segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Cantos de Patrulha.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Cantos de Patrulha.

                          Costumo dizer que Cantos de Patrulha têm duas exposições: - A primeira o local onde se guarda sua tralha, seus arquivos, o Livro de Patrulha, o Totem em lugar de destaque e porque não alguns quadros da Patrulha e até mesmo do seu grito e seu lema. Sei que neste caso nem todos os grupos podem ter. As sedes são pequenas e na maioria das vezes são cedidas por algum estabelecimento de ensino ou a prática religiosa. Mas isto não significa que a Patrulha não deve se esforçar para ter num cantinho da sede, uma prateleira o um Baú, onde possa guardar seus pertences.

                         Onde se faz a reunião, em um pateo aberto ou em um Ginásio de Esporte, seja onde for sempre me apeguei que cada Patrulha tivesse seu canto. Pequeno um círculo alguns bancos construídos por cada um dos participantes. Seria ali seu reduto deste a hora da chegada como no final da reunião. Faz falta um lugarzinho somente seu, onde a Patrulha se sinta bem e um ponto de encontro para o adestramento, reuniões de Patrulha, conversas interessante em qualquer dia ou hora quando forem a sede. Não nos esqueçamos da Gruta dos lobos ou Roca do Conselho, claro seria bom que os Pioneiros tivessem sua Caverna Pioneira.

                         Muitas tropas escoteiras ou seniores mantem a tradição de chegar à sede, seguir para seu ponto de reunião e ali esperar a chamada do Chefe ou Assistente quando do inicio das atividades. Gostoso ver quando o Monitor era chamado e ele dentro dos padrões fazia a passagem do comando ao Sub Monitor. Uma vez em visita a um Grupo Escoteiro fui surpreendido pelo “Mastro de Chamada”. Isto mesmo. Nada de apito! Eles tinham um tripé muito bem feito e no centro uma mesinha onde ficavam guardadas as bandeirolas. Uma de cada cor para cada finalidade. Chamada geral, do Monitor, do sub, do intendente e até mesmo de todos os patrulheiros. Que delicia ver os olhos fixos no mastro a esperava de uma chamada. Chamadas em silêncio. Apenas um olhar para obedecer.

                        Os objetos ou outras tralhas da Patrulha era ponto de honra ser confeccionado pela própria patrulha. Meninos fazendo seus bancos, sua mesinha, seu bastão e tantas coisas mais. Isto é função deles e não dos chefes, pais ou simpatizantes. Vi dezenas de tipos de suporte para bastões. Bastava a criatividade e lá estava a Patrulha a construir.

                        Os cantos de Patrulha sejam na sede ou na área de reuniões ou mesmo em seus campos de patrulhas em acampamento são tradições que devem se manter como tradição para sempre.

                      A criatividade faz parte do fazer fazendo, errando e aprendendo e fazendo de novo. Aprendi que a sede é de todos e isto deve ser observado sempre. Seja para renovar a pintura, lavar, varrer todo serviço é distribuído democraticamente. Não é uma obrigação dos pais, chefes, diretores ou colaboradores. Cada Matilha ou Patrulha tem seu quinhão quando recebem a incumbência ou quando estiverem em serviço permanente. Uma vez por semana ou por mês lá estão eles fazendo sua parte para manter a sede no mais alto padrão de limpeza e apresentação.


Nota – Algumas sugestões para Cantos de Patrulhas e outras responsabilidades que os escoteiros lobos e seniores têm na Sede Escoteira. As possibilidade são finitas e ao contrário mesmo que o espaço não seja satisfatório sempre é possível improvisar. Avante, que cada um seja responsável pelo quinhão que lhe cabe. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Coisas de Velhos Escoteiros. Qual é o escotismo que eu adoto?


Coisas de Velhos Escoteiros.
Qual é o escotismo que eu adoto?

                 Mas tem tantos assim para escolher e adotar? Parece que sim. Vemos uma “penca” sendo oferecidos por preços módicos, outros sem tostão e outros por obrigação. Cada um que escolhe participar de alguma associação escoteira defende seu ninho, seu terreiro, seu nicho e dele não abre mão. Mas qual é o melhor? O Moderno, o Antigo, o Tradicional, o Religioso, o Apolítico ou o de Baden-Powell? Pois é... E eu copiando os criadores de um novo BP usei o velho mote que aqui é frequente: Se Baden-Powell estivesse vivo! Risos. É, somos doutores em pensar no que ele pensaria se estivesse dando “sopa” por aqui.

                Eu que sou um velhote escoteiro esquizofrênico, gagá cheio de manias fico pensando qual o melhor. Será o meu? Upalalá! Eu tenho um meu? Acho que sim. Dizem por aí que velhos Escoteiros só têm uma utilidade: - Servir de poste para que os outros comentem o que ele foi e mais nada. Afinal o mundo é outro e ele o Velho Escoteiro já expirou seu tempo e aqui na terra ele está é fazendo hora extra. Podem me contradizer, mas se você é um Velho Escoteiro me diga qual o melhor escotismo para você. Se responder de acordo com o solicitado pode ser bem recompensado.

                Se você pegar no pé dos que dizem fazer o melhor eles tem uma bananeira completa de doces bananas da Terra para comprovar. Banana da Terra? Você conhece? Dizem que ela é tradicional, na velha Inglaterra de BP não existia. Não? Há controvérsias! Eita seu Pedro Pedreira da Escolinha que não perdia a pose. Já vi dezenas de chefes iguais a ele. Mas pensando bem, hoje tem escotismo de todo o tipo. A variedade é tanta que muitos ficam na dúvida e acabam jurando a bandeira do Grupo Escoteiro do Zé B. Deu!

                As redes sociais viraram um manancial de novos pensadores. Têm pedagogos, psicólogos, Mestres, Doutores em Escotismo e eu um reles “Pafuncio” dos tempos das diligencias nem sabia que escoteirar era ser adepto de BP. Claro, sempre fui um “simplório” de um Grupo Ralé, sem eira nem beira que nem livro escoteiro tinha. Certificado? Nunca tinha visto. Carteirinha da UEB? Então tinha? E eis que do céu caiu uma bomba! Explodiu em mil pedaços na minha humilde cabecinha. Na ultima gaveta da Escrivania a única da sede, daquelas antigas com topo de abre e fecha lá estava escancarado num cantinho: - O Guia do Escoteiro! Bendito Almirante Sodré!

                Seria aquele livro Tradicional? Da escola Badeniana? Religioso? Apolítico ou moderno? Sei lá. Meti a mão na cumbuca levei prá casa e li ele todo em uma noite. Gostoso demais. Já fazia meu escotismo da roça, Chefe quase não aparecendo na sede, Patrulha com bandeira ao vento, pois não era assim no caderno Avante? Meninos que resolviam, que faziam, que decidiam e graças a Deus tudo deu certo. Acampamentos centenas deles. Excursões em locais inóspitos, viagens aventureiras por estradas desconhecidas... Há! Qual Escotismo que fazíamos?

               Meu Balu (não tinha Akela) era magrinho de cor, andava mancando (uma perna mais curta que a outra), mas que me levou a lugares nunca antes imaginados. Acampamos demais. Como lobo aprendi 28 nós escoteiros. Sinais de Pista e encontrar animais peçonhentos na floresta. Pouco falava de Mowgly, de Bagheera, de Shery Kaan. Mas quando contava a história que se passava na Jangál (ele assim falava) fazia a alegria da lobada. Contava sempre a mesma, de um menino que brigou com o pai, pisou na fogueira saiu correndo e se escondeu em uma caverna de lobos! Eita Balu que nunca mais esqueci.

              E assim o tempo foi passando, eu escoteirando, fazendo mil pioneirías, comendo aves peixes e animais, frutas e verduras achadas na floresta. Hoje tudo mudou. Cada um acredita que o melhor escotismo foi o seu. Concordo, não tiro uma vírgula dessa afirmação. Escotismo bom é aquele que fizemos, demos belas gargalhadas e lembramo-nos dele até hoje. Ai eu me pego subindo na montanha do Morcego e pensando: Isto foi tradicional? Moderno? Apolítico? Tradicional? Religioso ou somente um escotismo de momentos que nunca mais vai acontecer?

              Sem menosprezar, sem recriminar vejo chefes dando seu testemunho do que ele acha melhor. Cutucam o velho o novo dizendo que ele não sabe o que diz. Têm os barbudos, os barrigudos (como eu) os sem lenço os com lenço os de cueca os da Insígnia, os sem barba os com bigode puxa! Tem de todo tipo diferente do meu tempo onde o uniforme era igual e respeitado por todos.

              Aí eu piso na fogueira, na brasa, pois Juquinha disse que nas noites de lua cheia ele pisou e não se queimou. Sim ele acendeu um fogo “Colgate”! Ou “Abacate” com um palito só! E matutando, pegando cascavel para comer (não é Chefe Toninho?) e correndo atrás de um Tatu Bola, dos grandes ainda escuto Fumanchu nosso cozinheiro gritando: - Pega! Pega, este vai ser um jantar dos deuses!

              Melhor parar por aqui. Deixe a turma escolher o seu melhor escotismo. Eu sempre gostei do livre sem dono, de Baden-Powell talvez. De dormir no galho da árvore, de saltar de banda ao ver a onça pintada no meu encalço. E mesmo depois de crescido larguei as exigências de quem me exigiu e nada sabe e fiz o escotismo que acreditei. Certo ou errado já no final do costado, vendo o outro lado da vida, eu me dou por satisfeito. Escotismo eu fiz e amei... Para todo o Sempre!  


Nota – Alguns dizem que o melhor é o tradicional. Outros dizem que é o de BP. Tem aqueles que dizem sem religiosidade não tem valor. Uns brigam pelo moderno, outros criam a tecnologia escoteira como sendo a melhor. Novos tempos, novos caminhos. Pedagogos, pensadores, instrutores, mestres em escotismo e até mesmo velhos lobos se exaltam a cantar seus sonhos escoteiros. O meu Chefe foi o melhor! Saravá! 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Conversa ao pé do fogo. Pisando nas trilhas do passado.


Conversa ao pé do fogo.
Pisando nas trilhas do passado.

                     Chico Bolha me procurou na oficina de meu pai. Fora da escola dava meus pulos consertando rádios à moda antiga. “Quase Miúcha”. “Quase nada”. Biscates para ter um trocado no fim de semana. Era bom na graxa. Tinha minha caixa para ganhar uns trocados na estação. Tanto faz sapatos de donzelas, como botas de meio metro e botinas da turma da roça. Quando o vi sabia que era assunto novo. No domingo chegamos da jornada a Resplendor de bicicleta, portanto não era nada a respeito do próximo acampamento do mês de maio.

                    - Corra! Ele disse. Tem um escoteiro novo no pedaço! – Novo? De onde? – Não sei, vamos lá na sede averiguar. Periquito o lobinho mor da alcateia o levou para lá. Já avisei meio mundo escoteiro! Meu pai estava chegando, acenei e parti como um bólido para a sede. E Sabrina? Não fiquei de vigiar sua janela naquele dia? Ela sabia que eu estaria lá. Iria jogar o cabelo loiro para um lado e outro dar um sorriso, um sinalzinho de xau-xau e fechar a janela novamente. Namoro antigo, mais de dois meses. Pensava que estava na hora de noivar.

                    Chico Bolha suava. Sempre foi assim. Construtor de Pioneirias parecia estar morrendo quando cortava um bambu, media uma vez duas, olhava calculava e lá vinha com o socador para firmar a viga de duas polegadas que iria sustentar sete patrulheiros dos bons nos bancos toscos que ele fazia. Na esquina da Sete de Setembro Papa-léguas o Monitor chegou espavorido com sua Philipps vermelha presente de sua avó no seu aniversário. A sede tava cheia. Uns vinte e cinco escoteiros e uns vinte e dois lobinhos. Sênior não. Todos trabalhando àquela hora.

                   - Ele estava sentado na ponta do círculo embaixo do Abacateiro. Vermelho, eu vi que estava assustado. Todos perguntando e ele gaguejando para responder. Sentei perto dele. Papa-léguas apertou sua mão. Girson da Silva seu irmão escoteiro disse com voz forte. Monitor da Patrulha Lobo e Guia da Tropa Escoteira! O desconhecido sorriu. Estava fardado com uniforme do ar. Todo azulado e distintivo para dar e vender. Nunca tinha visto. Ele gaguejando respondeu: - Gilbert Shuatz, Escoteiro do Rio de Janeiro!

                   O circulo chegou mais a frente, queriam ficar mais próximo e ouvir o Escoteiro do Rio. Era sempre uma festa quando recebíamos a visita de um. No ano passado cinco da Bahia passaram por lá. Foi demais. Um foi dormir e comer na minha casa. Mamãe sempre alegre com os visitantes. Ficaram seis dias e foram para São Paulo. Todos de olhos fixos no uniforme do Escoteiro do Rio. Calça azul, camisa mescla azul clara, meiões pretos, boina tipo Montgomery linda de morrer! E os distintivos? Cada um mais bonito que o outro. O das asas com a flor de lis parecia ouro puro!

                  Aos poucos foi tomando coragem. – Moro em frente à praia do Arpoador (ninguém tinha a menor ideia do que era a tal praia). Sou Escoteiro do Ar, meu pai tem um Teco-Teco e me ensinou a dirigir o “Monstro”. Ele é Comandante e piloto na Panair do Brasil. – Estávamos embasbacados. Contou que acampou na Inglaterra, na Alemanha e nos Estados Unidos. Tinha mais de dois mil distintos na sua coleção! Demais. Um autentico acampador. Ficamos lá ouvindo por horas.

                 Papa-Léguas me chamou, chamou Lagoa Santa o Sub, Nariz longo o intendente, Fumanchu o Cozinheiro e Chico Bolha o Construtor. – Precisamos receber o Menino escoteiro do Rio com honras. Pensei em improvisarmos uma subida no Pico do Ibituruna para ele ver nossa cidade e nossos locais de acampamento. – Lagoa Santa concordou. - Nariz Longo disse que ele era novo. Será que ia aguentar? Voltamos para o circulo. Fizemos o convite. Ele respondeu que ia conversar com Sua Avó onde estava hospedado.

                 O Escoteiro do Rio era o “causo” do dia. Todos procurando Papa-Léguas para ir também. Seniores, escoteiros, lobinhos e até o Balu disse que iria. Até no domingo passeamos com ele na cidade, um banho na Ilha dos Araújo no Rio Doce, comer Ingá que dava aos montes na ponta da ilha. – O dia chegou. Sábado sete da noite todo mundo na sede. Um mundão de gente. Mais de quarenta para acompanhar o Escoteiro do Rio até o Pico do Ibituruna.

                  Até atravessarmos a Ponte de São Raimundo na Rio Bahia tudo bem. Na subida a cantoria empastou o Riacho que passava ao lado, as arvores pequenas pareciam acompanhar. Vi que o Escoteiro do Rio bufava. Vi logo que não estava acostumado. Seis quilômetros de subida. Íngreme. E eis que fomos pego de surpresa. Um trovão um raio esbravejou no ar. Coisa comum, coisa que a gente nem ligava, mas o Escoteiro do Rio não. Começo a chorar e como chorava! – Eu quero Mamãe, eu quero mamãe! Deus do céu! O que era aquilo? Foi então que contou que era lobinho, tinha nove anos e seu pai o presenteou com o uniforme.

                  Foi demais. Como bons escoteiros respeitamos seu choro. Nada de ficar gozando seu medo. Pensávamos que era um super escoteiro do ar, mas era um lobinho “piquitito” da Selva de Seeonee. Nunca fez atividade nunca acampou. Estava morrendo de medo e cansado. Distribuímos sua mochila entre nós, uma turma seguiu para o pico e eu Chico Bolha e Papa- Léguas voltamos com ele. Seus olhos cheio de lágrimas chorava de fazer dó.

                  Uma semana depois ele foi embora. Fui até a Rodoviária e dei nele um abraço. Chico Bolha apertou sua mão. Papa-Léguas o aconselhou a não mais mentir. – Sua hora vai chegar, é só aguardar! Disse. Nunca mais ouvi falar no Escoteiro do Rio. Fico pensando onde ele está agora, deve estar com seus sessenta e tantos anos. E a vida continuou. Ainda as terças ia até a Rua Peçanha para ver Sabrina na janela dando adeusinho para mim. Um dia ela sumiu, mudou de cidade. Curei minhas dores nos acampamentos e excursões escoteiras que vinham em primeiro lugar.  Tempos bons... Tempos que não voltam mais!


Nota - Uma festa. O Escoteiro do Rio chegou à cidade. A escoteirada batia palmas. Ele se sentindo pomposo, um herói um explorador das Minas Gerais. Foi bem recebido, amado e ficamos horas ouvindo suas histórias. Aconteceu, foi verdade. Depois a decepção, não era o que pensávamos. Nunca o esquecemos e o tratamento aos visitantes escoteiros continuou a ser o melhor do mundo! E acredite se quiser... Risos. 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Chefes... Ninguém vive sem eles.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Chefes... Ninguém vive sem eles.

                       Olá meu jovem chefe. Desculpe me intrometer e me perdoe pelo que vou dizer. Deixe de esbravejar. Não reclame tanto que um ou outro desfaz o que você fez ou deixou de fazer. Viva sua vida, faça sua parte. Os meninos esperam muito de você. Quando aceitaram o desafio nesta nova aventura que você ofereceu a eles, logo o tornaram seu líder, seu herói o exemplo que querem ser. O que você está fazendo para que isto aconteça como chefe escoteiro? Qual sua verdadeira vocação? Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião? Se for meus parabéns. Neste caso não cabe à maledicência o boato ou a difamação.

                     É tão difícil ser simpático, educado, sorrir e apertar a mão? Quantos abraços você dá por reunião? Quantos elogios faz questão de dar a cada sábado que vai encontrar com eles? Sabe meu amigo Chefe, ninguém gosta de pessoas autoritárias, ditatorial e abusiva. Não exija tanto dos outros o que não quer para você. Ponha sua mão na consciência. Voce está mesmo cumprindo seu dever?

                     Os anos me fizeram compreender que ser o dono da verdade, ser a principal figura nesta jornada escoteira e esquecer-se de plantar flores na sua caminhada nunca terá amigos há quem confiar. Será que você não é considerado assim por eles por dar tanta atenção há pequenos fatos que não merecem consideração? Será que você não está agindo do mesmo modo que eles? Ser Chefe meu caro amigo é tronco forte que aos poucos vamos aprendendo a abraçar. Não pense só em você. Você não é Chefe de meninos? Fale deles, eles irão gostar. Dê seu exemplo para outros seguirem você!

                    Fale de seus monitores, dos seus escoteiros ou das suas escoteiras, Eles ficarão felizes em saber que você aqui mostra que se orgulha deles e do que fazem. Não importa que sejam lobos, escoteiros ou sênior. Ninguém persegue ninguém. Isto é paranoico. Os que o vê agindo assim vão agir assim também. Pense nos seus jovens no que eles querem fazer. Quem sabe ter tantas especialidades que sonharam cordões que acharam merecer ter, ou o sonho de conseguir o tão amado lis de Ouro, o Escoteiro da Pátria que querem receber?

                   Tudo bem é importante saber de cor as normas, mostrar que conhece o regulamento os novos programas e ser um fiel adepto da sua associação. Mas ela apenas representa uma pequena flor no seu jardim. Tem muito mais. Sabe o que eles querem? Perguntou? Ouviu mais do que falou? Deixou-os andar com suas próprias pernas? Pois é meu amigo Chefe, o caminho é longo. Pense grande, pense neles sendo os homens de ética, honra e caráter de amanhã. Faça sua parte, trate bem a todos e verás que seu jardim sempre amanhecerá florido.

                   E olhe, eu desejo há você muito sucesso. Quando tiver duvida pense em BP, leia BP e entenda BP. Está frase de um amigo vale mais que mil palavras. Para mim meu amigo não importa se vocês são bronze, prata e ouro. Importa sim o que estão oferendo aos seus jovens para eles se orgulharem e um dia mostrarem que nosso rumo foi alcançado. Abraços e tudo de bom! Até mais!  

Nota - São tantos desiludidos, tantos que mostram sua força, seus pensamentos e muitas vezes agradando seu séquito de amigos desmerecendo os inimigos que fico a pensar... Onde anda a fraternidade? O lema Servir? Onde anda a cortesia, o abraço, o elogio? Onde anda seus meninos e meninas, ainda estão tentando realizar sonhos escoteiros? Não seria melhor pensar mais neles e esquecer um pouco de você?   

                  

sábado, 20 de janeiro de 2018

Um sábado cheio de reuniões escoteiras.


Um sábado cheio de reuniões escoteiras.

Parabéns aos bravos escoteiros, lobos, seniores e pioneiros que estão retornando as atividades escoteiras. Que seja um ano de mil acampamentos, milhares de excursões, dezenas de acantonamentos e pouquíssimas reuniões de sede e muita vontade de crescer escoteirando e lobeando. A todos vocês dedico este plágio de Roberto Carlos que não vai querer me cobrar por saudar os Escoteiros do Brasil e do mundo.

Eu sou um Escoteiro a moda antiga...
(Plagiando a canção de Roberto Carlos)

♫Eu sou um Escoteiro a moda antiga,
Daquele que ainda manda flores;
Aquele que tem na mente o escotismo,
E sabe que ele é um dos seus amores.

♫Eu amo de montão acampamentos,
Adoro fazer uma trilha de aventuras,
Olhar apaixonado o céu da madrugada
Na fogueira abraçando a namorada.

♫Eu sou um tipo bem diferente,
Não existem mais em nossos dias:
Gosto de um abraço um aperto de mão,
Dizer Sempre Alerta saído do Coração.

♫Diferente dos padrões modernos e atuais,
Não me comparem com escoteiros intelectuais!
Sou Escoteiro a moda antiga
Do tipo que faz a corte com uma cantiga.

♫Apesar da modernidade que apregoam,
Tantos conceitos e padrões atuais;
Sou do tipo que na verdade
Ama seu escotismo e dele sente saudades.

Eu sou mesmo um Escoteiro de antigamente.
Gosta de dividir com todos indistintamente.
Acreditem sou um amante aventureiro,
A moda antiga bem no estilo Escoteiro.

♫Eu sou Escoteiro a moda antiga,
Daquele que ainda manda flores;
Que tem no coração o escotismo,
Pois sempre foi um dos meus amores.

♫Eu amo de montão amigos escoteiros,
Viajar no campo como bons aventureiros,
Olhando apaixonado o céu da madrugada
E na fogueira abraçando a namorada.

♫Somos muitos e não estamos sozinhos,
A você minha homenagem meu carinho.
Tiro o meu chapéu neste céu cor de anil,

Enviando meu Alerta aos escoteiros do Brasil!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Conversa ao pé do fogo. John Thurman um visionário?


Conversa ao pé do fogo.

John Thurman um visionário?

 

- Todos os anos eu gosto de publicar este artigo de John Thurman. Foi escrito em agosto de 1957. Porque ficar repetindo? Quem sabe alguns novos chefes não tiveram conhecimento. Seria ele atual nos dias de hoje? Julguem vocês leitores. John Thurman foi durante muitos anos Chefe de campo de Giwell Park. Dizem que devemos por os pés no chão e seguir a trilha da modernidade. Que cada um faça seu próprio raciocínio. Boa leitura.

 

Os Sete Perigos
Por John Thurman - (chefe de campo de Giwell Park)

Existem sete perigos para o Escotismo, para os quais, me parece, devemos estar alertas e tomar cuidado:

1. Complacência, do tipo de pessoas que pensam: "há cinqüenta anos temos trabalhado assim e temos feito um bom trabalho, portanto continuemos assim". Recordemo-nos que o trabalho para os rapazes de hoje tem que ser feito pelos homens do presente. Estou tão orgulhoso, como qualquer outro Escotista, do nosso passado, mas isso não nos leva a parte alguma. Há, hoje, muito mais a ser feito do que houve em qualquer outra época e o máximo que o passado pode fazer para nós é inspirar-nos para um maior esforço;

2. Centralização. Acampamentos Nacionais, Regionais e Jamborees são muito bons, mas quando muito freqüentes, podem ser desastrosos. Devemos dar ao Escotista a maior oportunidade possível para trabalhar com a sua Tropa e infundir-lhe os bons princípios e não juntar os rapazes em grandes massas para um grande espetáculo. Às vezes existe tal número de atividades organizadas pelo Distrito ou Região que praticamente não resta tempo ao Escotista para trabalhar com as Patrulhas ou Alcatéias;

3. Super administração e não suficiente capacitação. Gostaria de sugerir-lhes dar uma olhadela nos orçamentos e balanços, para verificar se aquilo que gasta com papelada e administração está equilibrado com o que se emprega na capacitação técnica. Ambas as coisas são necessárias, porém mantenhamos o equilíbrio.

4. Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.

5. Exclusividade, o perigo de pensar que "os chefes devem provir do próprio Movimento". Penso que necessitamos de gente de fora, com diferentes experiências - homens de bem que tenham a faculdade de crítica construtiva e que tragam sangue fresco para o Movimento; 

6. Austeridade demasiada. Acho que tendemos a nos fazer demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento para apenas os rapazes bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que dele necessitam. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

7. Trabalhar para fazer super escoteiros. Devemos estar conscientes, no que diz respeito a adestramento, de não tratar de começar um curso a partir de onde deixamos o anterior, sem pensar que necessitamos começar e recomeçar sempre pelas bases e os princípios para progredir a partir destes.

Para terminar, recordemo-nos que Baden-Powell, em 1938, proclamava com orgulho e alegria o número de três milhões e meio de Escoteiros no mundo. Agora podemos ver um movimento que ultrapassou os oito milhões, (1957) devido justamente à sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem sido contínuo.

Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis idéias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou.

OS ÚNICOS CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E DIRIGENTES.

Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento. Feliz palavra de John Thurman. Muitos associados adultos, rapazes e moças estão saindo. Reclamam das atividades. Precisamos meditar.


Nota - John Thurman era britânico, e foi condecorado com o “Bronze Wolf”, mais alta comenda do Movimento Escoteiro. Também assumiu o cargo de Chefe de Campo em Gilwell Park entre os anos de 1943 e 1969, tendo se destacado nesta função. Hoje em Gilwell existe um auditório que leva seu nome. Este seu artigo dá plena visão do que pensava B.P sobre nossa atuação no movimento escoteiro. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Contos de Fogo de Conselho. Pink Bob Floid.


Contos de Fogo de Conselho.
Pink Bob Floid.

                   Ontem deixei meus contos, minhas implicâncias com a EB, me resguardei para não discutir ponto de vista com quem não comunga o meu e procurei alguma bela melodia para deixar o tempo passar. Para minha felicidade encontrei no YouTube um Flash Back Instrumental “Las más belas músicas sertõn Brasileña em Flauta Pã”. Demais. Adorei, fechei os olhos e viajei por uma passado que nunca esqueci. Quanto tempo sem ouvir Recuerdo Del Ypacaray, Galopeira, Chalana, lá puerta de ninño, Mercedita, Lugar delante e tantas outras. Ah! Que saudades dos velhos tempos.

                  Mas escoteiro não passa um segundo sem pensar nesta filosofia incrível que marca que agarra no coração da gente e não podemos ficar um minuto sem pensar na sua perfeição grandiosidade e no que fizemos no que vamos fazer no encanto de tudo no nosso porvir. E eis que me veio à lembrança de Pink Bob Floid. Comissário Regional em Minas eu o conheci por volta de 1969 na Cidade de Taumim das Flores, e fui até lá por pedido de outros chefes para ver o trabalho que ele realizava na cidade no seu Grupo Escoteiro. Seu mesmo! Sempre foi o dono, o proprietário e o patrão.

                 Voltemos um pouco no tempo. Pink Bob Floid nasceu por volta de 1948 com o nome de Venceslau Ponciano. Dos seus pais e parentes não sei bulhufas. Aos quatro anos disse se chamar Pink, aos seis Pink Bob e aos oito Pink Bob Floid. Não mudou seu nome de batismo, mas todos o conheciam por Pink Bob Floid. Ele não era diferente da meninada da cidade. Gostava do “finquinho” nos dias chuvosos, de uma boa turma para jogar birosca nas “panelas” e soltar um bom “papagaio” para o ver sumir nas nuvens.

                 Com dezessete anos Pink Bob Floid passou a dirigir a loja de peças de seu pai. Todos sabiam que lá se encontraria uma válvula para o rádio, uma resistência, parafuso para portas e fechaduras de diversos tipos. Era a única e bem frequentada. Uma manhã sem nenhum “freguês” na loja, ele sentado na porta viu passar seis meninos escoteiros de bicicleta. Correu atrás deles esquecendo-se de fechar a porta da loja. Alcançou-os próximo ao Campinho do Mato Dentro. Não se sentiu intimidado aproximou e ficou conversando com eles até duas da manhã.

                No dia seguinte viu que a porta da loja ficou aberta, mas nada foi roubado. Coisas de antigamente em cidades pequenas. Quando os escoteiros foram embora ele resolveu criar um grupo em sua cidade. Todos os possíveis que podiam ajudá-lo tinham uma desculpa. Tudo bem precisava só de uma salinha e mais nada. Conseguiu com Seu Zé das Mercedes, atrás do Moto Clube da cidade. Uma cabana simples. Isto foi em meados de 1966. Quando lá cheguei lá em 1969 fiquei surpreso com o Grupo Escoteiro Baden-Powell.

                Acredite se quiser, mas ele tinha uma alcateia completa, uma tropa com trinta escoteiros e algum que nunca vi, uma tropa sênior com vinte e quatro sênior, quatro patrulhas sim senhor! Mas o que mais surpreendeu que ele era o Akelá, o Chefe de tropa de sênior, o Chefe do grupo e presidente da Comissão Executiva que não tinha ninguém. Não tinha assistentes e nem mesmo um pai ele aceitava lá. Ficamos amigos. – “Seu” Comissário, no sábado e domingo fecho a loja, dou reunião para os lobos pela manhã, para os escoteiros à tarde e os sêniores à noite. Não preciso de ninguém. Os que aqui chegaram mandei embora. Quiseram mandar mais que eu! - Se for para o campo à loja é fechada o tempo que precisar.

               Dialogamos noite à dentro. Gostei de ouvi-lo. – Nunca fez curso, me disse que quando tinha dúvidas consultava o Escotismo para Rapazes, ou o Guia do Chefe Escoteiro. Tinha na cabeceira o Guia do Lobinho de BP e o de Carlos Gusmão Silva. Não precisava de mais. Ganhou de um padre o Guia do Escoteiro do Velho Lobo. Pelas normas da UEB tudo errado, mas o que fazia tinha sucesso absoluto na formação dos jovens.

              Ficamos amigos apesar de me dizer que não precisava de registro. Tinha o apoio dos pais e dos meninos. – “Seu” Comissário desde que comecei só o Emiliano saiu porque seu pai foi para a capital. Pisquei os olhos surpreso. Mantivemos contato por correspondência por muitos anos. Em 1976 deixei o comissariado e não tivemos mais contato. Até hoje penso se ele serve de exemplo ou não, na duvida acredito que nem todos podem ser como ele. Normas tem que ser seguidas.

             Já em São Paulo por volta de 1991 passei por lá em uma viagem a serviço da minha empresa. Perguntei no posto de gasolina por ele. – Senhor, ele mora na Casa de repouso da Dona Eulália. – Ainda tem o Grupo Escoteiro? – Nunca deixou. Hoje Maneco e Tadeu dirigem. Foram seus escoteiros, alias quase toda a população da cidade. E sabe da melhor? Mosquito, ou Melhor, Aldo dos Anjos um dia achou um bilhete da Mega Sena. O procurou e ele guardou. Uma semana depois lembrou e quando conferiu estava premiado com setenta milhões de reais.

            Não tirou um tostão para ele. Construiu a mais bela sede escoteira, com três andares e ainda sobrou para melhorar a casa de Repouso da Dona Eulália. Com problemas de renite e de visão, passou o grupo para frente e foi morar lá. Dizem que ele um dia vai casar com Dona Eulália. Não sei. São bons amigos e todas as tardes de domingo a gente os vê saindo da Missa e de mãos dadas ficam horas na Praça Santa Edwiges. Não tinha mais o que dizer. Fui embora e agora estou a ouvir tranquilamente o que mais gosto. Melodias que a gente nunca esquece e que ficam no coração da gente para sempre!


Nota – Muitos nomes e dados aqui descrito foram alterados para salvaguarda de pessoas que ainda podem estar vivas.

Obs. -  Oi! Olhai a tua volta. Quantas pessoas especiais você tem deixado passar e partir? Aquela pessoa virando a esquina não foi seu amigo? E aquela outra que te auxiliou em tua caminhada e você deixou de lhe estender a mão? Olha, não deixe eles passarem sem lhes fazer uma saudação, dar um abraço e dizer muito obrigado. Elas não vão lhe fazer mal. O mundo não precisa ser tão frio e muitas felicidades passam às vezes ao seu lado e você nem viu! (baseado em um poema de Augusto Branco). 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Aprender a fazer fazendo.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.

Aprender a fazer fazendo.          

 O método de Baden-Powell cujo sucesso é incontestável com o passar do tempo foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um Chefe está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo.

             Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós chefes escoteiros. E o pior é que muitos educadores costumam dizer que somos um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a elas as patrulhas e aos monitores toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas, alguns jogos e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele dava opinião e me disse que não. Achava interessante. Gosto de surpresas Chefe. Perguntei quantos entraram no ano anterior e quantos saíram. – Somos somente quatro. Dois saíram, mas entraram outros dois. Deu para sentir que o Chefe fazia tudo. Os seniores nem sabiam aprender a fazer fazendo. Uma Patrulha de quatro por dois anos é demais.

          Perguntei a uma guia sobre o mesmo tema e me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. Deixar o Chefe fazer sempre era mais divertido e mais fácil. Perguntei de novo: - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram duas. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses só pensavam em atividades regionais e nacionais. Os Jamborees e os Acampamentos regionais eram sempre lembrados. Nestas atividades sabemos que o programa é individual e se houver equipe são formadas na hora. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

            Como fui jovem no movimento pouco o Chefe interferia na Patrulha. Outros tempos é claro.  Poucos hoje deixam o jovem fazer. Não acreditam que ele fará bem feito. Bem feito? Claro, é errando que se aprende. Conheci patrulhas que criavam atividades técnicas aventureiras e que eram sempre lembradas. Pioneiras tiradas da imaginação. Muitos jovens com que conversava me diziam: - Chefe se na minha rua, no meu quarteirão os garotos fazem seus programas porque não aqui?

             Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo? Claro que sim não tudo, mas boa parte dele. Já vi chefes dizendo que seriam programas ruins e isto faria a evasão aumentar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar. Para pegar o peixe leva tempo.

               Pela minha experiência como jovem escoteiro e como Chefe, afirmo que os escoteiros que fazem seu próprio programa ficam mais tempo no escotismo. Se a Corte de Honra faz semanalmente discute o que o Conselho de Patrulha sugeriu é sucesso na certa.  É comum encontrarmos chefes construindo pioneirías e os jovens em volta olhando. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas e o aprender fazendo. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Alguns sustentam que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. O Chefe não pegou nada.

             Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe poderá ter os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

             É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Formar uma tropa com uma bela exibição de sinais manuais, ou então marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, não grita, fala pouco, confia e é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo.

                Não me entusiasmo muito com aqueles que dizem “Esta é a minha tropa” “Estes são meus monitores” “Este é meu melhor escoteiro” Caramba comprou tudo? É o dono? Entendo que é só uma forma de se expressar, mas dizendo assim parece que ele é o pai de todos e como dono pode fazer o que quer. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.
Sempre Alerta!


Nota - - “Todos nós estamos matriculados na Escola da Vida onde o professor é o tempo”. O melhor desta escola é que não tem mensalidade. Vamos aprendendo a cada dia e se somos reprovados em alguma matéria, Deus não cansa de nos fazer repetir. No escotismo não aprendemos tudo em um só dia. Aprender a fazer fazendo, conversando, trocando ideias com os jovens é o melhor meio para dar a eles a força que irão precisar quando estiverem na idade adulta.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ver para crer! São Tomé?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ver para crer! São Tomé?

                       Num arroubo de coragem e bravura, próprio dos Velhos Escoteiros que já deviam estar aposentados, levantei da minha barraca e resolvi escrever. O tema não importava, pois à medida que fosse teclando iria deixar meu pensamento voar nas asas da imaginação... Como sempre faço. Eu precisava respirar escotismo, sentir o cheiro da Cana Caiana, do magericão perfumado perdido na beira da lagoa azul. Putz! Sem escotismo perco a esperança de viver. Não está fácil sentar aqui nesta maquina de fazer traquinagens e viver os sonhos de cada um que aqui vem dar sua contribuição.

                      Um dia fiz um juramento. Nem sei por que fiz já que o “Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida”. Mas cá prá nós dizem que se os chefes não jurarem não serão acreditados. Ban. Eu disse me olhando no espelho: - Vado deixe que eles falem, se expressem, deixe que eles aprendam o caminho se perdendo nele. – Mas quem são eles? São soturnos chefes que estão chegando e com nova visão acreditam que o escotismo (deles) é a salvação. Entregam-se de corpo e alma acreditando sem ser São Tomé, vendo e crendo.

                   Pensando bem os que me leem acreditam que meus escritos tem certo valor pelo tempo que passei escoteirando. Mas por favor, não sou um velho Sábio, um literato, um mestre na arte de mostrar o caminho a seguir escoteirando. Nunca fui igual a São Tomé que incrédulo não acreditava na ressurreição de Jesus Cristo. Isto ficou marcado no imaginário popular. - Só vendo, para acreditar!

                  Vez ou outra alguém gentilmente me escreve me perguntando onde aprendi li, e qual a fonte. – Chefe ela é confiável? Ban! Não sei. Eu li por aí. Não traduzi. De “inglês, francês, italiano e o escambal” mal falo e escrevo o português e mesmo assim cheio de erros e concordâncias que não existem. E os que corrigem as traduções que não fiz? Pois é, são almas boas que vão aos poucos me ensinando. Sabiam que já fui professor de Mobral? Um dia vou contar.

                  Escrevo muito sobre Baden-Powell. Sou um adepto de sua filosofia. Anoto tudo que leio sobre ele. Tiro sempre um tempo para pesquisar. Se o que escreveram não foi real, eu acredito que foi. Não arredo o pé! Sou mesmo um velho teimoso que não abre mão de suas crenças. Afinal não vou interpelar os versículos bíblicos. Se foram reais ou não isto para mim não importa. Afinal preciso de provas do porque as estrelas brilham? Do vento que sopra e não vejo? Dizem que o firmamento é lindo, que existem tantas estrelas que nunca poderão contar.

                 Eu peço desculpas aos incrédulos. É um direito inalienável seu modo de pensar. Se um dia Ele disse que um sorriso é a chave secreta que abre muitos corações e que nenhum homem pode ser chamado de educado, se não tem uma vontade, um desejo e uma habilidade treinada para fazer sua parte no mundo, não devo acreditar? Afinal seus escritos não são verdadeiros? Devemos ou não educar a partir de dentro em vez de ficar falando sem realizar? Chefe! Ofereça jogos, atividades atraentes ao rapaz e você terá dado um enorme passo para que ele aprenda moral, mental e fisicamente. Ele disse isso?

             Há tempos participava de um grupo de discussão onde muitos expunham seus pensamentos e ponto de vista. Quando começavam a discutir Baden-Powell adora o que escreviam. Afirmavam sua escolha sexual e de sua virilidade. Casou por conveniência. Era adepto dos pensamentos de Adolf Hitler e em sua cabeceira tinha o livro Mein Kampf. Ora bolas, e daí? Vai contribuir pela sua formação escoteira? Se ele não era o que pensava o que está fazendo aqui? Dizem (olha a dúvida de novo) que mais de quinhentos milhões de pessoas já passaram pelo escotismo. È mesmo? Prove!

             Costumo me perguntar se os que assim procedem têm exemplos para dar. Nas suas sessões não existe evasão? Quantos Escoteiros da Pátria e Lis de ouro? Patrulhas completas por anos? Os lobos que passam permanecem por muito tempo? Chegam a Seniores? Eu sei que temos muitos se esforçando para dar o verdadeiro sentido escoteiro aos seus jovens. Mas os que se sentem donos da verdade, que precisam ver para crer ainda tem muito que conhecer e vivenciar nos rastros do fundador. Não tenho a varinha mágica para dizer que tudo e verdade, que o escotismo feito conforme Baden-Powell é o caminho para o sucesso.

               Servir é uma bela palavra quando fizemos a promessa. Não aquela imposta pelos nossos lideres que exigem dos adultos finalizar dizendo Servir a União dos Escoteiros do Brasil! Não seria o contrário? E ela serve quem, a WOSM? Aí tem duplo sentido. Uma associação que não serve aos seus associados perde a razão de existência. Penso no que disse BP que a melhor maneira de superar as dificuldades é atacá-las com um grande sorriso!    

               Eu sou um velho escoteiro que passou pela vida. Mil e uma noites de acampamentos, milhares de quilômetros rodados em trilhas e montes para aprender fazendo. Centenas de fogos de conselho, milhares de abraços e aperto de mão. Impossível descrever a cada um que disse Sempre Alerta, Melhor possível ou Servir. Aprendi a compreender e acreditar que cada um que fez sua promessa tem algum de bom para ajudar ao escotismo. Acredito no que escrevo. Não duvido que haja uma lua cheia a cada tempo passado. Tenho certeza que amanhã o sol vai surgir e vai se pôr para que as estrelas cheguem brilhando no céu.

              Voltando para minha barraca. Cansado demais. O corpo pede silencio. Até mais meus amigos a quem desejo um lindo final de dia e uma noite de acampamento inesquecível. Sempre Alerta!                     



Nota - Ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Venha meu amigo, sente-se aqui em volta do fogo. Vamos papear Baden-Powell. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir o vento e pensar que poderia voltar no tempo e dar uma passada em Seeonee ou em Brownsea. Não sei…