segunda-feira, 25 de maio de 2015

Vai acampar? Pernas prá quem te quero!


Conversa ao pé do fogo.
Vai acampar? Pernas prá quem te quero!

                        De volta aos meus conselhos. Melhor algumas sugestões. Afinal porque levar para o outro mundo o que aprendi e amei por toda a vida? Sem que muitos não concordem e isto é um direito, por isto escrevo sempre aos os novos chefes. Os antigos estão escolados não precisam dos meus conselhos. E eu então “supimpamente” pergunto: Será que o que fazem leva ao caminho do sucesso? Precisamos reconhecer que uma de nossas fincões é de segurar o jovem na idade que estiver o maior tempo possivel no escotismo. Isto só terá êxito se ele gostar do que faz e do que vai fazer. Muitos ainda insistem em dizer e falar em nome dos jovens dizendo que é o que eles gostam. É mesmo? Será que a resposta satisfaz? Se ele come minhoca o dia inteiro, nunca vai comer caviar. Não vai gostar. Mas se um dia ele jogar o prato de minhoca pela janela é porque ele não gostava, não é mesmo? O que o jovem quer? Já vi dezenas de chefes dizendo que o mundo mudou hoje ele pensa diferente e suas escolhas não são mais aquelas dos jovens de outrora. Verdade? Chegaram-me a afirmar que ele não entrava para os escotismo porque a apresentação não impressionava, tinha vergonha do que vestiam, e tantas explicações mais.

                  Sei não. Os que não entraram não vão entrar nunca. Sabemos disto porque nenhum país teve ainda toda sua população infantil e juvenil praticando o escotismo. Sempre teremos aqueles que gostam e aqueles que não gostam. Sei que um bom programa é êxito certo. Mas qual é o bom programa? Os que hoje estão sendo feitos eu fico em dúvida se estão nos  levando a uma trilha perfeita. Se não estamos conseguindo segurar os jovens e nem tampouco os adultos é claro que a trilha não é perfeita. Ninguém quer arriscar a cair em um despenhadeiro. Se ela é boa ninguém quer sair. Então antes de dizerem que tudo está dando certo olhe para sua sessão. Analise os últimos três anos. Lembremos que uma boa tropa não funciona adequadamente com menos de três patrulhas e com seis Escoteiros e Escoteiras cada uma. Quantos neste período permaneceram? Passaram para outra sessão e ainda estão firmes? Quantos saíram? Porque saíram? Alguém os procurou? Ouviu por acaso suas ponderações e considerações sem dar desculpas? Quem sai dificilmente volta e argumentar que tudo vai mudar nem sempre dá certo. Seja jovem seja adulto. Se você perdeu mais de trinta por cento de seus jovens nestes três anos, meu amigo tem algum errado nisto. Precisamos fazer com que eles gostem do que estão fazendo. Melhor precisamos voltar no tempo e ver se hoje eu fosse um menino ou uma menina estaria alegre com o que o escotismo que faço?

                Para que passar uma semana esperando o dia de reunião e encontrar as mesmas coisas? Mesmo com novos jogos aquilo se torna rotina e toda rotina é enfadonha. Sei que sair para o campo não é fácil. Dá um trabalhão danado, mas acredite, se você está ali deve saber que o escotismo se faz no campo. Não importa se acampado, se excursionando, se aventurando em atividades exclusivamente Escoteiras. Sei que hoje estamos vivendo em um mundo difícil com a marginalidade e a exploração de áreas que se tornaram restritas. Mas tudo isto pode ser contornado. Infelizmente temos que voltar no passado onde a patrulha era quase autônoma. Onde ela em um sábado montava sua mochila, com tudo que precisava, colocava ali uma ração para um ou dois dias e partia célere para o campo. Precisa do Chefe? Sim hoje precisa, mas ele vai ter facilitado e muito seu trabalho de preparação para um acampamento. Não é fácil assim pensam muitos. Mas para que serve a patrulha?

                 Vamos deixar a patrulha andar com suas próprias pernas. Para isto temos que preparar os monitores. Eles são quase responsáveis pela permanência dos escoteiro ou da Escoteira na patrulha. Ninguém gosta de participar com quem não está preparado para liderar. Não dá para aceitar ordens estapafúrdias, o mandão que grita o dono da verdade e que só ele sabe e da ordens. Eu se fosse menino ia correr dele. E não adianta o Chefe ficar no pé do Monitor, ou ele confia ou não confia. Faça em paralelo ou em separado atividades só para monitores. Se você não tem experiência leia os livros de BP, ali tem uma fonte de informações perfeitas para ajudar você. Não tem tempo para isto? Então meu amigo, acho que você deve trocar de função, pois está no lugar errado. Se você em um ou dois meses, ou mais tempo se necessário conseguiu dar uma chave de braço gostoso na sua turma de monitores, então meio caminho andado. Olhe, é gostoso demais sair com os monitores e subs por aí. Deixá-los como digo sempre seguir ao sabor do vento. Dormir em uma noite de luar olhando as estrelas, aproveitar para cantar, trocar ideias sobre orientação noturna, acordar de madrugada com os pássaros cantantes e preparar com eles um bom café e devagar bem devagar, esticar os braços para espantar a preguiça e começar os trabalhos de um novo dia.

                     Quantas coisas a aprender e a ensinar com eles? Quer saber? O melhor livro de pedagogia ou sociologia, sem esquecer a psicologia juvenil, é viver com eles. Ali está uma fonte enorme de aprendizado. Cada passo, cada conversa, cada ação se transforma em um só o Chefe e o Monitor. (sempre lembro que os sub também fazem parte) Um sábio Escoteiro já dizia que se quiser conhecer seu Escoteiro ou seu Monitor, vá acampar! É no campo que está o seu verdadeiro eu. Na sede não. Não sede podemos dizer que todos são um só fazendo as mesmas coisas tentando ao seu modo encontrar se ali está o que gostaria de ser para sempre. Quando for para o campo faça o programa curto seco e grosso. Risos. Imite a Constituição Americana, poucas linhas, poucos artigos, mas que acobertam todo o período de vivencia que precisa para desenvolver caráter. Só estando junto a eles vai atingir sua meta. Esqueça programas que  começam dizendo que as tantas horas faremos isto, as tantas faremos aquilo. Cá prá nós, isto é um “saco”. A vida não é contada por horas, não é vivida dentro de um relógio. Se vai acampar aprenda bem o que é tempo livre, o que é atividade tempo livre, o que é conversar, se entender sem horário marcado. Sinceramente eu acredito que dentro de um horário pré-estabelecido não dá para aprender, viver e fazer as coisas boas que um Escoteiro gostaria de fazer.

                   Vamos aprender nós se preciso, vamos aprender a compreender as estrelas e vamos aprender a piscar a lanterna conversando um Morse gostoso em uma noite escura de verão. Vamos andar a vontade, esqueça a fila. Maldita fila que tira todo o espetáculo da descoberta e do prazer de caminhar. Se a estrada é perigosa escolheu mal. Devia ter escolhido outra. Coloque uma patrulha a frente e outra atrás, onde todos devem saber que não podem ultrapassar nem ficar para Titia. E os programas o que fazer? Bah! Fale com eles. – Patrulha Lobo, o que vamos fazer ou aprender nesta atividade? Que tal uma pioneiria para atravessar o riacho? – Chefe bacana, mas vai demorar! Mas não temos tempo? Afinal que tempo o tempo tem para ficarmos preso a ele? Mãos a obra, lembrem-se da lei Escoteira, lembrem-se dos artigos da lei que faz com que respeitamos para ser respeitado e vamos em frente que atrás tem gente.


                    Nunca esqueça em nenhum momento. Deixe-os fazer. Errando se preciso e refazendo novamente até fazer o certo. Fique longe observando, não vá onde eles estão desenvolvendo um projeto. Sua presença vai inibi-los. Mas olhe meu amigo Chefe ou minha amiga Chefe, o importante é observar se o olhar o sorriso os comentários deles mostrarem que valeu a pena. Nunca deixe de conversar com eles, trocar ideias, deixe-os falar, não interrompa. Analise e depois mãos a obra. Você está ali para ouvir e orientar e não para fazer. Na semana e na outra, aguardem sugestões de atividades ao ar livre. Abraços fraternos!  

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Histórias da Insígnia de Madeira.


Conversa ao pé do fogo.
Histórias da Insígnia de Madeira.

                       Conta-se que na manhã de oito de setembro de 1919, dezenove homens vestidos de calças curtas e meias até o joelho, mangas de camisas arregaçadas, formadas por patrulhas iniciavam um curso de Chefes de Escoteiros. Um novo adestramento realizado em Gilwell Park, em Eping Forest, nos arredores de Londres, Inglaterra. O campo foi projetado e orientado por Sir Robert Baden Powell (BP), um general de 61 anos reformado do Exercito Britânico e fundador do Movimento Mundial dos Escoteiros. Quando terminou seu adestramento em conjunto, Baden Powell (BP) deu a cada homem um cordão de madeira simples, como se fosse um colar que ele havia encontrado em uma cabana abandonada de um Chefe Zulu. Isto aconteceu quando estava em campanha na África do Sul em 1888. Para os primeiros deste curso, foi um grande sucesso e se tornou tradição por muitos e muitos anos. As perolas de madeira eram reconhecidas para os que tiveram a oportunidade de passar por aquele adestramento.

                        Com o passar dos anos, as contas como eram agora chamadas, eram talhadas da mesma forma pra manter a tradição criada por Baden Powell. O curso passou a ser conhecido no mundo inteiro como o Curso de Insígnia de Madeira. É reconhecido não só na Inglaterra como também em todo o mundo como um curso de formação avançada para líderes do Escotismo. Na época do primeiro curso BP apresentou um Chifre de Kudu que ele tinha capturado durante a Guerra Matabele em 1896. Seu som profundo em expansão iria servir para convocar os membros dos cursos em assembleias, reuniões e atividades e foi utilizado lá por muitos e muitos anos.

                       Baden Powell (BP) usou esse mesmo chifre para abrir o terceiro Jamboree Mundial realizado no Arrowe Park, Birkenhead, Inglaterra em 1929. Esse chifre é usado até hoje por muitos cursos avançados no Movimento Escoteiro. A formação em um Curso da Insígnia de Madeira oferece uma oportunidade única para o aprendizado e para a liderança. Os participantes vivem e trabalham juntos em uma patrulha com outros escotistas. Assim aprendem sobre as habilidades de liderança a as técnicas de Socutcraft. Nota – Scoutcraft é um termo usado para cobrir uma variedade de conhecimentos e habilidades requeridas por pessoas que buscam se aventurar na vida selvagem e a se sustentar de forma independente. O termo foi adotado por Scouting, organizações escoteiras para refletir as habilidades e conhecimentos que se fazem sentir de fazer parte do núcleo de vários programas. Isso ao lado do conhecimento da comunidade e espiritualidade. Ali se aprendem habilidades tais como acampar, cozinhar, primeiros socorros, sobrevivência na selva, orientação e pioneirismo.

A Insígnia de Madeira ainda é considerada por muitos como uma experiência de suas carreiras no Escotismo. Ela tem servido como fonte de treinamento e inspiração para milhares de Escotistas em todo o mundo. Por sua vez, os possuidores da Insígnia são os responsáveis para a formação de milhões de jovens espalhados por todo o mundo.


Agora só falta você. Ainda não tem a IM? (insígnia da madeira). Mãos a obra. Pense olhando para frente e diga para si mesmo – “Se tantos conseguiram, eu também vou conseguir”. E lembre-se se você foi um bom lobo, um bom touro, um bom maçarico então não se esqueça de voltar sempre a Gilwell!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Conversa ao pé do fogo. Comentário de um amigo distante.


Conversa ao pé do fogo.
Comentário de um amigo distante.

                O tema para mim estava encerrado. Eu só ria voltar nele alguns meses mais tarde. Sei que alguns politicamente corretos e os lideres da UEB costumam ler o que escrevo, mas não espero em nenhuma mudança na sua maneira de dirigir o escotismo conforme acreditam. Se um dia vão pensar melhor não sei. Após receber meu condensado dos quatro artigos sobre Eles estão saindo do Escotismo – Por quê? Ele educadamente me mandou um e-mail que faço questão de transcrever aqui. Tocou-me profundamente. Concordo com ele em muito, mas a nossa única diferença que sou uma espécie de Dom Quixote, lutado contra os moinhos de vento e não desisto fácil. Eu ainda acredito. E mesmo errando vou continuar a tentar mostrar qual seria o melhor caminho para que o escotismo seja conforme BP nos deixou. O nome do meu amigo fica em OF. Não que ele pediu, mas achei melhor assim. Vejamos suas palavras:

Guaíba, Berço da Revolução Farroupilha, 16 de maio de 2015.

Meu Caro Monitor,
Sempre Alerta! Nada de SAPS ou qualquer outro modismo inventado para “fazer diferente”. “Fazer a diferença” é o que devemos procurar. Somos uma família onde devemos nos destacar pela qualidade e não pela modicidade. Li os seus artigos sobre a evasão do Movimento Escoteiro e por mais que isso me doa sou obrigado a discordar do senhor. Não há evasão do Movimento Escoteiro no Brasil pela simples razão que o mesmo já está morto, e não se pode sair de algo que não existe mais. Não tenho tanto tempo de Escotismo como o senhor, mas sou do tempo do chapelão, da calça curta, do meião, do cabo solteiro, da moeda no bolso da Boa Ação diária. Sou do tempo em que existiam Escoteiros e Chefes Escoteiros, Patrulhas, Conselho de Tropa e Corte de Honra. Sou do tempo em que durante a semana do Dia do Escoteiro atazanávamos a vida do nosso pobre chefe pelos ofícios solicitando o dispensa do uso do uniforme da escola naquela semana, para podermos ir uniformizados para a sala de aula.

Sou do tempo da malfadada frase: “O Escoteiro é uma criança vestida de idiota, comandada por um idiota vestido de criança.” Mas também sou do tempo em que “Ser Escoteiro” era motivo de orgulho. Do tempo em que aprendia a fazer nós não apenas para trocar de classe, mas para saber na hora em precisar fazer um, e fazer o certo. Do tempo em que as patrulhas faziam atividades em dias diferentes das reuniões de Grupo, para treinar e se qualificar para as especialidades, na busca de sempre estar um passo a frente das outras patrulhas. Do tempo em que o “Sistema de Patrulhas” era aplicado e não apenas um nome no rol das lembranças, onde a Bandeirola de Patrulha era cuidada, honrada e respeitada e nunca era largada no chão.

Como escreveu o senhor, do tempo da B.O.I.A. nos hasteamentos e arreamentos. E para quem não conhece a sigla significa Bandeira, Oração, Inspeção e Avisos. Lembro como o nosso GE (pequeno e um dos poucos no Estado do Rio Grande do Sul que não era patrocinado por ninguém) buscava apoio na comunidade, participava de campanhas, guardava à Pira da Pátria, ajudava na organização do desfile cívico e era conhecido e conceituado na comunidade. Francisco Floriano de Paula e Caio Vianna Martins eram nomes conhecidos. Mas como se diz aqui na minha terra, era no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Hoje não vemos mais nada disso. Vemos jovens que não tem motivação, pois não existe mais com que motivá-los.

Escotistas (tenho horror dessa palavra) que não sabem o que é Escotismo. Cursos que são uma piada de mau gosto e taxas, taxas e mais taxas. Não se dá o devido valor aos antigos Escoteiros formando as chamadas Patrulhas Dinossauro nos GE. Não se convida os antigos membros para participar ou mesmo visitar um acampamento. E sabe por quê? Pelo simples fato de que os Escotistas de hoje tem medo de ouvir: “No meu tempo de Escoteiro era diferente!” Tem medo de ter que dar explicação para os jovens dos motivos que levaram as mudanças. Culpa deles? Não, pois nem eles mesmos sabem dos motivos, guardados a sete chaves pelos medalhões.  No Brasil o Escotismo criado por BP não existe mais. Temos um simulacro, militarizado ou completamente solto. Uma disciplina imposta ou ignorada e não mais aquela disciplina que vinha de “dentro para fora” na medida em que íamos aprendendo o que era o Movimento Escoteiro.

Tínhamos os “Escoteiros” e não como hoje “Escoteiro disso” ou “Escoteiro daquilo”. Nada contra, pois são tentativas de uma volta as origens, mas que (até onde consegui ver) não conseguiram descobrir a verdadeira origem do Escotismo ou são impedidas de praticá-lo. O senhor listou quatro pontos: - Programa, Apresentação pessoal, Formação/qualificação do Chefe e Ouvir sempre o ponto de vista do jovem. Todos são válidos, mas se não resgatarmos a “Tradição Escoteira” e o “Escotismo de B.P.” eles de nada valerão. Se não devolvermos ao jovem o “Orgulho de ser Escoteiro” ele continuará a buscar isso em outros locais nem sempre muito recomendado.

 É inerente ao jovem participar de um agrupamento de iguais e buscar reconhecimento. B.P. identificou esse fato e criou um movimento voltado para aproveitar essa energia, esse sentimento de agregação, dando um norte e uma filosofia de vida baseada no caráter e na honra. E hoje, aqui no Brasil, foi realizado um excelente trabalho no sentido de desmantelar todo esse esforço e banalizar o termo Escoteiro a tal ponto que o jovem sente vergonha de ser identificado com Escoteiro e chegar à reunião com o seu uniforme ou aquele simulacro de uniforme adotado atualmente.

O senhor deve ter notado que não tenho participado muito das suas postagens. Mas isso não significa que não estou acompanhando-as, mas sim que sei que vou acabar em uma ou outra rusga com alguém. Sou chato demais nesse ponto e para mim, quando eu fiz a minha Promessa Escoteira foi para toda a vida. E a minha promessa não foi para o que se apresenta hoje como Escotismo, mas sim para o Escotismo de Baden Powell que estava em espírito representado na foto colorida sobre a mesa, entre o machado no tronco de Gilwell e a vela votiva com a promessa.

Deixo aqui o meu (considerado arcaico) Sempre Alerta e os meus votos de força e perseverança nessa sua jornada, a qual com certeza eu não escolheria por causa de meu pavio curto.


Um antigo Escoteiro que tem muito orgulho do seu passado.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Considerações finais

Lembramos que toda a serie de quatro arquivos e as considerações finais estão disponíveis em PDF gratuito nos meus e-mail. Faça seu pedido caso tenha interesse em ter todos eles nos seus arquivos. Abraços Fraternos 



Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê?

Considerações finais.
                     Quatro artigos, quatro temas tentando analisar o porquê eles estão saindo do escotismo. Foram quase 6.000 em um ano. Alguns dizem 5.720 e outros 5.000. Não importa é um número expressivo. Comparativamente tivemos anos com melhores números de associados. Alguns quase suplantaram o ano de 2014. Pode ser que alguns dos que saíram ainda estejam fazendo escotismo. Desistiram do registro ou desistiram da UEB? Claro que ela não reconhece sua culpa. Sabe que muitos perceberam este êxodo, mas não dá o braço a torcer. Para ela tudo continua um mar de rosas. Ela é  Incapaz de vir a público para reconhecer que suas mudanças não deram resultados. Sabíamos da evasão a tempos, um entra outro sai. Agora no entando a debandada foi demais. Ela foi prepotente em colocar no seu relatório que estão crescendo. Francamente eu não entendi o porquê. Falta-lhe humildade para reconhecer seus erros? Melhor deixar para os politicamente corretos explicarem o inexplicável? A CULPA SÃO DOS CHEFES! NÃO ESTÁ SATISFEITO? VÃO RECLAMAR NA ASSEMBLÉIA. SE ACHAM QUE PODEM MUDAR CANDIDATEM-SE E ALTERE O QUE PRECISA SER ALTERADO! Como diz um comediante: È bonito isto! Ou melhor... Faça-me de bobo que eu gosto!

                   Eu acredito que muitas das causas não foram só dela. Talvez pela falta de apoio, pela falta de bons cursos, pela falta de transparência a UEB deveria assumir suas culpa. Muitos jovens deixam o escotismo porque os chefes não estão preparados para aplicar um programa que os agradem. Até acredito que os cursos de hoje deixam muito a desejar. Aplicam um didatismo que não condiz com o sentido da aventura, do sistema de patrulhas, da descoberta do fazer fazendo. Eu ainda insisto que sem ouvir o jovem esta debandada irá continuar. São poucos os que fazem isto. Em nome dos jovens eles tem a solução na mão. Alguns dizem que tem um programa espetacular, mas eu pergunto, os jovens foram consultados? Eles colaboraram na confecção deste programa? Cada um deve se lembrar de quando da primeira mudança do programa de jovens que a UEB fez. Em pouco tempo teve de mudar. Em ambos os casos não houve experiências nas tropas para verificar se o programa era bom ou se deviam mudar. Simplesmente disseram: - Agora é este.

                   Vemos uma parafernália do marketing da UEB em suas ações. Marketing inacessível para muitos mortais cuja luta pela vida é desigual. Os cursos, as atividades regionais e nacionais e até internacionais não alcançam o Escoteiro mais humilde. Porque continuar em uma associação que os programas que ele gostaria de participar não pode? O jovem não é tolo. Ele e ela sabem perfeitamente se ali é seu lugar. Existem grupos e grupos, uns mais outros menos. Mas a grande maioria que a UEB usufruiu dos números anuais para alardear o crescimento veio destes mais pobres. Aqueles que lutam por um lugar ao sol. Para eles não interessa se serão Grupo Padrão Ouro, ou Prata, ou Bronze. Querem sim fazer escotismo, mas não sabem como fazer. Enquanto no sudeste e no sul se esbanja Grupos Escoteiros bem formados cheios de pompa o mesmo não acontece em estados longínquos. 

                     A gama enorme de novos chefes voluntários fez deles (nem todos) muitos sonhadores em fazer o escotismo que não tiveram a oportunidade de fazer na infância. Esqueceram que eles são espectadores e seus jovens e que precisam do escotismo. Eles ainda não sabem que o jovem tem de andar com suas próprias pernas e que fazer fazendo até aprender o certo faz parte do caminho para o sucesso. Quantos já leram os livros bases do fundador: O Escotismo para Rapazes, O Caminho para o Sucesso e o Guia do Chefe Escoteiro? Estas literaturas estão aí para dar um caminho, diferente daquele que a UEB acredita. Já me disseram que o Para ser Escoteiro do Floriano hoje é procurado por muitos chefes. Poderia acrescentar o Guia do Escoteiro do Velho Lobo, O Almirante Benjamim Sodré. Não digo que tudo deve ser alterado. Uma adaptação do passado com o presente seria a melhor solução. Simplesmente dizer que hoje o jovem quer outro tipo de atividade, que a parafernália eletrônica mudou muito sua maneira de pensar é querer enganar a sí próprio. O jovem ainda tem o sonho aventureiro. Esqueceram-se de dar a ele e muitos nem sabem que isto existe.

                     Por favor, não culpem os chefes. Eles até podem ter sua parcela de culpa, mas a responsabilidade é única e exclusiva dos dirigentes. Foram eles que produziram os belos programas que não deram certo. Foram eles que fizeram do Chefe Voluntário um homem servil, subserviente, sem poderes para decidir os rumos a tomar. Em tempo algum se preocuparam em ter profissionais mesmo que em número reduzido, para viajar pelo seu estado ou pelo Brasil para ajudar a quem precisa.  Ainda persiste o sonho de ser alguém de ser um líder dirigente e formador. Cada estado tem os seus e outros na fila de espera. As fotos deles viajam pelas redes sociais.  Esperava-se que a direção seria um órgão diretivo para colaborar e participar de todas as formas necessárias e não se fechar em uma redoma de vidro se preocupando em ter as finanças em dia. Seria bom uma virada de mesa e ter mais um pouco de uma dose de boa vontade com os mais humildes que tanto precisam. Vamos distribuir sim as responsabilidades, mas as maiores são exclusivas da UEB.  

                    Uma dose de humildade não faz mal a ninguém. Reconhecer os erros sempre foram fatos históricos de grandes homens. Que eles procurem falar melhor para o povo Escoteiro e não para os pedagogos e psicólogos que tem na mão a salvação do escotismo e não enxergam que nada está dando certo. Que eles procurem encher seus bornais com as burras de dinheiro de suas suntuosas atividades nacionais e regionais, mas que este seja dirigido para os que precisam, para que os cursos sejam gratuitos. Que muitos possam receber um telegrama como eu recebi em 1963: Informamos que separamos uma verba para que seu grupo envie até dois chefes para um CAB (Curso de Adestramento Básico) na Capital do Estado. Serão cinco dias e todas as despesas pagas, inclusive transporte ida e volta. A Região de Minas Gerais agradece a participação de todos. Utopia? Precisamos ser realista. Não temos respaldo, não temos um programa que motive os jovens. Não temos apoio dos educadores nacionais e nem com as autoridades constituídas. Esta Frente Parlamentar poderia ser um caminho, mas ela precisa andar e provar que tem validade. (nem sei se nela tem alguém incriminado na Lava Jato) A UEB precisa fazer o necessário para um Marketing bem feito em todo o pais do que é e a validade do escotismo na formação de jovens. Aí sim, poderíamos precisar da colaboração de boas Agencias de Publicidade assessoradas por escotistas conhecedores do assunto.

                          Precisamos mostrar que não somos vendedores de biscoitos ou aqueles que ficam no poste esperando a velhinha atravessar a rua. Quem dera se tivéssemos influentes conferencistas, palestristas para propagandear o escotismo nas escolas, empresas e em toda a sociedade brasileira. Este sim deveria ser o programa para o futuro e não aqueles que nunca irão atingir a meta que esperamos para o escotismo nacional.  Precisamos deixar de lado esta mania de grandeza, os sabe tudo da vida deveriam se espelhar em Mahatma Gandhi ou um Martin Luther King Jr, que pela paz, pelo amor ao próximo conseguiram mudar as ideologias do Grande Irmão e venceram sem usar a força. Fico por aqui. É hora de mudar de rumo e voltar a minha velha seara de contador de histórias. Histórias da carochinha, histórias de Sherazade, histórias épicas, histórias de Escoteiros e as mais Lindas Lendas que encantam a juventude Escoteira no Brasil. É hora de entreter a escoteirada. Eu gosto deles e de vê-los com seus olhinhos a olhar o contador de história como se fosse uma das personagens que ali aparecem. Entretanto ainda acredito. Mesmo sabendo que é um sonho porque não sonhar?

                       Obrigado a todos vocês que me deram a honra de curtir, de comentar, de compartilhar, de alertar aos amigos dos temas que eu escrevi. Honrado em saber que tenho tantos amigos e amigas.


Lembrando o saudoso Dr. Spock, VIDA LONGA E PROSPERA A TODOS VOCÊS!   

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte IV. O adeus sem volta dos chefes e diretores voluntários do escotismo.


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte IV.

O adeus sem volta dos chefes e diretores voluntários do escotismo.

                 Uma vez eu escrevi um artigo cujo título foi A Legião dos Esquecidos. Comentava da saída de voluntários do movimento Escoteiro que nunca mais foram procurados pelos nossos dirigentes. O que fizeram ou os sacrifícios que muitas vezes lutaram para preservar o bom nome do escotismo e ao mesmo tempo sua luta para a formação da juventude, não passava de obrigação por parte deles. Foram esquecidos. Nem uma carta, um e-mail nada que pudessem saber que alguém se lembrou deles. Nossos dirigentes não se importam com quem foi embora. Quem sabe não se importam nem com quem está na linha de frente. Pergunta-se porque saíram? Porque deixaram o escotismo? Se eles um dia adotaram o escotismo como filosofia de vida e seu amor ao escotismo hoje nem lembrados são. A participação do adulto no movimento Escoteiro não é fácil. O sacrifício e enorme. Luta-se pela sobrevivência, luta-se para ser reconhecido e se não fosse o sorriso da criança nada mais teria valor. Muitos ainda insistem, mas a falta de apoio não só dos órgãos Escoteiros como da comunidade é fato comum. Os grupos bem estruturados não se ressentem disto, os pais são trabalhados para participar e sabem de suas responsabilidades. Eles dão sustento à continuidade em todas as áreas do Grupo Escoteiro. Ainda bem que tem chefes bem formados na escola Escoteira. Assim fica mais fácil.

                 Existe uma gama de chefes que mesmo continuando na ativa se ressentem do tratamento recebido pelas autoridades Escoteiras, e até mesmo de membros do próprio grupo. Nem sempre recebem sorrisos e elogios. Se não fizerem um pedido burocrático para um diploma de mérito ou uma condecoração, ou outra forma de agradecimento eles nunca serão lembrados. O papel em primeiro lugar. Um telefone? Um e-mail? – Olá Chefe, obrigado por estar conosco. Isto não existe. Os que estão chegando ainda estão com aquela motivação própria dos que chegam para ajudar, para somar esforços. A partir do momento que aprendem como funciona a engrenagem da associação, começa a vontade de por o boné e sair por ai cantando a canção da despedida. Eles aprenderam que a Lei e a Promessa diz muito, mas poucos da liderança a cumpriam. Sabiam que não estavam atrás de medalhas, de elogios, mas o tratamento sempre deixa a desejar. Outros acreditam que a disciplina é esta e não questionam. Alguns se escondem nos seus puros pensamentos que ajudar a juventude vale qualquer esforço e acreditam mesmo  que fatos no dia a dia de sua jornada Escoteira demonstrem o contrário.

                  Faltam-me dados completos para afirmar os motivos que levaram chefes voluntários a abandonar o Movimento Escoteiro. O que escrevo muitas vezes me foi passado por chefes que me escrevem que me telefonam ou mesmo quando posto um artigo e lá esta entre comentários os ressentimentos de muitos. Estão errados? Os mais comedidos ou os mais esclarecidos sempre defendem o indefensável. Eles ainda acreditam que precisamos andar com nossas próprias pernas e vencer as adversidade. Concordo em parte. Mas para que temos uma liderança? Para que eles estão lá a dirigir ao seu modo o escotismo que acreditam? Valorizam por acaso os voluntários? Colaboram com eles? O que vejo é receber e nada em troca. O voluntário é cobrado de varias formas, inventam normas para ele, fazem dele um mortal qualquer que na legislação de nosso pais tudo tem de ser provado. Provar que é leal? Que tem palavra? Isto então pode ser obtido em um cartório local? O papel com firma reconhecida prova tudo da sua lealdade ao escotismo?

                    Não falo dos grupos bem estruturados. Eles tiveram a sorte de ter lideres bem formados, conhecedores, com um passado Escoteiro e sabedores como agir. Mas eles são poucos,  e muitas vezes fechados dentro de sí mesmo. Seus exemplos não são fáceis de seguir. Os grupos menores ou os mal estruturados vão tentando sobreviver e seus chefes lutam com tremenda dificuldade. Não é fácil começar um Grupo Escoteiro. A sede própria é um sonho para poucos. Um cantinho hoje pode ser o despejo de amanhã. Como o movimento peca por não ter credibilidade e ao mesmo tempo por falta de apoio, o diretor hoje pode retirar a sede Escoteira que foi cedida pelo diretor de ontem. Nem o papel assinado tem valor. Vereadores mudam seu teor. Prefeitos não ligam. O escotismo não é reconhecido pelas autoridades. O Chefe se vê perdido. Busca uma ajuda que não tem. E ele então pergunta: - Onde estão nossos lideres?

               Sabemos que não há respaldo por parte das autoridades politicas e empresariais. Como a nossa estrutura não é pequena, manter tudo isto custa dinheiro, tempo e isto poucos Grupos Escoteiros conseguem. Na maioria nem mesmo o apoio dos pais eles conseguem. Temos como norma sermos apolíticos. Isto é bom. Mas ao mesmo tempo não temos o apoio que precisaríamos para dar aos chefes voluntários condições de conduzir suas sessões ou mesmo o grupo como um todo. Não temos representatividade no seio da comunidade. Muitos dos nossos chefes voluntários se mantem com sua própria condição financeira. O curso muitas vezes distante tem taxas que nem todos podem pagar. Pais, mães e outros que se aventuraram na senda Escoteira sabem que em primeiro lugar vem sua família e depois o escotismo. Mas a verdade mesmo é que a maioria paga do próprio bolso sua manutenção no escotismo e muitas vezes dos seus jovens.

                 Muitos reclamam por falta de apoio dos distritos, regiões ou mesmo pela direção nacional. A estrutura Escoteira está alicerçada em cima de um Estatuto, que não da o poder democrático a todos. “Lembro-me de uma parábola de Cristo onde ele dizia que muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. O poder está em mãos de poucos.  Sabemos da prepotência de muitos, o sonho de ser alguém, a dominação por uma disciplina quase imposta sem nenhuma chance de dar ao Chefe voluntário, o que qualquer organização ou associação prezaria: - A Democracia. A defesa desta maneira autoritária é uma arte que muitos que estão na liderança defendem. Esquecem que somos um movimento de amadores e querem de um dia para noite nos transformemos em profissionais. Temos salário? Que disciplina é esta que não dá a todos a oportunidade de discordar, de sugerir e votar?

                       Se esta for uma razão da evasão de muitos chefes e diretores voluntários é preciso mudar. Não podemos ter uma direção que não pensa em ajudar e colaborar com seus voluntários. Se decretos e normas resolvessem o Brasil seria um paraíso. Que procurem de uma maneira valorizar o trabalho dos voluntários em suas unidades Escoteiras. Se não existem profissionais pagos para tentar resolver os problemas deles, que pelo menos escrevam, sugiram, mas lembrando sempre que cada caso é um caso e o Acre é diferente do Rio Grande do Sul. Os cursos devem se voltar mais para estes fatos e não os burocráticos cursos de hoje que acham no Chefe um representante profissional em muitas áreas que eles não dominam e nem devem dominar. Esta debandada deve se melhor estudada. Sei que não podemos confiar nas autoridades. O quase fracasso do Escotismo nas Escolas foi um exemplo que muitos já sabiam que ia acontecer. Esta frente Parlamentar até hoje foi um blefe. Precisamos mostrar nosso reconhecimento ao novato voluntário e claro o antigo também. Precisamos ouvir e dar uma resposta que o satisfaça.

                    Um Chefe meu amigo e que está lá no céu sempre me dizia: Chefe Osvaldo é o escotismo quem precisa de você e não o contrário. Mas e então? Porque tantos lutam por uma causa  tão valida, e nunca são reconhecidos por parte de nossas autoridades Escoteiras? Para tudo é preciso ser subserviente, implorar e aceitar o que não acham válido. Todo caminho para o sucesso tem um começo. Os primeiros passos não podem acontecer com um só. Ou todos partem para uma solução ou então  mais cedo ou mais tarde irão pertencer a Legião dos Esquecidos. E chega de explicações que não deram certo. A evasão é uma realidade, explicar o inexplicável não trará o retorno dos que se foram.

 Não esqueçam comentem, compartilhem, precisamos de união, novas ideias, envolver o maior número de chefes voluntários nesta discussão. Sabemos que uma andorinha só não faz verão!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte III.


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte III.

- Levar em conta o ponto de vista do jovem. BP.

                   Um terceiro tema que poderia colocar no rol das possíveis causas da saída dos jovens e neste caso não engloba o adulto, é o tema mais conhecido desde que assumimos uma responsabilidade no movimento Escoteiro. O escotismo tem como meta a formação do jovem, e neste caso ele é o mais interessado em um programa agradável e que lhe prenda pelas suas habilidades em ser diferente de todos os que ele conhece. Eu não posso em sã consciência afirmar que isto não acontece, mas sei de muitos que levam a sério o programa e o método que nos foi deixado por Baden-Powell. - Se o nosso Movimento é uma fraternidade livremente aceita, e não tem caráter de obrigação, o adulto só atua com supervisão. Ele (o Escotismo) pretende fazer com que o jovem participe de uma sequência de atividades, adaptadas a sua idade, exercitada principalmente ao ar livre, ajudando uns aos outros, confiando-lhes responsabilidade e assim acreditando que seu caráter se afirme. Só assim é possível que ele se torne também capaz de cooperar e liderar! 

                     Já vimos que nos países avançados, existe a prática da demonstração e a da descoberta, às atividades ao ar livre e a aprendizagem em pequenos grupos de fazer para aprender. Estas são técnicas escoteiras que conhecemos de outra maneira. Quem sabe, talvez pela repetição pura e simples dessas técnicas, dos jogos e até a completa ausência do método nas atividades práticas da tropa, trouxe aos olhos do publico um desinteresse grande. Em alguns casos alguns educadores nos consideram um Movimento excessivamente infantil e nos domínios da educação somos vistos como atrasados e ineficazes. Seria isto verdade? Quando BP reuniu em 1907 na ilha de Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava estagnado. Assim o Escotismo veio dar uma visão mais abrangente às escolas e estas é que até hoje estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração, observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre foram partes do método Escoteiro. Confiar no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua auto-educação e disciplina sempre fizeram parte do Escotismo.

                   Pensava BP que para termos o sucesso esperado, era só dar liberdade ao jovem para que ele próprio fosse o responsável pela sua auto-educação e disciplina. Dar liberdade ao espirito de competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões. Este seria o Programa Escoteiro e que hoje muitos ainda não entenderam bem o que isto queria dizer. O escotismo têm o melhor sistema de educação do mundo, afinal nós temos uma base excelente e sem similar para realizar isto: - A Patrulha! - Ali os jovens podem viver trabalhar e jogar em seu próprio grupo. Não vou me iludir e afirmar que o mundo evoluiu, a juventude já não é mais a mesma do passado. No entanto temos muitos falando pelos jovens, dizendo o que eles pensam, programando e alterando o melhor que existia para ele: O sonho aventureiro, a vida no campo e tantas mais que muitos hoje deixam no ostracismo. Ouvir o ponto de vista do rapaz se tornou obsoleto apesar de que muitos afirmam que fazem isto. Pensando que nos últimos tempos muitas mudanças foram feitas. Em termos gerais poucos jovens foram consultados.

                   Ultimamente tenho visto opiniões diversas sobre o método Escoteiro e o programa Escoteiro. Vários pedagogos, psicólogos e tantos ilustres professores vêm no escotismo uma fonte enorme de estudo. São capazes de analisar teoricamente tudo que o escotismo precisa, dão sugestões e até mesmo  fazem artigos mostrando o que precisamos para alcançar o interesse do jovem. Em palavras teóricas falam maravilhas de um novo método, calcado em posições positivas para melhorar nosso escotismo, baseados numa releitura compatível com o mundo de hoje. Muitas foram às mudanças. As defesas dos que fizeram isto foram prodigas em ter outros seguidores. Sempre em nome de uma nova tendência mundial ou mesmo calcada na nova ordem universal onde os jovens são descritos de maneiras incríveis e para isto tudo deve mudar. Os resultados não foram encorajadores. Ninguém se voltou para isto. Continuam afirmando que o mundo é outro os jovens são outros e a seara de uma nova era continuou. E os resultados? Lembro que falo em nome de mais de mil grupos no pais. Cada um com sua característica. O jovem do norte não é o mesmo do sul.

                   Eu ainda insisto muito que ou confiamos no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua auto-educação e disciplina, ou então devemos nos ater a fazer um novo escotismo que não àquele que BP nos deixou. O que acredito é que um programa sem a anuência dele não tem valor. Isto inclui uma ampla pesquisa e não aqueles grupos mais aquinhoados cuja chefia tem os melhores em seus quadros. Se ele prefere a tecnologia e metodologia que e jogado a cada minuto de sua vida e que aquele escotismo aventureiro não tem mais lugar na sua formação, eu prefiro ouvir de seus lábios. Afinal mudamos tanto sem ter nenhuma experiência para ver se os resultados foram bons. Se existem grupos bem formados. Se o novo método e programa está fazendo com que muitos desistam no meio do caminho temos errado em dar continuidade. Está na hora de repensar o programa e isto seria precedido de uma experiência em pequenas tropas e ver se o resultado da permanência do jovem melhorou.

                    Sempre afirmamos que o jovem quer isto ou aquilo. Pelo menos pelo que vejo não está satisfeito com o escotismo que recebe e por isto está desistindo. Simples não? - Se a UEB fizesse uma pesquisa séria sobre isto, quem sabe poderíamos ver muito onde estamos errando. Saber qual a porcentagem de permanência por idade, saber até onde anda o crescimento individual e coletivo. A preocupação do passado nos cursos de formação com respeito ao melhor que o escotismo tem como o Sistema de Patrulhas deve voltar de maneira especial. Não sei como anda o conhecimento, ou melhor, dizendo o grau de adestramento dos nossos chefes de sessão. Não sei se eles estão recebendo o melhor que o escotismo pode dar, olhando sempre as palavras do fundador. Sinceramente fico preocupado com esta obsessão de métodos que não alcançam a maioria dos membros voluntários. A preocupação hoje está voltada para chefes com maior grau de instrução. Como não sou um doutor quem sabe eu posso estar errado. Mas afirmo não estou errado em dizer que estamos falhando e insistindo no erro.  

                    Sei que muitos poderiam me citar a participação dos Jovens Lideres, um núcleo criado pela UEB cuja finalidade seria importante para dizer que estão a ouvir o ponto de vista do rapaz. Não desqualifico, mas eles são formados por jovens de 16 a 27 anos. Eu sem menosprezar a nenhum deles, nem sei se foram consultados nas alterações que a UEB implantou. Convenhamos que e melhor deixar a politica escoteira de lado e pensar se nossos jovens Escoteiros, Escoteiras, seniores guias e até os lobinhos estão participando das ideias, dos programas das atividades que são realizadas com eles. Penso que temos três pontos a serem seriamente observados - O Sistema de Patrulhas aplicado corretamente – Os diversos órgãos na tropa funcionando a contendo: Corte de Honra, Conselho de Tropa, Conselho de Patrulha. – Sempre ouvir o ponto de vista do jovem. Não afirmo que estes são os motivos da grande evasão. É mais um tema para meditar.


 Amanhã o último capítulo da série - Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Até lá discutam, comentem compartilhem, todos precisam saber que nós os chefes também sabemos pensar e ter opiniões! – Até lá!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte II


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte II

Apresentação pessoal. Garbo e boa ordem.

                  Levamos dezenas de anos para incutir na população brasileira o que somos e como somos. Muitas frases ficaram celebres e até hoje citadas por boa parte da população e até na imprensa. Vejamos algumas: Faça como o Escoteiro, ele têm uma só palavra. Os Escoteiros fazem diariamente uma boa ação, isto é uma norma de conduta para eles. Esteja todos os dias Sempre Alerta, não fique desprevenido. Faça como os Escoteiros, eles estão sempre alegres. Seja como um Escoteiro, educado cortês e amigo. Melhore sua aparência, faça como um garboso Escoteiro. Era comum ver os jovens em seus uniformes  a saírem para os campos, ou mesmo desfilando em uma solenidade qualquer na cidade. Onde passavam eram reconhecidos e aplaudidos. O Chapelão se tornou um símbolo logo desfeito por diversos motivos. No passado as dificuldades eram inúmeras para se adquirir uma peça Escoteira, mas sempre se via todos muito bem uniformizados. Os chefes eram exemplos. Fazia gosto ver o porte, o orgulho em estar com um uniforme Escoteiro. Na própria direção nacional os dirigentes eram perfeitos em seus uniformes. Quem já teve um LP do Trio Irakitan vai se orgulhar em vê-los de uniforme. Estão perfeitos nas suas calças curtas. Gostaria de ver um cantor ou cantores famosos de hoje interpretando músicas Escoteiras  e vestindo nosso uniforme ou vestimenta.

                  Aos poucos foram entrando outros que não se solidarizaram com a calça curta. Começaram a vestir a comprida. Olhar para eles era ver que destoava dos demais. Mesmo assim tínhamos no seio da comunidade um enorme apoio. Éramos reconhecidos pelas autoridades educacionais. Tivemos um ministro da república como Escoteiro Chefe, Dr. Guido Mondim. O falecido Ex-Presidente José de Alencar se orgulhava do que escotismo que participou. Uma época de grandes personalidades assumindo a liderança Escoteira e jactando-se de terem sido Escoteiros. Onde anda um Almirante Benjamin Sodré? Ou um Arthur Basbaum Proprietário das Lojas Americanas e Escoteiro Chefe? Ou mesmo o Doutor Francisco Floriano de Paula um líder nato, que fez para o escotismo o que muitos grandes homens podiam fazer. Poderia citar outros tantos e cada estado da federação deve ter um deles para lembrar. Foi uma época em que havia orgulho no ar nos corações Escoteiros. Nunca se colocaria um lenço sem estar com todas as demais peças do uniforme. Nunca se saia para qualquer atividade sem estar devidamente uniformizado. Não importava onde e como. Que fossem acampar excursionar, fazer atividades aventureiras longínquas, o uniforme vinha sempre em primeiro lugar.

                Poderíamos ficar de camiseta nos acampamentos nos tempos livres e sem o lenço, mas com as demais peças do uniforme. Aprendíamos a lavar e passar a moda Escoteira. Nada servia de desculpa na hora das inspeções de campo. Unhas, cabelo, sapato engraxado, tudo era olhado. Época que todos tinham nos bolsos lenços e um pente pequeno. Todos tinham um orgulho da sua vestimenta ou uniforme. Infelizmente ou felizmente a modernidade tão apregoada começou a ter seu lugar ao sol. Criou-se o traje que antes era chamado de uniforme social. Do social que deveria ter sido veio o desleixo por parte de alguns. Vestia-se as cores que cada um gostava. A cobertura era qualquer uma, uma verdadeira confusão de estar ou não portando um uniforme Escoteiro. Havia discussões e discussões de escotistas que devíamos mudar. Sempre os novos que entravam e desfiavam uma serie de motivos para isto. O mote era que devíamos ter uma só postura e sermos todos iguais.

                       Nunca se viu alterações nos Escoteiros do Mar e do Ar. Ali impera o garbo e a boa ordem e até hoje isto acontece. Alguns anos atrás nos foi apresentado à vestimenta. Muitos apostavam neste novo uniforme. Havia inclusive comentários que muitos jovens não se aproximavam do escotismo por achar o caqui démodé. A vestimenta serviria para dar uma nova apresentação condigna do Escoteiro e da Escoteira na comunidade. Se tudo tivesse sido feito as claras, com consultas e transparência, se tudo tivesse feito para uma perfeita uniformização poderia ter sido uma boa ideia. Mas fizeram tudo sem consultas, esconderam a sete chaves sua forma e confecção. Vários tipos foram criados. Até hoje não entendo por que disto. Se tem uma região fria e outra quente bastava mangas curtas e compridas, calças idem. Ainda me pergunto por que aquele desfile de modas para apresentar uma vestimenta com mais de desesseis modelos. Seria uma forma bombástica da implantação de uma nova era?

                      A UEB fez e faz de tudo para que esta vestimenta seja levada a sério. Vejam o que disse um formador, um Velho Lobo calejado por anos e anos de serviços a União dos Escoteiros do Brasil sobre a vestimenta: - Estão saindo adultos e crianças! Sabe qual e o nosso temor? Que parem de entrar... Se os pais olharem os Escoteiros com o vestuário novo, que como exemplo cito a Missa Escoteira no mês anterior, não irão permitir que os filhos participem. Vi ali uma bagunça generalizada. Cada um mais “esculachado” do que o outro. Vão assim acabar com a nossa imagem. Se os chefes não derem exemplo e não orientarem explicando a diferença fundamenta da ordem vai virar bagunça! Não são palavras minhas. Meus comentários já foram ditos em outros artigos aqui. A UEB não poderia ter sido mais explicita na sua norma de uso? Já que não levou em conta os demais associados na implantação poderia ser mais comedida nas escolhas pessoais. O que está feito não tem volta, mas ainda dá tempo para corrigir. Compete aos dirigentes fazerem isto. Suprimam esta quantidade de peças absurdas. Determinem como se deve se apresentar os associados com a vestimenta. Calça curta com meia curta de diversas cores não explicita o orgulho do uniforme Escoteiro e qual a cobertura a ser usada.

                      Levamos anos e anos para criar um hábito de comportamento com o caqui. Um uniforme que até hoje é reconhecido de norte a sul do Brasil. A maioria dos novos associados aderiram à vestimenta. Queira ou não ela já é o traje oficial da UEB. Mas do jeito que ela é apresentada eu tenho minhas dúvidas se em vez de arregimentar jovens e voluntários se não os está afugentando. Não tenho dados, mas foi a partir da implantação da vestimenta que houve uma debandada de muitos chefes antigos do movimento. Será que podemos nos orgulhar quando formos a uma atividade social para se apresentar a sociedade brasileira, como eles dirão com esta parafernália de escolhas pessoais? O que eles irão pensar de nós? Por outro lado eu fico em dúvida se ela aguenta uma forte atividade aventureira de jovens escoteiros em excursões e acampamentos. Lembremos que estamos perdendo para outros folguedos, outras organizações, outras formas de diversão de muitos jovens que abandonam as fileiras escoteiras. Um país com a nossa dimensão, com mais de duzentos mil habitantes não pode ficar quase em último lugar proporcionalmente em número de membros praticantes do escotismo nas Américas. Não se trata de uma competição e nem tampouco uma corrida de primeiro lugar. Afinal dos dez países que iniciaram o escotismo fora da Inglaterra em 1910, o Brasil está incluído. Temos que pensar na nossa autopreservação.

Esqueçamos o mote que o lugar apropriado para discordar e apresentar soluções são nas Assembleias. Esqueçamos o mote que sempre a culpa são dos chefes. O caminho percorrido até agora não foi dos melhores. Eu sempre gosto de repetir o que disse John Thurman no seu artigo os sete perigos. (escrito em 1955). Ele foi durante muito tempo Chefe de Campo de Gilwell Park: - Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.


Amanhã mais um capítulo da série - Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Até lá discutam, comentem compartilhem, todos precisam saber que nós os chefes também sabemos pensar e ter opiniões! – Até lá!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê?


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê?

                          Porque estão saindo? Se isto acontece tem motivo. Mas quais? Até hoje ainda não temos uma politica de contenção para diminuir esta evasão. Nem mesmo sabemos quais os reais motivos. Temos sim bons chefes que com sua experiência apontam diversos fatores. Vejamos o que esta evasão produz de mal: - A qualidade não cresce a quantidade idem, o que pensava BP que precisaríamos segurar o jovem por pelo menos dez anos não acontece mais. A evasão é tão grande que mais parece um sistema rotativo de entra um sai outro. À medida que a juventude cresce, passa a integrar a sociedade como um todo. Se eles aqueles que passaram pelas fileiras Escoteiras e não tem boas lembranças, dificilmente serão os que irão fazer um proselitismo das vantagens educacionais do escotismo. Sabemos que não somos reconhecidos pelas autoridades em nosso país. Ainda não aprendemos a mostrar nossa força claro, se há temos. Poucos estão devidamente preparados para em poucas palavras, dizer o que somos e o que pretendemos.

                         Sem uma união em termo do tema, nada iremos conseguir mudar este caminho de perda tão nefasto. Sei que muitos poderiam dizer o porquê não crescemos, o porquê não existe mais aquela procura do passado e teremos outros que bem formados no escotismo terão exemplos pessoais para dar. Sem entrar aqui no mérito do conhecimento, ou da afirmação que está tudo bem, irei apresentar em quatro artigos sucessivos, minha opinião vivenciada no escotismo que conheci. Não pretendo entrar em desacordo com nenhum dos que discordam, mas lembro de que só iremos estancar esta sangria quando nos dispusermos a analisar, pesquisar, conversar e aceitar sugestões dos diversos núcleos Escoteiros do país. Isto englobaria todos, desde o mais humilde grupo até a Direção Nacional. Citaria de antemão quatro motivos do porque muitos estão abandonando as fileiras do escotismo:

-  Programa. Ele não atinge os objetivos para motivar os jovens.
- Apresentação pessoal. Tudo que foi apresentado até hoje não surte os resultados esperados.
- Formação qualificação do Chefe. Deixou-se muito dos objetivos de BP pensando que hoje a modernidade exige outro tipo de abordagem e apresentação.
-  Ouvir sempre o ponto de  vista do jovem. Dizem que sim, mas não está sendo feito.

               Abordarei proximamente em cada tema minha opinião sem fugir dos padrões existentes. Todos eles merecem sem sombra de dúvida uma discussão por todos os interessados. Quem sabe precedida de uma grande pesquisa nacional. Lembro que posso estar errado, mas nossos olhos precisam se voltar para estancar a saída em massa dos jovens e dos adultos do escotismo. Cada caso é um caso. Cada Grupo Escoteiro tem sua personalidade própria. Sem ter a opinião deles dificilmente acharemos o caminho para o sucesso. Inicio minhas ponderações com o programa feito para o jovem e não vou entrar no mérito de cada exposição.  Vou simplesmente exemplificar  uma bela charge que tem mais de cinquenta anos de idade. Ela diz tudo:

PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Ele pensou que seria assim: Diferente de sua escola, diferente do que fazia com seus amigos do bairro, ele poderia ter aventuras que nunca teve, aprenderia no campo a vida de um explorador. Iria colocar uma mochila e sair por aí seguindo o vento. Iria acampar muitas vezes, iria dormir em barracas, ver a estrela no céu. Iria construir Ninhos de Águia, escada de cordas, iria subir e descer de uma árvore por nós incríveis que iria aprender. Atravessaria rios e vales em Falsa Baiana, em Comando Crow. Aprenderia a fazer pontes, jangadas, iria explorar cavernas, bosques, montanhas e tantos mais. Iria correr pelos campos, ver pássaros incríveis, seguir pistas na floresta, descobrir uma nascente, pescar um belo peixe, e com sua bandeirola iria enviar mensagens por enormes distâncias, o Morse à noite com sua lanterna iria brilhar, e os jogos especiais? Ele um índio ou um soldado? Que bela maquiagem faria. Os famosos boina verdes seria pé de chinelo perto dele. Iria se preparar para o negrume da noite, acender um fogo, pular uma fogueira e cantar! Representar com seus amigos, contar uma bela história. Iria aprender dezenas de nós, Escoteiros e marinheiros. Iria aprender a seguir o rumo, dominar uma bússola, ler mapas e partir para grandes atividades aventureiras. Teria seu cantil para beber água da fonte, teria sua faca mateira. Iria aprender a usar seu facão, seu canivete e quem sabe gritar alto: - Madeira!

PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Não foi o que pensava. Tempo demais na bandeira, tempo demais do palavrório, Monitor mandão, sala com cadeiras e ficar sentado vendo chefes escrevendo, desenhando sinais de pista. Tudo igual ao que ele fazia todos os dias na escola. Um Monitor a sua frente ensinando sinais, nós, tempo demais. E os jogos? Sem graça, ele preferia um racha de futebol. Pelo menos se divertiria. Uma patrulha desanimada, poucos frequentando, a maioria faltando ou saindo. E ele se lembrou do seu Professor a exigir silencio e atenção. E as filas? Iguais as que fazia todos os dias esperando uma ordem de um adulto que não vinha. Lembrou-se das suas viagens pela internet, da sua casa, e pensou que tudo ali era igual. E os sorrisos e os abraços? Quase nenhum. Queria fazer a promessa, mas como demorou. A cada dia sentia falta dos seus amigos do bairro. Lá o programa era melhor...

                  Pois é, a charge diz tudo. Pode ser um dos principais motivos da saída do Escoteiro, do Chefe que não teve respaldo, do diretor que nunca foi elogiado. Não vou dizer do antigo programa de classes que foi suprimido e substituído. Ele poderia ter continuado com suaves modificações que o tempo se encarregaria de mostrar. Pelo menos era mais aventureiro. Mostrava como viver a vida de um mateiro, um explorador. O que aconteceu foi que bruscamente mudaram. Ninguém foi consultado. Quando foi feito pela primeira vez houve uma grita no antigo Orkut em um grupo, em que a insatisfação tomou conta. Em um mês mais de mil comentários. A maioria dizendo que era melhor sair. Mas não posso afirmar que só este seria o motivo principal da grande evasão. Tem outros. No proximo artigo irei comentar sobre a apresentação pessoal. Nem sei se ela poderia também ser descrita como causa provável.


                      Fiquem a vontade para comentar, copiar, compartilhar, discordar e sugerir. Não sou o dono da verdade, a única coisa que posso afirmar é que a evasão no passado não foi tanta assim. Era comum as patrulhas permanecerem juntas por anos e anos. Mas vamos descobrir juntos a verdade. Conto com você!                        

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A Lei do Escoteiro. “Para que uma lei se ela não for levada a sério?”.


Conversa ao pé do fogo.
A Lei do Escoteiro.

“Para que uma lei se ela não for levada a sério?”.

                   Quando menino escoteiro eu ouvi falar pela primeira vez na Lei dos Escoteiros. Uma época onde a leitura se fazia na biblioteca da cidade, onde as conversas giravam nas atividades ao ar livre e não havia ainda as tecnologias de hoje. Fui conhecer TV já nos meus dezessete anos. O mundo mudou muito e tinha de mudar. Nada pode ser estático sem uma razão de ser. Se nós crescemos tudo cresce a nossa volta. O escotismo não é uma fonte inesgotável de experiências. Ele tem métodos definidos. Sei que o progresso trouxe muitas mudanças. No Movimento Escoteiro nunca em menos de quarenta anos se mudou tanto. Se valer a pena ou se está valendo só o futuro dirá. BP nunca foi contra as mudanças deste que a finalidade fosse alcançada. Aquela áurea de nobreza de caráter, onde se acreditava em sonhos, onde o sentimento batia forte e todos acreditavam ter um anjo ao seu lado já não é a mesma. De um dia para o outro aparecem novas metodologias, novas maneiras de pensar e a imprensa principalmente a televisada nos trás diariamente fatos que não escolhemos. Ela a TV nos joga em nossa sala a interpretação de um autor ou roteirista que sem perceber mudam nossa maneira de vivenciar o bem e o mal.

                           Ficamos presos a um processo tal que dificilmente escapamos dele. Em nosso país boa parte da população assiste as séries e novelas, comenta e sem perceber assimilam os heróis às personagens a trama as vestimentas e esta é motivo de discussões em diversas situações diárias na vida de cada família. Não vou analisar aqui as vantagens e desvantagens apesar de que minha maneira de pensar e agir não aceita facilmente este tipo de comportamento. Muitos jovens de hoje já não tem mais aqueles sonhos aventureiros onde uma Távola Redonda já não faz parte mais do seu habitat. As leis, as normas da sociedade e a visão ética do mundo não estão sendo assimilada como no passado que os jovens acreditavam. Poucos conhecem ainda a lenda de um homem que um dia tirou uma espada Excalibur da pedra e se tornou rei. Um rei que comandou uma das maiores sagas contadas por séculos e séculos em livros de história e vivida por milhares de Escoteiros que sonharam com isto.

                    Hoje é difícil analisar os sonhos dos jovens, como eles veem a natureza, como reconhecem a Deus sobre todas as coisas e nem sei se é assim mesmo que pensam. O palavreado moderno me assusta e suas maneiras de ver o mundo mais ainda. Se o escotismo pode trazer dividendos em sua formação quem sabe a modernidade está aos poucos os afastando da verdadeira interpretação do escotismo. Temos hoje a liberdade de expressão o que é muito válido e a formação religiosa que ficou em segundo plano. O importante é discutir os valores que alguns defendem tais como a liberdade sexual, homossexual, bissexual entre outros como se isto fosse importante na formação escoteira. Sempre pensei que isto era obrigação dos pais ao criar sua família e não de um Chefe escoteiro. Não temos o direito de dizer o que ele deve ou não acreditar. Temos ainda o ateísmo que muitos defendem e os temas são discutidos em detrimento de outros que alguns julgam mais importantes. O papel verdadeiro do Chefe no meu modo de pensar está entrando sem perceber na educação familiar e isto não nos compete de forma alguma. Não tiro o mérito de nenhuma forma de aceitação sexual e ateísta. É um direito, mas discutir isto no escotismo tão em falta de valores éticos e morais é como mudar toda uma forma de pensamento.

              Sei bem que contestações é um direito e devemos levar em consideração o que cada um acredita, mas o escotismo não tem esta finalidade. Precisamos primeiro fortalecer o que falta na formação escoteira para depois enraizados abrir as portas para aqueles outros tipos de pensamento ou comportamento.  Os que querem ser aceitos conforme suas escolhas pessoais devem respeitar aos demais que há tempos fazem o escotismo que acreditam. Vejo muitos arvorando nos seus direitos, mas será que eu não tenho os meus? Sou obrigado a aceitar estas mudanças do qual nunca fiz parte? Tenho de discutir se eles estão certos ou errados? Na visão de muitos eu sei que sou errado, mas sempre acreditei num escotismo puro nas suas ações e nas suas palavras onde Deus é a fonte de tudo. Não me vejo em um mundo Escoteiro diferente onde Deus não está presente. Se outros não pensam assim é um direito, mas forçar uma situação para que se mude ou se dê liberdade às mudanças de comportamento ou palavras ditas na promessa não compactuarei com ninguém.

                        Outro dia em uma atividade escoteira um alto dirigente pertencente à equipe de formação dizia que por muitos anos a UEB se descuidou com a formação religiosa. Parece que ele acreditava nas palavras de BP que o escotismo “colabora” na formação e educação do jovem na escola, na religiosidade e em seu lar. Colabora e não substitui. Pensava ele que está havendo uma mudança de comportamento, muitos já pensavam em uma volta ao passado com diretores nacionais e regionais religiosos. Pensei comigo porque isto aconteceu? No passado quando atuava na Equipe de cursos tínhamos como a mais importante às palestras da Lei e Promessa. Lembro que me esmerava quando era o responsável por ela. Preparava-me com carinho e queria dizer que o comprometimento com Deus tinha alta prioridade no escotismo. Nunca deixe que a lei caísse no esquecimento. Não era um tema para discutir o certo ou o errado. Durante uma hora ficávamos conversando sobre o valor moral do escotismo sob o ponto de vista religioso por mais de uma hora. Fiz uma unidade didática diferente, participativa com grupos de trabalho ao ar livre, montagens de peças e vivencia escoteira. Questão de honra para quem acreditava e acredita. Nesta época surgiu até um curso chamado “Deveres para Deus”.

                 Lembro que quando menino, ao fazer minha promessa escoteira meu Chefe me chamou e conversou comigo por muito tempo. Ouviu mais do que falou. Deixou-me pensativo com os artigos da lei. Fui para casa e os li novamente. Já os tinha decorado, mas queria mais, queria me sentir responsável para cumprir o que seria prometido. Eu iria fazer uma promessa e me ensinaram que uma promessa é uma norma que exige muito no caráter e na honra de um escoteiro. Marcou-me profundamente e olhe que pedi ao Chefe antes de fazer a promessa que me deixasse dar um testemunho do novo Escoteiro que iria surgir dentro de mim. Eu ia prometer e minha promessa seria para sempre. Uma lei é para ser cumprida não para aprender e esquecer. Durante todo o tempo que fui menino Escoteiro até na vida adulta mantive o mesmo “status-quo”. Sempre exigi de todos que ela a Lei e Promessa estivessem presentes em todos os momentos da vida escoteira. Antes eram corriqueiros os jogos da lei, os jograis, as enquetes e tantas outras formas que nos faziam lembrar a todo instante que sem uma lei, sem uma promessa não existe a palavra Escoteiro. Já nem sei se isto ainda existe nas sessões escoteiras.


                      Espero que entendam meu ponto de vista. Não sou um sábio Escoteiro e nem um religioso para trazer o sentido de Deus no coração de cada um. Não estou hoje ainda preso ao passado. Minhas palavras não são somente meras quimeras de um tempo que já se foi. Sei que o mundo mudou e hoje é outro. Os meninos de ontem não são os meninos de hoje. Mas não me bato tanto por esta modernidade tão apregoada. Deixo isto para a família, a escola e a Igreja. Não é saudosismo nem uma norma de comportamento. É uma maneira de ver o escotismo de outra forma. Sei que me dirão que irão surgir das cinzas do passado um novo escotismo, mais livre, mais forte e moderno. Tenho minhas dúvidas. Se os jovens que acreditam em si e não precisam acreditar em Deus isto nunca irá fazer parte do que acredito. Se o futuro for este, agradeço a Deus por não estar aqui para ver...