quarta-feira, 13 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte III.


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte III.

- Levar em conta o ponto de vista do jovem. BP.

                   Um terceiro tema que poderia colocar no rol das possíveis causas da saída dos jovens e neste caso não engloba o adulto, é o tema mais conhecido desde que assumimos uma responsabilidade no movimento Escoteiro. O escotismo tem como meta a formação do jovem, e neste caso ele é o mais interessado em um programa agradável e que lhe prenda pelas suas habilidades em ser diferente de todos os que ele conhece. Eu não posso em sã consciência afirmar que isto não acontece, mas sei de muitos que levam a sério o programa e o método que nos foi deixado por Baden-Powell. - Se o nosso Movimento é uma fraternidade livremente aceita, e não tem caráter de obrigação, o adulto só atua com supervisão. Ele (o Escotismo) pretende fazer com que o jovem participe de uma sequência de atividades, adaptadas a sua idade, exercitada principalmente ao ar livre, ajudando uns aos outros, confiando-lhes responsabilidade e assim acreditando que seu caráter se afirme. Só assim é possível que ele se torne também capaz de cooperar e liderar! 

                     Já vimos que nos países avançados, existe a prática da demonstração e a da descoberta, às atividades ao ar livre e a aprendizagem em pequenos grupos de fazer para aprender. Estas são técnicas escoteiras que conhecemos de outra maneira. Quem sabe, talvez pela repetição pura e simples dessas técnicas, dos jogos e até a completa ausência do método nas atividades práticas da tropa, trouxe aos olhos do publico um desinteresse grande. Em alguns casos alguns educadores nos consideram um Movimento excessivamente infantil e nos domínios da educação somos vistos como atrasados e ineficazes. Seria isto verdade? Quando BP reuniu em 1907 na ilha de Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava estagnado. Assim o Escotismo veio dar uma visão mais abrangente às escolas e estas é que até hoje estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração, observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre foram partes do método Escoteiro. Confiar no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua auto-educação e disciplina sempre fizeram parte do Escotismo.

                   Pensava BP que para termos o sucesso esperado, era só dar liberdade ao jovem para que ele próprio fosse o responsável pela sua auto-educação e disciplina. Dar liberdade ao espirito de competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões. Este seria o Programa Escoteiro e que hoje muitos ainda não entenderam bem o que isto queria dizer. O escotismo têm o melhor sistema de educação do mundo, afinal nós temos uma base excelente e sem similar para realizar isto: - A Patrulha! - Ali os jovens podem viver trabalhar e jogar em seu próprio grupo. Não vou me iludir e afirmar que o mundo evoluiu, a juventude já não é mais a mesma do passado. No entanto temos muitos falando pelos jovens, dizendo o que eles pensam, programando e alterando o melhor que existia para ele: O sonho aventureiro, a vida no campo e tantas mais que muitos hoje deixam no ostracismo. Ouvir o ponto de vista do rapaz se tornou obsoleto apesar de que muitos afirmam que fazem isto. Pensando que nos últimos tempos muitas mudanças foram feitas. Em termos gerais poucos jovens foram consultados.

                   Ultimamente tenho visto opiniões diversas sobre o método Escoteiro e o programa Escoteiro. Vários pedagogos, psicólogos e tantos ilustres professores vêm no escotismo uma fonte enorme de estudo. São capazes de analisar teoricamente tudo que o escotismo precisa, dão sugestões e até mesmo  fazem artigos mostrando o que precisamos para alcançar o interesse do jovem. Em palavras teóricas falam maravilhas de um novo método, calcado em posições positivas para melhorar nosso escotismo, baseados numa releitura compatível com o mundo de hoje. Muitas foram às mudanças. As defesas dos que fizeram isto foram prodigas em ter outros seguidores. Sempre em nome de uma nova tendência mundial ou mesmo calcada na nova ordem universal onde os jovens são descritos de maneiras incríveis e para isto tudo deve mudar. Os resultados não foram encorajadores. Ninguém se voltou para isto. Continuam afirmando que o mundo é outro os jovens são outros e a seara de uma nova era continuou. E os resultados? Lembro que falo em nome de mais de mil grupos no pais. Cada um com sua característica. O jovem do norte não é o mesmo do sul.

                   Eu ainda insisto muito que ou confiamos no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua auto-educação e disciplina, ou então devemos nos ater a fazer um novo escotismo que não àquele que BP nos deixou. O que acredito é que um programa sem a anuência dele não tem valor. Isto inclui uma ampla pesquisa e não aqueles grupos mais aquinhoados cuja chefia tem os melhores em seus quadros. Se ele prefere a tecnologia e metodologia que e jogado a cada minuto de sua vida e que aquele escotismo aventureiro não tem mais lugar na sua formação, eu prefiro ouvir de seus lábios. Afinal mudamos tanto sem ter nenhuma experiência para ver se os resultados foram bons. Se existem grupos bem formados. Se o novo método e programa está fazendo com que muitos desistam no meio do caminho temos errado em dar continuidade. Está na hora de repensar o programa e isto seria precedido de uma experiência em pequenas tropas e ver se o resultado da permanência do jovem melhorou.

                    Sempre afirmamos que o jovem quer isto ou aquilo. Pelo menos pelo que vejo não está satisfeito com o escotismo que recebe e por isto está desistindo. Simples não? - Se a UEB fizesse uma pesquisa séria sobre isto, quem sabe poderíamos ver muito onde estamos errando. Saber qual a porcentagem de permanência por idade, saber até onde anda o crescimento individual e coletivo. A preocupação do passado nos cursos de formação com respeito ao melhor que o escotismo tem como o Sistema de Patrulhas deve voltar de maneira especial. Não sei como anda o conhecimento, ou melhor, dizendo o grau de adestramento dos nossos chefes de sessão. Não sei se eles estão recebendo o melhor que o escotismo pode dar, olhando sempre as palavras do fundador. Sinceramente fico preocupado com esta obsessão de métodos que não alcançam a maioria dos membros voluntários. A preocupação hoje está voltada para chefes com maior grau de instrução. Como não sou um doutor quem sabe eu posso estar errado. Mas afirmo não estou errado em dizer que estamos falhando e insistindo no erro.  

                    Sei que muitos poderiam me citar a participação dos Jovens Lideres, um núcleo criado pela UEB cuja finalidade seria importante para dizer que estão a ouvir o ponto de vista do rapaz. Não desqualifico, mas eles são formados por jovens de 16 a 27 anos. Eu sem menosprezar a nenhum deles, nem sei se foram consultados nas alterações que a UEB implantou. Convenhamos que e melhor deixar a politica escoteira de lado e pensar se nossos jovens Escoteiros, Escoteiras, seniores guias e até os lobinhos estão participando das ideias, dos programas das atividades que são realizadas com eles. Penso que temos três pontos a serem seriamente observados - O Sistema de Patrulhas aplicado corretamente – Os diversos órgãos na tropa funcionando a contendo: Corte de Honra, Conselho de Tropa, Conselho de Patrulha. – Sempre ouvir o ponto de vista do jovem. Não afirmo que estes são os motivos da grande evasão. É mais um tema para meditar.


 Amanhã o último capítulo da série - Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Até lá discutam, comentem compartilhem, todos precisam saber que nós os chefes também sabemos pensar e ter opiniões! – Até lá!