sábado, 30 de novembro de 2019

Shalom escotismo... Vida longa e próspera!




Shalom escotismo... Vida longa e próspera!

- Gerhard Thomaz um Presidente afastado de um grupo escoteiro cujo nome deixo em OF, me perguntou certa vez: - Chefe o Escotismo tem futuro? Difícil resposta. Para nós que apesar dos caminhos cheios de obstáculos e com tantas armadilhas escoteiras é difícil responder. Somos uns eternos amantes da filosofia escoteira. Uma luta de escalpe que nem sabemos quem será o vencedor. Cada um reage a sua trilha conforme idealizou na sua promessa. Uns ficam por uns tempos, alguns se vão e outros esticam a perna para passar a corda do Comando Crow sem pensar se no meio do caminho pode cair. Só disse para ele que o Escotismo vai continuar, não vai ser a grande descoberta para a juventude como foi em 1908 onde os meninos de Londres descobriram o ovo de Colombo. Há sim muitos obstáculos difíceis pelo caminho. A visão do futuro pela maior Associação do Brasil é cópia fiel do escotismo mundial, com raras exceções. No caminho certo?

Analisemos com acautelado pensamento o que seria o “Escotismo do Futuro”. Uma averbação de uma atualidade escoteira impregnada na mente da sociedade local? Um reconhecimento pátrio dos valores e uma vivência essencial da juventude vivenciando o “Espírito Escoteiro” e suas qualidades morais construídas no método idealizado do Fundador do Escotismo? Ou elevar ao cubo nosso pífio crescimento? Ponho as “barbas de molho”. Quando surgiu o escotismo tudo foi novidade. Ainda na época do telegrafo quando em 1838 Samuel Morse fez sua primeira transmissão publica. (lembro ainda minha primeira cigarra e meu jubilo em transmitir a minha Patrulha da Sala da Sede Escoteira ao Almoxarifado) Os países receberam a noticia com júbilo.  Muitos se agarraram a ideia do escotismo como pode. Na Europa foi mais fácil. As comunicações via radio e jornais eram constantes. A Ásia adaptou logo a seguir. Nas Américas muitos viventes na seara inglesa viram com assombro ao vivo e a cores os jovens ingleses com seus chapelões gritando Be Prepared nas cercanias londrinas. O primeiro passo para começar.

Marinheiros Brasileiros disseram: Vamos organizar no Brasil! O crescimento mundial foi vertiginoso. Dizem que já passamos dos 40 milhões de escoteiros espalhados em 216 países e territórios e que já passaram pelas fileiras escoteiras mais de quatrocentos milhões. A Indonesia se sobressai com mais de oito milhões, os americanos com cinco milhões, Índia, Filipinas, Tailândia e Bangladesh superam os nove milhões. Mas nota-se que há uma certa estagnação nisso tudo. Quem sabe meus dados são ultrapassados afinal não sou um sapiente conhecedor do que se passa fora das fronteiras do Brasil. Falando nele o meu país, vivi uma época que nem sabia quanto éramos. Depois na década de setenta disseram que chegamos aos quarenta mil e com as moças dando o ar da graça chegamos aos cem mil. Mas o que dizer dos números? Estão corretos? Será que a formidável ideia de BP no que chamamos fraternidade, honra, ética, e irmandade prosperou no passar do tempo? Se ele criou uma lei e uma promessa, pedindo que fizéssemos o melhor possível para cumprir, será que estamos levando a sério o que prometemos?  

Nota-se um certo descaso com a Lei e a Promessa. Se estamos crescendo em números objetivos e comparativos, vê-se que estamos estagnados nas ideias do fundador.  Dizem que aqui no Brasil temos os Doutores, os especialista e aqueles que se consideram os donos do poder. Não importa em qual hierarquia, os possuintes, os senhorios estão a abdicar sua paternidade de seus ideais em qualquer lugar. Muitos não conversam entre si. Se julgam os idealistas e se fecham no seu sonho que criaram no escotismo. Nisto englobo todas as associações existentes no Brasil. Se antes a WOSM ou OMME era onipotente, logo surgiu a WFIS a BPSA a WAGGGS voltada para o Bandeirantismo e muitas outras. Cada dia mais surgem não só no mundo, mas aqui no nosso cantinho do mundo mais e mais associações. Se elas não falam entre sí, se não raciocinam em conjunto a ideia da expansão e principalmente olham com carinho a fraternidade, honra, ética, amizade e irmandade eu não sei. Verdade é que nem sei quantos são.

Existem um sonho de uns poucos em ver o nosso movimento dar passadas largas para que no futuro sejamos uma força educacional da juventude. Para isso deveríamos ter excelentes planos de expansão e não os usuais e conhecidos, com ampla margem de divulgação, pesquisas abrangente para ver onde podemos ir e não colocar no esquecimento trabalhos de ótimos pensadores como o Doutor Jean Cassaigneau, cujo Dossiê dissecou nossas necessidades e foi esquecido pelos dirigentes de então. Não basta ficar discutindo entre nós e dizer que devemos esquecer nossas dissidências, discórdias e pensar mais no que estamos fazendo. Precisamos menos de Doutores e Pensadores que se fecharam nas suas consciências e fazem o escotismo sem ter balizamento geral com os demais. Uma pesquisa ampla do que pensa a comunidade brasileira do escotismo seria um ponto de partida para montar um programa e dele fazermos nosso objetivo final.

Não temos dados concretos relativos ao crescimento comparado ao crescimento populacional de nossa juventude. Isto é tabu para os lideres nacionais. Sei que somos um ponto perdido no oceano. Depois do aparecimento de outras associações viramos uma ostra escondida em algum ponto do universo. Acabou a União e surgiu a Escoteiros do Brasil. Acredito que o escotismo não vai acabar. Os idealistas estão aí para provar. Não adianta criar uma unidade e dizer que agora surgiu uma nova mentalidade escoteira voltada para o Espírito de BP e suas tradições. Isto é ilusório. Nosso principal objetivo está sendo esquecido pela arrogância e empáfia no trato com os outros e estes não percebem que estão colocando no limbo nosso principal objetivo: - O Jovem! Se antes Baden-Powell calou-se para escutar os Rapazes, para deixar os Rapazes serem rapazes, hoje ele é um anônimo.

Sejamos francos, não temos respaldo nos meios empresariais educacionais ou políticos. Somos um nada para a População Brasileira como um todo. Não seria um contrassenso saber do que a população pensa de nós. Vender biscoito e atravessar a idosa em um sinal de trânsito deu vida ao escotismo a muitos países. Temos que olhar e pensar grande e não deixar para os heróis de suas tropas ou alcateias a incumbência de catar papeis receber políticos e tentar mudar a mentalidade em sua comunidade fazendo um proselitismo que nem sempre atinge os objetivos (existem exceções). Se hoje não somos educados para nos apresentar uniformizados em atividades sociais e politicas que somos convidados o que pensar que pensam de nós? “Voltemos ao nosso Líder: Ele desafiava: - “Confiemos nos jovens” vê-los-emos “institucionalizar” a sua Patrulha, o seu grupo, o seu escotismo e mais tarde o seu mundo”. Porque não o escotismo em nosso país?

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Muito além da Selva de Mowgli. O que significam os nomes e outros citados no Livro da Selva?



Muito além da Selva de Mowgli.
O que significam os nomes e outros citados no Livro da Selva?

Publicado em 1894, o Livro da Selva, de Rudyard Kipling, trouxe uma infinidade de palavras, referências e mitos desconhecidos ao público britânico ao qual foi destinado. Mais de um século depois, a história de Mogli se tornou um clássico da literatura mundial, ganhando uma série de adaptações. Em quase todas vemos uma sociedade organizada de animais, com tradições, lendas e crenças próprias. O último filme do Livro da Selva é uma bela homenagem à obra de Kipling, e isso fica ainda mais evidente durante os créditos.

Para que os leitores se aprofundassem ainda mais nessa história, Kipling lançou uma edição especial do Livro da Selva com tradução e explicação para cada nome de seus personagens. Alguns deles são realmente curiosos e explicam ainda mais sobre a natureza das criações do autor. Confira: 

Mogli: ainda que nos livros o significado do nome do protagonista seja "sapo", Kipling garante que a palavra é inventada e não significa o mesmo em nenhum idioma. 

Shere Khan: um nome imponente para o grande vilão do filme. Contudo, é bastante literal: "Shere" significa "tigre" em alguns dialetos indianos, enquanto "Khan" é um título de distinção, que mostra que ele é um chefe entre os tigres. 

Bagheera: o nome do protetor de Mogli é um diminutivo da palavra "tigre" em Hindustani. 

Raksha: o nome da mãe-loba de Mogli tem um significado poderoso: "o demônio". Para Kipling, isso explica como a loba reage ao ver seu filho humano sendo ameaçado pelo tigre maligno. 

Akela: o nome do líder dos lobos significa "solitário" no idioma hindi. Kipling expressou bem o sentimento de isolamento que o poder e a responsabilidade trazem ao lobo-alfa. 

Baloo: Bem, nada muito criativo aí: a palavra significa "urso" em Hindustani.

Kaa: a cobra que encontra Mogli perdido no meio da floresta é uma palavra inventada por Kipling; o autor queria simular o sibilar de uma cobra grande prestes a dar o bote, o que diz muito sobre a personagem... 

Tabaqui – O Chacal, é pronunciado Tabarky – O tradutor diz que resolveu inventar o nome.

O Waingunga – É um rio real no centro da Índia. É pronunciado Wine-gunger.

Ikki – O Porco-espinho. É um nome nativo.

Mang – O Morcego – é Mung, um nome inventado.

Hathi – O Elefante – é pronunciado huttee um dos nomes indianos para Elephant.

Chill – O Papagaio indiano pronuncia Chell.

O Mohwa – se diz Mow-er pra rimar com cow-er. É uma árvore que produz doces pegajosos e flores com mau cheiro. Algumas tribos da selva transformam em bebida forte.

Tha – O elefante que era o senhor da Selva. É pronunciado Tar.

Messua – A mulher (mãe de Mowgli). – é pronunciada mess-wa.

Buldeo – O caçador, ele e Mowgly tinham uma rixa. Pronuncia como se lê.

Rama – O rebanho de búfalos. Pronuncia-se Rar-mer.

Dholes – é um dos nomes nativos do cão de caça.

Won-tolla – Pronuncia-se woon-toller. Significa arredio – um que- Tu não conheces o dhole, homem com a língua de lobo... Interveio Won-tolla! 

Rochas de Abelhas – existem algumas rochas acima do rio perto do Jubbulpore na Índia onde as abelhas selvagens vivem há muitos anos. Ninguém chega perto.

Ferao – O Pica-pau escarlate. Pronuncia-se Feer-ow. Significa “volte novamente”.

Rikki-Tikki-Tavi – pronuncia-se Rikky-tikky-tar-vi. Os mangustos são espertos e costumam entrar em uma casa fazendo amizade com os proprietários.

O Gavial – Um jacaré de nariz afiado. Não come carne humana.  

O Bet – Um rico distrito agrícola entre dois rios do norte da Índia.


Se queres conhecer melhor as personagens e locais do Livro da Selva, faça uma pesquisa no site –. http://www.kiplingsociety.co.uk/rg_junglebook_names.htm

Neste sábado, boa caçada na selva de Seeonee, e olhe nas margens do Waingunga tem muita fruta comestível. Bom proveito!

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Lembranças de cursos escoteiros.




Lembranças de cursos escoteiros.

- Terceiro dia de curso. Atividade Tempo livre para preparar o jantar. As patrulhas cozinhando bate papos alegres, noite agradável, curso seguindo sua trilha na esperança de dar noções básicas e técnicas aos chefes escoteiros. Um dos dirigentes do curso passeia despreocupado pelas patrulhas, mantendo camaradagem sem se mostrar ser o melhor, o professor o mestre. - Em uma Patrulha dá uma parada para ouvir alunos amigos e suas dúvidas. Um deles falou de pronto: - Chefe, não tenho o direito de errar? – O Chefe Dirigente se surpreendeu com tal pergunta. Quem sabe ele o aluno teria se preocupado com a última palestra onde o tema era o Chefe e sua responsabilidade no contexto educacional do método escoteiro. Tempo curto não deu para uma dinâmica tão apreciada na época. - Alguns ainda se manifestaram, mas o tempo proibiu e continuar seria polemizar e fugir do tema central que estava sendo desenvolvido. O Dirigente do Curso preferiu esperar durante o desenrolar do curso que as duvidas fossem sanadas. O aluno que perguntou nos primeiros dias quase não se manifestou. O Cozinheiro/Monitor lhe ofereceu um suco de maracujá. A resposta demorou minutos para ser digerida. - Meu amigo chefe, quando analisamos uma trilha percorrida, nela sempre encontraremos o ponto onde erramos. Se corrigirmos os planos, podemos iniciar uma nova jornada. Tentar outra vez é como se fosse aprender a fazer fazendo. Assim também quando cairmos. Levantar porque só não caí quem não aprendeu a cair. - Muitos dos alunos de outras patrulhas se aproximaram. O Dirigente arrematou: - O que tento mostrar meu amigo é que disso sabe o bebê que aprendeu a andar. O filhote de pássaro que aprendeu a voar. Não podemos desistir de continuar nossa luta. Pode não ter acontecido, pode ter falhado, mas quando tentamos realizar algum de bom sempre conseguimos.  O maior fracasso sempre foi o de não tentar.  Devemos nos orgulhar em dizer – “Pelo menos tentei”. - Ele olhou espantado para o Dirigente do Curso, não esperava aquela resposta... O jantar ficou pronto. O grito da Patrulha foi dado. O Monitor convidou insistentemente a estar com eles no que comentavam ser o melhor “manjar” do mundo. Ele agradeceu. Já tinha prometido jantar com outra Patrulha que o tinha convidado previamente, mas prometendo voltar outro dia... Bons tempos onde se podia viver com maior intensidade junto aos chefes alunos que estavam iniciando e outro continuando sua formação escoteira. Olhando ao redor parecia que todos estavam em Gilwell Park nos melhores tempos onde os cursos eram dirigidos por equipes que ficaram na história do escotismo. - Se ele o Dirigente do Curso nos seus sonhos voltava sempre a Gilwell, se ele era um bom Touro e não está mais toureando, se ele fosse um bom lobo e não está mais lobeando era preciso voltar. Ele olhou para os campos de Patrulha, uma leve cortina de fumaça se desabrochando sobre as tendas e onde homens meninos, vestidos de escoteiro poderiam como ele um dia pensar: - Preciso voltar a Gilwell... Um curso assim que eu possa eu vou tomar!

domingo, 24 de novembro de 2019

O bastão do monitor.




O Bastão do Monitor

Grandes amigos. Patrulheiros da Coruja. Passaram alguns anos juntos sem abrir vaga para um noviço. Mas tudo que é bom um dia chega ao fim. Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço. Gaguinho o sub deveria receber o bastão de Polenta. Havia na tropa uma cerimonia de passagem. Muitas vezes tristes outras alegre. Polenta sabia que seu dia havia chegado. Os anos passaram e seus quinze anos pesaram. Três anos e quatro meses monitorando, fizera na Patrulha amigos queridos, seu coração batia célere sabendo que tudo iria acabar. Gaguinho relutava receber o bastão do seu Monitor. Sabiam que em pouco tempo todos iriam se reunir nos seniores, alguns seus protetores fieis. Mas seria a mesma coisa? Ele sabia que às vezes é penoso cumprir o dever, mas nunca é tão penoso como não cumpri-lo. A formação em linha frente a Bandeira Nacional deixava Polenta sem palavras. Sua voz rouca não sabia o que dizer. Queria chorar, dizer que não iria fazer a passagem segurava o bastão com força. O que tinha nele de tão importante? Quem sabe seus acampamentos, suas especialidades, a marca de tantos primeiras classe, de cordões sem fim. – Chefe, está difícil, vamos logo essa cerimônia terminar! – Cortês o chefe no alto dos seus trinta anos sabia que seria difícil de ele continuar. Lembrou-se de Gonçalves Dias... “A vida é luta renhida, que aos fracos abate, e aos fortes, só faz exaltar”... – Tropa Firme! Patrulha Coruja um passo a frente! - Polenta e Gaguinho, de frente para a Patrulha façam a passagem... Silêncio total. Sabiam o cerimonial, o manejo do bastão, de um para o outro. Polenta na entrega segurou o bastão com força. Gaguinho chorava... A Patrulha gritando seu lema abraçou Gaguinho e Polenta... “Brilhar sempre, brilhar em todo lugar! Até os últimos dias do escoteiro brilhar... E sem desculpa nenhuma, pois este é o nosso lema!” Os Seniores chegaram correndo. Nos ombros colocaram Polenta, gritando Avante o levaram até Colosso o Chefe Sênior. Ali nova vida iria começar... (Não importa onde você parou. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e o mais importante: Acreditar em você de novo!).

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Baden-Powell of Gilwell, cidadão do mundo!



Conversa ao pé do fogo.
Lord Baden-Powell of Gilwell, cidadão do mundo!

-                Baden-Powell foi sempre um apaixonado pela África. Não só adorava este continente, mas também as suas pessoas e a sua cultura. Desde cedo que estudava os seus dialetos, procurando conhecer os povos africanos, respeitando-os como aliados e adversários. BP seguiu de perto o povo Zulu que se impressionou com o jovem militar britânico, sobretudo pela sua coragem e destreza. Este povo atribuiu-lhe vários nomes com base em aspectos da sua personalidade.

 M’hlalapanzi – O homem que faz os seus planos com cuidado;
 Kantankye – O homem do chapéu grande;
 Impeesa – O lobo que nunca dorme;

 Baden-Powell de todos os nomes que os Zulus lhe deram aquele que sempre admirou foi o de Impeesa, por considerar o maior elogio que jamais recebera.
Impeesa é o apelido dado pelos nativos da África do Sul para Baden Powell e significa "O lobo que nunca dorme" e refere-se à grande capacidade que tinha em planejar e perseguir seus inimigos.

Leia o que Baden-Powell escreveu como ser feliz, embora rico ou pobre.

Uma viagem de canoa é semelhante à viagem da vida. Um Velho marujo deve passar adiante os segredos da pilotagem. O único sucesso verdadeiro é a felicidade.  Dois passos para a Felicidade: - Levar a vida como se fosse um jogo e dar a todos amor. Os burmeses são um exemplo de povo feliz. A felicidade não é um simples prazer, nem consequência da riqueza. É mais o resultado do trabalho ativo, do que o gozo passivo de um prazer. Seu sucesso depende do seu esforço individual na viagem da vida. E de evitar certos escolhos perigosos. A autoeducação, em continuação ao que você aprendeu na escola é necessária. Vá para a frente com confiança. Conduz com o Remo a sua canoa. Lord Baden-Powell.
  
A origem do apelido Baden-Powell

Você sabia que Baden-Powell não nasceu Baden-Powell?  Seu nome inicial era Robert Stephenson Smyth Powell sem o Baden. Quer conhecer a história? Fique a vontade!

- Todos conhecem o nome do nosso fundador: Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. Entre os Escoteiros, é mais conhecido simples e carinhosamente por B-P. Estas iniciais do seu apelido parecem ter sido feitas à medida para o lema que adotou para o Escotismo: “Be Prepared”. Já quando criou e organizou a Polícia da África do Sul, em 1900, os seus homens adotaram o mesmo lema, coincidente com as iniciais do seu comandante. No entanto, Baden-Powell não nasceu com este apelido, mas apenas Powell. Ou seja, nasceu Robert Stephenson Smyth Powell, na família Powell.

O pai de B-P, um professor universitário de renome, falecido em 1860, chamava-se Baden Powell, sendo Baden o nome próprio e Powell o apelido. Alguns anos depois do seu falecimento, a mãe de B-P meteu na cabeça a ideia de mudar o apelido da família para Baden Powell, para homenagear o seu falecido marido e perpetuar o seu nome. O advogado da família tratou da legalização do duplo apelido e, a 21 de Setembro de 1869, através de uma notificação pública, todos os membros da família tomaram o apelido Baden Powell. No entanto, este apelido trazia alguns embaraços ao irmão mais novo de B-P, Baden, que agora se chamava Baden Powell.

O problema resolveu-se em pouco tempo, com a introdução de um hífen no meio do duplo apelido. A mãe de B-P demorou algum tempo para conseguir que os familiares e amigos se habituassem a usar o duplo apelido com hífen, mas a persistência valeu a pena, não escapando, contudo, a que a família se referisse a ela, na brincadeira, como a “senhora hífen”. Em breve, os colegas de escola do nosso fundador trataram de abreviar o seu apelido para B-P, assim como aconteceu com o resto do mundo.

Nota:
- Se quiser conhecer melhor sobre mística, história, simbolismo escoteiro, Aprender a Fazer Fazendo, histórias de Baden-Powell, peça meu Bloco 8 com vários compêndios em PDF. Peça pelo meu e-mail ferrazosvaldo@terra.com.br e receba gratuitamente. Peço por gentileza não fazer o pedido por aqui. Só posso enviar através do meu e-mail. Atenção: Devido a problemas de saúde posso demorar alguns dias no atendimento. Desculpe.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Sou um herói de mim mesmo.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sou um herói de mim mesmo.

... Protagonista de um sonho escoteiro, às vezes me enrosco com a mente alheia, dos amigos que amam e ao mesmo tempo desprezam os que ao seu lado tentam mostrar o que não são na sua vivência escoteira. Eu sei que cada um de nós é o astro, o herói e o protagonista de sua própria história. A melhor forma de viver é lançarmos nossas próprias decisões e seguirmos nossas próprias convicções. Cada qual deve sentir-se livre para ser o que é. Preocupar-se demasiadamente com o que os outros pensam jamais fará uma pessoa feliz.

                           Quando “pequerrucho” e me tornei lobinho, acreditei que “meu Balu” era meu herói. Fui crescendo e Escoteirando vi que meu Chefe João Solado não foi meu herói que acreditei encontrar. Tudo porque ele sempre quis fazer de sua tropa os heróis de si mesmo. Deu-nos liberdade, confiou em nossas responsabilidades e sempre dizia: Escoteiros, uma tropa não precisa de Chefe para andar. Se Caio Vianna andou com suas próprias pernas façam vocês seus próprios destinos. Montamos em nosso Vulcabrás em busca de aventuras quixoteanas. Tudo era um marco de aprendizado varonil em nossas vidas.

                            Eis que homem me tornei. “Chefaiando” sempre acreditei em deixar os jovens andar com suas próprias pernas. Meu pai foi meu herói diferente. – Pai, vou acampar... Ele me olhava e dizia: - Você sempre será responsável por você mesmo. E assim foi. Bandeiras ao vento, trilhas misteriosas, procurando o jardim secreto da felicidade nos vales e florestas onde acampei. Ele meu pai nunca cobrou nada dos meus chefes e eles nunca cobraram nada de meu pai. Barraca no lombo ou sem lombo tudo poderia se tornar um teto para dormir. Vez ou outra lá vinha ele o Chefe João Soldado pedalando afogueado para nos visitar. – Posso entrar? E a gente brincava: - Aguarde Chefe a Patrulha está em reunião! E o tempo foi passando e já homem feito vi que o que havia feito não teria repetição. Mesmo assim com ressalvas e “homijá” de mochila e chapelão, acampei a mais não poder. Deixei meus filhos percorrer a senda de Baden-Powell. Nunca fui pai quando a reunião começava. Agora eles tinham um Chefe, a eles deviam obediência.

                             Na hierarquia escoteira obrigatória percorri caminhos sem volta. Nem tudo foi Mar de Espanha. – (Vide a conquista da parte leste do mar mediterrâneo pela Espanha e a expulsão dos mouros e com o controle total ficou conhecido com Mar de Hespanha). (Não confundir com uma cidade mineira do mesmo nome e Espanha sem H). Nesta caminhada tomei pernadas, mas não fui inocente e também dei as minhas. A elite da Corte Escoteira não comungou com meu raciocínio como não comunga até hoje. Ela nos seus vertentes se uniu aos novos ventos que sopravam mudanças com cada um dizendo ser para melhor.

                             Me posterguei por uns tempos na cortina de fumaça “a Escoteira”, aquele que anda só. Minha mente ainda fervilhava de escotismo. Papel caneta e máquina de escrever e depois computador e lá fui eu escoteirar. Preto no branco surgiu às lendas, as histórias, as fabulas as crônicas tudo encaixava na mente do que fiz e aprendi com a Saga de BP. Até hoje não morro de amores pela “Casta Escoteira”. Vez ou outra salpico meus pensamentos mal traçados a dizer o que penso deles e suas mudanças. (eles também não gostam de mim. Paciência). Não a “coro” de pensar em nova volta ao passado. Poucos dizem amém. Na briga de foice para chegar ao topo no Reino Escoteiro da Mil e uma Noites BP não se apresentou e nem foi convidado. Dizer o que ele pensava que faria se estivesse ali é pura futurologia. Como sou um Mancebo formado na escola da vida, muitas vezes não tenho cultura para acompanhar os mestres doutores que conhecem do fim ao começo o querido POR, o Famoso Mal me quer chamado de Estatutos às normas as exigências e tudo mais que compõe a nova Elite Escoteira.

                             Já vetusto vivendo no pretérito passado não tenho condições de guerrear nas novas estruturas assembleástica. Ainda escrevo com o coração a frente e desse estilo não abro mão. Ainda sou um Robin Wood às avessas a ficar do lado do mais humilde, do humilhado e do ultrajado no seu caminho escoteiro que escolheu. Não importa se não tenho registro e nem direito as Medalhas dos grandões. Mente sã, pé na tábua, fuxico coisas para andar por trilhas misteriosas novamente. Não vou dar lições de como ser Chefe, Diretor, Presidente, Diretor de Curso Básico Avançado ou Velho Lobo. Isto fica para os aquinhoados viventes que ainda tem pernas e braços e correm para se associar a elite do poder. E os jovens moçoilos sonhadores ficam aonde nesta pujança emigratória? E eu faço deles, nos meus sonhos de outrora e deixar que façam o escotismo que querem ter.

                           E lá no topo do comando, tudo continua como dantes no quartel d’Abrantes (nota – Usa-se esta frase para indicar que nada mudou). E eu aquele efebo das vivencias de outrora, montado a escoteira na minha fértil imaginação deixo tudo correr através do tempo e não dou o braço a torcer. Nunca fui de abaixar a cabeça e dizer sim senhor. Ops! Jurei a bandeira, jurei obedecer a Lei, mas não jurei obedecer a Escoteiros do Brasil e a nenhuma outra associação. Sou livre, posso voar para onde eu quiser! Quando chegar a hora de “botar” o pé na estrada, enfrentando poeiras de estrelas na jugular do tempo, deixarei meus pormenores de Velho Senil achacado e enfermiço e vou abraçar com prazer os cometas passantes e os planetas brilhantes que encontrarei pelo caminho. Nesta jornada não vai haver melancias, pedagogias estatizantes no andar etéreo do Velho Escoteiro. Desculpem os próceres, mestres do escotismo, mas se tem algum que me faz feliz é ver a juventude dona do seu próprio nariz!                         

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Tributo a Bandeira do Brasil.




Tributo a Bandeira do Brasil.

Bandeira minha, de encantos mil, imagem linda do meu Brasil!
Quando te vejo, bandeira amada, graciosamente assim hasteada,
A mim parece que, muito Sutil, esse teu volto me diz: - Brasil!
Então, eu levo ao coração, cheio de amor, A minha mão.
E a minha boca linda infantil fala bem alto: Viva o Brasil!

                  Pediu-me para ficar em OF. Entendi sua posição. Achou que poderia ser ridicularizado pelos amigos do grupo Escoteiro. Mas em sabia que ele dizia a verdade. Minha experiência de Chefe e pseudo-escritor me colocaram em situações inusitadas que muitos dizem não acreditar. Sua narrativa era fantástica. Contou-me de cabeça baixa e no final a levantou como se tivesse prestando ima homenagem a um pedaço de pano que para alguns não tinham valor, mas para ele sempre foi sagrado.

                 - Chefe, eu não costumo jurar, tenho palavra e a palavra de Escoteiro para mim vale minha honra. Eu estava na sede Escoteira. Arrumando um armário com um emaranhado de cordas na chegada do acampamento. Ficamos de colocar para secar. Qual não foi minha surpresa que ouvi vozes. Quem seria? Pode rir Chefe, mas eram duas Bandeiras do Brasil. Elas estavam em cima da mesa de reuniões. Pelo que eu soube uma seria aposentada, pois estava muito velha e desbotada. Havia mais de 46 anos que estava conosco. Desde a fundação do Grupo. A outra era nova. Iria substituir à velha. Estranhei... Nunca passei por esse tipo de situação. – As duas estavam falando! Isto mesmo, conversando chefe! Duas bandeiras? Poderá me dizer. Mas é verdade. A velha dizia para a nova:

- Bem vinda minha amiga, não sabe como me alegro em conhecer você. Eu estou aqui há 46 anos, quinze dias e cinco horas. – Riu baixinho. Mas chegou a hora de aposentar e a Diretoria comprou você. Eu sei que existe uma cerimonia muito bonita, ao aposentar uma Bandeira do Brasil, ela tem honras militares, é colocada em uma pira que junto com outras é cremada. Neste dia ela recebe honras militares e até mesmo os escoteiros fazem uma homenagem cerimonial. Eu não serei cremada. Nossos diretores e chefes decidiram que eu devia ficar em um belo quadro de vidro na sala de recepção. Sempre tiveram por mim muito amor e muita consideração.

- A bandeira velha deu um suspiro e continuou – Eu também amo todos eles. Tivemos juntos algumas lindas passagens desde que cheguei aqui. Eu sempre me senti amada. Tudo começou com Cecília uma Lobinha que sempre me olhava com carinho. Nos cerimoniais ela fazia a saudação com orgulho. Não tirava os olhos de mim. Um dia no acantonamento, quando após o jantar alguns ficaram sem fazer nada, ela me pegou na mesa da Akelá e me levou até uma árvore. Lá com uma cordinha me amarrou e depois me abraçou-me e disse: Bandeira minha do meu Brasil, eu te amo. Quero que saiba que tenho orgulho de você. E seus olhos se encheram de lágrimas e ela me beijou. Minha amiga, que emoção. Demais para mim.

- Depois foi em um acampamento Sênior. Eles e as guias foram acampar no Pico do Besouro Verde. Ao chegar ao cume viram que não tinha onde hastear a bandeira. Eram só pedras. A vista era linda, mas se eu não farfalhasse ao vento naquelas alturas eles não se sentiriam realizados. Dois seniores desceram quatro quilômetros correndo e acharam uma vara enorme de oito metros. Voltaram serra acima com o futuro mastro. Entre abertura de pedras firmaram o mastro e me hastearam. Que felicidade amiga. Ver o vento me balançando nas alturas foi demais. E a vista? Maravilhosa! Confesso que chorei de novo de emoção.

- E então minha amiga, aconteceu um fato que nunca mais esqueci. Aquele sim foi demais para qualquer Bandeira do Brasil. Estava arvorada em um acampamento Escoteiro, e eles jogando um jogo gostoso em volta do campo. Um redemoinho de vento me pegou. Soltou-me da arvore, e fui levado a grandes altitudes. Eles viram e o Chefe gritou: - É nossa bandeira! Salvem-na, não deixem que o vento a leve! – E a escoteirada correu atrás de mim. O ribombar de trovões, raios enormes começaram a cair em redor. Outro vento enorme e a chuva me pegou de jeito. Mas lá embaixo estavam os valorosos escoteiros. Não desistiam. Sempre correndo atrás de mim.

- Vi um escoteiro cair, sua perna sangrando e ele não desistiu. Vi outro molhado, tossindo a chuva caindo aos borbotões e ele não parava. Molhada, cai em cima de uma árvore altíssima. Ninguém desistiu. Um escoteirinho lépido subiu a árvore com dificuldade, pois chovendo e os galhos e os troncos molhados dificultavam. Ele me alcançou. Abraçou-me. Beijou-me. Colocou-me embaixo de sua camisa. Que honra minha amiga, de novo vi como eles me amavam.

- Foi uma festa quando cheguei ao acampamento. Todos cantavam com alegria e o Chefe pediu que ficassem em posição de sentido e cantaram com orgulho o meu hino, o hino da Bandeira do Brasil! – “Salve lindo pendão da esperança! Salve símbolo augusto da paz! Tua nobre presença à lembrança A grandeza da Pátria nos traz”. - Nunca esqueci aquele dia. Houve centenas deles minha amiga. Centenas. Agora estou aposentando. Sua vez vai chegar, vais ver como os escoteiros amam sua pátria, sua bandeira. Vais sentir no hasteamento e arreamento o vento lhe acariciar e todos vendo você farfalhando no ar, irás sentir orgulho. De saber como é amada por eles!

                      O meu narrador parou. Estava chorando. De orgulho é claro pelo que viu e ouviu. – Sabe Chefe, era eu que iria fechar a sede naquela noite. Fui até as duas bandeiras. Abracei as duas. Apertei em meu coração. Coloquei ambas na mesa desta vez aberta. Fiquei em posição de sentido. Cantei o hino da Bandeira, disse Sempre Alerta as duas com orgulho. Dobrei as duas com as honras que ela mereciam e fui embora. Hoje a velha bandeira mora em um belo quadro de vidro na sede. Todo dia que vou lá, fico em posição de sentido olho para ela, e com amor eu digo. Amo você Bandeira do Brasil. Faço minha saudação Escoteira e bem alto digo – Sempre Alerta!

                      Uma historia que me causou emoção. O Chefe que me contou sorria para mim. Dei nele um abraço e disse: Parabéns! Ela representa nossa Pátria. Lembre-se sempre dessas palavras: - Amor por princípio, ordem por meio, progresso por fim! Ele não disse mais nada. Ele como eu sabia que a Bandeira é nosso legado e representa nossa nação. Como disse Ayrton Senna: - O fato de ser Brasileiro só me enche de orgulho!

domingo, 17 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Associações Escoteiras no Brasil. Somos sim, todos irmãos!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Associações Escoteiras no Brasil.
Somos sim, todos irmãos!

... – Palavras de Baden-Powell: - O nosso objetivo é descentralizar a administração tanto quanto possível, a fim de evitar a burocracia e atribuir o máximo de autonomia democrática às autoridades locais. Somos mais uma Fraternidade do que uma organização, fraternidade mais movida pelo espírito e por uma lei não escrita do que por normas e regulamentos impressos.  

                  Andei me perguntando: - Porque a Escoteiros do Brasil não dá o primeiro passo para formar ou então manter um bom relacionamento com todas as Associações Escoteiras existente no Brasil? Porque essa birra, essa pirraça, processando tentando subjugar a quem quer ter liberdade de ser escoteiro onde quiser? Porque essa obstinação em querer que elas passem a serem suas afiliadas, com os mesmos deveres, com registros e aceitar sua liderança? Afinal, elas tem ou não tem direitos de ser como são? Se escolheram este caminho porque não dar as mãos como irmãos? Que tipo de Associação é a Escoteiros do Brasil que se acha onipotente, autônoma, soberana e autosufiente por não estender as mãos como deveria agir se ela tem uma lei e um artigo que diz que o escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Este artigo para ela é enfeite? Os outros não são escoteiros? Será que ela acredita que ser escoteiro só estando sob sua égide? Quem lhe deu este direito? Seria Baden-Powell? Onde foi que ele escreveu tal disparate? As outras associações tem que se subjugar submeter-se ou vergar para ela? Ora bolas, as explicações até hoje não me satisfazem. E uma burrice sem tamanho não tê-las como amigas e irmãs.

                 Muitos de nós sabemos como surgiram as novas Associações escoteiras no Brasil. A maioria porque seu líder discordou das normas e muitos na tentativa de mostrar um novo caminho, foram condenados ao ostracismo. Afinal dizem que devemos ser leais e obedientes as regras da Escoteiros do Brasil. Mas onde está o direito de ser oposição, de lutar pelo que acredita de ter liberdade de pensamento nas suas ações? Os defensores ou como se dizem por aí os politicamente corretos defendem os estatutos (que a EB reluta em discutir entre seus correligionários) e as normas vigentes. Alegam que existem os fóruns próprios para sugerir e propor as mudanças que julgam ser corretas. E quem acredita nisso? Se eles mesmos permanecem por anos e anos no topo do poder, podemos acreditar que possa haver alguma mudança? Sempre com o velho mote de que a WOSM (World Organisation of the Scout Movement) lhes dá este poder. Esquecem-se da WFIS (World Federation of Independent Scouts Federação Mundial o Escotismo Independente) que dá suporte a todos que querem ser escoteiros em qualquer parte do mundo.

                  Sabemos que em outros países as diversas correntes de associações escoteiras vivem harmonicamente, fraternalmente se respeitando sem impor suas diretrizes aos demais. Afinal é um direito de escolha. Quero ser escoteiro, fiz minha promessa como escoteiro não concordo com as diretrizes da minha associação, não tenho direito de me associar a outra? Afinal existe ou não no Brasil o direito a associação e escolha? Será que a Escoteiros do Brasil é a legítima proprietária do nome Escotismo e de outras denominações escoteiras? Porque os Juízes que julgaram os processos a pedido da Escoteiros do Brasil contra muitas associações não aceitaram suas ponderações? E isto em diversas instâncias? E o pior, muitas delas pretendem entrar com ação criminal em um processo Cível de reparação de cunho indenizatório contra a Escoteiros do Brasil. Belo Marketing para o Escotismo Brasileiro.  

                 Não seria maravilhoso aceitar e respeitar a individualidade de cada um? Mostrar aos Brasileiros que eles fazem atividades em conjunto, conversam, aceitam opiniões e cada um vive sua vida escoteira como escolheu? Maravilhoso seria ver todos com o mesmo pensamento de Baden-Powell, visando unicamente o jovem mostrando a ele que no escotismo ou fora dele somos todos irmãos. Esta intransigência da Escoteiros do Brasil na obrigatoriedade de exigir aos seus associados documentação para qualquer atividade é de uma tremenda inépcia. Tanto que se contam nos dedos a estupidez quando meninos foram mandados de volta por não documentar como queriam os dirigentes para fazer atividades escoteiras em suas diversas modalidades. Belo exemplo para o jovem que sonhava em participar.

                 Não sou um emérito conhecedor das outras associações escoteiras no Brasil. Infelizmente elas pecam pela transparência e é difícil se inteirar de suas atividades, seus efetivos, seus programas e seus balancetes. Se tiver eu desconheço e peço desculpas. Uma vez pedi a elas o efetivo para um artigo que estava escrevendo. Exceto de uma delas das demais não recebi resposta. A maioria vive sob a liderança de seu líder fundador e ele é imutável no cargo supremo permanecendo para sempre como o Líder Chefe. Muitas destas novas associações apregoam que fazem o Escotismo Tradicional de Baden-Powell. Merece uma boa conversa amiga este tema que não é tão praticado como dizem. Pelo menos é melhor que esta cisma hipotética de dizer que o escotismo hoje deve ser feito com a metodologia educacional moderna. Sou enfático em dizer que BP não deu procuração a ninguém para falar em seu nome. Suas palavras parece que não foram bem entendidas: - Não gosto de dar ordens: não é esse o nosso estilo, nos Escoteiros. É o sentido do dever vindo de dentro de nós que nos guia, e não deve ser imposto do exterior. Que se dane o Regulamento! “Chamem-lhe uma experiência”! E porque não se lembrar de sua frase preferida? -“Primeiro tive uma ideia. Depois vi um ideal. Agora temos um Movimento, e se alguns de vós não tiverdes cuidado acabaremos por ser uma simples organização”.

                 Quando aprendermos que no escotismo somos todos irmãos não importa a associação então com fé e amor poderemos fazer um belo movimento voltado para o jovem na sua formação moral e cívica pensando que estamos ajudando a formar uma juventude sadia para um Brasil melhor. Como seria importante podermos rezar juntos, acampar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que agora somos irmãos de sangue e ideal. Como disse Martin Luther King... Neste dia iremos aprender a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, e seremos irmãos de sangue para sempre...  


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Leis, normas princípios, regras e o escambal!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Leis, normas princípios, regras e o escambal!

... – Muitos passam longe das minhas escritas e não gostam quando reclamo do escotismo atual. Direito ou não vou discordando e achando que o caminho percorrido vai de encontro aos meus pensamentos do Escotismo de BP. Motivação, parceria, trabalho em equipe é o segredo do sucesso. Verdade?

- Ouve uma época que fazia muita continência para os mais velhos, os chefes, os monitores e quando via um dirigente ficava durinho quem nem pau de sebo nas noites de São João. Mas sempre me deram liberdade para escoteirar. Meu livro da vida tem páginas e paginas escoteirando, em uma época de mamãe e papai legal. Mãe! Vô acampar! Posso pegar a ração B? – Vem cá que te ajudo filho! E lá ia eu com a Patrulha, sem pagar taxa, pegando uma estradinha, uma trilha, uma serra montanhosa ou até mesmo um vale florido locais que amava acampar e cantar meu Rataplã. Dizem-me que hoje tudo mudou. A modernidade, a esperteza de “enricar” cobrando para acampar, as diretrizes impostas cerceando a liberdade de ir e vir, o ECA feito pelos homens sem perguntar aos meninos se isto é bom, e os sabidões escoteiros a dizerem para onde o menino sonhador deve ir. Nossa! Eu nunca poderia ser escoteiro hoje. Sêneca bom sujeito dizia que se vives de acordo com as leis da natureza, nunca serás pobre. Se vives de acordo com as opiniões alheias, nunca serás rico. Danado de Sêneca inteligente!

Não quero tirar a liberdade de pensamentos de ninguém ou a forma de curtir e expressar o escotismo como aprendeu e gosta de fazer. São tantos a dizerem que o escotismo mudou sua vida, que agora é outro eu prefiro não comentar. Prefiro deixar o tempo passar e ver se daqui a dez, trinta sessenta anos o pensamento é o mesmo. Eu cá no meu canto do mundo, vejo muitos me procurando para ser meu amigo e quando escrevo o que não gostam, se mandam sem nada dizer. Quá! “Ancê só ficô um muncadinho” chefão? Num gostô? Se manca entonse! Pois é, hoje tô mais prá lá do que prá cá! Não preciso mais prestar continência a ninguém. Não me registro em nenhum lugar. Sou um passarinho que gosta de voar sem rumo e direção. Se me querem bem saio de braço dado, como dois irmãos. Ao contrário, se acham ser importantes demais, se não tem uma visão firme do bom escotismo como deve ser feito, eu digo: - Asta lá vista, Baby! O Barão de Montesquieu era mestre em dizer que liberdade é o direito de fazer tudo que as leis permitem. Mas quá! Que liberdade é essa?

Fui em minha vida escoteira desafiado, amado, desprezado e chacoalhado no meu ego de menino homem sonhador. Dei belas gargalhadas nas minhas andanças escoteiras. Vibrei com a natureza em flor. Em uma jangada de piteira no Rio Paraopeba, dormi o sono do Beija Flor e acordei molhado ao cair da Cachoeira dos Macacos. Bati palmas para o nascimento de um pintassilgo que caiu do seu ninho e eu o voltei para seu lugar. Eram “coisas” descobertas que valiam uma vida escoteira e não tudo programado para ser como os homens dirigentes hoje querem. Danadamente cresci. Matuto do interior fui jogado como Chefe de um campo sênior em um Ajuri qualquer. Vibrei! Gritei! Amei cada dia vivendo com aquela rapaziada. Passado que nunca esqueci. Fizeram-me importante. Chamaram-me Comissário e Adestrador. Quatro tacos chefão! Disse o Escoteiro Chefe. Logo eu um matuto que só sabia escoteirar. Foi então que comecei a entender Mahatma Gandhi ao dizer que quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhum tirania pode escravizá-lo.

O menino mineiro escoteiro virou homem. Não mais saia para lobear na selva da Jângal. Sua bicicleta pneu balão deixou de existir, a carretinha que cantava musicas eternas no óleo das rodas de madeira se calaram. Agora era ver homens se digladiando. Cada um tentando ser mais importante. Sempre a dizer que na sua vida escoteira se dizia o meu menino, o meu Monitor, a minha Patrulha a minha tropa e o meu grupo. Tudo meu. Quanto pagou? Ser Insígnia, diretor, presidente, mostrar que tem mil idéias para fazer o escotismo melhor. Melhor? Qual? O meu ou o seu? Eu naquela luta de “criolo doido” recorria quando podia a um emérito pensador: - Apague Chefe as minhas interrogações. Porque estamos tão perto e tão longe? Faça o favor me ajude a acabar com as leis da física, mesmo sendo escoteiro será que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar? Mineirinho “Turrão” cheguei à conclusão que nem tudo que reluz é ouro.
   
Hoje vivo de histórias, lendas contos e até mesmo narrativas e fábulas. Chamam-me de contador de histórias. Uma honra! Mas riem de mim quando digo que fiz escotismo dos “bão”. Melosamente digo que entendo pacas. Já não posso mais correr mundo. Botar uma mochila nas costas, escolher o vento sul e o vento norte para achar o melhor caminho. Vejo valentes dirigentes até hoje usurpando o poder que Baden-Powell não deu. Não sabem abraçar, dizer desculpe, eu não queria ofender! Não sabem ou desconfiam que a Lei do Criador do Escotismo têm tudo para atender o que ele pretendeu dar aos homens e mulheres de boa vontade. Um dia vou “bater as botas” ainda não decidi se vou à escoteira ou natural. Lá no buraco fundo não me olharei no espelho, ele não vai dizer que sou feio, ele não vai dizer nada. Tudo vai se decompor. Se for prú céu eu não sei. Mas de uma coisa eu sei, levo comigo a paz, a fraternidade e o amor. E termino com Allan Kardec: - Todas as leis da natureza são leis divinas, pois que Deus é seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

               Um grande e fraterno abraço. Quem sabe um dia todos irão entender que não tem o melhor, não existe o chefão! Afinal somos ou não somos todos irmãos?

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Chico Cerca. Ele era um analfabeto.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Chico Cerca. Ele era um analfabeto.

... - Não digo que Chico Cerca deva ser um exemplo. Quem sabe de honradez, de coragem e de fraternidade lhe dava o direito de ser o homem que sempre foi Ser letrado é uma arte que todos devem aprender e aprimorar. No entanto desmerecer quem escreve mal, quem não sabe nada das letras e garatuja pensando em acertar não me parece ser uma forma de pessoas educadas. O contrário sim aplaudo aos que entendem suas dificuldades que desconhecemos e por isto devemos relevar. A história de Chico Cerca é um exemplo nato.

- Vez ou outra vejo comentários jocosos sobre os erros de português de muitos que viajam nas páginas do Facebook. Sei que as intenções são as melhores, pois temos realmente uma população que deixa a desejar na sua escolaridade. (eu, por exemplo). Para a UNESCO, “uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio”. Perfeito. Data vênia eu me penitencio. Sempre soube que fui e ainda sou um analfabeto, pois minha vivencia foi feita na escola da vida. Quando iniciei minha saga de pseudo escritor, meus erros eram enormes (Ainda são). Vocês nem imaginam quantos educadamente ou maquiavelmente me escreviam alguns condenando e outro querendo me ensinar. Um deles foi enfático em dizer que deveria voltar à escola mesmo com minha idade se queria ser um escritor. Eram muitos que educadamente se ofereceram para revisar meus artigos e contos. Desistiram logo quando viram a quantidade. Risos.

Se não fosse o Word eu estaria perdido na Selva de Mowgly. Nele eu me arranchei nas margens do Rio Waingunga e lá assentei praça de pseudo escritor escoteiro até hoje. Ele me ajuda “pacas”. Continua ainda os erros de concordância, pontuação e demais amarras da língua portuguesa. Não me considero um exemplo. Afinal cada um sabe onde amarrar seu cadarço para não se esborrachar no chão. Recebo dezenas de e-mails, contatos no Facebook e até cartas (usam ainda os Correios do Brasil). Entendo tudo que escrevem. Fico feliz pelo esforço e sempre respondo. Nunca critiquei ou deixei de responder. Nunca corrigi os erros de ninguém, e se eles o cometeram foi porque não tiveram a oportunidade de estudar como muitos outros. Quando fui Formador nunca me preocupei com alunos que se esforçavam para fazerem anotações em seus cadernos (era uma praxe de Gilwell). Quando assumi a liderança escoteira em Minas Gerais, um Chefe que sempre admirei me disse: - Vado Escoteiro tome cuidado com os analfabetos, os desdentados os mal vestidos, eles podem dar uma falsa impressão do que podemos realizar na formação da juventude. Quer saber? Não gostei. Achei isto pedante e para mim não era importante.

Não desmereço uma boa formação intelectual. Ela faz parte do crescimento interior e espiritual. A cada nova vida vamos aprendendo na escola dos homens e na escola da vida. Outro dia vi alguém corrigindo um ser vivente que rabiscava suas poucas letras querendo participar mais de suas lembranças, passagens, e porque não contar que também é um ser humano. Isto me fez voltar no tempo e lembrei-me do Chico Cerca. O conheci em um curso e apesar de não sermos da mesma patrulha ficamos amigos e somos até hoje apesar dele morar no céu. Era analfabeto de pai e mãe como dizem por aí. Um dos diretores viu logo o simplório, pois ele não escrevia nada no seu caderno. Chamou-o em particular e disse que só daria a ele o certificado de aprovação quando aprendesse a ler e escrever. Não fui a favor. Quando fui indicado para Comissário Regional enviei pelo correio seu certificado. Não sei se hoje os “chefões” dariam a ele esta oportunidade.

Muitos anos passados e um belo dia fui fazer uma visita a sua Tropa em uma cidade próxima a minha. Fui de bicicleta com mais três chefes amigos. Fomos recebidos como reis. Insistiram que fossemos hospedar em suas casas, mas levamos barracas e dormimos nela. Fiquei mais amigo dele que nunca. Chico Cerca era um apelido. Ele era um construtor e consertador de cercas das fazendas da região. Por isto o apelido. Seu nome era Francisco de Arimatéia. Olhe meus amigos nunca vi tanta gente o abraçando, e falando tão bem dele que fiquei surpreso. Eram tantos pais que foram escoteiros dele, falando maravilhas de sua chefia que pensei que o saber não era tanto para ser um bom Chefe Escoteiro. O próprio prefeito veio até a mim para dizer que homens como Chico Cerca são poucos. Ficamos lá dois dias e me encantei com a cidade e seus habitantes. Uma fraternidade que dava lições enormes as outras tantas espalhadas pelo Brasil.

No dia da partida perguntei: - Chico conseguiu receber seu certificado? Ele riu. Um sorriso gostoso, amigo sincero cheio de amor para dar. – Vado, nunca me enviaram até o dia que você assumiu a Região de Minas Gerais. Um dia sonhei em ter pelo menos o anel de Gilwell, mas este sei que é impossível. Estou tentando aprender, entrei em uma escola noturna. Aprendi a ler e escrever com dificuldade. Foi bom, pois agora consigo ler mesmo devagar os livros que comprei de Baden-Powell. O Doutor Morgado, Juiz de Direito da cidade chegou abraçando Chico. Olhou-me e disse: - Fui seu Escoteiro, devo o que sou a ele. Chico escreveu para mim seu endereço da sua nova casa. Trabalhou muito para comprar. Vi que ainda eram garranchos cheios de erros de português. Eu sempre soube que Chico nunca iria ter uma medalha, um agradecimento dos Lords Escoteiros. E daí? Eu na minha simplória memória escoteira o guardei para sempre no meu coração. Sou um incentivador dos estudos por parte dos jovens e adultos, isto é importante para o seu sucesso e seu futuro. Mas me desculpem. Nunca vou condenar alguém que na sua simplicidade tem erros homéricos de português! Afinal, ele é um ser humano que merece nosso amor e consideração.