugia do convencional despertava seu interesse. Na adolescência, além de se dedicar ao escotismo, chegou a fazer um curso de detetive por correspondência, tamanho era o seu interesse pelos mistérios do mundo. Mas foi a sua própria história que acabou se tornando um dos mais intrigantes enigmas ocorridos em terras brasileiras. Integrante do grupo de escoteiros Olivetano, o rapaz desapareceu durante uma expedição no Pico dos Marins, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, há 30 anos, aos 15 anos de idade. Nenhum vestígio foi encontrado. Nunca.

Foi no dia 6 de junho de 1985 que a saga começou. Os escoteiros do grupo Olivetano subiram até a base da montanha, de 2.424 metros de altitude, e armaram acampamento. A viagem não trazia nenhum desafio excepcional, pelo contrário: o Pico dos Marins já era um destino bastante procurado por turistas e aventureiros. Nem escalada estava incluída no passeio. Para chegar ao topo do morro, bastava fôlego para subir uma trilha aberta na década de 30. No dia 7, os escoteiros, liderados por Juan Bernabeu Céspedes, iniciaram os preparativos para a subida ao cume, que só ocorreria na manhã seguinte. Certo da facilidade do trajeto, Céspede dispensou o guia que seguiria a trilha com o grupo. Mas quando atingiram uma altitude de cerca de 750 metros, um garoto se machucou, e o restante da turma decidiu voltar. Marco Aurélio, que era o monitor, foi designado por Céspedes para ir à frente à busca de socorro. Ainda que a atitude do líder contrariasse as normas escoteiras de que nenhum membro do grupo deveria explorar uma trilha sozinho, Marco Aurélio seguiu a orientação. O combinado era que o rapaz deixasse sinais nas pedras, para que os outros o seguissem em ritmo mais lento por conta do acidentado.

Em um determinado ponto, quando o caminho traçado por Marco Aurélio ficou muito difícil para o grupo seguir, Céspedes desviou, optando por um atalho mais simples para a cidade, para buscar ajuda. Nesse ponto, não encontraram mais nenhuma marca nas pedras. No dia seguinte, o líder decidiu voltar ao acampamento que ficou montado, achando que encontraria Marco Aurélio em sua barraca. Mas encontrou-a intacta, exatamente como havia sido deixada no dia anterior. Nenhum vestígio do garoto foi encontrado.

Durante quase um mês, cerca de 300 policiais participaram da busca pelo escoteiro no Pico dos Marins. “Foi uma das maiores buscas já realizadas no país, mas nada foi encontrado. Nenhuma faca, nenhuma peça do vestuário do Marco Aurélio. Nada”, diz Ivo Simon, pai do escoteiro. A busca foi tão detalhada que um policial perdeu uma faca na mata em um dia e no outro, ela foi achada por outra pessoa. Mas nenhum vestígio do garoto. O inquérito policial foi arquivado em 1990, sem ter chegado a nenhuma conclusão. Algumas das hipóteses levantadas na época para o sumiço: ele teria sido assassinado pelo líder (esta foi à primeira possibilidade levantada pela polícia, que depois a descartou porque Céspedes não tinha instrumentos capazes de matar o garoto e sumir com o corpo), teria caído num buraco (se isso tivesse ocorrido, o cheiro do corpo em putrefação teria chamado a atenção dos cães farejadores que participaram da busca, o que não ocorreu) ou simplesmente fugido (nenhum morador da cidade ou dos arredores viu o escoteiro). A quarta hipótese é de que ele poderia ter sido levado por um disco voador. O Pico dos Marins é considerado uma região com muito poder magnético, o que, segundo místicos, atrairiam naves extraterrestres. Por isso, a família até procurou ufólogos, que também não souberam explicar o que havia acontecido.

Com o fracasso das investigações, a família passou a contar com o apoio de místicos, religiosos e ufólogos. “Fomos a umbandistas, parapsicólogos, espíritas. A maioria diz que ele está vivo”, conta Ivo. Quando procuraram o famoso médium Chico Xavier, morto em 2002 tiveram a seguinte resposta: “Só me comunico com pessoas que desencarnaram”. Por conta disso tudo, a família Simon acredita que o rapaz ainda está vivo. E acompanha como seria a fisionomia do filho pelas transformações no rosto de Marco Antonio, gêmeo univitelino de Marco Aurélio, hoje com 37 anos. “A gente não tem mais onde buscar. Mas se alguém me disser algo, der alguma pista, nós vamos atrás. Não entregamos os pontos. O que me tortura é esse mistério, é não saber o que aconteceu com meu filho”, desabafa Ivo Simon.