Conversa
ao pé do fogo.
Vai
acampar? Pernas prá quem te quero!
De volta aos meus conselhos. Melhor
algumas sugestões. Afinal porque levar para o outro mundo o que aprendi e amei
por toda a vida? Sem que muitos não concordem e isto é um direito, por isto
escrevo sempre aos os novos chefes. Os antigos estão escolados não precisam dos
meus conselhos. E eu então “supimpamente” pergunto: Será que o que fazem leva ao
caminho do sucesso? Precisamos reconhecer que uma de nossas fincões é de segurar
o jovem na idade que estiver o maior tempo possivel no escotismo. Isto só terá
êxito se ele gostar do que faz e do que vai fazer. Muitos ainda insistem em
dizer e falar em nome dos jovens dizendo que é o que eles gostam. É mesmo? Será
que a resposta satisfaz? Se ele come minhoca o dia inteiro, nunca vai comer
caviar. Não vai gostar. Mas se um dia ele jogar o prato de minhoca pela janela
é porque ele não gostava, não é mesmo? O que o jovem quer? Já vi dezenas de
chefes dizendo que o mundo mudou hoje ele pensa diferente e suas escolhas não são
mais aquelas dos jovens de outrora. Verdade? Chegaram-me a afirmar que ele não
entrava para os escotismo porque a apresentação não impressionava, tinha
vergonha do que vestiam, e tantas explicações mais.
Sei não. Os que não entraram
não vão entrar nunca. Sabemos disto porque nenhum país teve ainda toda sua
população infantil e juvenil praticando o escotismo. Sempre teremos aqueles que
gostam e aqueles que não gostam. Sei que um bom programa é êxito certo. Mas
qual é o bom programa? Os que hoje estão sendo feitos eu fico em dúvida se
estão nos levando a uma trilha perfeita.
Se não estamos conseguindo segurar os jovens e nem tampouco os adultos é claro
que a trilha não é perfeita. Ninguém quer arriscar a cair em um despenhadeiro.
Se ela é boa ninguém quer sair. Então antes de dizerem que tudo está dando
certo olhe para sua sessão. Analise os últimos três anos. Lembremos que uma boa
tropa não funciona adequadamente com menos de três patrulhas e com seis Escoteiros
e Escoteiras cada uma. Quantos neste período permaneceram? Passaram para outra
sessão e ainda estão firmes? Quantos saíram? Porque saíram? Alguém os procurou?
Ouviu por acaso suas ponderações e considerações sem dar desculpas? Quem sai
dificilmente volta e argumentar que tudo vai mudar nem sempre dá certo. Seja
jovem seja adulto. Se você perdeu mais de trinta por cento de seus jovens
nestes três anos, meu amigo tem algum errado nisto. Precisamos fazer com que
eles gostem do que estão fazendo. Melhor precisamos voltar no tempo e ver se
hoje eu fosse um menino ou uma menina estaria alegre com o que o escotismo que
faço?
Para que passar uma semana
esperando o dia de reunião e encontrar as mesmas coisas? Mesmo com novos jogos
aquilo se torna rotina e toda rotina é enfadonha. Sei que sair para o campo não
é fácil. Dá um trabalhão danado, mas acredite, se você está ali deve saber que
o escotismo se faz no campo. Não importa se acampado, se excursionando, se
aventurando em atividades exclusivamente Escoteiras. Sei que hoje estamos
vivendo em um mundo difícil com a marginalidade e a exploração de áreas que se
tornaram restritas. Mas tudo isto pode ser contornado. Infelizmente temos que
voltar no passado onde a patrulha era quase autônoma. Onde ela em um sábado
montava sua mochila, com tudo que precisava, colocava ali uma ração para um ou
dois dias e partia célere para o campo. Precisa do Chefe? Sim hoje precisa, mas
ele vai ter facilitado e muito seu trabalho de preparação para um acampamento. Não
é fácil assim pensam muitos. Mas para que serve a patrulha?
Vamos deixar a patrulha andar
com suas próprias pernas. Para isto temos que preparar os monitores. Eles são
quase responsáveis pela permanência dos escoteiro ou da Escoteira na patrulha.
Ninguém gosta de participar com quem não está preparado para liderar. Não dá
para aceitar ordens estapafúrdias, o mandão que grita o dono da verdade e que
só ele sabe e da ordens. Eu se fosse menino ia correr dele. E não adianta o
Chefe ficar no pé do Monitor, ou ele confia ou não confia. Faça em paralelo ou em
separado atividades só para monitores. Se você não tem experiência leia os
livros de BP, ali tem uma fonte de informações perfeitas para ajudar você. Não
tem tempo para isto? Então meu amigo, acho que você deve trocar de função, pois
está no lugar errado. Se você em um ou dois meses, ou mais tempo se necessário
conseguiu dar uma chave de braço gostoso na sua turma de monitores, então meio
caminho andado. Olhe, é gostoso demais sair com os monitores e subs por aí.
Deixá-los como digo sempre seguir ao sabor do vento. Dormir em uma noite de
luar olhando as estrelas, aproveitar para cantar, trocar ideias sobre
orientação noturna, acordar de madrugada com os pássaros cantantes e preparar
com eles um bom café e devagar bem devagar, esticar os braços para espantar a
preguiça e começar os trabalhos de um novo dia.
Quantas coisas a aprender
e a ensinar com eles? Quer saber? O melhor livro de pedagogia ou sociologia,
sem esquecer a psicologia juvenil, é viver com eles. Ali está uma fonte enorme
de aprendizado. Cada passo, cada conversa, cada ação se transforma em um só o
Chefe e o Monitor. (sempre lembro que os sub também fazem parte) Um sábio
Escoteiro já dizia que se quiser conhecer seu Escoteiro ou seu Monitor, vá
acampar! É no campo que está o seu verdadeiro eu. Na sede não. Não sede podemos
dizer que todos são um só fazendo as mesmas coisas tentando ao seu modo
encontrar se ali está o que gostaria de ser para sempre. Quando for para o
campo faça o programa curto seco e grosso. Risos. Imite a Constituição
Americana, poucas linhas, poucos artigos, mas que acobertam todo o período de
vivencia que precisa para desenvolver caráter. Só estando junto a eles vai
atingir sua meta. Esqueça programas que
começam dizendo que as tantas horas faremos isto, as tantas faremos
aquilo. Cá prá nós, isto é um “saco”. A vida não é contada por horas, não é vivida
dentro de um relógio. Se vai acampar aprenda bem o que é tempo livre, o que é
atividade tempo livre, o que é conversar, se entender sem horário marcado. Sinceramente
eu acredito que dentro de um horário pré-estabelecido não dá para aprender,
viver e fazer as coisas boas que um Escoteiro gostaria de fazer.
Vamos aprender nós se
preciso, vamos aprender a compreender as estrelas e vamos aprender a piscar a
lanterna conversando um Morse gostoso em uma noite escura de verão. Vamos andar
a vontade, esqueça a fila. Maldita fila que tira todo o espetáculo da
descoberta e do prazer de caminhar. Se a estrada é perigosa escolheu mal. Devia
ter escolhido outra. Coloque uma patrulha a frente e outra atrás, onde todos
devem saber que não podem ultrapassar nem ficar para Titia. E os programas o
que fazer? Bah! Fale com eles. – Patrulha Lobo, o que vamos fazer ou aprender nesta
atividade? Que tal uma pioneiria para atravessar o riacho? – Chefe bacana, mas
vai demorar! Mas não temos tempo? Afinal que tempo o tempo tem para ficarmos
preso a ele? Mãos a obra, lembrem-se da lei Escoteira, lembrem-se dos artigos
da lei que faz com que respeitamos para ser respeitado e vamos em frente que
atrás tem gente.
Nunca esqueça em nenhum
momento. Deixe-os fazer. Errando se preciso e refazendo novamente até fazer o
certo. Fique longe observando, não vá onde eles estão desenvolvendo um projeto.
Sua presença vai inibi-los. Mas olhe meu amigo Chefe ou minha amiga Chefe, o
importante é observar se o olhar o sorriso os comentários deles mostrarem que
valeu a pena. Nunca deixe de conversar com eles, trocar ideias, deixe-os falar,
não interrompa. Analise e depois mãos a obra. Você está ali para ouvir e
orientar e não para fazer. Na semana e na outra, aguardem sugestões de
atividades ao ar livre. Abraços fraternos!