terça-feira, 5 de maio de 2015

Caros chefes, nada a declarar!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Caros chefes, nada a declarar!

“Chefe! Eu quero viver o sonho Escoteiro”. “O adeus sem volta de 6.000 Escoteiros”.

                     Há muitos anos atrás tivemos um ministro de estado na época da ditadura que criou a pérola de “Nada a declarar”. Se nome: Ministro Armando Falcão. Tudo que perguntavam ele dizia que nada tinha a declarar. Se não me engando foi ministro da justiça. Nos últimos dias postei dois artigos, um em forma de história e outro mostrando que conforme as Leis de Murphy se você é capaz de distinguir entre o bom e o mau conselho, você não precisa de conselho e se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. Eu não sou um visionário. Sou um simples Escoteiro que fez escotismo conforme acreditou no que o Líder Mundial deixou para todos. O que me causou espanto foi de ver que dos dois artigos publicados “Chefe”! Eu quero viver o sonho Escoteiro e “O adeus sem volta de 6.000 Escoteiros tiveram uma enorme aceitação”. Afinal eu vivo alertando sobre este fato. Fiquei feliz com o fato de que centenas de curtidas, comentários e compartilhamento que recebi já não estou só.

                 Nas minhas duas páginas pessoal e cinco grupos que administro os comentários foram quase unânimes em ver que nosso escotismo está parado, não cresce, os jovens não tem mais o interesse de outrora. A burocracia cresceu demais, tratam o voluntário como se ele fosse um profissional Escoteiro em um programa que deixa a desejar. O palavreado usado pelos nossos dirigentes não atingem como deveria, os cursos pecam por falta de ação com o jovem, as exigências que estão a fazer com os voluntários são inadmissíveis. A simplicidade dos nossos chefes que querem fazer um escotismo conforme aprenderam ou que lhe contaram são contrárias àqueles que um dia tiveram suas vivencias quando jovens Escoteiros. Infelizmente nos últimos anos as alterações foram enormes na estrutura Escoteira. Muitos como eu tentaram alertar, mas soberbamente não deram ouvidos. A própria UEB nunca vem a público para explicar o que fizeram, porque fizeram e qual o resultado iremos alcançar. É como se fossem Cesar: Cumpra-se! Ela não ouve ninguém. Decide sem consulta, acredita que seu caminho é o melhor. Não faz pesquisa e não é transparente. Ela brilhantemente conquistou os novos para obedecer cegamente sem reclamar. Não afirmo que foi uma forma de lavagem cerebral, um arremedo do Grande Irmão. Os que tentaram discordar foram admoestados como indisciplinados.

                 Havia uma euforia enorme, diversos escotistas ligados a UEB nos quatro cantos do país a defendiam em tudo. Orgulhosamente menosprezavam idéias de irmãos Escoteiros. Até mesmo aqueles velhos companheiros adestradores do passado (hoje formadores) acreditaram em tudo. Sei que alguns acharam melhor se refugiar no seu silencio. Os relatórios diziam maravilhas, os novos lideres sempre com uma carta na manga e sem se explicar impunham suas ideias na forma que acreditavam. Se alguém tentava argumentar era citado como opositor e aconselhado a aceitar ou sair. Ainda citando Murphy toda ideia revolucionária provoca três estágios: Um – É impossível, não perca seu tempo! Dois – É possivel, mas não vale o esforço! Três – Ele nos ensina lições incríveis - O homem ocasionalmente tropeça na verdade, mas na maioria das vezes ele simplesmente se levanta e continua como se nada tivesse acontecido. 

            O que tinha de dar errado deu. Se pelo menos nossos lideres tivessem o gesto cortês, galante e educado de prestar contas da verdade, então teria sido muito melhor. Mas preferiram esconder no se próprio relatório a verdade. Ali procuram se exaltar as atividades bombásticas como se isto explicasse o sumiço de quase 6.000 associados da UEB. Como na história bíblica estávamos vendo que um cego conduzia outro cego. O final era previsível, ambos caíram em um buraco. Dezenas respondiam meus escritos me explicando que o mundo hoje não é o de ontem. A parafernália de ideias educativas, de aparelhos incríveis, de novas tecnologias que faziam os jovens embasbacarem eram agora descritas como salvação nacional do escotismo. Uma vez comentei sobre um simples celular no acampamento. Fiquei maluco com tantas respostas. Mas a males que vem para bem. Um dia a casa cai e quando cai à surpresa, não havia nada por baixo, só o vazio, tudo ilusório, uma ficção habitava em uma verdade que não era.

                Parece que tudo foi como um filme de suspense ou mistério. Um plano perfeito para que debandassem os antigos e ficassem os novos. Eles seriam mais fáceis de conduzir. Um patrulhamento ideológico feroz foi organizado. Sem desmerecer excelentes chefes que se tornaram tutores, outros tantos idolatravam a fantástica UEB patrulhando seus rebentos, para que não fugissem a cartilha que foi montada. Aos poucos muitos compraram a ideia de uma liderança autocrática, onde só eles podiam dar ordens, criar e determinar o que achavam bom para o escotismo nacional. Para não haver dúvidas colocaram no final da promessa que BP criou uma frase para amarrar a todos na obediência cega: - E servir a União dos Escoteiros do Brasil! Que eu saiba só no Brasil isto aconteceu. Eu mesmo fui cobrado por valorosos defensores da UEB. O que aconteceu todos sabem, alguns fingem que nada aconteceu. Tem dezenas de explicações explicitadas nos organismos Escoteiros e nas redes sociais. Se falava em escotismo internacional, em nomeações, em importâncias tais que um setor criado pelo CAN passou a decidir o que era bom e ruim para o escotismo nacional.

                Interessante que os patrulheiros ideológicos diziam que o Programa Escoteiro era o melhor. Que a nova vestimenta iria atrair milhares, que o fator tecnológico iria dar uma nova visão ao escotismo; Iria motivar a juventude que relutava em ficar em suas fileiras. Por trás disto veio uma Comissão de Ética. Julgava sem dar oportunidade de defesa, o que acontecia nas decisões eram segredo absoluto. Uns defendiam que os chefes não estavam preparados e faziam um escotismo da pior qualidade, outros exemplificavam seus próprios grupos como arautos do bom escotismo como exemplo. O que se via era uma evasão incrível. Uma evasão que a UEB escondeu. Em tempo algum se preocupou em atacar seus motivos. Como uma epidemia, muitos associados estavam desistindo. A maioria dizia que não concordavam com o que acontecia.  Completavam dizendo que este não era o escotismo que acreditaram um dia.

               Quando alguém tentava dizer sobre o escotismo de BP, de raiz, das atividades mateiras, das atividades aventureiras lá vinham os politicamente corretos a defender o novo programa e a dizer que só não fazia isto quem não quisesse. Estava lá escrito. Interessante que outro dia um grande escotista, conhecedor emérito, Velho Lobo de guerra me falou baixinho: - Chefe a maioria só quer o Livro do Chefe Floriano de Paula. Não querem os novos da UEB. Claro quem leu o Para ser Escoteiro ou mesmo o Guia do Escoteiro do Almirante Benjamim Sodré nunca vai procurar outro. Enfim, a torneira da evasão continua aberta. A UEB não diz nada. Dizer o que?


(Para o bom entendedor meia palavra basta. A corda sempre arrebenta pelo lado mais fraco. Anda em capa de letrado muito asno disfarçado. As paredes têm ouvidos. Briga o mar com a praia, quem paga é o caranguejo. Cada cabeça, cada sentença. Cada leitão em sua teta. Cada louco com sua mania. Cada macaco no seu galho).