Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Caros chefes, nada a declarar!
“Chefe! Eu quero viver o sonho Escoteiro”. “O adeus
sem volta de 6.000 Escoteiros”.
Há muitos anos atrás tivemos um ministro de estado na época da ditadura que
criou a pérola de “Nada a declarar”. Se nome: Ministro Armando Falcão. Tudo que
perguntavam ele dizia que nada tinha a declarar. Se não me engando foi ministro
da justiça. Nos últimos dias postei dois artigos, um em forma de história e
outro mostrando que conforme as Leis de Murphy se você é
capaz de distinguir entre o bom e o mau conselho, você não precisa de conselho
e se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira,
no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. Eu não sou um visionário. Sou um simples Escoteiro que fez
escotismo conforme acreditou no que o Líder Mundial deixou para todos. O que me
causou espanto foi de ver que dos dois artigos publicados “Chefe”! Eu quero
viver o sonho Escoteiro e “O adeus sem volta de 6.000 Escoteiros tiveram uma
enorme aceitação”. Afinal eu vivo alertando sobre este fato. Fiquei feliz com o
fato de que centenas de curtidas, comentários e compartilhamento que recebi já
não estou só.
Nas minhas duas páginas pessoal
e cinco grupos que administro os comentários foram quase unânimes em ver que
nosso escotismo está parado, não cresce, os jovens não tem mais o interesse de
outrora. A burocracia cresceu demais, tratam o voluntário como se ele fosse um
profissional Escoteiro em um programa que deixa a desejar. O palavreado usado
pelos nossos dirigentes não atingem como deveria, os cursos pecam por falta de
ação com o jovem, as exigências que estão a fazer com os voluntários são inadmissíveis.
A simplicidade dos nossos chefes que querem fazer um escotismo conforme aprenderam
ou que lhe contaram são contrárias àqueles que um dia tiveram suas vivencias
quando jovens Escoteiros. Infelizmente nos últimos anos as alterações foram
enormes na estrutura Escoteira. Muitos como eu tentaram alertar, mas
soberbamente não deram ouvidos. A própria UEB nunca vem a público para explicar
o que fizeram, porque fizeram e qual o resultado iremos alcançar. É como se
fossem Cesar: Cumpra-se! Ela não ouve ninguém. Decide sem consulta, acredita
que seu caminho é o melhor. Não faz pesquisa e não é transparente. Ela
brilhantemente conquistou os novos para obedecer cegamente sem reclamar. Não
afirmo que foi uma forma de lavagem cerebral, um arremedo do Grande Irmão. Os
que tentaram discordar foram admoestados como indisciplinados.
Havia uma euforia enorme,
diversos escotistas ligados a UEB nos quatro cantos do país a defendiam em
tudo. Orgulhosamente menosprezavam idéias de irmãos Escoteiros. Até mesmo
aqueles velhos companheiros adestradores do passado (hoje formadores) acreditaram
em tudo. Sei que alguns acharam melhor se refugiar no seu silencio. Os
relatórios diziam maravilhas, os novos lideres sempre com uma carta na manga e
sem se explicar impunham suas ideias na forma que acreditavam. Se alguém
tentava argumentar era citado como opositor e aconselhado a aceitar ou sair.
Ainda citando Murphy toda ideia revolucionária provoca três estágios: Um – É impossível,
não perca seu tempo! Dois – É possivel, mas não vale o esforço! Três – Ele nos
ensina lições incríveis - O homem ocasionalmente tropeça na verdade, mas na
maioria das vezes ele simplesmente se levanta e continua como se nada tivesse
acontecido.
O que tinha de dar errado deu. Se pelo menos nossos lideres tivessem o
gesto cortês, galante e educado de prestar contas da verdade, então teria sido
muito melhor. Mas preferiram esconder no se próprio relatório a verdade. Ali
procuram se exaltar as atividades bombásticas como se isto explicasse o sumiço
de quase 6.000 associados da UEB. Como na história bíblica estávamos vendo que
um cego conduzia outro cego. O final era previsível, ambos caíram em um buraco.
Dezenas respondiam meus escritos me explicando que o mundo hoje não é o de
ontem. A parafernália de ideias educativas, de aparelhos incríveis, de novas
tecnologias que faziam os jovens embasbacarem eram agora descritas como
salvação nacional do escotismo. Uma vez comentei sobre um simples celular no
acampamento. Fiquei maluco com tantas respostas. Mas a males que vem para bem.
Um dia a casa cai e quando cai à surpresa, não havia nada por baixo, só o
vazio, tudo ilusório, uma ficção habitava em uma verdade que não era.
Parece que tudo foi como um filme de suspense ou mistério. Um plano
perfeito para que debandassem os antigos e ficassem os novos. Eles seriam mais
fáceis de conduzir. Um patrulhamento ideológico feroz foi organizado. Sem
desmerecer excelentes chefes que se tornaram tutores, outros tantos idolatravam
a fantástica UEB patrulhando seus rebentos, para que não fugissem a cartilha
que foi montada. Aos poucos muitos compraram a ideia de uma liderança
autocrática, onde só eles podiam dar ordens, criar e determinar o que achavam
bom para o escotismo nacional. Para não haver dúvidas colocaram no final da
promessa que BP criou uma frase para amarrar a todos na obediência cega: - E
servir a União dos Escoteiros do Brasil! Que eu saiba só no Brasil isto
aconteceu. Eu mesmo fui cobrado por valorosos defensores da UEB. O que
aconteceu todos sabem, alguns fingem que nada aconteceu. Tem dezenas de explicações
explicitadas nos organismos Escoteiros e nas redes sociais. Se falava em
escotismo internacional, em nomeações, em importâncias tais que um setor criado
pelo CAN passou a decidir o que era bom e ruim para o escotismo nacional.
Interessante que os patrulheiros ideológicos diziam que o Programa Escoteiro
era o melhor. Que a nova vestimenta iria atrair milhares, que o fator tecnológico
iria dar uma nova visão ao escotismo; Iria motivar a juventude que relutava em
ficar em suas fileiras. Por trás disto veio uma Comissão de Ética. Julgava sem
dar oportunidade de defesa, o que acontecia nas decisões eram segredo absoluto.
Uns defendiam que os chefes não estavam preparados e faziam um escotismo da
pior qualidade, outros exemplificavam seus próprios grupos como arautos do bom
escotismo como exemplo. O que se via era uma evasão incrível. Uma evasão que a
UEB escondeu. Em tempo algum se preocupou em atacar seus motivos. Como uma
epidemia, muitos associados estavam desistindo. A maioria dizia que não
concordavam com o que acontecia.
Completavam dizendo que este não era o escotismo que acreditaram um dia.
Quando alguém tentava dizer sobre o escotismo de BP, de raiz, das atividades
mateiras, das atividades aventureiras lá vinham os politicamente corretos a
defender o novo programa e a dizer que só não fazia isto quem não quisesse.
Estava lá escrito. Interessante que outro dia um grande escotista, conhecedor
emérito, Velho Lobo de guerra me falou baixinho: - Chefe a maioria só quer o
Livro do Chefe Floriano de Paula. Não querem os novos da UEB. Claro quem leu o
Para ser Escoteiro ou mesmo o Guia do Escoteiro do Almirante Benjamim Sodré
nunca vai procurar outro. Enfim, a torneira da evasão continua aberta. A UEB
não diz nada. Dizer o que?
(Para o bom entendedor meia palavra basta. A
corda sempre arrebenta pelo lado mais fraco. Anda em capa de letrado muito
asno disfarçado. As paredes têm ouvidos. Briga o mar com a praia,
quem paga é o caranguejo. Cada cabeça, cada sentença. Cada leitão em
sua teta. Cada louco com sua mania. Cada macaco no seu galho).