sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ver para crer! São Tomé?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ver para crer! São Tomé?

                       Num arroubo de coragem e bravura, próprio dos Velhos Escoteiros que já deviam estar aposentados, levantei da minha barraca e resolvi escrever. O tema não importava, pois à medida que fosse teclando iria deixar meu pensamento voar nas asas da imaginação... Como sempre faço. Eu precisava respirar escotismo, sentir o cheiro da Cana Caiana, do magericão perfumado perdido na beira da lagoa azul. Putz! Sem escotismo perco a esperança de viver. Não está fácil sentar aqui nesta maquina de fazer traquinagens e viver os sonhos de cada um que aqui vem dar sua contribuição.

                      Um dia fiz um juramento. Nem sei por que fiz já que o “Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida”. Mas cá prá nós dizem que se os chefes não jurarem não serão acreditados. Ban. Eu disse me olhando no espelho: - Vado deixe que eles falem, se expressem, deixe que eles aprendam o caminho se perdendo nele. – Mas quem são eles? São soturnos chefes que estão chegando e com nova visão acreditam que o escotismo (deles) é a salvação. Entregam-se de corpo e alma acreditando sem ser São Tomé, vendo e crendo.

                   Pensando bem os que me leem acreditam que meus escritos tem certo valor pelo tempo que passei escoteirando. Mas por favor, não sou um velho Sábio, um literato, um mestre na arte de mostrar o caminho a seguir escoteirando. Nunca fui igual a São Tomé que incrédulo não acreditava na ressurreição de Jesus Cristo. Isto ficou marcado no imaginário popular. - Só vendo, para acreditar!

                  Vez ou outra alguém gentilmente me escreve me perguntando onde aprendi li, e qual a fonte. – Chefe ela é confiável? Ban! Não sei. Eu li por aí. Não traduzi. De “inglês, francês, italiano e o escambal” mal falo e escrevo o português e mesmo assim cheio de erros e concordâncias que não existem. E os que corrigem as traduções que não fiz? Pois é, são almas boas que vão aos poucos me ensinando. Sabiam que já fui professor de Mobral? Um dia vou contar.

                  Escrevo muito sobre Baden-Powell. Sou um adepto de sua filosofia. Anoto tudo que leio sobre ele. Tiro sempre um tempo para pesquisar. Se o que escreveram não foi real, eu acredito que foi. Não arredo o pé! Sou mesmo um velho teimoso que não abre mão de suas crenças. Afinal não vou interpelar os versículos bíblicos. Se foram reais ou não isto para mim não importa. Afinal preciso de provas do porque as estrelas brilham? Do vento que sopra e não vejo? Dizem que o firmamento é lindo, que existem tantas estrelas que nunca poderão contar.

                 Eu peço desculpas aos incrédulos. É um direito inalienável seu modo de pensar. Se um dia Ele disse que um sorriso é a chave secreta que abre muitos corações e que nenhum homem pode ser chamado de educado, se não tem uma vontade, um desejo e uma habilidade treinada para fazer sua parte no mundo, não devo acreditar? Afinal seus escritos não são verdadeiros? Devemos ou não educar a partir de dentro em vez de ficar falando sem realizar? Chefe! Ofereça jogos, atividades atraentes ao rapaz e você terá dado um enorme passo para que ele aprenda moral, mental e fisicamente. Ele disse isso?

             Há tempos participava de um grupo de discussão onde muitos expunham seus pensamentos e ponto de vista. Quando começavam a discutir Baden-Powell adora o que escreviam. Afirmavam sua escolha sexual e de sua virilidade. Casou por conveniência. Era adepto dos pensamentos de Adolf Hitler e em sua cabeceira tinha o livro Mein Kampf. Ora bolas, e daí? Vai contribuir pela sua formação escoteira? Se ele não era o que pensava o que está fazendo aqui? Dizem (olha a dúvida de novo) que mais de quinhentos milhões de pessoas já passaram pelo escotismo. È mesmo? Prove!

             Costumo me perguntar se os que assim procedem têm exemplos para dar. Nas suas sessões não existe evasão? Quantos Escoteiros da Pátria e Lis de ouro? Patrulhas completas por anos? Os lobos que passam permanecem por muito tempo? Chegam a Seniores? Eu sei que temos muitos se esforçando para dar o verdadeiro sentido escoteiro aos seus jovens. Mas os que se sentem donos da verdade, que precisam ver para crer ainda tem muito que conhecer e vivenciar nos rastros do fundador. Não tenho a varinha mágica para dizer que tudo e verdade, que o escotismo feito conforme Baden-Powell é o caminho para o sucesso.

               Servir é uma bela palavra quando fizemos a promessa. Não aquela imposta pelos nossos lideres que exigem dos adultos finalizar dizendo Servir a União dos Escoteiros do Brasil! Não seria o contrário? E ela serve quem, a WOSM? Aí tem duplo sentido. Uma associação que não serve aos seus associados perde a razão de existência. Penso no que disse BP que a melhor maneira de superar as dificuldades é atacá-las com um grande sorriso!    

               Eu sou um velho escoteiro que passou pela vida. Mil e uma noites de acampamentos, milhares de quilômetros rodados em trilhas e montes para aprender fazendo. Centenas de fogos de conselho, milhares de abraços e aperto de mão. Impossível descrever a cada um que disse Sempre Alerta, Melhor possível ou Servir. Aprendi a compreender e acreditar que cada um que fez sua promessa tem algum de bom para ajudar ao escotismo. Acredito no que escrevo. Não duvido que haja uma lua cheia a cada tempo passado. Tenho certeza que amanhã o sol vai surgir e vai se pôr para que as estrelas cheguem brilhando no céu.

              Voltando para minha barraca. Cansado demais. O corpo pede silencio. Até mais meus amigos a quem desejo um lindo final de dia e uma noite de acampamento inesquecível. Sempre Alerta!                     



Nota - Ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Venha meu amigo, sente-se aqui em volta do fogo. Vamos papear Baden-Powell. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir o vento e pensar que poderia voltar no tempo e dar uma passada em Seeonee ou em Brownsea. Não sei…