domingo, 31 de julho de 2016

Curiosidade Escoteira. O brim caqui.


Curiosidade Escoteira.

Vejo um artigo do Chefe Fabio Neiva onde ele faz um comentário sobre o brim caqui. Pesquisa bem feita as origens do seu artigo foram fieis ao brim. Parabenizo ao Chefe pela postagem e que isto não sirva de minha parte para comparações entre o caqui (uniforme) e a vestimenta. Como todos sabem sou adepto do caqui curto e se ainda faço comentários da vestimenta é mais sobre seu preço, a quantidade de peças a escolher, sua maneira de vestir, hoje na minha simples opinião sem garbo e apresentação. Sei que a maioria são adeptos da maneira de vestir da vestimenta, usando a modernidade como justificativa. Não quero mais polemizar sobre o tema e meu intuito aqui é comentar sobre o caqui no passado e no presente sem desmerecer o excelente artigo do Chefe Fabio Neiva.

Ouve uma época, época que alguns poucos chefes de hoje distorcem ou mesmo não gostam de quem viveu no seu passado ou falem dele, que os uniformes, distintivos, adereços e apetrechos escoteiros eram vendidos em lojas bem conhecidas na comunidade local e isto foi sem sombra de duvida um enorme marketing para os escoteiros, sem considerar a enorme facilidade para aquisição. Hoje a dúvida da EB em acreditar que outras associações Escoteiras não pertencentes a ela possam usufruir de tais benefícios a levou ser a única em decidir quem vende quem pode comprar e o que pode vender. Considerando a facilidade da compra do tecido caqui seja no passado ou no presente se tornava mais fácil à tia, a mamãe ou a vizinha confeccionar os uniformes. Isto facilitava muito os mais humildes na uniformização. Afinal o preço de um artigo pode ser visto com um maior número de jovens com seus uniformes.

Queira ou não, no passado se via com mais facilidade jovens escoteiros uniformizados indo para suas reuniões ou atividades extra sede. Até mesmo os lobos de Seeonee com seu brim azul podiam usufruir dele com preços módicos. Eu mesmo fiz questão de aos dez anos trabalhar para comprar um tecido caqui que minha tia confeccionou. Hoje a EB (Escoteiros do Brasil) se transformou em um truste. (Truste é uma empresa ou várias que detêm parte de um mercado, se ajustam ou se fundem para assegurar o controle, estabelecendo preços que quer cobrar muitas vezes visando maior margem de lucro). Sei que muitos irão discordar, mas os preços dos distintivos, uniformes e adereços da EB estão muito aquém das possibilidades de muitos jovens que querem fazer escotismo no Brasil. Afinal a EB com todo direito que possui, dita as regras, e mesmo sem consultas, pesquisas ou mesmo transparência nos seus atos, define os preços, nem sempre levando em consideração as condições financeiras de seus associados e seus fornecedores. Como só existe um representante comercial, quem sabe a negociação deixa a desejar o valor real do objeto. Afinal os associados não tem mais onde comprar e são obrigados a comprar da EB para poder usufruir de tudo aquilo que ela produz e faz.

Enquanto nos dias de hoje ainda é possivel fazer um uniforme de cor caqui por menos de 120 reais, a vestimenta não sai por menos de 300 reais. Sem considerar a má qualidade da confecção e do tecido que rasga facilmente e desbota com facilidade. Baden-Powell quando pensou na criação do escotismo, pensou mais na juventude humilde inglesa que não podiam ter as mesmas regalias dos mais bem postos financeiramente. Aqui no Brasil acontece o mesmo e é comum termos jovens sem condições financeiras lutando com dificuldades para participar ativamente do escotismo. Muitos pensam que os órgãos dirigentes deveriam ter como programa facilitar a participação dos seus associados, o que nem sempre acontece. Qualquer um sabe que as dificuldades na maioria dos Grupos Escoteiros no Brasil são enormes. Seja na uniformização, no material necessário para as práticas Escoteiras ou mesmo até em algumas cidades mais distantes comprar e receber pelos meios eletrônicos de hoje que a UEB tem e usa frequentemente. Reclamações de troca ou peças erradas são comuns.

Sabemos que boa parte dos associados da EB que querem praticar o escotismo, sofrem para pagar a taxa anual para ser um membro efetivo. Ao Chefe Fabio Neiva meus parabéns pelo artigo sobre o tecido caqui. Abri um leque em seu artigo quem sabe dando nova interpretação no brim que sempre me vem à lembrança. Peço desculpas por ter usado seu artigo alterando a maneira de pensar sobre a vestimenta que repito: - Preços melhores, apresentação melhor levaria ao meu entendimento uma melhor postura e apoio de uma sociedade ou comunidade brasileira acostumada a ver em seus representantes militares, empresariais, entidades sociais ou religiosas ou mesmo escolares, postura garbosa no uso de seus uniformes. E o preço? O preço Ó!
Sempre Alerta!


segunda-feira, 25 de julho de 2016

O meu "Velho" livro de Atas.


Conversa ao pé do fogo.
O meu "Velho" livro de Atas.

                            Muitos não gostam do livro de Atas. Acham enfadonho e sem graça. Sempre que convidava pais para participarem da diretoria do Grupo Escoteiro quando comentava sobre as atas um olhava para o outro como a dizer – Faça você – Prefiro outro cargo. Não sei por quê. Afinal atas tem uma importância enorme na vida de um Grupo Escoteiro. Esqueça a tecnologia moderna de hoje. Pense como um aventureiro que quer deixar uma história do que aconteceu com seu grupo, com sua tropa, com sua patrulha para ser conhecido nos anos futuros. Eu sei que nos grupos que vocês atuam elas são feitas assiduamente. Eu sempre gostei de atas. E gostava e ainda gosto de escrever, afinal fui escriba na patrulha e nem lembro mais quantas atas e relatórios eu fiz. Colocar ali o que cada um diz sua opinião seu estilo de interpretar uma situação, é como sentir a vida dentro daquelas páginas que um dia irão ser lembradas como um fato histórico. Experimente ler uma ata alegre, cheia de sabor, escrita por alguém que dá um toque especial. Vale a pena. As lembranças se você esteve ali naquele dia irão trazer de volta tudo que foi falado, anotado e escrito.

                     Sempre acreditei na importância das atas. Gostaria de voltar a minha cidade e ver se as da Patrulha que participei elas ainda existem. Acho que não. Eu era o escriba e quando passei para Sênior ficou na mão de João Mindinho. Se ele cuidou bem eu não sei. Sei que o grupo não mais existe, mas quem sabe tem alguns vivos lá? Seria uma grata surpresa. Já pensou? Ler o que escrevemos durante todos aqueles anos como escoteiros e seniores? Sempre acreditei que não devia existir um modelo de estilo de escrita em atas. Dizem que hoje tem até cursos para os “Ateiros” risos. Tem tanta exigência que dá medo. Não pode pular linhas e nunca esquecer dos parágrafos.  Os espaços vazios devem ter um traço diagonal. Mas boa mesmo é a ata tipo história, cheia de adornos e Volante da Touro fazia e desenhava em cima.

                   A patrulha tinha dois bons escribas. Eu era um deles. Enfeitava muito no que escrevia. Claro nossas atas contavam sempre tudo que fazíamos em acampamentos, excursões, entrada e saída de escoteiros. Não faltava a entrega de distintivos, estrelas, etapas e tudo que se relacionasse a patrulha. Decisões da Corte de Honra (quando podíamos saber). Claro que a Corte de Honra tinha a sua trancada a sete chaves. As reuniões de Patrulha nunca eram feitas sem uma boa ata. E olhe, chegamos a ter mais de dois livros de atas por ano. Uma vez contei oito em cinco anos. Alguns dizem que na Patrulha não são atas e sim diário ou relatório. Se fazem e ficam gravados para sempre não discuto, mas que vale a pena vale. Quando os anos passam você pode ver ali o cargo de cada um na Patrulha, o dia da promessa, o dia da estrela de um ano, dois, três e os cordões, as classes e especialidades. Os acampamentos, as eficiências de campo, as histórias que surgiram e aconteceram e ufa! Até mesmo os fogos de Conselho.

                  São tantas coisas que valem a pena anotar que poderia escrever várias páginas sobre o tema. Por toda minha vida vivi junto a um livro de ata. Nunca deixei de ter uma para anotar e lembrar-se do dia em que foi escrita. Eu acredito que os livros de atas devem ficar a disposição de todo o Grupo Escoteiro e dos visitantes que se interessarem em ler. Nada do Diretor Administrativo levar para a casa, deixar a sete chaves em uma escrivaria qualquer.

                 Uma vez, quando fui nomeado Comissário Regional em Minas Gerais fiquei três fim de semana inteiro na sede regional a base de lanches para não perder o fio da meada, lendo atas que ali encontrei. Uma verdadeira historia contada por um simples livro do escotismo no estado. Tinha um livro de atas de 1930! Falava coisas que sequer poderia imaginar. Quando deixei o cargo deixei lá os livros de ata. Onde foram parar eu não sei, mas ali estava escrito a saga de um estado e sua história na sua formação escoteira.  E olhem, é ruim quando você pergunta se o grupo tem tudo isto e a resposta é negativa. Fica como se o grupo não tivesse história, memória, como se seu passado fosse suprimido para a posteridade.

                 Eu se pudesse iria visitar grupo por grupo e dizer da importância das atas. Atas das Assembleias, da diretoria, do Conselho de Chefes, das patrulhas e por que não da Alcatéia? Tão fácil ensinar os escribas os diretores administrativos a fazer uma ata gostosa e cheia de frases para abrilhantar um dia um ano e a vida de um Grupo Escoteiro para sempre. Nem me venha com formalidades. Está no POR? Atas formais são tediosas e muitas vezes elas nos dão preguiça ou sono quando há lemos.  Sempre digo que devemos procurar dar uma conotação especial ao fato. Claro não é uma narrativa de uma partida de futebol e nem tampouco um conto das mil e uma noites. Leva-se tempo para aprender a escrever com transparência e fazer do acontecido um espelho do real.

               Gosto de ver Grupos Escoteiros que tem história, que através de suas atas ficamos sabendo de sua saga, de sua vida e de como o tempo mudou para um e outro dos que estão e dos que já se foram. As atas tem papel fundamental. Na minha humilde opinião até mais do que fotos. Um livro de ata da Patrulha, da Corte de Honra, no caso dos seniores/guias do Conselho de Tropa, do Conselho de Chefes do Grupo e da diretoria do grupo, das assembleias tem uma importância fundamental. Muitas? Não. Cada uma tem sua particularidade. Cada uma tem sua história. Espero que isto faça aqueles que ainda não tem pensar mais no assunto. Colocar o supérfluo é fácil difícil é criar uma surpresa, uma maneira alegre da escrita onde às personagens ficam simpáticas a todos que leem.

Espero ter contribuído para que o Grupo em que colaboram possa ter sua história contada em seus detalhes mais lindos e suas mais loucas aventuras! 

- A noite escura jogava sombras na patrulha que tentava dormir. Um uivo ao longe fazia que pensamentos abstratos levassem até a porta da barraca um lobisomem, um fantasma e o medo aflorava a pele do noviço que se arriscou a acampar conosco. Depois de tudo, da risada normal quando o medo passou eu fiquei pensando como acabar com o medo. Fácil disse Jairo, apenas aprendemos a lidar com ele e aguentamos firme. A vida é uma grande e gigantesca confusão. Mas essa é também a beleza dela – De um livro de ata que se perdeu no tempo e na memoria de um escriba que nunca esqueceu suas histórias.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

O dia “D” de Tunico Pratifunha.


O dia “D” de Tunico Pratifunha.

Era a última pessoa que eu queria encontrar. Bem ali na esquina da Rua Garça, lá estava ele, com seu jeito bonachão, adorava glosar as pessoas, se sentia o dono do mundo quando desfazia de alguém. Não éramos amigos apenas vizinhos. Nunca disse para ele que era Escoteiro e ele nunca perguntou até o dia que me viu de calças curtas. Pôs a mão na boca como a segurar o riso. Parei a sua frente. – Vai rir ou vai aplaudir? Falei. Ele tentou ficar sério, mas não conseguiu. Sua gargalhada ressoou pela Rua Bem Ti Vi do começo ao fim. As janelas se abriram e as Marias Lavadeiras sorriram leve quando me viram de olho inchado e roxo. Ainda bem um pouco de privacidade e respeito. Pensei em dar uma boa “porrada” em Tunico Pratifunha. Só seu nome era de matar. Eu com um nome desses teria ido parar na Líbia e me alistar na legião estrangeira, pois na Al-Qaeda ou no Estado Islâmico seria morto no primeiro dia. Tentei ser um cavalheiro, mas não adiantou. Ele pulava e urrava como um boi sonso que comeu Lobrobô do mato misturado com urtiga.

Bem aquela foi uma dele. Agora eu sem meu amado e querido uniforme caqui de calças curtas e chapelão seguia pela rua para comprar o pão nosso de cada dia. Adoro pão quentinho com manteiga de Minas. E lá estava o Tunico Pratifunha. Deveria ter colocado meus óculos escuros, mas o dia estava nublado e meio escuro era melhor não. Afinal via bem com um olho e o outro não. Logo o outro, valha-me Deus. Minha operação de catarata na semana que vem foi prás cucuias! Ele me olhou, rodopiou, deu sua célebre gargalhada e disse: - Foi soco? Nossa Que “socasso”! – olhei para ele pensando de novo em lhe dar uma “porrada”. Infelizmente não sou o chefão de outrora, bom de briga, um soco um dente dois socos oito dentes. Agora era de paz, pois bastava alguém me encostar à mão e eu caia feito abobora madura. – Não Tunico, falei. Levei uma queda! – Al-Qaeda? – Queda! Queda! Repeti varias vezes. - Tombo, eu escorreguei e meti a testa no cimento da calçada! – Pobre calçada ele disse.

Olhei para ele, o Talzinho sempre me tirava do sério. Velho Escoteiro, com dentes caindo, andando meio torto, voz sumida e tossida, ar rarefeito preferi seguir em frente. Já foi a época que não levava desaforo para casa. Que o Diga o Escoteiro Chefe do Passado, aquele mocinho que me deixou sozinho acampado no quintal da UEB e levou todo mundo para o hotel duas estrelas. Fiquei danado. Subi no palco onde ele dirigia uma sessão e disse poucas e boas. Ele me olhou atarantado pensando que diabos eu era e o onde pretendia chegar. Comprei minha passagem de volta e nunca mais o vi, pois achei que fui grosso e ele merecia as minhas desculpas. Olhei de novo para Tunico Pratifunha. Ele com aquela cara de besta que Deus lhe deu, dava risadas e completou: Se quiser faço uma vaquinha para consertar a guia e o cimento da calçada, afinal você é um Escoteiro e não vai querer manchar sua dignidade!

Dei meia volta, mesmo respirando forte, fungando voltei rápido a minha casa. Desci até o porão e peguei meu bastão de peroba rosa, duas e meia polegada de diâmetro, ponteira de aço, um metro e setenta de altura e voltei para encontrar o danado do Tunico Pratifunha. Subi a rua não tão “pressamente”, mas fazendo o possivel para não mostrar que não estava com nada, não aguentava um sopro, mas minha dignidade escoteira não podia ir “pru brejo”. Ele me viu com o bastão, ficou surpreso. Achou mesmo que ia tomar uma bastonada. Cheguei perto dele e disse: - Reze, peça a Deus que seu olho não fique igual ao meu, pois vou lhe quebrar este bastão na testa! – Levantei o bastão, ele pedindo perdão, prometendo ir a Curitiba dizer ao CAN e ao DEN que eu era valentão e merecia um aplauso.

Cai da cama e me esborrachei no chão. Celia veio correndo. Marido, o que houve? Estava a brigar com alguém? Que isto, você agora não é de nada, esqueça o passado, pois hoje você já era! Seus sonhos precisam mudar. Que tal sonhar com uma chegada ao céu? Uma viagem em Xangri-lá? Que tal um sonho de lindos acampamentos lá em Gilwell, não é você quem diz que lá tem a grama mais verde e linda? Quem sabe sonhar com boas atividades mateiras e aventureiras daquelas que você fez e nunca esqueceu? – Olhei para ela. Tinha razão. Briga e sopapos não resolvem nada. Quem bate se sente forte e quem apanha não concorda com o valente. Ambos continuam os mesmos, portanto é melhor um abraço. Levantei, sai pela rua à procura de Tunico Pratifunha. Iria dizer para ele que tínhamos que parar com os desentendimentos a nossa conversa tá muito diferente. É hora de encarar a crise frente a frente quero muito me acertar contigo, vale a pena acreditar te dar carinho e te abraçar, não é melhor assim?

Depois de muito rodar foi que descobri que ele era um sonho uma miragem, nunca existiu. Quem sabe o criei pensando que precisava disto para sentir a vida voltar? Ah! Meu olho inchado, minha cara de Velho carcará, ainda bem que aprendi a sorrir, pois sorrir sempre foi o melhor remédio. Afinal a vida é para quem topa qualquer parada, e não para quem para em qualquer topada! – Falou papudo?


domingo, 17 de julho de 2016

De ilusão e sonhos também se vive.


Conversa ao pé do fogo.
De ilusão e sonhos também se vive.

                         Minha mente volta no tempo para lembrar os belos acamamentos que um dia participei. E quantos iguais a mim fazem o mesmo? Antes de partir a imaginação vai além da realidade. Muitos dizem que o hoje não foi o ontem e o amanhã ninguém pode saber. Verdade, mas se somos escoteiros não vivemos de sonhos? De sonhar em ser um cavaleiro andante? De montar em uma águia e partir em busca da terra do nunca? Quantos ainda ficam dias sonhando para a próxima aventura, em explorar a floresta, subir em árvores enormes, quem sabe fazer uma bela pioneiria que seja um ninho de águia ou uma ponte pênsil? E cantar? Sim isto mesmo, cantar na jornada, cantar no campo nos vales nas trilhas incríveis que percorreu? Cantar em volta uma fogueira com velhos amigos, a contar “causos” rir das piadas alegres, e os olhos perdidos a acompanhar fagulhas que explodem no céu? – Alguém me diz sem eu esperar: - Chefe, isto não mais existe, hoje os jovens nem pensam mais nisto. Será mesmo? Não seria nossa culpa ao aceitarmos sem mesmo saber se eles pensam assim? Quem sabe falamos por eles, impomos um programa que achamos bom sem consultar?

                         Quem sabe vemos apenas nossos sonhos e os deles não? Quem sabe falamos por eles esquecendo que eles também têm sonhos? É fácil levar meninos e meninas para o campo, tentar contar histórias, esticar uma corda para nos divertimos com o magro, com o gordo que não consegue passar? Ou então sem programa especial deixá-los divertir na lama, e outras atividades que não eram o que esperavam? Se for assim o tempo passou e o sonho desmoronou. Pergunto-me se um dia na hora certa, no lugar certo, em uma sombra de uma grande árvore eles em silencio tentarem ouvir os sons da floresta, o cantar dos pássaros sentir o perfume da relva das flores e o som de um regato ao lado, uma bela cascata, a noite ver estrelas quem sabe um acampamento impossível em uma delas? Sonhos são assim, criados por eles e eles se sentirem realizados com a realização dos sonhos.

                      A visão é uma dádiva que Deus nos deu. Deixar que a mente de cada um escolha o melhor caminho, ensinar seus monitores e deixar que eles ensinem a trilha perfeita aos seus patrulheiros então a Tropa será perfeita e vai viver na natureza os sonhos de heróis que eles um dia tiverem. Aprendendo a fazer fazendo, subir montanhas, atravessar rios e tendo o Chefe como um observador para as horas difíceis? Ninguém descobre o vento, ninguém vai descobrir por que as estrelas brilham, ninguém vai deixar o medo quando ouvir um ribombar de um trovão e assustados pensam como se defender da chuva. Bendita chuva que ao cair cria na mente de cada um a vontade de se tornarem heróis aventureiros. Esta quem sabe é a hora certa para contar uma história, chovendo cântaros e suas mentes criam situações impossíveis para se safar daquela chuva como os grandes aventureiros fizeram um dia.

                   Escotismo é ter o espírito de aventura, ter a liberdade de fazer, aprender errando e dando um passo certo sob a orientação do Chefe, este sim é o verdadeiro caminho a seguir. “Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido”! (Kipling). Deixe a visão deles percorrerem a trilha da imaginação. Este é o melhor caminho para orientar a cada um na escolha de sua vida e de sua maneira de ser. Faça exatamente como o Código Samurai – A perfeição é uma montanha impossível de escalar e ela deve ser escalada um pouco a cada dia. Sem perceber estamos discordando sempre destes sonhos em achar que eles são impossíveis de realizar.

                 Nenhum escoteiro vive sem ilusões. Sua imaginação é única. Ele cria sem ninguém saber uma fantasia ou devaneio. Deixe que eles façam desta miragem a realidade que podem e devem criar. Aquele poeta não disse que a vida é feita de ilusões, mas não é das ilusões que saem os melhores momentos da vida? Não diga não aos sonhos deles e se eles não têm sonhos mostre a eles como criarem os seus. Todos os jovens querem viver o sonho de ser herói. Tiraram isto dele e nós podemos devolver em forma de escotismo perfeito dentro do que pensou nosso Chefe Mundial. Não faça das aventuras que eles irão fazer uma fila interminável por uma estrada com você determinando aonde ir. Não tenha medo do que vai acontecer. Haja sim com cautela, mas sem tirar o espírito aventureiro. Lembre-se ali são eles os donos dos sonhos, os donos da aventura, você é um mero coadjuvante que tenta a sua maneira passar para eles o que um dia viveu. Agora o momento é deles e você deve aplaudir isto.

            Ninguém gosta de sonhar e ficar acordando vendo o tempo passar. Ver o vento vir e ir sem ter ao menos possibilidade de tocá-lo. Sem poder ouvir o som da floresta, sem sentir o orvalho da madrugada a cair suavemente no rosto. Sem saber o que os pássaros dizem sem sequer reconhecer o cantar do regato que lhe forneceu a água para sobreviver. Deixe-os ver o vento balançar as árvores, deixe que eles descubram o caminho a seguir, deixe-os descobrirem como podem viver sonhando com os pés no chão. Esqueça a modernidade por alguns minutos, tente não se preocupar com as adversidades dos novos tempos, oriente-os, mas faça tudo para que eles andem sozinhos. E quando se tornarem adultos eles não terão de viver sozinhos? Belas são as palavras de Kipling que escreveu um dia quem sabe para nós chefes – Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite...  

            Precisamos deixar que nossos jovens sonhem. Deixá-los descobrir o que é realidade e o que é um sonho. Precisamos pensar que o mundo é como um acampamento em que montamos nossa tenda podemos apreciar a natureza, e depois voltamos para a nossa casa que é a eternidade. E finalmente me lembrei das palavras de um poeta que escreveu dizendo que podemos acreditar em nossos sonhos:


- Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento. Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem! Avance firme e torne-se Oceano!

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Dizer SAPS é bonito prá xuxú!


Conversa ao pé do fogo.
Dizer SAPS é bonito prá xuxú!

                      Deixei este tema de lado. Pelo menos são poucos que ainda dizem SAPS para mim. Até mesmo um Grupo aqui no Facebook adotou o nome. Que ele tenha vida longa e próspera. Sei que sou um Velho gagá, chato de galocha e implicante com os modernos meios e colocações escoteiras que hoje estão aí aos milhares. Não é minha praia. Sou daqueles atrasados que valorizam demais nossas tradições. Mas vamos lá, quantos artigos eu já fiz sobre esta beldade de nome? Se é que é um nome, sei lá. Acho que comentei bastante. E o pior é que sendo um Velho Escoteiro gagá nunca desisto. Um amigo que usa uma bengala me disse que é isto que os “os novos çabios” do escotismo sabem fazer. Mostrar o tradicional eles nem pensam. Mas inventar os “Pafúncios” da vida sabe, e como sabem. Não é que não goste do tal de SAPS. “Belle Époque” quando sorriamos ao dizer Sempre Alerta para Servir. Afinal eu sei que SAPS É SAPS nada alem de SAPS. Sabe o que me lembra? Um monte de sapos na lagoa. Risos. Mas vamos lá, vamos ver o tal de SAPS que todos adoram:

                     Desde que o escotismo veio para o Brasil que sempre dizíamos Sempre Alerta. Um belo dia um artista Escoteiro da liderança nacional destes que acham que o mundo agora é outro, criou o Servir para o pioneiro. Sinceramente? Eu gostei. Os pioneiros merecem. Mas esqueceram do Senior. Eles continuaram como o Sempre Alerta. Bom demais. Bem juntaram o Sempre Alerta como o Servir e isto serviu para todo mundo. Era bacana dizer: - “Sempre Alerta para servir”!  Afinal somos um movimento de ação sempre procurando ajudar. Bacana isto. Soube que a UEB querendo mostrar que devemos servir a ela, adorou dizer Sempre Alerta para Servir. E foi então que o mundo Escoteiro brasileiro passou a dizer: - "Sempre alerta para Servir!". Mas aí Dona UEB não satisfeita modificou a promessa dos chefes e acrescentou: “Servir a União dos Escoteiros do Brasil.”. Qualquer associação vive para servir e não ser servida. Não satisfeita um “Çabio” como tantos que tem por lá escreveu um dia em um ofício: - SAPS!

                    Até aí tudo bem, afinal nem todos eram rápidos na datilografia e simplificar é melhor. Soube que era difícil prá xuxú dizer Sempre Alerta para Servir. Alguns engasgavam, a língua enrolava, tossiam e então surgiu um oba, oba onde em qualquer lugar todos diziam: SAPS! Foi demais. Estupendamente e maravilhosamente ele foi adotado para alegria da escoteirada. Muitos que não gostavam de escrever passaram a enviar cartas, ofícios e ouve até um que escreveu a um Chefe: Tu maestro, tá expulso do escotismo. Devolva as medalhas o lenço de Gilwell, os certificados e SAPS! E não parou por aí. Era SAPS daqui, SAPS dali, SAPS para todo lado. Uma SAPAIADA sem tamanho. Como no Brasil todos gostam de abreviaturas a UEB sapecou um carimbo: - APROVADO! SAPS!

                   E não é que pegou? Todos gostaram. O SAPS virou vitamina A, Bombril, sonho de valsa (este eu gosto) e até Lobinho esqueceu o Melhor Possivel. Prá todo lado só diziam SAPS. Na rua na sede alguém gritava: - Oi Chefe! SAPS para o Senhor! O Lobinho chegava à sede e na melhor pose gritava: SAPS para todo mundo! Esqueceram que o SAPS era uma abreviatura do Sempre Alerta para Servir. – Alguém um dia perguntou a um Escoteiro o que significava SAPS! Ele coçou a cabeça, juntou os cascos e disse em alto e bom som: SOU ASCOTEIRO POR SINAL! Ninguém entendia nada, poucos sabiam o que a sigla significava. Lembro-me de um programa na rede Globo. O Chefe chegou e disse para o entrevistador: SAPS! O cara ficou baratinado. Que diabos é isto? Pensou. Mas deixe prá lá. Agora me responda como se eu fosse um menino de seis anos: Quando você diz ou lê SAPS, sua mente traduz rapidamente para Sempre Alerta para Servir? Ou o tal de SAPS continua a ser SAPS?

                   Mas vamos analisar melhor o SAPS. Será que se esqueceram dos lobos? Melhor Possível? Coitadinho dos pequenos. Para ser leal com eles deveria ser MPSAPS! Que papo danado de chato eim? Se quiserem podem me contradizer. Não ficarei chateado. Não gosto de dizer SAPS. Prefiro o meu bom gostoso e supimpa tradicional Sempre Alerta! Adoro ele de montão. Ele é assim em todo o mundo com algumas variações. Não sou viajado pelos “estrangeiros”, mas acho que vocês nunca irão encontrar países com escotismo com saudações abreviadas. Tentem escrever para um inglês, francês, espanhol, russo, ou seja, lá que país for e coloque em baixo – SAPS! Ele vai ficar “baratinado”. Irá sorrir pensando: - São coisas de brasileiros! Mas se fosse Sempre Alerta todos saberiam. Claro que os alemães responderiam: - Alizeit bereit, o espanhol diria Siempre Listo, o filipino Laging Handâ, o finlandês Ole valms, o francês Sois Prêt ou Toujours Prêt, o Holandês Weest Paraat, o inglês Be Prepared o Italiano Sii Preparato. Ufa! Melhor parar por aqui. Será que alguns deles têm abreviaturas?

                     Outro dia fiquei pensando se existisse uma máquina do tempo, e a gente voltar ao Jamboree da Inglaterra, onde BP estava presente e chegar dizendo em alto e bom tom: Salve Lord Baden-Powell. SAPS! E ele? Ia sorrir é claro, afinal era um gentleman e mesmo não entendendo nada irá retribuir a saudação. Se alguém traduzir ele ficará encucado com o tal de SAPS! Primeiro vai analisar pelo idioma Zulu, ou espanhol, ou francês, ou italiano. Depois vai ver que devia ser coisa de espião Inglês do MI5 ou da KGB para avacalhar sua defesa de Mafeking. Ainda bem que no meu tempo era gostoso encontrar alguém do escotismo ou chegar à sede e gritar: SEEPREEE ALERTAAA! Outro dia me perguntaram o que o Chefe responde aos seus meninos de sessão: - Depende meu caro Chefe se for na Alcatéia diga Melhor possível, na Tropa Sempre Alerta, nossa seniores o mesmo e nos pioneiros servir. Ele sorrindo me disse: - Não é melhor dizer SAPS para todo mundo? Mais fácil e rápido Chefe! Puxa vida! Vivendo e aprendendo. No mínimo ele deve ser da UEB ou EB sei lá, mudaram tanto, desdenharam de antigos programas, criaram um novo uniforme e querem jogar goela abaixo o tal de SAPS?


                     Bem cada um diz o que quer. Eu não. Sou um tradicionalista nato. Chamem-me do que quiserem. Se eu fosse um chefe Escoteiro iria ensinar minha sessão a dizer sempre alerta, ou melhor, possivel ou servir. Isto para eles significaria muito. - Estarmos Sempre Alerta para o que der e vier. Akelá! Farei o melhor possível! Mestre Pioneiro, Servir! Bem isto sempre fiz, mas agora as mudanças são tantas, são tantos “çabios” no escotismo que fico pensando onde vamos parar. SAPS? Meu Deus! O Sempre Alerta pode estar aí, mas SAPS é SAPS. Quando o pronunciamos nem lembramos mais do Sempre Alerta. Risos. "Velho" chato de galocha não tem outra coisa para se preocupar? Não tenho não. Sou um desocupado aposentado meu amigo. Defendo com o que posso as tradições Escoteiras. Quanto a ser um Chato de Galocha e gagá sou mesmo com muito orgulho. Risos. E chega por hoje!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Alô meus amigos e minhas amigas Escoteiras.


Alô meus amigos e minhas amigas Escoteiras.

Muitas vezes sou mordaz quando displicentemente comento sobre a vestimenta escoteira. Sei que a maioria de vocês usam. Respeito à escolha. Afinal nem todos apreciaram o caqui e mudar é bom. Mudar sim desde que haja uniformização. Sei também que o exemplo do Chefe é tudo. A Alcatéia e a Tropa é o espelho do Chefe. Aprendem com ele. Nada contra, mas olhe com o advento da vestimenta se deu liberdade para se usar como quiser. Sei que o POR libera o uso da camisa para fora da calça e outros apetrechos mais. Desculpe, eu não concordo. Não somos militares, mas temos que nos preservar como tal. Qualquer um sabe que alguém que não se apresenta como os demais será criticado ou mal olhado. Uniformidade é a regularidade no modo de agir, de sentir, da identidade e semelhança entre itens de um dado conjunto ou série, ou entre as partes de um todo.

Somos uniformes em nossa apresentação? Já ouvi comentários mil de pessoas não Escoteiras achando que isto desfaz com uma associação de mais de cem anos de tradição. Sei que muitos terão mil respostas para dar. Outros não se importam ou não conhecem a tradição escoteira. Foram poucos que tomaram esta decisão e sempre me bati pela falta de informação, pela pesquisa, pela sugestão ou mesmo ouvir a quem de direito. Agora é fato consumado. Sempre me pegam de jeito para responder alguns educadamente outros não para dizer que sou um Velho prepotente, chato e ultrapassado perdido neste tempo formoso dos escoteiros do Brasil de hoje. Pode ser.

Nunca vou esquecer o meu Chefe que me mandou e muitos outros de volta para casa dizendo: Ou você está uniformizado ou não está. Volte quando todos admirarem você! Não adianta justificar se a sociedade tenta associar o escotismo com padrões que escolheram para entender, ou melhor, compreender o que são e o que fazem os Escoteiros. Se a UEB aprova eu sei que a sociedade de uma maneira geral não aprova. Quantos comentários após os desfiles ou apresentações dos grupos que muitos dizem que não somos mais escoteiros? Afinal não sei se custa se apresentar bem uniformizado, seja com o caqui, seja com a vestimenta ou o do ar ou mar e olhe isto trás enormes dividendos. Eu lhe pergunto: - Quais os resultados de tudo isto? Estamos crescendo e tendo mais apoio na comunidade local? A participação está sendo mais efetiva? A taxa de evasão está diminuindo? Calma, não se apoquente. Ainda sou seu amigo e mesmo que me diga que não é o uniforme que faz o Escoteiro eu sei que a sociedade não pensa assim. Mas que seria tão bom se fossemos mais exigentes com nossa apresentação seria.

Mil perdões, mil desculpas. A escolha é sua e não minha, a minha eu já fiz e faço questão de me apresentar com o que acho certo. Olhe por favor, saiba que lhe quero bem com a vestimenta com o caqui, com o do ar e do mar. Saiba que amo o escotismo como você e espero imensamente que você seja feliz com ele como eu sempre fui nos últimos 68 anos que dele participei e participo!

Abraços fraternos e até mais. Uma linda tarde para você. 

sábado, 9 de julho de 2016

Carta ao meu amigo Jose das Quantas.


São Paulo 09 de julho de 2016.
Ao meu amigo,
Chefe Zé das Quantas.
Brejo Seco – RN – Brasil.

Meu caro amigo Zé das Quantas, ou melhor, Chefe Zé. Quanto tempo eim? Preciso voltar às origens e passar uns dias aí com você. Saudades e muitas dos velhos tempos. Disseram-me que você ficou no tempo e ainda faz aquele escotismo de raiz, tradicional e como nos deixou Baden-Powell. Lembra quando descobrimos na gaveta da sede aquele livro dele? Como se chamava? Ah! Lembrei-me, Escotismo para Rapazes. Chefe Zé, dizem que aquele foi modificado e o original tem outro tema. Esta turma de hoje Zé são estudiosos, têm doutores, pensadores, pedagogos têm de tudo. Nós dois Zé ficamos parados no tempo, eles sabem tantas coisas que fico de orelha caída perto deles. Mas a vida é assim não Zé? Pelo menos você ainda é um Escoteiro simples, sem tantas ambições que aqui a gente fica pensando se o escotismo tivesse salário seria um Deus nos acuda! Mas estou escrevendo para lhe contar as novidades. São tantas Zé, que se fosse colocar todas precisaria de muitas páginas e sei da sua dificuldade para ler e eu em escrever. Risos.

Antes que entre na pauta do dia, como vai o Escoteirinho de Brejo Seco? Soube que cresceu, agora está fazendo o SENAI em Barra do Onça. Vai a cavalo todo dia. Menino marreta não Zé? Lembra-se de quando comprou sozinho toda sua tralha do uniforme? Nunca reclamou, trabalhou sem parar engraxando, seu uniforme dona Nazinha caprichou. Olhe Zé, o escoteirinho é danado, comprou um cantil, comprou sua faca escoteira, comprou seu facão e sua machadinha. Quando ia acampar ia orgulhoso sabendo que se vai para o mar avie-te em terra. Soube que ele tentou o Lis de Ouro e não conseguiu. Pois é Zé, se não tem registro, se não tem computador para “fuçar” no tal SIGUE nunca iria conseguir. Coitado do Escoteirinho Zé. Lembra-se de seus sonhos em ir naquele acampamento nacional? Quando viu a taxa, taxiou em suas pernas e chorou. Nunca poderia pagar. Afinal Zé ele aprendeu que era melhor fazer seu escotismo aventureiro aí em Brejo Seco do que se elevar pelos ares nas riquezas que hoje são exigidas aqui para ser Escoteiro.

Olhe falei Para ser Escoteiro e me lembrei do Chefe Floriano. Cara batuta não Zé? Lembra quando fomos fazer cursos na capital? Ele pagou tudo, pagou a passagem de trem e olhe, foram dois cursos supimpas. Foi lá que saboreei pela primeira vez o tal de Bacon. Dizia que se pronunciava Baicon. Dei risadas, mas comi demais. A noite deu até “piriri”. Ganhei dele o Para ser Escoteiro e ano depois ele escreveu também o Noviço, o Segunda Classe e o Primeira Classe. – Época boa eim Zé? Lembro que você foi primeira classe e no curso deu um show de pioneirías. Mas Zé, hoje tirei o dia para pensar se estamos no caminho certo. São tantos Salvadores do Escotismo que fico assustado. Alguém resolveu fazer um novo uniforme que só a mamãe UEB vende. Mamãe? Risos. Melhor chamar de madrasta, mas lembra de Dona Chiquinha? A madrasta do Toninho? Mulher nota dez! Pois é Zé, aqui se cobra para tudo. Tem taxa prá dedéu. Escotismo de pobres já era hoje só prá ricos. Olhe se tem 300 piulas compra se não tem esqueça.

E Zé, nem sabe o que passo quando escrevo minhas convicções do nosso escotismo. Chamam-me de ultrapassado e arrematam que se o escotismo nosso foi bom e de hoje também é. Eu acredito sabe Zé tem muitos chefes gente boa que faz escotismo de ótima qualidade, mas Zé precisa ver as ambições de cargo de funções cada um querendo saber mais que o outro. Aquele nosso orgulho de se apresentar a comunidade para que eles confirmassem nosso garbo, nossa elegância e nosso sorriso retribuído pelos elogios aqui não mais existe. Outro dia elogiei dois chefes de caqui, calça curta, bem uniformizados. Esqueci que ao lado deles tinha outros com a vestimenta. Zé choveu reclamações. Mas o que posso fazer Zé? Como posso aplaudir uniformes mal postados, chefes que não se esmeram em mostrar seu orgulho na apresentação? Sei que eles são modernos, acataram a nova vestimenta e a usam com seu orgulho pessoal.

Bem Zé, não posso me alongar muito. Há tantas coisas a recordar, tantas coisas que queria comentar com você, que nem sei por onde terminar. O tempo hoje Zé não é mais o nosso. Agora só se fala em modernismo. Pois é Zé, sabe o que é moderno para mim? Aqueles acampamentos aventureiros, aquelas jornadas incríveis que fizemos no Vale do Sol, aquelas travessias em jangadas no Rio Jaguari. Lembra Zé quando fomos ao ADIP? (Acampamento Distrital de Patrulhas). Levamos quatro patrulhas, chegamos cantando e dizendo que aqui estava o Guará, a Lobo, a Touro e a Morcego. Foi uma festa. Tudo feito por patrulha. Hoje Zé? Hoje é acampamento de férias de ricos. Não precisa mais apresentar com patrulha, alguns tem a “quentinha” outros restaurantes sofisticados. Mas Zé eu sei que você aí faz aquele Velho e saudoso escotismo que um dia eu fiz.

E terminando Zé, eu aqui vou indo, vou me divertindo, escrevendo minhas histórias, falando mal de tudo que acho errado e ouvindo o que não quero ouvir. Que importa se sou ultrapassado? Que importa que o estudado e o sem estudo também são escoteiros? Que importa o dinheiro Zé se sem ele Baden-Powell construiu uma fraternidade mundial? Zé meu amigo, aqui ninguém pergunta, ninguém consulta, ninguém pesquisa. Os donos do poder agem e fazem o que querem. Impõe seus pensamentos suas idéias e o mundo vai girando, a terra não vai parar, mas o escotismo? Zé sempre pergunto, onde estão os resultados? Os resultados meu Deus! Só eles importam. Mas existem Zé? Existem sim, ainda bem que gente como eu e você ainda faz escotismo de verdade.

Chega Zé, vou terminando, não sei o Mané do Brejo, se o Tomé Esqueleto, se o Joaquim Espoleta e o Mario cozinheiro ainda estão aí. Saudades deles. Quem sabe antes do fim eu possa vê-los, dar aquele abraço cantar o Velho Rataplã e melhor, acender um fogo e contar “causos” daqueles cabeludos quando você se apaixonou pela Mariquinha da Fazenda do Nestor. Olhe diga ao Escoteirinho de Brejo Seco que seus acampamentos são os melhores do mundo, diga a ele que quando crescer mais quem sabe junte seu rico dinheirinho e vai conhecer sem se decepcionar de uma acampamento nacional. Pelo menos Zé ele vai ver os Grandes Chefes atuais, com suas poses e sorrisos, seu saber e sua sapiência. Ele infelizmente vai pagar para ser Staff, pois do jeito do passado não dá mais. Não esqueço aquele sub campo de chefia na Beira do Rio Jaguari com todos pulando no rio e alguém gritando: - Não sei nadar! Não sei nadar!


Abraços a Sebastiana sua esposa, Josefa sua filha e claro ao meu orgulho pessoal o Escoteirinho de Brejo Seco. Sempre Alerta!

terça-feira, 5 de julho de 2016

Inspeção de Giwell.


Conversa ao pé do fogo.
Inspeção de Giwell.

              Um acampamento Escoteiro ou uma reunião de sede uma inspeção escoteira nunca pode faltar. Os jovens sabem de sua importância e ela tem grande validade para seu crescimento individual. No campo sempre fazemos a Inspeção de Giwell. Desde os primórdios do escotismo que as inspeções fazem parte do método escoteiro. Isto ajuda na formação do caráter e no desenvolvimento do garbo da boa ordem e da disciplina. A Inspeção de Giwell é oriunda de Giwell Park. Como todos sabem Gilwell é nossa fonte de conhecimento. Podíamos aqui falar de muitos objetivos da inspeção, mas ficaremos com as principais. Ela ajuda a trabalhar a higiene pessoal e do ambiente em que vivemos – Evidencia a elegância e a disciplina, requerida na preparação e durante a atividade diária – Trabalho em equipe, pois desenvolve a cooperação coletiva na patrulha, vivenciados pelos jovens integrantes. Cria hábitos introduzindo noções e estabelecendo medidas de apresentação e respeito.

                  Não só em acampamentos, mas também em reuniões de sede sua validade é exemplar. Elas têm sempre um horário, mas existem aquelas inspeção surpresas em acampamentos a qualquer hora do dia ou da noite. Na Corte de Honra o Chefe comenta com monitores como será feita qual a meta a alcançar por cada Patrulha e o horário (sempre rigoroso). Não ficamos esperando as patrulhas se prepararem. Elas é que devem estar a nossa espera no horário determinado. Lembramos aos chefes que o respeito, o trato, a honestidade o sorriso devem ser ponto de honra para os responsáveis pela inspeção. Muitas tropas usam vez ou outra os monitores o que mostra o grau de adestramento e respeito no julgamento dos seus colegas. Os itens checados devem ser discutidos entre os monitores na Corte de Honra. Uniforme, limpeza de campo, pioneirías, artimanhas e engenhocas, intendência, sapa e vasilhame são pontos importantes. Os responsáveis pela inspeção devem discutir como serão dados as notas para não haver divergência. Sem citar A ou B após Cerimonial de Bandeira cada Chefe deve fazer seus comentários sem ferir susceptibilidades.

                   Criticas construtivas, sugestões e um elogio não importa qual patrulha sempre dá ótimos resultados. Lembro que a inspeção é feita observando o conjunto e nenhum Escoteiro deve se sobressair sobre os demais. Não esquecer o sistema de premiação, tais como Bandeirolas de eficiência ou Diplomas de Mérito. Quando for explicar ou premiar lembre-se de se colocar na posição das demais patrulhas que não alcançaram a eficiência exigida. Torno a repetir criticas quando mal intencionadas em vez de atingir os objetivos da inspeção caminha ao contrário. Ninguem gosta de ser chamado à atenção na presença de todos. Eu tenho como principio que só de estarem no campo, mesmo que um ou outro não se enquadre já tem pontos a favor. 

                     Uma vez fiz uma experiência de convidar os monitores para fazer uma inspeção no campo da chefia. Afinal em um acampamento se as patrulhas tem cada uma seu campo a chefia também deve ter. É lá que eles se divertem em construir uma pioneiria, em revezarem-se como cozinheiros e nunca se esquecer de convidar um ou outro monitor para participarem das refeições. Diverti-me muito. Combinamos os chefes e nos transformamos em uma patrulha para receber os monitores com uma canção de bem vindos, ficar em posição de alerta e se apresentar. Valeu a pena ver cada um o seu semblante o seu orgulho em ver os seus chefes perfilados. Foi supimpa vê-los fazendo a inspeção e o orgulho em estar ali julgando seu próprio Chefe. Os comentários deles após o cerimonial de bandeira foi divino. Diverti-me a beça e me orgulhei dos meus monitores.

                    Em qualquer reunião de sede não pode faltar à inspeção. Rotineiramente ela é feita quando da chamada depois da oração. As patrulhas são formadas em linha com espaço suficiente uma das outras e a chefia olha a cada Escoteiro individualmente. Lembramos que os pontos já foram definidos em Corte de Honra. Sem tocar e sem humilhar a inspeção é um conjunto de individualidade dentro dos princípios que se espera de um Escoteiro/escoteira. Parece simples ou pueril, mas olhar as unhas, as mãos, o calçado limpo, o uniforme bem posto, os distintos em seus lugares, o lenço bem dobrado trás enorme beneficio na apresentação escoteira onde o garbo, boa ordem e disciplina fazem parte da formação escoteira seja na sede ou em uma boa ação na comunidade. Desde cedo devemos inculcar nos jovens noções de civilidade e apresentação. Uma vez em um curso um dos Chefes fez questão de frisar que se estamos acampando não temos o direito de relaxar na apresentação pessoal. Ela disse ele deve ser bem maior do que quando estamos em outras atividades. Não é porque no campo se suja, se corre, se trabalha que o desleixo pode ser considerado.


                  Boa atividade, boa inspeção, seja na sede ou no campo. Afinal estamos ou devemos estar preparados para formar jovens na trilha do seu futuro. O futuro onde a apresentação pessoal, a formação escoteira sempre terá validade para seu crescimento moral e intelectual. O mundo é como um acampamento em que montamos a nossa tenda, apreciamos a natureza, e depois voltamos para a nossa casa, que é a eternidade! Boa reunião e bom Campo! 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Uma questão de ordem. Sistema de Patrulhas.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Uma questão de ordem.
Sistema de Patrulhas.

           Quem sou eu para dizer que está errado. Alguns dizem que se B-P fosse vivo estaria com o Celular, o Smartfone e outros modernismos e iria conversar com o mundo pelo WhatsApp. Brincadeira a parte ninguém é contra a evolução. Não podemos parar no tempo e a procura do melhor caminho para criar entre os povos uma forma de evolução e aprimoramento não pode ser esquecido. O Escotismo trouxe uma enorme contribuição à humanidade. Feito nos seus conformes, nos seus métodos é uma fonte sadia de ajuda à juventude em qualquer país se for seguido às práticas deixada pelo fundador. Sem afirmar pode ser que o Sistema de Patrulhas está sendo engolido pela modernidade. Não podemos esquecer que o método Escoteiro é um só.

                Baden-Powell observando a tendência natural dos jovens em formar pequenos grupos em torno de um líder partiu desta observação básica para a criação do Sistema de Patrulhas. A disciplina e as responsabilidades assumidas treinam os jovens na tomada de decisões, que é em última análise, o “que os jovens assumam o seu próprio desenvolvimento”, do propósito do Escotismo. A prática de B-P. na formação de soldados e mais tarde, no adestramento de jovens, o levou a crer que o Sistema de Patrulhas é a melhor forma de desenvolver o trabalho de formação do caráter a que o Escotismo se propõe. Sistema de Patrulhas é a denominação que recebe a aplicação do terceiro ponto do Método Escoteiro: - Ou seja, a vida em equipe que inclui: - a descoberta e a aceitação progressiva de responsabilidade; • A disciplina assumida voluntariamente; - A capacidade tanto para cooperar como para liderar. Mas isso só é possível se os pontos que o caracterizam forem mantidos e colocados em prática com: - Um ambiente divertido • pequenas unidades permanentes.

           Estamos deixando o sistema de patrulha de lado? Sei que boa parte das tropas ainda estão firmes e acreditando que este é o melhor caminho. Mas será que as demais tropas também agem assim? Será que o monitor ainda é o responsável pelo desenvolvimento e formação do programa Escoteiro na Tropa? Será que o Chefe trabalha com seus monitores, será que os monitores compreendem suas responsabilidades? Fico pensando até quando iremos ter a consciência que sem um bom Sistema de Patrulhas, bons monitores e liberdade de ação para aprender a fazer fazendo iremos ter o sucesso que esperava nosso Lider Mundial. Ver o Chefe fazendo, com os demais em volta olhando? Ver acampamentos aonde os pais vão para cozinhar? Onde chefes se revezam para montar pioneirías e os jovens perdidos a buscarem madeira, lenha e um joguinho para divertir?

           Vejo com tristeza alguns programas distritais e regionais ou mesmo nacionais onde chefes que não tiveram maturidade de vivência no Sistema de Patrulhas criam programas que nada tem a ver com o método Escoteiro. Valoriza-se a patrulha ou não? O convite para uma atividade é para o patrulheiro ou a patrulha? Pode ser errado ser um tradicionalista ao lembrar em um acampamento distrital regional ou nacional, cada patrulha adentrando ao campo, com suas tralhas e o Chefe no campo da chefia ajudando em outras necessidades de um campo desta envergadura? Era bombástico a chamada dos intendentes para se dirigem a intendência de campo a buscar os víveres com que iam alimentar suas patrulhas. Era sensacional ver as patrulhas correndo para jogarem com as demais uma competição sadia, o grito da patrulha para se apresentar, o grito para mostrar que uma atividade foi completada, o grito para dizer: Almoço pronto Chefe, aceita ser nosso convidado?

              Sei que o que se faz hoje não é responsabilidade só de um. Alegar que dando suporte de restaurante, de staff, de áreas livres os jovens terão tempo maior para se divertirem e assim pode-se aplicar uma programação mais moderna. Verdade? Ver uma atividade Sênior, um desafio maior se preocupando com a unidade e não o todo, onde a patrulha não está presente, onde muitos dirigentes se esfalfam para conseguir uma cozinha, uma loja para souvenir e uma barraca grande para atendimentos de casos de urgências. Isto sem contar um programa onde se formam os jovens em equipes desconhecidas entre si, e esquecendo que ali não tem nada da metodologia escoteira. Uma vez comentei em um artigo que o que hoje fazem é copia piorada dos Acampamentos de Férias, pagos com altas taxas e onde existe fila de espera.

               Seremos assim? Vamos virar um acampamento de férias nestes moldes? Afinal não temos um programa, métodos próprios? Se isto é moderno e traz benefícios enormes aos jovens participantes fico preocupado com os demais que não foram, não puderam arcar com as despesas e sentiram-se lesados quando disseram que somos todos irmãos. Acho que precisamos de muitos cursos, muitos acampamentos para aprender e vivenciar o Sistema de Patrulhas. Não é fazer ou ajuntar seis ou oito jovens dar responsabilidade a um como monitor e formar em linha, por patrulha, em circulo e ferradura e apitar a vontade. Hoje sei que um serviço de alto falante é usado para chamar a todos. Acabou os sub campos por sessões. Sistema de patrulhas tem muito mais. O Capitão Roland E. Phillips em seu livro Aplicando o Sistema de Patrulhas nos mostra como funciona e aqueles que já vivenciaram sabem fazer.

                     “Em todos os casos, como um passo decisivo para o sucesso, recomendaria muitíssimo o uso do Sistema de Patrulhas, isto é, a formação de pequenos grupos, cada um sob a responsabilidade de um rapaz encarregado da liderança.” - As palavras acima citadas encontram-se nas páginas iniciais da primeira edição do livro “Scouting for Boys” (Escotismo para Rapazes). Roland completou dizendo: - “Geralmente o Escotismo é praticado por um par de escoteiros e às vezes por um Escoteiro sozinho; se um número maior se junta para pô-lo em prática, chama-se a isto uma Patrulha.” Devemos atribuir à ideia fundamental contida nos dos trechos citados a maior parte do êxito obtido em seu trabalho pelos Chefes Escoteiros de todas as regiões do país. Afirmo sem nenhuma dúvida que sem ele o sistema de patrulhas não existe a pratica do bom escotismo e seus métodos protagonizados por Baden-Powell.


                     Não importa em que situação seja a atividade escoteira. Seja em reunião de sede, seja em acampamentos ou atividades nacionais e internacionais se não temos o Sistema de Patrulhas não temos escotismo. Não tiro o mérito de uma atividade visando o divertimento individual. Mas lembremos de que somos escoteiros e não jovens indo a um Acampamentos de Férias onde não se pratica o escotismo. Quem já viveu ou vivenciou o método em todo seu esplendor sabe o que significa uma Patrulha. Explicar que nos Ajuri ou Jamboree ou seja o que for é diferente é enganar uma metodologia que deu certo e não deve ser esquecida. 

Se você é um Chefe iniciante e ainda não vivenciou ou quer conhecer melhor o Sistema de Patrulha estou colocando a disposição em PDF no meu e-mail o bloco 16. Basta me enviar um pedido citando BLOCO 16 e recebe meu condensado SISTEMA E ESPÍRITO DE PATRULHA e junto também: APLICANDO O SISTEMA DE PATRULHAS escrito pelo Capitão Roland E. Phillips. Ferrazosvaldo@bol.com.br.