domingo, 14 de janeiro de 2018

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Aprender a fazer fazendo.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.

Aprender a fazer fazendo.          

 O método de Baden-Powell cujo sucesso é incontestável com o passar do tempo foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um Chefe está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo.

             Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós chefes escoteiros. E o pior é que muitos educadores costumam dizer que somos um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a elas as patrulhas e aos monitores toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas, alguns jogos e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele dava opinião e me disse que não. Achava interessante. Gosto de surpresas Chefe. Perguntei quantos entraram no ano anterior e quantos saíram. – Somos somente quatro. Dois saíram, mas entraram outros dois. Deu para sentir que o Chefe fazia tudo. Os seniores nem sabiam aprender a fazer fazendo. Uma Patrulha de quatro por dois anos é demais.

          Perguntei a uma guia sobre o mesmo tema e me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. Deixar o Chefe fazer sempre era mais divertido e mais fácil. Perguntei de novo: - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram duas. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses só pensavam em atividades regionais e nacionais. Os Jamborees e os Acampamentos regionais eram sempre lembrados. Nestas atividades sabemos que o programa é individual e se houver equipe são formadas na hora. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

            Como fui jovem no movimento pouco o Chefe interferia na Patrulha. Outros tempos é claro.  Poucos hoje deixam o jovem fazer. Não acreditam que ele fará bem feito. Bem feito? Claro, é errando que se aprende. Conheci patrulhas que criavam atividades técnicas aventureiras e que eram sempre lembradas. Pioneiras tiradas da imaginação. Muitos jovens com que conversava me diziam: - Chefe se na minha rua, no meu quarteirão os garotos fazem seus programas porque não aqui?

             Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo? Claro que sim não tudo, mas boa parte dele. Já vi chefes dizendo que seriam programas ruins e isto faria a evasão aumentar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar. Para pegar o peixe leva tempo.

               Pela minha experiência como jovem escoteiro e como Chefe, afirmo que os escoteiros que fazem seu próprio programa ficam mais tempo no escotismo. Se a Corte de Honra faz semanalmente discute o que o Conselho de Patrulha sugeriu é sucesso na certa.  É comum encontrarmos chefes construindo pioneirías e os jovens em volta olhando. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas e o aprender fazendo. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Alguns sustentam que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. O Chefe não pegou nada.

             Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe poderá ter os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

             É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Formar uma tropa com uma bela exibição de sinais manuais, ou então marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, não grita, fala pouco, confia e é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo.

                Não me entusiasmo muito com aqueles que dizem “Esta é a minha tropa” “Estes são meus monitores” “Este é meu melhor escoteiro” Caramba comprou tudo? É o dono? Entendo que é só uma forma de se expressar, mas dizendo assim parece que ele é o pai de todos e como dono pode fazer o que quer. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.
Sempre Alerta!


Nota - - “Todos nós estamos matriculados na Escola da Vida onde o professor é o tempo”. O melhor desta escola é que não tem mensalidade. Vamos aprendendo a cada dia e se somos reprovados em alguma matéria, Deus não cansa de nos fazer repetir. No escotismo não aprendemos tudo em um só dia. Aprender a fazer fazendo, conversando, trocando ideias com os jovens é o melhor meio para dar a eles a força que irão precisar quando estiverem na idade adulta.