quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Coisas de Velhos Escoteiros. Qual é o escotismo que eu adoto?


Coisas de Velhos Escoteiros.
Qual é o escotismo que eu adoto?

                 Mas tem tantos assim para escolher e adotar? Parece que sim. Vemos uma “penca” sendo oferecidos por preços módicos, outros sem tostão e outros por obrigação. Cada um que escolhe participar de alguma associação escoteira defende seu ninho, seu terreiro, seu nicho e dele não abre mão. Mas qual é o melhor? O Moderno, o Antigo, o Tradicional, o Religioso, o Apolítico ou o de Baden-Powell? Pois é... E eu copiando os criadores de um novo BP usei o velho mote que aqui é frequente: Se Baden-Powell estivesse vivo! Risos. É, somos doutores em pensar no que ele pensaria se estivesse dando “sopa” por aqui.

                Eu que sou um velhote escoteiro esquizofrênico, gagá cheio de manias fico pensando qual o melhor. Será o meu? Upalalá! Eu tenho um meu? Acho que sim. Dizem por aí que velhos Escoteiros só têm uma utilidade: - Servir de poste para que os outros comentem o que ele foi e mais nada. Afinal o mundo é outro e ele o Velho Escoteiro já expirou seu tempo e aqui na terra ele está é fazendo hora extra. Podem me contradizer, mas se você é um Velho Escoteiro me diga qual o melhor escotismo para você. Se responder de acordo com o solicitado pode ser bem recompensado.

                Se você pegar no pé dos que dizem fazer o melhor eles tem uma bananeira completa de doces bananas da Terra para comprovar. Banana da Terra? Você conhece? Dizem que ela é tradicional, na velha Inglaterra de BP não existia. Não? Há controvérsias! Eita seu Pedro Pedreira da Escolinha que não perdia a pose. Já vi dezenas de chefes iguais a ele. Mas pensando bem, hoje tem escotismo de todo o tipo. A variedade é tanta que muitos ficam na dúvida e acabam jurando a bandeira do Grupo Escoteiro do Zé B. Deu!

                As redes sociais viraram um manancial de novos pensadores. Têm pedagogos, psicólogos, Mestres, Doutores em Escotismo e eu um reles “Pafuncio” dos tempos das diligencias nem sabia que escoteirar era ser adepto de BP. Claro, sempre fui um “simplório” de um Grupo Ralé, sem eira nem beira que nem livro escoteiro tinha. Certificado? Nunca tinha visto. Carteirinha da UEB? Então tinha? E eis que do céu caiu uma bomba! Explodiu em mil pedaços na minha humilde cabecinha. Na ultima gaveta da Escrivania a única da sede, daquelas antigas com topo de abre e fecha lá estava escancarado num cantinho: - O Guia do Escoteiro! Bendito Almirante Sodré!

                Seria aquele livro Tradicional? Da escola Badeniana? Religioso? Apolítico ou moderno? Sei lá. Meti a mão na cumbuca levei prá casa e li ele todo em uma noite. Gostoso demais. Já fazia meu escotismo da roça, Chefe quase não aparecendo na sede, Patrulha com bandeira ao vento, pois não era assim no caderno Avante? Meninos que resolviam, que faziam, que decidiam e graças a Deus tudo deu certo. Acampamentos centenas deles. Excursões em locais inóspitos, viagens aventureiras por estradas desconhecidas... Há! Qual Escotismo que fazíamos?

               Meu Balu (não tinha Akela) era magrinho de cor, andava mancando (uma perna mais curta que a outra), mas que me levou a lugares nunca antes imaginados. Acampamos demais. Como lobo aprendi 28 nós escoteiros. Sinais de Pista e encontrar animais peçonhentos na floresta. Pouco falava de Mowgly, de Bagheera, de Shery Kaan. Mas quando contava a história que se passava na Jangál (ele assim falava) fazia a alegria da lobada. Contava sempre a mesma, de um menino que brigou com o pai, pisou na fogueira saiu correndo e se escondeu em uma caverna de lobos! Eita Balu que nunca mais esqueci.

              E assim o tempo foi passando, eu escoteirando, fazendo mil pioneirías, comendo aves peixes e animais, frutas e verduras achadas na floresta. Hoje tudo mudou. Cada um acredita que o melhor escotismo foi o seu. Concordo, não tiro uma vírgula dessa afirmação. Escotismo bom é aquele que fizemos, demos belas gargalhadas e lembramo-nos dele até hoje. Ai eu me pego subindo na montanha do Morcego e pensando: Isto foi tradicional? Moderno? Apolítico? Tradicional? Religioso ou somente um escotismo de momentos que nunca mais vai acontecer?

              Sem menosprezar, sem recriminar vejo chefes dando seu testemunho do que ele acha melhor. Cutucam o velho o novo dizendo que ele não sabe o que diz. Têm os barbudos, os barrigudos (como eu) os sem lenço os com lenço os de cueca os da Insígnia, os sem barba os com bigode puxa! Tem de todo tipo diferente do meu tempo onde o uniforme era igual e respeitado por todos.

              Aí eu piso na fogueira, na brasa, pois Juquinha disse que nas noites de lua cheia ele pisou e não se queimou. Sim ele acendeu um fogo “Colgate”! Ou “Abacate” com um palito só! E matutando, pegando cascavel para comer (não é Chefe Toninho?) e correndo atrás de um Tatu Bola, dos grandes ainda escuto Fumanchu nosso cozinheiro gritando: - Pega! Pega, este vai ser um jantar dos deuses!

              Melhor parar por aqui. Deixe a turma escolher o seu melhor escotismo. Eu sempre gostei do livre sem dono, de Baden-Powell talvez. De dormir no galho da árvore, de saltar de banda ao ver a onça pintada no meu encalço. E mesmo depois de crescido larguei as exigências de quem me exigiu e nada sabe e fiz o escotismo que acreditei. Certo ou errado já no final do costado, vendo o outro lado da vida, eu me dou por satisfeito. Escotismo eu fiz e amei... Para todo o Sempre!  


Nota – Alguns dizem que o melhor é o tradicional. Outros dizem que é o de BP. Tem aqueles que dizem sem religiosidade não tem valor. Uns brigam pelo moderno, outros criam a tecnologia escoteira como sendo a melhor. Novos tempos, novos caminhos. Pedagogos, pensadores, instrutores, mestres em escotismo e até mesmo velhos lobos se exaltam a cantar seus sonhos escoteiros. O meu Chefe foi o melhor! Saravá!