quinta-feira, 14 de maio de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte IV. O adeus sem volta dos chefes e diretores voluntários do escotismo.


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte IV.

O adeus sem volta dos chefes e diretores voluntários do escotismo.

                 Uma vez eu escrevi um artigo cujo título foi A Legião dos Esquecidos. Comentava da saída de voluntários do movimento Escoteiro que nunca mais foram procurados pelos nossos dirigentes. O que fizeram ou os sacrifícios que muitas vezes lutaram para preservar o bom nome do escotismo e ao mesmo tempo sua luta para a formação da juventude, não passava de obrigação por parte deles. Foram esquecidos. Nem uma carta, um e-mail nada que pudessem saber que alguém se lembrou deles. Nossos dirigentes não se importam com quem foi embora. Quem sabe não se importam nem com quem está na linha de frente. Pergunta-se porque saíram? Porque deixaram o escotismo? Se eles um dia adotaram o escotismo como filosofia de vida e seu amor ao escotismo hoje nem lembrados são. A participação do adulto no movimento Escoteiro não é fácil. O sacrifício e enorme. Luta-se pela sobrevivência, luta-se para ser reconhecido e se não fosse o sorriso da criança nada mais teria valor. Muitos ainda insistem, mas a falta de apoio não só dos órgãos Escoteiros como da comunidade é fato comum. Os grupos bem estruturados não se ressentem disto, os pais são trabalhados para participar e sabem de suas responsabilidades. Eles dão sustento à continuidade em todas as áreas do Grupo Escoteiro. Ainda bem que tem chefes bem formados na escola Escoteira. Assim fica mais fácil.

                 Existe uma gama de chefes que mesmo continuando na ativa se ressentem do tratamento recebido pelas autoridades Escoteiras, e até mesmo de membros do próprio grupo. Nem sempre recebem sorrisos e elogios. Se não fizerem um pedido burocrático para um diploma de mérito ou uma condecoração, ou outra forma de agradecimento eles nunca serão lembrados. O papel em primeiro lugar. Um telefone? Um e-mail? – Olá Chefe, obrigado por estar conosco. Isto não existe. Os que estão chegando ainda estão com aquela motivação própria dos que chegam para ajudar, para somar esforços. A partir do momento que aprendem como funciona a engrenagem da associação, começa a vontade de por o boné e sair por ai cantando a canção da despedida. Eles aprenderam que a Lei e a Promessa diz muito, mas poucos da liderança a cumpriam. Sabiam que não estavam atrás de medalhas, de elogios, mas o tratamento sempre deixa a desejar. Outros acreditam que a disciplina é esta e não questionam. Alguns se escondem nos seus puros pensamentos que ajudar a juventude vale qualquer esforço e acreditam mesmo  que fatos no dia a dia de sua jornada Escoteira demonstrem o contrário.

                  Faltam-me dados completos para afirmar os motivos que levaram chefes voluntários a abandonar o Movimento Escoteiro. O que escrevo muitas vezes me foi passado por chefes que me escrevem que me telefonam ou mesmo quando posto um artigo e lá esta entre comentários os ressentimentos de muitos. Estão errados? Os mais comedidos ou os mais esclarecidos sempre defendem o indefensável. Eles ainda acreditam que precisamos andar com nossas próprias pernas e vencer as adversidade. Concordo em parte. Mas para que temos uma liderança? Para que eles estão lá a dirigir ao seu modo o escotismo que acreditam? Valorizam por acaso os voluntários? Colaboram com eles? O que vejo é receber e nada em troca. O voluntário é cobrado de varias formas, inventam normas para ele, fazem dele um mortal qualquer que na legislação de nosso pais tudo tem de ser provado. Provar que é leal? Que tem palavra? Isto então pode ser obtido em um cartório local? O papel com firma reconhecida prova tudo da sua lealdade ao escotismo?

                    Não falo dos grupos bem estruturados. Eles tiveram a sorte de ter lideres bem formados, conhecedores, com um passado Escoteiro e sabedores como agir. Mas eles são poucos,  e muitas vezes fechados dentro de sí mesmo. Seus exemplos não são fáceis de seguir. Os grupos menores ou os mal estruturados vão tentando sobreviver e seus chefes lutam com tremenda dificuldade. Não é fácil começar um Grupo Escoteiro. A sede própria é um sonho para poucos. Um cantinho hoje pode ser o despejo de amanhã. Como o movimento peca por não ter credibilidade e ao mesmo tempo por falta de apoio, o diretor hoje pode retirar a sede Escoteira que foi cedida pelo diretor de ontem. Nem o papel assinado tem valor. Vereadores mudam seu teor. Prefeitos não ligam. O escotismo não é reconhecido pelas autoridades. O Chefe se vê perdido. Busca uma ajuda que não tem. E ele então pergunta: - Onde estão nossos lideres?

               Sabemos que não há respaldo por parte das autoridades politicas e empresariais. Como a nossa estrutura não é pequena, manter tudo isto custa dinheiro, tempo e isto poucos Grupos Escoteiros conseguem. Na maioria nem mesmo o apoio dos pais eles conseguem. Temos como norma sermos apolíticos. Isto é bom. Mas ao mesmo tempo não temos o apoio que precisaríamos para dar aos chefes voluntários condições de conduzir suas sessões ou mesmo o grupo como um todo. Não temos representatividade no seio da comunidade. Muitos dos nossos chefes voluntários se mantem com sua própria condição financeira. O curso muitas vezes distante tem taxas que nem todos podem pagar. Pais, mães e outros que se aventuraram na senda Escoteira sabem que em primeiro lugar vem sua família e depois o escotismo. Mas a verdade mesmo é que a maioria paga do próprio bolso sua manutenção no escotismo e muitas vezes dos seus jovens.

                 Muitos reclamam por falta de apoio dos distritos, regiões ou mesmo pela direção nacional. A estrutura Escoteira está alicerçada em cima de um Estatuto, que não da o poder democrático a todos. “Lembro-me de uma parábola de Cristo onde ele dizia que muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. O poder está em mãos de poucos.  Sabemos da prepotência de muitos, o sonho de ser alguém, a dominação por uma disciplina quase imposta sem nenhuma chance de dar ao Chefe voluntário, o que qualquer organização ou associação prezaria: - A Democracia. A defesa desta maneira autoritária é uma arte que muitos que estão na liderança defendem. Esquecem que somos um movimento de amadores e querem de um dia para noite nos transformemos em profissionais. Temos salário? Que disciplina é esta que não dá a todos a oportunidade de discordar, de sugerir e votar?

                       Se esta for uma razão da evasão de muitos chefes e diretores voluntários é preciso mudar. Não podemos ter uma direção que não pensa em ajudar e colaborar com seus voluntários. Se decretos e normas resolvessem o Brasil seria um paraíso. Que procurem de uma maneira valorizar o trabalho dos voluntários em suas unidades Escoteiras. Se não existem profissionais pagos para tentar resolver os problemas deles, que pelo menos escrevam, sugiram, mas lembrando sempre que cada caso é um caso e o Acre é diferente do Rio Grande do Sul. Os cursos devem se voltar mais para estes fatos e não os burocráticos cursos de hoje que acham no Chefe um representante profissional em muitas áreas que eles não dominam e nem devem dominar. Esta debandada deve se melhor estudada. Sei que não podemos confiar nas autoridades. O quase fracasso do Escotismo nas Escolas foi um exemplo que muitos já sabiam que ia acontecer. Esta frente Parlamentar até hoje foi um blefe. Precisamos mostrar nosso reconhecimento ao novato voluntário e claro o antigo também. Precisamos ouvir e dar uma resposta que o satisfaça.

                    Um Chefe meu amigo e que está lá no céu sempre me dizia: Chefe Osvaldo é o escotismo quem precisa de você e não o contrário. Mas e então? Porque tantos lutam por uma causa  tão valida, e nunca são reconhecidos por parte de nossas autoridades Escoteiras? Para tudo é preciso ser subserviente, implorar e aceitar o que não acham válido. Todo caminho para o sucesso tem um começo. Os primeiros passos não podem acontecer com um só. Ou todos partem para uma solução ou então  mais cedo ou mais tarde irão pertencer a Legião dos Esquecidos. E chega de explicações que não deram certo. A evasão é uma realidade, explicar o inexplicável não trará o retorno dos que se foram.

 Não esqueçam comentem, compartilhem, precisamos de união, novas ideias, envolver o maior número de chefes voluntários nesta discussão. Sabemos que uma andorinha só não faz verão!