quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crônicas escoteiras. Cada um escolhe seu próprio destino.

O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda;



(Um escotismo voltado para os ideais de homens que entraram para a história)

"Voltarei quando a Bretanha precisar de mim".
Com essa frase histórica, segundo as lendas inglesas, Arthur, o maior de todos os reis de sua história.
Abandonou este mundo, depois de transformar a vida dos habitantes por completo, com a unificação das ilhas
e expulsão dos invasores, trazendo à glória. E por que não dizer também, os conduzindo à queda.
Teriam esses fatos, realmente acontecido?
Não importa. Uma lenda fora forjada atravessando sua época e trazendo a mística, os ideais de cavalaria e a
busca incessante por um mundo melhor, próspero e justo. Os efeitos de Arthur e os Cavaleiros da Távola
Redonda ecoam até hoje como simpáticos, não importa quanto tempo passe, ou quantas vezes os escutemos.
Decerto, quem os escuta, nunca os esquece.
“Este é o segredo de todo o sucesso”. Aí reside a magia.

Crônicas escoteiras.
Cada um escolhe seu próprio destino.

                 Hoje passei o dia um pouco nostálgico. Quem sabe pelo frio e a chuva fina que caiu intermitente durante todo o tempo. O frio não me faz bem. Nesta época aparecem as benesses que um dia escolhi antes embarcar neste trem que escolhi como destino. Passei quase todo o tempo enrolado em uma manta. Tentava escrever, mas as dificuldades eram muitas. Comecei a fazer uma autoanálise. Para que? Para que possa aceitar as mudanças que o destino Escoteiro me impôs? Acredito que muitos de vocês meus amigos não vão entender nunca minha posição. Para isto teriam que viver o que eu vivi. Dou à mão a palmatória. Não existe mais volta. O mundo moderno agora é dos jovens e benditos os adultos que fazem tudo por eles acreditando fazer o certo. Está aí um novo escotismo. Saudado por muitos.

                   Nunca vou esquecer minhas raízes. Até o fim da vida aceitarei as mudanças, mas elas não fazem parte da minha memoria escoteira. Nunca farão. Como aceitar a displicência de alguns em colocar o lenço de qualquer maneira? Em qualquer vestimenta? Como aceitar um uniforme mal colocado e agora vem à possibilidade de uma escolha pessoal, induzida por adultos que acreditam ser o correto? Sei que tentam me dizer que tudo faz parte da evolução dos tempos. Em termos aceito. Mas eu sou um sonhador. Um Escoteiro que tem espírito de aventura e a natureza no coração. Um Escoteiro que a Lei e a Promessa estão vivas até hoje na sua maneira de viver. Desculpem-me se sou piegas, não estou contradizendo aqueles que afirmam também viver assim. Eu acredito em vocês. É como as pegadas do passado que nós os velhos Escoteiros fizemos, e foram fincadas em uma trilha na curva do rio, e estivessem sendo apagadas para que outras novas fossem colocadas em seu lugar. Seria a velha história substituindo a nova história.

                  Uma vez eu disse que não deixaria nunca de expressar minha opinião. Não vou deixar mesmo. Se tiver de dizer o que penso direi. Mas sei que meu pensamento irá desaparecer como o orvalho da madrugada e fez com que uma gota d’água em uma folha se diluísse quando o sol quente a encontrou. Sei que muitos concordam comigo. Mas sei que eles também são impotentes como eu para enfrentar estas corredeiras que chegam de uma tempestade
imprevisível, varrendo das margens tudo aquilo que for contrária à força da natureza de que são possuídas. Meus amigos peço perdão, mas não me sinto em condições de aplaudir este novo uniforme, melhor dizer no plural estes novos uniformes e os novos programas. A simplicidade de alguns em me dizer que devemos pensar nos jovens e trabalhar por eles é muito lindo, mas não iram desancar as novas pegadas que serão coladas em substituição as que foram retiradas.

                  Irei continuar sempre escrevendo a moda antiga. Não vou parar nunca. Sei que o que penso será levado pelas ondas dos tempos que irão terminar e que irão recomeçar de novo e de novo na eternidade. Irei manter nos meus escritos os sonhos românticos que um dia os Escoteiros de outrora possuíram. Os sonhos de aventuras que eram transformados em realidade. Os grandes acampamentos de Tropa, as alcateias cheias e com o espírito voltado para a mística que tão bem o livro da Jângal foi à razão de ser. Nos seniores aventureiros, que respeitavam que diziam sim senhor, que sabiam ser cavalheiros. Que sempre tinham no olhar o brilho próprio dos Cavaleiros que outrora habitaram a Távola Redonda.

              Foi sim uma linhagem que nós os antigos fazíamos questão de possuir. Era questão de honra. Uma saga para ser contada por toda a vida.  Estirpe de grandes Seniores, Escoteiros e lobos, pois sei que nos seus sonhos nunca desistiram de achar o Santo Graal. Acampando e acantonando nas campinas verdejantes, nas gostosas montanhas azuis, nos grandes vales e cânions, nas escarpas impossíveis para alguns escalar. Procurávamos nos mais altos picos e não importava se era dia ou noite. Com sol ou chuva sempre estávamos lá investidos em Sir Lancelot, Sir Kay, Sir Galahad, Sir Gawain ou mesmo Sir Boors, o exilado e partíamos para novas terras, novos sonhos. Sabíamos que um dia iriamos encontrar o Santo Graal.

                  Para nós para nossos sonhos, o que Arthur encontrou e disseram para ele desistir não valeu. Nunca valeu. Nunca desistimos. Como ele também retiramos a espada da pedra. Era questão de honra. “Qualquer um que extrair esta espada desta pedra, será o Rei da Inglaterra, por direito e por merecimento”! Escotismo de BP? Não sei. Acho que nunca mais. Nada mais a dizer.

ARTUR E OS CAVALEIROS*

Excalibur, o mito, a espada

Que numa rocha foi enfiada
E Artur provou o seu valor
Quando da pedra a arrancou.

Assim legitimou o seu reino
Como rei assumiu o governo
Então, a sua equipe formou,
Com os Cavaleiros governou.

Todos ficaram tão famosos
Pois eram justos e corajosos...
Távola Redonda, Cavaleiros
Lendários no mundo, inteiro...

Ideia de excelência e unidade
No círculo, centro, totalidade...
 “Círculo dos Comuns”, vivência
Dualismo e união, convivência...

Autora – Ibernise.


domingo, 26 de maio de 2013

Um agradável acampamento de Monitores.

Conversa ao pé do fogo.
Um agradável acampamento de Monitores.

“Quero que vocês, monitores de patrulha, entrem em ação e adestrem suas Patrulhas inteiramente sozinhos e ao seu jeito porque, para vocês, é perfeitamente possível pegar cada rapaz da Patrulha e fazer dele um bom camarada, um verdadeiro Homem”. De nada vale ter um ou dois rapazes admiráveis e o resto não prestar para nada. Vocês devem fazer deles inteiramente bons.
“Baden-Powell of Gilwell.”.

              O "Velho" Escoteiro não se fez de rogado. Era um dia que
ele estava palrador, e eu gostava quando estava assim. Dizia-me: - Faço-lhe um convite. Você não é o responsável pela tropa Escoteira? Chame seus Monitores, pergunte se já fizeram um Acampamento de Monitores. Eles vão olhar para você de outra maneira. Irão ficar se perguntando o que seria. Garanto que em pouco tempo todos irão se interessar e muito. Afinal você é o Monitor dos seus Monitores. Saiba que é uma maravilhosa atividade. Diga a eles que vai ser um acampamento exclusivamente para aprender a fazer fazendo, portanto aquelas tropas com Patrulhas bem adestradas com altos conhecimentos de técnicas mateiras não sei se iriam gostar, mas nunca é demais, pois o campo sempre é uma atração para nós escoteiros. Como você está agora na liderança deve saber como anda a disciplina e o conhecimento dos monitores.

              Olhei para o "Velho" Escoteiro. Pensei com meus botões porque não? Afinal adoro um acampamento e fazer um só com Monitores e subs será uma experiência encantadora. – Você já fez "Velho"? – Ele me olhou com aquela cara de quem não gostou e disse – Claro que sim. Não iria sugerir nada que não tivesse boa experiência. Chame e discuta o assunto com seus assistentes. Explique o objetivo que é de dar maior conhecimento técnico ao Monitor, ensinar maneiras de liderar, dividir tarefas enfim coisas e coisas escoteiras. Depois chame os Monitores. Discuta a ideia mais e mais. Você sabe, será só você e eles. Claro para formar uma Patrulha completa convide os Submonitores. Depois coloque em discussão o nome da Patrulha e o grito. Não dê palpites. Eles devem providenciar o totem e o bastão. E lembre a eles que será a partir de agora uma tradição. Se achas válido mãos a obra.

              - Veja bem, sei que você conhece, mas minha sugestão é fazer algum diferente. Se possível que eles desconheçam. Primeiro - Escolha do local. Escolha bem. Veja se alguns deles têm sugestão. Veja se tem bambus ou eucalipto ou outro tipo de madeira para usar. Claro tudo com autorização do proprietário. Sem isto a técnica mateira não será possível desenvolver. - Escolhido o local, marcar a data. Neste período ver as providencias de praxe. Autorizações (dos pais, do grupo ou distrito se for o caso), ver a lista de material de campo, alimentação e duração do acampamento. Sugiro saírem em uma sexta a noite e voltarem no domingo. Ah! Esqueci-me de dizer. Será um acampamento com uma atividade noturna no primeiro dia. Já, já vou comentar sobre isto. Não levem muita coisa. Alguns costumam levar além do que precisam. Isto é só carregar peso a mais. No primeiro dia farão uma jornada noturna de mais de seis ou oito quilômetros. Todo o material será levado nas costas de cada um. O material individual ao mínimo necessário. Irão aprender a lavar roupa e secar passando. Diga que esqueçam o saco de dormir. Irão dormir sobre folhas secas ou capim. Quanto aos utensílios quem sabe um caldeirão pequeno, uma cafeteira, coador uma frigideira pequena e uma panela pequena para arroz ou algum parecido. Um facão (ou dois) uma machadinha pequena (ou duas) uma lima, e não esquecer. Um rolo de sisal.

                - Levar ainda quatro ou cinco lonas de 4x4 metros ou similar, (destas simples que todo grupo tem e que não pesam nada) elas serão dobradas de maneira tal que dá para amarrar na mochila. Os Monitores que tiverem facas, lanternas, canivetes escoteiros, cantis devem levá-los. Não levarão barracas. Com as lonas irão improvisar abrigos. Escolhido o material de sapa acima detalhado e o de campo a preocupação é com a alimentação. Simples. Muito simples brinco sempre que um arroz, macarrão e batata e algumas linguiças comemos por dias e dias sem perder peso. Risos. E se lá puderem pegar uns lambaris que tal lambaris fritos com arroz? Se isto for possível um ou dois anzóis, uma chumbada leve e alguns metros de linha de nylon bem final. Afinal você sabe pescar não? Toda a alimentação será divida pelos participantes e levadas na mochila deles. Primeiro fazer uma lista. Ex. X quilos de arroz, X quilos de batata e assim por diante. Não esquecer óleo, Bombril, sabão, sal, açúcar, café em pó etc. Lista pronta divide-se pelos participantes.

                - Interessante. Na minha época sabíamos o que cada um precisava para se alimentar. Chamávamos ração A, ração B e ração C. A primeira para acampamentos de fins de semana, a segunda para dois a quatro dias e a ultima pra mais de seis dias. Todos sabiam de cor, tinham a lista em casa. Fácil para cada um levar o seu. Lembre-se a quantidade deve ser sempre para mais e não para
menos. Pode-se também dividir por itens. Ex. um leva o arroz, outro a batata e assim por diante. Bem acho que estou ensinando padre nosso ao seu vigário. Risos. Mas vamos continuar. Estes itens alimentícios e de limpeza irão conforme já disse dentro das mochilas de cada um. Cuidado. Embalar bem. Se possível em pequenas tapoers e amarradas com plásticos. É um desastre alguma abrir e fazer festa com o material individual. É possível que esqueci alguma coisa. Compete a vocês descobrir e acrescentar. Agora vamos partir para o programa. - Esquecer a ideia de tal hora isto tal hora aquilo. Então qual é o programa? Encontro na sede às oito e meia da noite, convidar dois ou três pais para transportá-los até o inicio da jornada (caso seja necessário) e para buscar no domingo bem tardinha. De trem ou ônibus melhor ainda. Dividir todo material entre si e pé na tábua.

               - Estava gostando da ideia do "Velho" Escoteiro. Já tinha visto outras tropas fazerem acampamentos de Monitores, mas não como este. – "Velho" e a tropa? – Um dos assistentes fica responsável pela reunião. Você sabe existe um tal sub do sub que não está escrito, mas é fato. O sub do sub assume! Certo "Velho". Continue: - Ao chegar à estrada ou trilha, adeus aos pais e começo da jornada a pé. Vá junto a eles, se possível prepare uma serie de histórias curtas para no caminho ir contando. Incentive-os a terem seus contos também. Incentive-os também a ouvir os ruídos da noite. Tentar descobrir o que é. Eles devem aprender para quando estivem em marcha com a Patrulha. Lembre-se a cada meia hora pare por dez minutos. Pés acima da cabeça e do coração. Assim além de descansar mais é bom para a circulação. Não ande mais que três horas. Ao ver um local afastado da estrada, (uma estrada carroçável, melhor se dirigir a uma pequena fazenda ou sitio) Hora de dormir. Pelo menos uns quinhentos metros fora da estrada. Olhe o local, veja cada moita, cada monte de folhas e capim. Forre com uma ou duas lonas. – Uma canção, quem sabe um daqueles jogos de boa noite, oração e vamos dormir. Nada como ter o céu como barraca e as estrelas como proteção da noite.

                 - Costumava – dizia o "Velho" Escoteiro – Escolher local onde não houvesse perigo. Caso desconfie, coloque guarda. Uma hora para cada um. Sempre bem perto de você. Explique como é. Qualquer coisa qualquer dúvida deve chamá-lo imediatamente. – Bem cedo, sol ainda não nasceu e alvorada. Não vão sair sem café. A Patrulha se vira. Um deles é o cozinheiro. Você só orienta. Outro vai ver água ou então se precaveram antes com um cantil cheio e não usado. Biscoitos ou pão com manteiga já preparado. Pança cheia pé na taboa. Você já deve saber que mais duas horas chegarão ao local onde vão acampar. – Olhe em marcha de estrada você deve intercalar que vai à frente e quem vai por último. Sempre trocando. A distância de um e de outro não deve ser acima de três metros. Acima disto pare espere o atrasado. Não se esqueça das canções, observações ou quem sabe um relatório individual de cada um sobre os pássaros encontrados, nomes, se apareceu algum outro animal, e olhe, não vale animal domestico ou de criação. Seria estupendo um quati, um lobo, uma capivara ou um macaco prego. Não importa.

                 Ao chegar ao local escolhido, nada de pressa. Analise junto a eles onde deveria ser o melhor local do acampamento. Mostre exemplos de chuva torrencial, enchentes, local sujeito a ficar barrento, água de chuva em cascata nas barracas enfim tudo que for útil para a escolha. Depois deixe que cada escolha seu local. Individualmente. Ninguém fala com ninguém. Uma conversa ao pé do fogo e vamos ver a maioria onde escolheu. Veja as horas, se preocupe com um bom fogão, claro irão fazer um suspenso enquanto isto se vire com um tropeiro mesmo. Ficou claro na sede que cada um será responsável por uma montagem. O Monitor é todos, o sub sempre é o intendente, ainda tem o almoxarife, o aguadeiro, o lenhador, o cozinheiro e construtor de pioneiras. Não vale no campo os cargos burocráticos de sede. Bom sinal é a fumaça. Se ela existe é um começo para que o almoço seja iniciado. Deixe dois se preocupando. Os demais divida as tarefas. Explique a eles que breve serão os Monitores em um acampamento.

                - O "Velho" estava animado e eu também. Ele contava tim, tim por tim, e assim eu aprendia tudo. – Continuou o "Velho" Escoteiro – Antes da montagem do campo você deve ter conversado com todos o que poderiam fazer no campo. Quem sabe uma mesa, um fogão suspenso, fossas, lenheiro, W.C, enfim o que puderem fazer. Exija que os nós sejam bem feitos. As amarras bem acabadas. Lembre-se você ali é o Monitor dos Monitores. Não faça nada. Só ensine e explique. Bom ensinar também como usar o machado, o facão, a faca, a limpeza deles, não deixar em qualquer lugar. Ter um porta ferramentas, um toco pequeno para as de corte, explique com fazer achas de lenhas, cuidados necessários para evitar acidentes, nunca sair sem avisar aonde vai e sempre com mais um. Depois de duas horas pare tudo. Faça uma conversa ao pé do fogo. Discuta com eles o que foi feito e como está andando o programa. Deixe que cada um dê sua opinião. Após continuação dos trabalhos e parar só quando o almoço estiver pronto. Lembre-se da higiene. Lavar as mãos, o rosto, se já terem a mesa ótimo se não procurar um local apropriado onde todos ficarão juntos. Ninguém pode fazer a refeição longe um do outro.

                      - O "Velho" Escoteiro estava me prendendo com sua ideia, deixei ele continuar e não interrompi. – Olhe, continuou, acho que após o almoço alguns ajustes finais e até às dezesseis horas deve estar tudo pronto. Se sim, é hora de uma inspeção. A Patrulha forma em frente ao campo, dão ao grito e o Monitor mais velho que assumiu apresenta a Patrulha para inspeção. É bom todos acompanharem, mas explique que em campos de Patrulha onde estão todos só o Monitor acompanha a chefia. Esqueci-me de dizer sobre a barraca. Vocês só levaram lonas. Fácil. Muito fácil uma armação tipo cavalete, a lona por cima presa com piquetes/espeques e fechada à frente (metade) e atrás com galhos com bastantes folhas e amarrados as laterais dos cavaletes. Não é difícil fazer uma esteira bem “acochada”.   Na frente o mesmo, mas tipo porta de abrir e fechar. Não se esqueçam das valas em volta dos abrigos. Se chover poderão dormir tranquilo.
       
                          - Já é tarde. Quem sabe um adestramento simples de usar a corda para prender entre duas árvores. É preciso força e nós apropriados. Você sabe quais são. O Volta do Fiel feito em um cabo é uma coisa, feito em corda em uma árvore outra. Quem sabe um fiel duplo? Melhor todos treinarem bem. Tem outro que faz o papel de uma roldana e puxado por todos vai servir tranquilamente. Torno a repetir, eles fazem você só orienta. A corda deve ficar não mais que um metro do chão. Com um bastão um jogo de atravessar a corda equilibrando. Claro usando os pés e o bastão como ponto de equilíbrio. No começo ninguém consegue passar. Não mais que seis ou oito metros de distância. Bem treinado varias vezes a maioria passa. O bastão serve de guia. Se der tempo praticam o nó de evasão. Corda as costas, achar um galho, fazer um nó e descer pela corda. Marcar o tempo. Todos fazem e treinam quantas vezes quiserem. Agora um banho, uma canção, piadas e fiquem a vontade até o escurecer. Depois já sabe, inicio do jantar e os demais preparar as barracas ou abrigos para a noite. Não se esqueça da lenha para o fogo do conselho à noite. Cada um da Patrulha pega uma parte. Nada de gravetos.

                            - Um bom banho, descanso, o tempo para vocês não existe. Inicio do jantar. Todos ajudam. Jantem com calma, contando “causos”. Incentivem seus Monitores e subs a contar
também. Quando for lá pelas nove, tente montar uma imagem de um fogo de conselho diferente. Quem fizer vai ter que acender com um só palito. Deixe que fiquem a vontade em volta do fogo. Cada um senta onde quiser. Quem acende fica responsável pelo fogo e pela sua alimentação. Deixe que os Monitores puxem as canções, incentive palmas novas inventadas ali, leve duas ou três que eles não conhecem. Quando o fogo for aceso e é claro que pode dar errado com um só palito deixe que seja tentado uma ou mais vezes. Explique o porquê não deu certo. Muitos usam achas grossas e outros capins ou mato que juntam na hora achando que vai dar certo. No dia seguinte você vai fazer um jogo onde cada um fará seu fogo e acenderá com um só palito. Treino é treino jogo é jogo. Risos. Sabe, eu ali instituiria uma tradição. O batismo. Como? Todos serão batizado com um nome de guerra. Criem uma mística. Pode ser ficar de joelhos em frente ao Monitor. Com o bastão ele faz uma declaração. Venda seus olhos e ele seguro pelo Monitor salta o fogo uma ou duas vezes gritando seu nome de guerra. Pode ser indígena ou alguma figura proeminente de nossa história.

                          - O "Velho" escoteiro não parava. Olhei para o relógio. Uma da manhã, caramba! As sete tinha de estar no trabalho. Ele desconfiou. – Olhe vou terminar – disse. – No domingo último dia, faça uma boa inspeção no campo. De primeira qualidade, mas com todos juntos. Vá explicando o que sempre é olhado. Ensine como deveriam ter colocado o uniforme a noite para não amassar e nem pegar sereno. Depois da bandeira aproveite e treine semáforas. Você não deve esquecer-se de levar pelo menos quatro pares de bandeirolas. Com as semáforas vocês vão passar boa parte da manhã. Lá pelas onze faça uma disputa. Transmissão a distancia. Aproveite para ensinar também como se usa a fumaça em transmissão a distancia. É gostoso. Fazer um fogo e quando estiver aceso ir colocando folhas secas. Sem labaredas usar uma manta ou lona. Ensine o S.O.S, ensine voltar ao ponto de reunião, ensine o que souber. – Olhe, vocês se divertiram. Não foi aquele programa. O importante em tudo foi à confiança. A troca de ideias, mostrar a eles como liderar suas patrulhas.

                         - O "Velho" me olhou e disse – O final do domingo desmonte tudo. Explique como se faz. Não deixe vestígios. Convide o proprietário ou o responsável. Apresente aos jovens. Leve um lenço do grupo e dê para ele. Não colocar no seu pescoço. Risos. Lá pelas três faça um grande jogo. Você já deve ter preparado antes. Uma caça ao tesouro de olhos vendados. Como é o jogo? Caramba! Se não sabe montar um desista de ser Chefe escoteiro. Invente! Vamos ver se eles conhecem bem o terreno que ficaram. Depois um banho gostoso e esperar os pais para o retorno. Quando chegar a sede, não dê o debandar logo. Faça uma Corte de Honra rápida. Peça ao secretário para fazer a ata. Na hora. Todos assinam. Ficará para sempre com a Patrulha de Monitores. Uma tradição.

                      - Olhei para o "Velho" Escoteiro e disse – Olhe "Velho", nem tinha pensando nisto. Mas veja adorei a ideia. Vou desenvolver junto aos Monitores e aos assistentes. Não vai ficar engavetado. Se Deus quiser em um mês iremos fazer nosso primeiro acampamento de Monitores. Obrigado, mas desculpe, são duas da manhã e tenho que ir. Volto na sexta está bem? – Vá, você é um preguiçoso e riu. – O "Velho" Escoteiro sabia como era minha vida. Corrida. Mas adorava estar com ele. Aprendia muito. Na rua ao retornar, fiquei matutando. Vou me divertir muito agora na minha nova tropa. Desculpe a tropa que colaborava. Não é minha. Como diz o "Velho" Escoteiro paguei quanto pela tropa?  
  
Para conseguir isso, a coisa mais importante é o próprio exemplo, porque, o que vocês fizerem, os seus Escoteiros farão.
Mostrem a todos eles que vocês sabem obedecer às ordens dadas, sejam elas ordens verbais, ou seja, regras que estejam escritas ou impressas; e que vocês cumpram as ordens, esteja ou não o Chefe escoteiro presente. Mostrem que conseguem conquistar distintivos de Especialidades e, com um pouco de persuasão, os seus rapazes seguirão o seu exemplo.
Mas, lembre-se que vocês devem guiá-los, e não empurrá-los.

“Baden-Powell of Gilwell.”.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Comentando sobre o Sistema de Patrulhas


Conversa ao pé do fogo.
Comentando sobre o Sistema de Patrulhas




“‘Quero que vocês, monitores, entrem em ação e adestrem suas patrulhas inteiramente sozinhos e à sua moda, porque para vocês é perfeitamente possível pegar cada rapaz da Patrulha e fazer dele um bom camarada, um verdadeiro homem”. De nada vale ter um ou dois rapazes admiráveis e o resto não prestando nada. Vocês devem procurar fazê-lo todos positivamente bons.
...Para conseguir isso a coisa mais importante é o próprio exemplo, porque, o que vocês fizerem os seus Escoteiros também o farão.
...Mostrem a todos eles que vocês sabem obedecer às ordens dadas, sejam elas ordens verbais, ou seja, regras que estejam escritas ou impressas e que vocês cumprem ordens, estejam ou não o chefe presente. Mostrem que conseguem conquistar distintivos de especialidades, e, com um pouco de persuasão, os seus rapazes seguirão o seu exemplo.
...”Mas lembrem-se que vocês devem guiá-los e não empurrá-los”.
Baden Powell

Capitulo I

                           Pequenos rolos de fumaça se misturavam com a fraca brisa do ar que
soprava leve e intermitente na varanda da casa do “Velho”. Fora um dia quente de verão, já em meados de novembro num mês de primavera, onde as flores tão bem cuidadas pela Vovó desabrochavam nos canteiros próximo a cerca de madeira caiada de branco. A grama verde era um convite para sentar, principalmente naquela hora do lusco fusco, onde a vista não alcançava o pôr do sol que se escondia atrás de prédios e casas, naquele longínquo bairro da cidade onde morávamos. A fumaça, velha conhecida, era produzida pelo cachimbo do "Velho" e o aroma achocolatado como sempre era elogiado pelos mais novos, que ainda desconheciam o ritual do “Velho” e que este fazia questão de não mudar.

                             Ao nosso lado, dois rapazes de aproximadamente 20 anos, um deles noivo de um ex-guia e o outro namorando uma pioneira, estavam empertigados nas suas cadeiras de madeira, calados, prestando uma atenção “canina” no que o “Velho“ dizia. Este, sentado numa cadeira de balanço, já gasta com o tempo, e com o olhar de quem acredita no que fala, pensava mais uma vez que poderia passar para aqueles rapazes toda sua experiência de anos e anos de Escotismo em poucas horas de um bom “tete a tete”.

                          Os dois iniciavam como Escotistas em um Grupo Escoteiro próximo ao nosso. Estavam com aquela motivação tão própria da idade e foram à casa do “Velho" para trocar ideias e aprender um pouco de como dirigir uma Tropa Escoteira. Apesar de terem sido Escoteiros e Seniores sentiam dificuldade na mudança brusca, pois agora a responsabilidade era bem maior do que antes.  O Grupo ao qual pertenciam apesar de aparentemente sólido, fraquejava na direção das sessões, pois as chefias anteriores não marcaram bem suas presenças. Pôr serem da modalidade do Mar, comentávamos entre nós que estavam a “deriva”. O Chefe do Grupo sentindo dificuldade em arregimentar adultos procurou ex-escoteiros e pôr sugestão do “Velho”, jovens que pudessem colaborar e se sentissem satisfeitos com a participação.

                           O “Velho” quando podia estar junto aos jovens era outro. Cortês, simpático, amigo e totalmente diferente quando estávamos sós, eu e ele. Isto provocava ciúmes, pois eu era o único que o visitava constantemente e aguentava sem reclames suas egocentricidades. Claro, eu sabia que eram forçadas, só para mostrar que o leão de outrora ainda rugia, mas seus dentes não mordem mais.
Próximo a nós, Vovó tricotava em outra cadeira de balanço ao lado do “Velho”, e numa manobra simples, sem pressa, balançava a frente e atrás, num rangido próprio e que aos poucos estávamos nos acostumando.

                          Numa mesinha pequena próximo a varanda, bolos, pães caseiros e deliciosos biscoitos de polvilho estavam espalhados em singelas travessas, alem é claro de um chocolate quente, colocados ali para que pudéssemos saborear as delicias que somente a Vovó sabia fazer. Ela nada dizia. Quieta e serena continuava seu lazer, tricotando, como se aquilo refizesse a labuta daquele dia tão quente. O “Velho” conversava calmamente com um sorriso nos lábios. Seus conselhos, seus contos, sua maneira de falar, era como se fosse um contador de estórias de barbas brancas, falando para Betsabá, num castelo próximo a Bagdá, naquelas famosas historias das Mil e uma Noite. Os jovens olhavam embevecidos, como se pai e filho estivessem confraternizando.

                          - Eu diria para vocês - Dizia o “Velho” que se pudesse voltar no tempo eu não seria o mesmo. Se tivesse a oportunidade que vocês estão tendo de ser um Chefe Escoteiro, começaria tudo de novo. Meu sonho sempre foi estar em uma tropa Escoteira, com jovens ao meu redor sorrido. Todos eles liderando e sendo liderados.

- Não seriam empurrados nem ficariam preocupados com o apito do chefe. O programa não seria rígido (café com leite dos sábados, conforme ele dizia onde já se sabia o inicio, meio e fim – em termos é claro).

                                - Teria elasticidade bastante para mudar dependendo das expressões do rosto de cada um. Encorajaria os jovens para que fossem os donos do programa. Eles é que o fariam. O relógio seria um mero instrumento para marcar o inicio e o fim da reunião, pois o meio iria depender da aceitação do programa. Meu julgamento do que é bom ou ruim não existiria. Os jovens é quem diriam pela sua maneira tão peculiar de aceitar ou não o que é bom para eles. Somente os resultados teriam validade.

                          - Esta tropa dos meus sonhos - continuava o “Velho”- não teria a preocupação de ser grande. - Poderia ser duas ou três patrulhas. Poderia com o tempo ser até quatro, mas seriam patrulhas livres e unidas. Ali todos seriam amigos fraternos. Minha preocupação seria com a qualidade e não quantidade.

- O respeito do antigo ao mais novo seria uma questão de honra e aceito com dignidade. Haveria uma fila para formação, mas esta não seria como uma escala hierárquica para se chegar ao topo. No meio dela poderia estar um 1a classe e a sua maneira tanto faz se fosse pôr altura, pôr amizade, e até pôr decisão do Conselho de Patrulha.

- O importante seria que quando a patrulha formasse todos saberiam que ali eram grandes amigos, responsáveis pelo desenvolvimento próprio, da patrulha e da Tropa. O monitor era um a mais e não o único.

                         - “Velho“- falou um dos rapazes - Não entendi o porquê da fila e o que ela tem a ver com a Tropa! - Afinal sempre foi uma rotina a formação, pois sempre ficou bem claro onde fica o Monitor e o Sub. Também a antiguidade ali era demonstrada. - Não sou eu que estou dizendo, - completou o “Velho”- Repito as palavras de BP - “Cada patrulha escolhe um rapaz como chefe. Ele é chamado Monitor. O Chefe Escoteiro espera do Monitor um grande trabalho na orientação e lhe dá inteira liberdade para executar sua tarefa na Patrulha. O Monitor escolhe outro rapaz para ser o segundo no comando. Este é chamado de Sub. Monitor. - Consultem a página 58 do livro Escotismo para a Rapazes”. Não existe meio termo. Não há antiguidade. Os jovens elegem seu líder e este escolhe seu assistente.
    
                        - E se eles escolherem alguém sem condições de liderança? - falou o outro rapaz. - A escolha foi deles - completou o “Velho” - Eles que devem achar se foi bom ou ruim e não vocês. A democracia começa pôr ai. Pôr sermos adultos julgamos diferente dos jovens. A confiança é à base do Sistema de Patrulhas. A partir do momento que passamos a tomar decisões dos rapazes, deixamos de cumprir nossas obrigações como Chefe Escoteiro.

                      - A nós compete treiná-los, adestrá-los (os monitores) e dar condições para o desenvolvimento deles.  Afinal pretendemos conseguir liderança não de um só, mas de todos na Patrulha. Não vamos discutir se o líder nasce feito ou pode ser feito. Isto não importa neste caso. Todos eles tem seu próprio estilo e sua própria liderança. Diferente, mas tem. Se o Sistema de Patrulha for feito adequadamente com responsabilidades distribuídas, vai funcionar. 

                         - Estamos sentindo que alguns tem procurado fazer do Chefe Escoteiro um líder cheio de obrigações e responsabilidades fugindo da parte mais importante. Até certo ponto não discuto, mas não como está sendo colocado. A Tropa flui positivamente quando o Sistema de Patrulhas funciona. A distribuição de tarefas, a preparação do programa, o arquivo, a vida da tropa, irão dar melhores resultados sendo feito pôr eles.

                            - Claro que cada um de vocês fazem parte do todo. Para isto estão ali. Esqueçam um pouco esta preocupação inicial de todos os novos em chefia e lembrem-se do tempo em que foram escoteiros. Procurem ver o que gostavam ou não gostavam. - O “Velho“ respirou fundo, deu uma grande tragada em seu cachimbo, piscou seus olhos azuis várias vezes e se levantou indo até a mesa de guloseimas, dando uma mordida com vontade em um biscoito qualquer. Os rapazes também fizeram o mesmo. A noite despontava gostosa e fresca. O ar puro invadia aquele cercado com sabor de aventura.


                             “Você é o líder dos seus monitores”. Podemos até chamá-lo do monitor dos monitores. Dirija somente esta patrulha. Cabe a você orientá-los, fazer acampamentos e excursões, sempre visando o adestramento para que eles possam depois adestrar os escoteiros da patrulha. Esta é sua responsabilidade. Não fuja dela e experimente, pois tenho certeza que poderá alcançar o gostinho do sucesso.                                                                                       
Baden Powell.




Comentando sobre o Sistema de Patrulhas.

A CORTE DE HONRA

“A Corte de Honra é parte importante do Sistema de Patrulhas”. Trata-se de uma comissão permanente que resolve os negócios da Tropa.
A Corte de Honra é formada pelo Chefe e pelos Monitores, ou caso se trata de tropa pequena, pelos Monitores e Submonitores. Em muitas Cortes, o Chefe assiste à reunião, mas não vota. Monitor reunido em Corte de Honra tem muitas vezes mantido em atividade a Tropa na ausência do Chefe.
A Corte de Honra toma decisões sobre programas de trabalho, acampamentos, recompensas e outros problemas relativos à administração da tropa. Os membros da Corte estão obrigados a guardar segredo.
“Somente as decisões que afetem a Tropa toda, isto é, competições, nomeações, programas etc., são trazidas a público”.
Baden Powell.




CAPITULO II

                          O sol caminha para o oeste. Inexoravelmente em qualquer lugar do planeta, lá está ele, rumo a sua velha e conhecida trilha. Seu percurso não é novo e todos sabem disso. Toda a humanidade depende do seu programa diário para sobreviver. Não foi ele que destruiu florestas, poluiu rios ou mesmo fez escurecer a atmosfera do tempo. A evolução natural das coisas não impediu sua marcha e ele é prova viva que as mudanças são válidas, mas nem sempre proveitosas se feitas desordenadamente.

                           Nesta hora do entardecer, onde a penumbra avança noite adentro, as luzes da varanda foram acesas e ali, inebriadas com a voz do “velho” e sua maneira peculiar de “Contar estórias” esquecíamo-nos do tempo. Vovó agora dormitava na cadeira de balanço. Para lá... E para cá... - Será que dormia mesmo? - Seu compasso era igual ao grande relógio que tomava conta de uma parede na sala grande. Ela abstinha de comentar. Era assunto do “Velho” e não seu.

                         - Sou sincero - continuava o “Velho” - Se tivesse a felicidade de ter uma máquina do tempo, o que não daria para volta ao passado, somente para começar tudo de novo! – Nunca esqueço o que fui o que fiz. Não há arrependimentos. - Lá, nesta tropa dos meus sonhos, eu teria um excelente contato com os monitores. Quantos acampamentos faríamos juntos. Num domingo despretensioso, iríamos todos a um Shopping, uniformizados, assistir a um bom filme. - Iríamos também Visitar locais importantes para aumentar o saber, provocando admiração nos transeuntes e mostrando que a idade para a responsabilidade nada significa no Movimento Escoteiro.

                          - O adestramento seria uma constante. Eles seriam grandes amigos meus, frequentando minha casa e eu a deles. Teria a confiança de todos e poderia ajudá-los nos seus problemas e quem sabe, também me ajudariam. Mas o que eu iria ter certeza é de que seria mais um e não apenas um. - Faríamos tantas coisas! - E quem ganharia com isso seria a tropa! - Em nossas conversas ao “Pé do fogo“, eles me diriam o que podíamos fazer para um bom programa, o que os outros jovens pensavam a respeito e ouvindo-os, teríamos uma programação formidável! - já pensaram?

                 - Ainda penso num acampamento, numa floresta qualquer, já tarde da noite, o fogo brando, ali sentados, dois, três ou quatro monitores e seus subs, um ou dois chefes, - todos os amigos! - Que programa, que adestramento, quantas coisas boas para fazer deles responsáveis pela tropa e o seu adestramento progressivo. - Quando chegasse a hora da passagem para os seniores aquela amizade não iria terminar. Seriam sempre convidados como participantes em qualquer atividade que quisessem estar presente! - Errado? - Não. Muito certo. Os novos monitores teriam muito a aprender com eles.

                        - Vou contar para vocês uma passagem interessante quando fui escoteiro - O “Velho” já estava vivendo a personagem. Era uma das manias dele. Mas era sincero no que dizia. Era um bálsamo ouvi-lo. Seus cabelos brancos caiam na testa e seus olhos pequenos e azuis desapareciam para logo aparecerem novamente. Apesar de sua tez enrugada nós não desgrudávamos os olhos dele, e para nós não era um velho, era um jovem! Um autentico chefe Escoteiro.

                        - Continuava o “Velho”- Vivi o Escotismo de uma maneira que não esqueço nunca! - Vocês meus jovens também devem ter excelentes estórias para contar, pois assim como eu, puderam viver aventuras mil não? -(O “Velho” estava dando um “pito“ em mim, pois comecei como adulto. Tudo bem, não me incomodo me considero um bom chefe). - Logo após ter passado para a tropa de Escoteiros, vindo da Alcatéia, senti uma grande liberdade na patrulha pôr mim escolhida (deixavam que os lobinhos pudessem escolher suas patrulhas quando fossem fazer a Trilha). O Chefe e dois dos assistentes foram grandes amigos e foi um choque ao ver um monitor dirigir sem a presença deles em diversas ocasiões. Era um susto e tanto, pois na Alcatéia não tínhamos essa liberdade tão aberta!

                        - Ali encontrei muita amizade e companheirismo. Tinha alguma preocupação com a liberdade de todos e me preocupava sempre com que fazíamos. Havia sempre o receio se desse errado em alguma atividade. - Nem bem tinha completado três meses de tropa, e saímos pela manhã de um domingo (somente a patrulha) indo de ônibus até a periferia da cidade e lá nos dirigimos a um sitio de um velho amigo do Grupo, que pôr sinal era sempre visitado pôr muitos escoteiros. 

                       - Na patrulha havia dois cargos em aberto, explico melhor - Todos nós escolhíamos nossas responsabilidades na patrulha e caso houvesse mais de um interessado no mesmo cargo, era feito sorteio. Assim, escolhi ser o escriba da Patrulha. Tinha facilidades para escrever e como um “Pata Tenra” achava ser a mais fácil. - Chegamos ao sitio pôr volta das 08 e meia da manhã. Não era bem um sitio, estava mais para uma fazenda. Somente um sitiante na porta de entrada, pois o local quase não era explorado e se mantinha intacto principalmente a mata e pastos. Alguns bois, alguns cavalos, e mais nada.

                          A casa sede era pobre. Três cômodos sem banheiro. Instalamo-nos e logo procuramos uma arvore para o cerimonial da Bandeira. Deram-me a honra de hasteá-la. Nosso monitor era calmo e ponderado. Era um autentico líder. Comecei a me acalmar à medida que participava das atividades. Os chefes já não faziam falta. Treinamos barraca, machadinha, nós (sem teoria) e corte de lenha, tudo isso pela manhã. Ao meio dia e quarenta fizemos um lanche. Foi nesta hora que resolvi dar um giro pôr conta própria sem falar com os demais. Atrás da casa havia um arvoredo muito bonito e ouvi um barulho de uma cascata. Dirigi-me até lá. Não era tão perto. Andei um bocado! - No meio das árvores só o barulho me chamava a atenção. Enfim avistei um pequeno riacho com águas límpidas e claras. Tão claras que se avistava o fundo. Fiquei hipnotizado! - Como era belo tudo aquilo! - Lembrei-me dos diversos contos da História da Jângal, contadas pela nossa Akelá, nas belas historias de Mowgli junto ao Balu e Baguera.

                           - Passei um pouco de água no rosto e vi que era hora de voltar junto a Patrulha. Dei meia volta e senti um calafrio! - Não sabia pôr onde tinha vindo! - Comecei a tremer nos meus 11 anos, agora cheio de dúvidas. Não sabia se chorava ou se confiava que me achariam facilmente. Optei pôr ficar ali. - O tempo passava e eu já estava chorando baixinho. Senti uma mão no meu ombro. Levei um enorme susto. Era o nosso monitor. Graças a Deus!

                   - Voltamos junto e no caminho pensei que meu papelão seria ridicularizado pôr todos.  Estava cada um fazendo uma atividade diferente. Nosso monitor pediu a uma Segunda classe para me dar um adestramento de posicionamento e marcação de pontos cardeais para ser usado quando se anda em pequenos bosques. Ainda não estava na hora de um bom adestramento de bússola e orientação. Tudo deveria fluir naturalmente e na hora certa!

                       - Não houve sermão. Só um pequeno lembrete pelo monitor e comigo a sós. Sorri agradecido. Nunca mais se repetiu. O “Velho” sorria. As lembranças se mantinham acesas em sua mente. Sua estória era simples, tão simples que passou despercebido de todos o objetivo dela. - Como vêm, - continuava o “Velho” é possível ter um monitor assim? - Só como muito adestramento! - E ele não era o único - os outros da patrulha também pareciam em determinadas horas estarem sempre preparados. Os dois chefes presentes sentaram na grama e esticaram as pernas não com o intuito de cansaço, mas querendo ouvir mais e mais. E iriam ouvir.

                              Era o trivial e infelizmente esquecido pôr todos pôr acharem tudo banal sem interesse. Mas para nós, o interesse estava ali presente. Sem interrupção para não perdemos o fio da meada.

Ensine-os a pescar. Não pesque para eles! - É melhor um arroz sem sal e grudento feito pôr eles do que o excelente feito pôr adultos. Lembre-se, eles são a razão de você estar aqui!
                                                                                                                                      
Comentando sobre o Sistema de Patrulhas.

“Creio nos jogos ao ar livre e pouco me importa que sejam jogos brutos ou violentos e que ocasionalmente alguém se machuque”. Não simpatizo com o sentimentalismo exagerado que pretende manter os jovens embrulhados em algodão. Na luta pela vida o homem formado ao ar livre sempre demonstrou ser melhor.
Quando vocês brincarem, joguem duro: - e quando trabalhar trabalhem duro. “Mas não deixem que os jogos e os desportos prejudiquem seus estudos”.
Theodore Roosevelt


            
CAPITULO III

                           Era um vozeirão que se ouvia a distancia. Todos nós já o conhecíamos e tirando o “Velho” no Distrito, ele poderia sem sombra de dúvida ser sua segunda pessoa. Fora escoteiro, Sénior, pioneiro e colaborou no distrito, na Região alem de ter sido Assistente Nacional Sênior por muitos anos. Seu humor não tinha contestação. Não enfrentava o “Velho”. Este ainda era para ele o seu chefe, o amigo. Pôr onde andou brigou muito (no bom sentido) falava de tudo, discordava de tudo. Nos conselhos, indabas, reuniões de adultos, onde quer que fosse, todos o temiam ou tinham certo respeito por ele. Como dizia sempre é melhor ser franco agora que tapear toda uma organização. 

                          Um antigo Escoteiro Chefe durante um Conselho Nacional, falava, falava e falava. Ele pediu a palavra e não deram. Pediu novamente e negaram. Saiu do seu lugar e foi até o microfone onde tentaram impedir. Ele os enfrentou tomando o microfone para si. Embasbacados, os conselheiros não falaram nada. Ele perguntou se éramos um movimento democrático - Que democracia é esta onde não posso falar? Vou ter um horário especifico, - falou, falou e falou. No final foi aplaudido por todos.

                          - Em todos os Conselhos nos anos de eleições lá estava ele, falando, falando e falando. Ele achava que as chapas apresentadas eram combinadas para serem eleitas, pois nunca havia oposição. Nos cantos, nas pequenas salas, sempre grupinhos formavam e quando se chegava mudavam de assunto. Ele era assim, falastrão, mas um boa praça. Sentou também na grama, a moda índia (com as pernas cruzadas) e o “Velho” explicou sobre o assunto que estavam comentando. Ele balançava a cabeça concordando.

                        - Vovó abriu os olhos e sorriu para ele com um cumprimento simples balançando a cabeça.

                           O “Velho” aproveitou a deixa e continuou - Foi bom você chegar, pois lembro quando foi monitor de Patrulha. Eu já era assistente, mas pude observar que sua presença sempre foi marcante para os demais. - Não é bem assim, falou ele. Se bem me lembro, BP achava que os mais fortes, maiores e mesmo que não tivessem boa liderança, seriam melhores monitores que os demais. Claro, sempre fui alto e forte, mas acho que não era o meu caso, achava que tinha liderança. - Em termos disse o “Velho”- Em termos. Mas vocês tinham um excelente chefe - continuou o “Velho”- E olhe que ele era um pai novato, que se adaptou tão bem na área escoteira, que não sabia se era um antigo ou um novato. No meu entender era um mateiro na arte de “Fazer fazendo“.

                           - O Escotismo é simples. Estão tentando complicá-lo pôr não terem tido a oportunidade de “passar pôr ele”. Quem já viveu a experiência sabe o desejo dos jovens. Eles querem atividades extra sede, ao ar livre sempre e tudo que não tiveram a oportunidade de fazer até hoje. - Isso demanda responsabilidade, pois em nossas mãos estão moças e rapazes e a segurança não pode ser desleixada. Ao sairmos para qualquer local temos que medir as conseqüências, mas a liberdade a todos devem ser dada. - Ninguém gosta de ser guiado se pode enxergar. Até lembro-me das palavras de um amigo que me dizia sempre: - Na falta de liderança, todos são bem-vindos, e Explicava: - Conheces as historia de um cego, que conduzia outro cego e ambos caíram num buraco?
 
                         - Tudo é simples e prático “Velho”, disse o amigo. Aquele que não faz exatamente o que diz o método nunca poderá dizer que aplica o Sistema de Patrulhas. No meu caso lembro bem que me achavam meio aloprado e inclusive quando saia com a patrulha alguns pais ficavam assustados e pediam para o chefe me alertar! - Nunca tive acidentes com a patrulha, pois nossas atividades eram programadas com hora de saída e chegada. Nossos programas eram revisados pela chefia, a “Corte de Honra” definia tudo e todos na patrulha estavam bem preparados.

                        - Não tão simples - comentou o “Velho”- Você deu algumas mancadas e inclusive lembro-me de uma em que todos o esperavam as 18 horas e só chegaram após as 23 horas. - Mas chegamos disse ele. Não sei por que resolvi pôr conta própria alterar algumas coisinhas no programa e tive que aguentar a pressão da patrulha, dos monitores e da Corte de Honra. Deixaram-nos no gelo pôr quatro meses sem poder fazer atividades sem a chefia. Nossa patrulha aprendeu a lição. 

                      - Se estou entendendo - falou um dos jovens - vocês estão afirmando que o sistema só funciona com liberdade - Deixar que eles façam desde que devidamente instruídos, preparados e adestrados. Mas e as outras atividades em conjunto? - Nunca deixaram de existir! - falou o “Velho “-Vocês devem medir a disponibilidade de tempo para que possam guiar a Tropa”“.

                     - Repito - G U I A R! - Não dirigir. Para isto é necessário algumas reuniões nos dias de semana. Com o tempo os próprios monitores vão procurá-los em suas casas, desde que autorizados para isto e é claro que devem ser autorizados. A amizade que vai uni-los é a mais importante na Direção da Tropa. - Deve haver diversas atividades em que todos estarão presentes. Seja na sede ou no campo. O que se está insistindo aqui é que os monitores é que dirigem, adestram, ensinam e acompanham o crescimento dos escoteiros da patrulha. Estes, democraticamente fazem do monitor o seu porta-voz, pois eles os escolheram e o elegeram.

                              - Este é o motivo da insistência de termos rapazes advindos do movimento liderando tropas Escoteiras. - Um adulto que não passou pôr esta fase, nunca vai acreditar ou só acredita pela metade na responsabilidade da patrulha em dirigir a si mesma. Ele vai fazer uma projeção totalmente errônea do Sistema de Patrulha, sempre baseada em sua experiência, que pode ser da sua vida passada ou da sua atividade profissional. “Mas se bem orientado, bem adestrado, tenho a certeza que ele vai ser um excelente escotista completou o amigo do ““ Velho”. E olhe que conheço uma infinidade de Escotistas que não foram escoteiros quando jovem e procuraram aprender e assimilar as ideias de Baden Powell.

                          - Tudo vai fluir facilmente se observarem estes princípios - era o “Velho” quem falava. - Uma boa patrulha, vai bem se a democracia é posta em pratica sempre. Vocês irão observar que o Conselho de Patrulha vai funcionar e consequentemente ele terá voz no Conselho de Monitores e na Corte de Honra. Se cada um desses órgãos for sério dentro dos padrões exigidos, o respeito as normas não deixaram de existir. Aí sim, estarão fazendo o verdadeiro Sistema de Patrulhas.

                          Um forte barulho sobre nossas cabeças nos deram um tremendo susto - Era um helicóptero que sobrevoava a região em baixa altitude. Levantamos correndo e fomos para a Sala Grande onde os últimos a entrarem foram o “Velho” e a Vovó.
Demos boas gargalhadas uns com os outros. As batidas do coração voltaram ao normal. A noite chegava e o tempo parecia ter parado. O assunto não se esgotara e as duvidas persistiam. Muita coisa ainda haveria de ser dita.

“Ninguém pode dizer exatamente o que é o certo, até ver que deu certo. Os melhores exemplos são aqueles em que passamos pôr eles. Ensinam-nos exatamente onde podemos chegar. O Escotismo também é assim e muitas de suas falhas são devido a falta de experiência o que pode nos levar as incertezas onde o fracasso é o caminho final”.
                                                                       
Comentando sobre o Sistema de Patrulhas.

“Cada Tropa Escoteira é formada pôr duas ou mais Patrulhas de seis a oito rapazes. O principal objetivo do Sistema de Patrulhas é dar responsabilidade real a tantos rapazes quantos seja possível. Isto faz com que cada rapaz sinta que tem pessoalmente, alguma responsabilidade pelo bem de sua Patrulha. E leva cada Patrulha a ver sua responsabilidade definida para o bem da tropa. Através do Sistema de Patrulhas os escoteiros aprendem que tem uma considerável participação em tudo que a sua tropa faz”. 
Baden Powell



Capitulo final

                            A noite avançou de mansinho sem fazer alarde. O amigo do “Velho” pedira licença pôr ter um compromisso e já se fora. Nós, ansiosos para mais conhecimentos, permanecíamos ali na sala Grande, acompanhados pela Vovó e pelo “Velho”. Enquanto não fossemos “dispensados“ acredito que não iríamos nos retirar. O “Velho“ não demonstrava sinais de cansaço e entre uma ou outra conversa e uma cachimbada, aumentava o volume de sua velha vitrola, cujo disco de um trio famoso em sua época, repicava velhas e saudosas canções escoteiras.

                           Lá fora, uma lua cheia e “rechonchuda” brilhava no céu, e pela janela, apesar das luzes acesas, invadia sem permissão parte da Sala Grande. O cheiro achocolatado, velho conhecido, era respirado pôr todos sem reclamação. O Sistema de Patrulhas em principio parecia ter sido absorvido pôr todos, mas a medida que discutíamos detalhes, mais e mais chegávamos a conclusão que pouco sabíamos. E era tão simples! - Chefe - monitor - escoteiro - escoteiro - monitor - chefe! - Simples mesmo.

                        - Vocês não devem esquecer - falou o “Velho” - que o Sistema de Patrulhas é um trabalho em Equipe. Através dele vamos dar aos jovens noções de civilidade, harmonia, compreensão, democracia, honra, fraternidade e formação da personalidade sem impor determinações que não condizem com a formação do caráter. Trabalhamos com o todo, mas visando a unidade, lembrem-se que colaboramos com os pais, a escola e a igreja. Não sei se me fiz entender bem! - completou o “Velho”.

                        - O Programa Escoteiro já é conhecido de vocês e basta aplicá-lo. O inicio é simples e para isto a tropa pode ajudar e bem. Em uma conversa ao pé do fogo, em um acampamento de monitores ou em uma reunião de tropa, tracem algumas metas e deixe que cada um use da palavra para alterar o que achar inconveniente. Peçam aos monitores para irem anotando. Quinze a vinte minutos no máximo. Maior tempo é cansativo e não vai ser produtivo. Depois, nesta mesma reunião ou numa próxima, sugiram uma Reunião de Patrulha, para discutir novamente os tópicos e o seu desenvolvimento.

                        - Lembrem-se que ali devem ter dados concretos, pois eles é que vão dizer as metas a serem cumpridas, tanto no programa da tropa como no adestramento progressivo de cada um. É importante que cada jovem tenha uma copia da ficha modelo 120(não sei se existe outra) para anotar e acompanhar como está indo o seu adestramento progressivo e todas as vezes que for alterada o monitor apresenta ao chefe da Tropa para atualização de uma segunda via e devolvida. A “Corte de Honra“ define sempre as etapas onde se exige parte da Lei e Promessa. - Claro que uma só reunião não será o bastante. Talvez mais. Cada tropa tem suas necessidades. Mas em três reuniões, seja de patrulha, Conselho de Monitores e Corte de Honra, acredito que terão um programa sadio e pronto para ser desenvolvido.

                           Isto acaba com “detalhes” de programa semanal, mensal e trimestral. Falo isto, pois tenho visto dezenas de amadores falando sem nexo sobre o Sistema de Patrulhas e o pior, nunca passaram pôr isto. Falam na teoria e na prática não se vê os resultados. Se aprenderam alguma coisa e querem colocar em prática, seria bom terem um bom adestramento técnico boa literatura e uma participação que não pode ir ao encontro dos desejos dos jovens. - Lembre-se, o importante é deixar boa parte do programa na mão dos jovens. E vai funcionar. Disso tenho certeza.

                           - Não importa o que possam dizer para vocês, pois compete a cada um acompanhar e se necessário alterar de comum acordo com os monitores e sempre levando em consideração a disponibilidade da chefia. A cada passo deve-se verificar o resultado. Este é que deve ser cobrado a todo instante. - Afinal, qualquer programa pode sofrer uma correção de rumo e se for o caso, discuta novamente com eles. Se passarem um ano fazendo assim e conseguirem manter pelo menos 65% dos jovens na tropa com etapas sendo vencidas estão no caminho certo. É um percentual baixo para uma boa tropa, mas acredito que a media em nosso país não passa de 25%.

                         - Tudo isto tem de vir acompanhado da parte mais importante que é a Lei e a Promessa. Façam seus escoteiros decorarem-na. Eles tem de saber na ponta da língua o que é e o que significa. A cada segundo não deixe de repetir para você e para eles uma Lei. - Haverá dificuldades. A própria chefia do Grupo poderá impor obstáculos.  Tentem pedir uma carta de “alforria” pôr um tempo determinado para provarem que dará certo. Acredito que irão conseguir. Mas se vierem com aquela lengalenga já conhecida, ou aceitem e continuem fazendo errado ou peçam o “chapéu” e procurem outro Grupo que irão apoiá-los.

                          - Haverá muitos que torcerão pôr vocês. Hoje, a evasão é tão grande que não sei como alguns ainda discutem Sistema de Patrulhas. - Se olhassem para trás poderiam ver que alguns Escotistas que se sobressaíram no Movimento ou fora dele, foi porque participaram do verdadeiro Sistema de Patrulhas.

                           Os raios do luar não respeitava a rua pôr onde passávamos. Deserta e calma, sentíamos o orvalho a cair e o aroma doce e suave completava nossa caminhada no começo daquela manhã. Acredito ter valido a pena ir para casa aquela hora. Nós três, contando cada um suas façanhas do passado, algumas vezes cantando as velhas canções escoteiras do “Velho” sentíamos orgulho em participar do Movimento Escoteiro.


Líderes de Patrulha
O melhor progresso é feito naquelas tropas em que poder e responsabilidades são realmente colocados nas mãos dos Líderes de Patrulha. Esse é o segredo do sucesso de muitos Chefes Escoteiros, quando uma vez que tenham meia dúzia de Líderes de Patrulhas, realmente os fazem agir como se fossem Chefes Assistentes. Os Chefes Escoteiros encontram os capazes de, por si mesmos, seguir adiante e aumentar suas tropas, seja iniciando uma nova patrulha ou adicionando recrutas a uma existente.
Espere bastante de seus Líderes de Patrulha, e nove em dez vezes eles superarão suas expectativas, mas se você sempre lhes der comida na boca e não confiar neles, você nunca conseguirá que façam qualquer coisa por iniciativa própria.
Junho de 1910. Baden Powell

FIM