sexta-feira, 30 de junho de 2017

A origem da palavra “Escoteiro”.


Conversa ao pé do fogo.
A origem da palavra “Escoteiro”.

O termo escoteiro de acordo com o dicionário é definido como:
- Escoteiro; adjetivo e substantivo masculino. Desimpedido, sem bagagem, sozinho; membro de associação de meninos (as) ou adolescentes organizada de acordo com o sistema de seu idealizador Baden Powell.

 - “A Adoção no Brasil do termo ”escoteiro” deve-se ao Dr. Mário Sergio Cardim, principal fundador da Associação Brasileira de Escotismo (ABE), com sede em São Paulo e do Escotismo feminino no Brasil.”. Sua utilização nesse sentido não é conhecida em nosso país, quando o Dr. Mário Sérgio Cardim descobriu que o substantivo “escoteiro” representava não apenas o “só”, bem como “pioneiro” e “lépido”, conforme lições de Herculano, Camilo, Gaspar Nicolau, Blutteau, citada pelo filólogo Candido Figueiredo.

- Depois de uma palestra na “Rotisserie Sportman”, com Olavo Bilac, Amadeu Amaral e Coelho Neto, decidiu-se o Dr. Cardim pelo termo “escoteiro”, mais parecido com “scout”, e já empregado em Portugal (escutas), pelo Hermano Neves na tradução do livro de Baden Powell “Scouting for Boys”. Submeteu a confronto os vocábulos “pioneiro”, “adueiro”, “vanguardeiro”, “bandeirante” e “escuta” que eram então propostos.

- Esse termo foi oficializado pela Associação Brasileira de Escoteiros, com sede em São Paulo, em seus estatutos impressos na casa Vaberden, em 1915, registrado na 1ª circunscrição de São Paulo, naquele ano, de acordo com a lei. Conforme o Relatório de 1914/16 da A.B.E., o Dr. Mário Sergio Cardim sustentou pelas colunas de “O Paiz” uma amistosa discussão com o Dr. Olympio de Araújo, membro da Academia Mineira de Letras, que defendia o termo “bandeirante”.

- Afirma o referido relatório, na página 4: “Provamos então que “escoteiro” significa também corajoso, esperto, destro, etc.…, e que, “bandeirante” tinha o inconveniente de poder denunciar uma preocupação regionalista.” As organizações escoteiras que funcionaram no Brasil, antes da A.B.E., segundo nos consta, usavam ainda denominações em idioma estrangeiro, como é o caso do “Centro de Boys Scouts do Brasil” no R.J.

- Também foi o Dr. Mário Sergio Cardim que utilizou pela primeira vez o termo “Sempre Alerta” para tradução de “Be Prepared”. Além do texto acima, também me socorro de um texto postado recentemente, por Fernando Robleño, que diz o seguinte: - O vocábulo “escoteiro”, diferentemente do que se prega, não foi inventado pelas associações escoteiras. As primeiras aparições do termo “escoteiro” datam antes mesmo de Baden-Powell ou, no caso do Brasil, antes de Sergio Cardim (que, como todos sabemos, escolheu essa palavra, entre outras, para definir os praticantes do escotismo). Em 1879, por exemplo, a palavra “escoteiro” apareceu na obra “Cancioneiro Alegre”, de Camilo Castelo Branco. Pode ser visto, também, em “Lendas Indígenas”, de Gaspar Duarte, em 1858.

- O vocábulo “escoteiro”, que até então era de uso comum, foi tomado de posse pelas associações escoteiras, todas elas. O termo só foi dicionarizado em 1780, e a inclusão do sinônimo “integrantes de um corpo ou unidade escoteira (sem fazer referência a uma associação) décadas mais tarde.”.
 Além disso, mais do que entender a origem do termo escoteiro, oportuno termos presente o significado do termo que lhe deu origem = SCOUT, que, traduzido do inglês literal, é o explorador, mateiro.

 BP define SCOUT como:
Um explorador ou esclarecedor militar, que, como sabem; é em geral, no exercito, um soldado escolhido por sua inteligência e coragem para ir adiante das tropas, descobrir onde se acha o inimigo e, informar ao combatente tudo o que puder averiguar a seu respeito. Mas, além desses exploradores que prestam serviços na guerra, há também os exploradores que servem na paz – homens que em tempos de paz executam tarefas que requerem a mesma dose de coragem e de engenhosidade. São os homens que vivem nas fronteiras do mundo civilizado.”

 BP define SCOUTING como sendo:
- “A ciência do explorador, difere da espionagem no que respeita somente a colher informações sobre o inimigo ou seu país no decurso normal da carreira militar.”
 “- Scout é uma palavra familiar para as crianças da Inglaterra. Em 1900, ainda antes da libertação de Mafeking, apareceu uma série de histórias intituladas ‘The Boy Scout Scarlett’ e, a ‘New Buffalo Bill Library’ editada pela The Boy Scout na mesma ocasião.”
 Feitas estas considerações iniciais, está esclarecido que antes mesmo de BP, originariamente, o termo SCOUT era adotado para denominar o explorador, o mateiro e, SCOUTING, a ciência de explorar.

- Assim, exemplificando, SCOUT está para SCOUTING, como o Nadador esta para a Natação.
 Portanto, quando na literatura pré-criação do hoje denominado Movimento Escoteiro utilizamos o termo SCOUT, estão falando de exploradores e mateiros, e, quando utilizam o termo SCOUTING, estão falando da atividade mateira e de explorar do SCOUT.
 Na literatura de BP constata-se que ele mesmo utilizava estes termos antes mesmo de criar o Movimento Escoteiro.

 - Que fique bem claro que os termos SCOUT (escoteiro) e SCOUTING (escotismo) não se originaram do Movimento Escoteiro criado por BP, mas ao contrário, BP utilizou estes termos porque pretendia que os jovens do Movimento Escoteiro fossem capacitados para se tornarem tão aptos quanto os SCOUT, através da prática do SCOUTING.
Portanto, SCOUT e SCOUTING, e, ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam.

(artigo copiado da internet).


Nota: - A União dos Escoteiros do Brasil, por diversas vezes tentou se apropriar no direito de ser a única a poder usar o termo “Escoteiro”. Tentou sem êxito pressionar ou mesmo processar a quem utilizasse a palavra Escoteiro. Pensando em todos os processos que ela perdeu resolvi publicar aqui um artigo sobre a palavra “Escoteiro”. Não quero polemizar, mas sempre acreditei que cada um tem o direito de escolher o seu caminho como Badeniano. Ninguém pode em sã consciência se julgar proprietário do Escotismo já que B.P não deu procuração a ninguém.  

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Conversa ao pé do fogo. Panelas.


Conversa ao pé do fogo.
Panelas.

¶No acampamento, o nosso tormento,
é ter que usar PANELAS.
Pois o alimento requer cozimento,
e ao fogo vão as PANELAS¶.

                 Dizem e eu assino embaixo que o escotismo é maravilhoso. Dizem também que nosso líder afirmava que escotismo se faz no campo e o acampamento é o melhor meio para ensinar honra ética e formar caráter. Perfeito. Tem aqueles que adoram um grande jogo, outros amam fazer uma bela pioneira. E tem aqueles que se sentem bem com uma lauta refeição no campo. São coisas que marcam principalmente o Fogo do Conselho. Mas meus amigos, e lavar panelas? Até hoje ainda não vi um testemunho de alguém que dizia lavar panelas era inesquecível. Dei uma olhada no filme da minha vida Escoteira. Consultei amigos daquela época, fiz uma pesquisa tipo as da UEB em Grupos Escoteiros e a conclusão? – Ninguém, mas ninguém mesmo gosta de lavar panelas.

              Fiquei sabendo que um Escoteiro novato adorava lavar suas panelinhas barrentas e sebentas. O Chefe estranhou e conversou com seu pai.  Agora ele faz terapia de grupo com um Psiquiatra. Não entendo esta exigência dos chefes nas limpezas das panelas. Se não lava em sua casa porque lavar no campo?

¶Lá o carvão e a fumaça, põe tisna no caldeirão.
Dentro se é macarrão, fica um grude que não sai não¶.

         O magnífico hino do Ajuri Nacional do Rio de Janeiro tem uma estrofe que diz – ¶ Se ele é gaúcho, você do Amazonas, debaixo das lonas são todos irmãos, qualquer cor ou classe, qualquer raça ou credo lavando as panelas são todos irmãos¶. Arre! É isto mesmo? Lavar panelas para sermos irmãos? Tô fora! Afinal pegar as sebentas e agachar em um riacho ou ficar curvados em um tanque, limpando, esfregando aquelas negras queimadas, nojentas, sebentas, para muitos é um horror. Os coitados dos novatos é que sofrem com isto. Sempre são escolhidos por unanimidade. Já vi alguns gritarem – Deixa que eu lavo! Depois da experiência dizem que nunca mais! Risos. – Mesmo com as palmas dos demais ele olha de olho torto e pensa: Se for assim não acampo mais! O pior era o cozinheiro: Isto é sua limpeza? Faz favor Escoteiro, toma vergonha na cara e lave direito! Uns cresciam e se divertiam com os novatos. Panela nele diziam. Ele agora tinha ficado livre daquela nobre função de lavador de panelas!

¶Foi-se o alimento, chegou o momento, de ter que lavar, PANELAS.
Negras, queimadas, nojentas, sebentas, nas mãos, nos dão as PANELAS¶.

              Não esqueço o dia que o Pinta Silgo da Patrulha Coruja chegou correndo na casa do Jaci Cata Prego o Monitor e disse para ele: - Monitor! Monitor! Acabou o suplicio! – Porque respondeu Jaci Cata Prego – Elas estão sendo aceitas. – Elas quem? As meninas Monitor, as meninas. Agora a função é delas, minha irmã é quem lava lá em casa! - Não é a mamãe, a titia a vovô quem lavam? Monitor, que elas comecem agora desde cedo a aprender!

          - Bem nem todas as patrulhas os patrulheiros são revoltados em lavar panelas. Eu mesmo em cursos Escoteiros sorria azedamente quando lavava só para demonstrar meu espírito Escoteiro. Putz! Que idiotice! Mas pense bem, se você é menino e entrou em uma patrulha, sempre foi orientado a pedir a sua mãe uma panela velha para a Patrulha. E sabia muito bem que seria escolhida as amassadas, as mais negras e as mais sebentas. Aconselho a tomar cuidado com a doação.

¶Chega à chefia no meio dia, para inspecionar, PANELAS.
E os escoteiros respondem fagueiros, não existem mais, PANELAS¶.

           Sei que existem exceções. Conheci um grupo que de tão podre de rico levava senhoras contratadas para lavar as panelas. Quem pode, pode quem não pode se sacode! E tem aqueles que lutaram para arrumar um dinheirinho e compraram aqueles famosos conjuntos de panelas. Uma cabia dentro da outra. Beleza. O ruim era que no segundo acampamento não se encaixavam mais. Amassavam, a sujeira formava uma casca dura, sebentas e logo viravam sucatas. Existem exceções. Já vi panelas brilhando e fazia gosto fazer a inspeção na sua intendência. Era sempre a Patrulha mais organizada e adestrada. Poucas é verdade. Quase sempre todos da mesma idade, com o mesmo conhecimento técnico Escoteiro, cada um mais experiente que o outro. Era mesmo a Patrulha ideal sonho de todo Chefe escoteiro. O segredo era que só havia mateiros sabidos. Ou todos lavavam ou ninguém lavava nada. E sem essa do Monitor mandar e ficar numa boa.

¶Lá o carvão e a fumaça, põe. . .

           Estou sabendo que no escotismo moderno isto não vai mais existir. Já tem curso de como fazer um acampamento sem fazer força. Ensinam a pedir uma “quentinha” e elas chegam rapidamente. Um bifinho, um arrozinho, um feijãozinho, um tomatinho e dois pedacinhos de batata frita e pronto. Dizem que será lei e que breve estará nas paginas do POR. Adoro estes dirigentes cheios de planos. Afinal se muitos sonham com as barracas existentes na nave Enterprise e que os Escoteiros do futuro usam porque lavar panelas?

            Veja o que existe na nave NCC-1701-D a mais moderna: - Aperta-se um botão e lá está a barraca armada. Dentro cama de casal, geladeira, TV por assinatura, Kit completo de chuveiros e banheiros. Telefone, interfone, vídeo game, Tablet e smart fone, e o melhor, é só apertar um botão e a comida sai quentinha e pronta! O que mais você vai querer? Lavar panelas? Putz Chefe, nem morto, nem morto já dizia Mikael Temer de Lulinha. Afinal agora temos uma vestimenta ultramoderna e o senhor quer nos levar aos tempos da caverna?

  ¶Lá o carvão e a fumaça, põe tisna no caldeirão.

Dentro se é macarrão, fica um grude que não sai não¶.


Nota: Sinceramente? Quando Escoteiro adorava lavar panelas. Depois fui crescendo e correndo delas. Mas soube que tem patrulhas com técnicas paneleiras e com escoteiros ou seniores expert em panelas. Estou até pensando em um moderno Escoteiro, smart fone na mão e lavando panelas. Será que dá?


domingo, 25 de junho de 2017

“Palavra de Escoteiro” e o exemplo pessoal.


Conversa ao pé do fogo.
“Palavra de Escoteiro” e o exemplo pessoal.

             Até hoje se vê em meios de publicação na imprensa falada escrita e televisada alguém simplesmente dizer afirmando que o que diz é verdade: “Palavra de Escoteiro”. É um bordão que identifica nosso movimento como exemplo para todos os humanos que negam sua responsabilidade perante a Sociedade. Alguns estudiosos definem o termo “Palavra de Escoteiro” como de um membro participante do Movimento Escoteiro, aventureiro, explorador, cidadão consciente de suas responsabilidades com a sociedade e o meio ambiente, ser humano responsável por seu próprio desenvolvimento físico, social, intelectual, afetivo, espiritual e, principalmente, de caráter. Caio Vianna Martins foi um grande escoteiro, seus atos honram sua memória.

              Aproveitei este tema para também comentar sobre outros importantes do nosso exemplo pessoal que podem definir nosso objetivo na formação da juventude escoteira:

Caráter:
- É o conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determinam a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento, este, sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociais.

Honra:
- É um princípio de comportamento do ser humano que age baseado em valores bondosos, como a honestidade, dignidade, valentia e outras características que são consideradas socialmente virtuosas.

Ética:
- É um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.

Moral:
- É o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

             Acredito ser a hora certa para mostrar a sociedade que somos capazes de dar aos jovens tudo isto que citamos e muito mais. O país passa por uma grave crise ética e moral. Precisamos estar imbuídos no nosso papel de educador, de forma a dar os exemplos que os jovens precisam para seguir os passos dos seus chefes e com isto darmos a eles muito mais que esperam de nós. Pensemos que além dos pais nosso papel de Chefe escoteiro é um dos mais complicados que vamos aprender ao longo da vida, posto que ter um filho ou um jovem sob sua supervisão implica, entre outras coisas, uma felicidade extrema e um esforço constante para sua educação e seu crescimento como pessoa.

            É importante pensar que como pais ou como um Chefe nossa figura será provavelmente o maior exemplo, o maior ponto de referência, que nossos jovens irão ter na vida. Dizem os filósofos que a maioria das crianças e jovens ouve o que dizem a elas, algumas inclusive fazem o que é dito, mas todas elas fazem exatamente o que seus pais e chefes fazem. Os anos da infância e adolescência trazem muitos desafios para a vida dos jovens. Isso se dá desse modo porque são etapas da vida que eles começam inserir-se em uma família, a conhecer os costumes e culturas especificas e a forjar o que podem ser seus futuros valores e princípios.

           Antes de mostrar aos nossos jovens os valores que esperamos deles, seja do caráter da honra da ética ou da moral, devemos lembrar que eles prestam atenção em tudo que dissermos a elas. Se nosso conselho ou nosso exemplo sobre qualquer aspecto fizermos o contrário, provavelmente eles nos copiarão. Nem sempre tudo será aceito e podemos até mesmo como pais ou chefes receber recriminações, pois se não agirmos conforme a lição que apregoamos eles sentiram que nossas ações e atos mostram que somos frágeis e também temos defeitos.


                Pense antes de agir ou de aconselhar se você é realmente a pessoa capaz que dá o exemplo e espera que tudo que disser seja de fato seguido pelo jovem para sua futura formação nos princípios escoteiros. Se acreditarmos que podemos colaborar que sejamos dignos de nossa palavra e de nosso exemplo. Finalmente acredite dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os seus jovens. É a única!

nota: Sigamos o exemplo do poeta que disse: - Seja o exemplo de tuas palavras e haverá um momento em que não precisarás dizer nada sobre coisa alguma. Tuas atitudes falarão por ti! Afinal nunca esqueçamos que o escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida!

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Luz, câmara, ação! Com vocês: Mowgly o menino Lobo.


Luz, câmara, ação! Com vocês:
Mowgly o menino Lobo.

A Lei da Selva:
“Na alcateia de Mowgly, a lei ensinada por Baloo é repetida por todos os lobinhos: “Esta é a Lei da Selva, tão antiga e imutável quanto o céu; quando um lobo a viola, ele morre, mas prospera o lobo que é fiel”. Como a hera que envolve o tronco, a lei sobe, desce e volteia – pois a força da alcateia é o lobo, e a força do lobo é a alcateia”.

                 Não tinha visto no cinema. Só ontem gravei e o assisti por inteiro. Tinha curiosidade em ver como o Cinema de Hollywood poderia ter modificado a história de Rudyard Kipling. Mesmo não sendo o que esperava gostei. Uma Bagheera meio draconiana, exigente, séria demais para meu gosto e um Baloo suburbano menos professor e sábio fazendo o papel de um hippie simpático que encanta a todos. Que ele seja um pouco egoísta pensando só em si e na sua alimentação não importa.

 

                 Pouco dos irmãos Gris e muito dos Bandarlogs. Uma história diferente, um Mowgly simpático de olhos tristes e cheio de coragem. Um Akelá que quase nada diz a não ser na Rocha do Conselho. Um Shery Kaan que parece ser o Chefe de tudo e todos que mata o Akelá sem nenhuma chance de defesa. Sabemos que foi o Baloo quem ensinou a Mowgly a Lei da Selva, mas ela já era conhecida e repetida na alcateia em todas as vezes que estavam na Rocha do Conselho. Vez ou outra Hollywood se perde no filme.


                O escritor Rudyard Kipling autor do Livro da Selva é um representante perfeito daquilo que os acadêmicos de hoje desprezam. Já foi tachado de imperialista, racista, reacionário e de todo tipo de adjetivo que a histeria politicamente correta procura impingir àqueles nomes difíceis de enquadrar nos cânones da leitura simplista da história.

               O livro da selva é a história mais conhecida de Kipling. O motivo são os contos que narram à história do menino-lobo Mowgly, abandonado e criado numa alcateia no meio da selva – ou Mogli, na grafia adotada em português no novo filme da Disney, que tem no cinema quando passou quebrou recordes de bilheteria.

                Mowgly cresce e, aos 17 anos, incapaz de resolver seu conflito interior, vai buscar abrigo entre os homens. Os livros da selva terminam aí. Mas o primeiro conto que Kipling escreveu sobre Mowgly, “No Rukh”, ficou de fora. Mostra Mowgly anos depois de sair da selva, quando ele usa seus talentos para se tornar funcionário de um parque florestal. Sem deixar de ser selvagem, Mowgly começa a entender como as leis dos homens protegem mais que a da selva. Para desespero de tribos e alcateias, casa-se com a mulher por quem se apaixonara – uma muçulmana.

                O fascínio exercido por Mowgly em adultos e crianças até hoje desmente os críticos de Kipling. Sua visão da relação entre o homem e a natureza e entre os diversos povos nada tem de simplista. É limitador considerar Os livros da selva – são dois; Mowgly aparece em oito dos 15 contos – apenas uma alegoria da dominação imperial ou da hierarquia social do final do século XIX. A narrativa de Kipling faz uma reflexão profunda, apenas pincelada no filme, sobre o que distingue homens de animais.

               Se há simpatia do autor por um dos lados, ela certamente está com os bichos, transformados em exemplos de valentia, astúcia, sabedoria, ternura e amor. O herói que mata o cruel tigre Shere Khan é um menino, dividido o tempo todo entre seu lado homem e seu lado animal; entre sua mãe loba na selva e aquela que se diz sua mãe na aldeia; entre seus amigos bichos – um urso, uma pantera-negra, um píton e seus irmãos lobos – e sua humana solidão existencial. “Essas duas coisas brigam dentro de mim assim como as cobras brigam na primavera”, diz ele a certa altura. “Eu sou dois Mowglis, mas a pele de Shere Khan está sob meus pés.”.

               Faltaram pontos importantes neste filme. É a lei anterior às religiões, à escrita, às constituições e aos tribunais. É a lei de todo grupo que precisa permanecer unido para sobreviver, daqueles que se protegem porque nada mais há para protegê-los, do “nós” contra “eles”, das máfias e partidos. Necessária, mas insuficiente para Mowgly. Quando, no penúltimo conto, sobrevém o ataque dos selvagens cães vermelhos, ele usa sua astúcia para conduzi-los às abelhas ferozes; depois sucede o enfrentamento sangrento da alcateia com a matilha, que termina com dúzias de mortos – uma cena ausente do filme.

                Pelo sim pelo não adorei o filme. Quem sabe um dia Hollywood irá fazer um filme fiel a História da Jângal. Seria formidável ver Mowgly crescendo, aprendendo com Baloo e Bagheera e tendo uma Kaa amiga como se fosse uma avó para conduzi-lo e não como no filme que queria fazer dele seu almoço. Só de pensar em um filme com a parte mais linda escrita por Kipling, a Embriagues da Primavera seria o sonho de todos que fomos lobinhos e lobinhas, e até mesmo daqueles que têm ou tiveram a honra de ser um dos participantes da história que encantam a todos que leram o livro.

                 A escolha do Livro da Selva como mística e filosofia para o programa das Alcateias nunca pode ser esquecida. É uma história para crianças, mas que encanta a todos nós seja em qualquer idade. Um dia quem sabe surgirá um novo filme, mostrando a sequência do Livro da Selva, onde Kipling escreveu sobre Mowgly “No Rukh! Valeu o filme. Quem sabe daqui alguns dias o verei de novo.


Melhor possível a todos que labutam e participam do lobismo com amor.

- nota: -  “Esta é a Lei da Selva, tão antiga e imutável quanto o céu; quando um lobo a viola, ele morre, mas prospera o lobo que é fiel. Como a hera que envolve o tronco, a lei sobe, desce e volteia – pois a força da alcateia é o lobo, e a força do lobo é a alcateia”. Um pequeno artigo baseado no que escreveu Helio Gurovitz na revista Época, sobre o Filme de Mowgly o menino Lobo. O outro lado da história.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Conversa ao pé do fogo. Cavalos a trotar.


Conversa ao pé do fogo.
Cavalos a trotar.

“Quando se quer do frio esquentar,
Põem-se os cavalos todos a trotar!
Cavalos, trotando uma pata...
Ummmmmm!

                   Ops! Minha nossa! Esqueci que sou Velho com um pulmão treteiro. Pensei que era menino Escoteiro nos acampamentos e me escondia do frio em um fogo espelho e deixava a geada cair. Não era mais. Eu era forte, sabia me esconder do frio e um fogo Espelho nas noites geladas tinha seu lugar. Eu nunca tive um Sleeping Bag (Saco de dormir) por dois motivos: a) Não existia na época em minha cidade; b) se tivesse não tinha “tutu” para comprar. Eu ainda acho que é um trambolho para levar e carregar. Mamãe costurou dois sacos de linhagem e eu tinha meu colchão. Era encher de grama ou folhas secas e dormia a sono solto.

                   Havia muitos truques para se esquentar nas noites geladas em uma barraca. Jornais, preparar o lugar de dormir com brasas quentes e depois retirar. As mães dos escoteiros mais cuidadosas enchiam seus filhos com cobertor e mantas. Ele chegava à sede e só se via sua tralha e mais nada! Eu aprendi muito e sabia como me virar em noites de frio e, por favor, nada melhor que um Fogo Espelho. Era só fazer uma parede de pequenos trocos meia cônica em frente à barraca (mais ou menos um metro e meio) fazer um fogo em uma pequena vala, deixar a porta aberta aposentar a manta e o cobertor e dormir sossegado.

                    Sei que cada escoteiro tem seu truque para o frio. Eu nunca gostei de encher minha mochila se tinha como fazer fogo. Afinal andava quilômetros e peso nas costas não era minha escolha pessoal. Costumo dizer que acampamento não é camping. Se vamos nos encher de bugigangas nunca vamos aprender a ser mateiros e bons acampadores. Temos que aprender a improvisar e para isto vamos deixar a mente pensar e fazer o que bolamos. Lá pelos idos de 1954 acampei com Escoteiros de Vitoria da Conquista e todos eles com redes. Juntei tostões e comprei uma. Foi um desastre. Um frio de fazer gelo! A rede não era boa para isto. Fiz fogo de um lado ainda frio, do outro frio, fiz do na frente e o frio continuava por baixo. “Tenha dó”! Desisti. Lá no nordeste a rede tem seu lugar. Sempre está quente.                        

                      Agora já idoso e velhote, todo ano que o frio chega eu me aconchego nos meus “trecos” para me proteger. É um desastre e mesmo com uma manta e dois cobertores ainda fico tremendo gelado. Ontem resolvi fazer o velho truque dos “Cavalos a Trotar”. É uma canção supimpa para suar! Mas me fiz de novo um desafio. Limpei o centro da sala. Célia me disse que eu não ia aguentar. Velho teimoso tirei o agasalho e comecei a trotar. Já sonhava ao terminar o trote estar suando em bicas. Afinal o frio estava de rachar. Cantei uma, duas tremendo e na terceira perdi a voz. Na quarta cai ao chão feito tomate maduro. Platibum! Esborrachei-me. Célia me ajudou a ficar em pé. Não deu. Arrastou-me até o sofá. Perdi a fala, perdi a voz. “Mama mia” e o frio?


                    Marido, seu tempo já passou! Melhor comprar um aquecedor, ela disse. - E como pagar a conta Célia? Conheci há tempos àquelas lareiras de ferro fundido ótimas para esquentar o ambiente. Havia também as Salamandras uma beleza para fugir de frio nas noites de inverno. Do tombo que levei fiquei quase uma hora para voltar a respirar novamente. “Rataplã do Arrebol”! Eu não sou mais aquele. Pelas Barbas do Profeta, que Chefe sou eu? Risos. Apenas um velhote que não aguenta dar um “puleco” sem cair. Pois é, saudades do meu Fogo Espelho nas noites de inverno e dos desafios que fazia para a escoteirada no Cavalos a Trotar. Belos acampamentos. E durma-se com um frio desses.

nota -  Cavalos a trotar é uma canção muito conhecida por todos os membros do escotismo. Para quem consegue chegar até o fim não tem como não esquentar. Quando ao fogo Espelho pouco conhecido tem grande valia para noites de frio seja em barraca ou pequenos abrigos. Meu fraterno abraço
Chefe Osvaldo

domingo, 18 de junho de 2017

O lenço da Insígnia de Madeira.


Conversa ao pé do fogo.
O lenço da Insígnia de Madeira.

                   Houve uma época e acredito que hoje também, havia um enorme orgulho em receber o lenço da Insígnia de Madeira. Todos sabiam que ele dava status a quem o portava, era visto com outros olhos e para alguns poucos havia um caminho aberto para outros cargos mais elevados. Muitos permaneciam em suas sessões e para mostrar o amor que tinham por elas colocavam seus lenços de origem permanecendo somente com o colar. Todos sabiam que o aprendizado para chegar a esta fase na vida de um Chefe escoteiro era uma das mais importantes que podia almejar no Movimento Escoteiro.

                    Lembro que um dia um Chefe das antigas me disse: - Chefe, este lenço e este colar pesam. Ele vai distinguir você de outros que estão no seu nível de conhecimento, mas ainda não puderam receber. Não pense que isto vai mudar sua maneira de ser, que vai ficar mais importante. O que a Insígnia de Madeira está lhe concedendo é o inicio na sua luta para formar melhor os jovens de sua sessão. Você por ser insígnia não é instrutor diferenciado. E nem tão pouco tem o direito de ambicionar ir mais longe. A Insígnia só tem a importância para que os jovens acreditem que tem um Chefe capaz, um instrutor diferenciado e um irmão mais velho experiente. Quando olharem para você saberão que sendo um Membro do 1º Grupo de Gilwell será sempre um exemplo na sua apresentação e no seu garbo. Seja humilde, não seja arrogante. Você não é melhor que os demais chefes. Evite ser o antidoto do “chefão” que muitos detestam.

                  Vez ou outra vejo chefes recebendo esta distinção. Sei do esforço pessoal de cada um e mesmo tentando compreender que vivemos em outra época, fico triste quando vejo um Chefe IM não dando seu exemplo pessoal e com o uniforme mal postado. Antes o IM era sinônimo de garbo e exemplo. Hoje nem sei mais se a sociedade que nos cerca nos vê como um movimento sério e eficaz na formação dos jovens. As palavras de Baden-Powell me soam firmes em meu pensamento: - – “Mostrem-me um desses tipos e lhes afianço que provarei que ele é um daqueles que não conseguiu pegar o verdadeiro Espírito Escoteiro e não se orgulha de ser membro da nossa Grande “Fraternidade”.

                    Por ser um membro do 1º Grupo do Gilwell sua responsabilidade na apresentação e garbo é maior ainda. Um IM demonstra a todos que o veem que podem confiar nele como um educador exemplar. Para uma Insígnia não existe modismo, escolhas individuais e sim uma apresentação digna de alguém que pertence ao 1º Grupo de Gilwell. Não podemos deixar de lado esta tradição, afinal não é um lenço que se adquire com a lei do menor esforço.

                    Frequentemente publico um artigo que li sobre uma história interessante sobre um novo IM e como ele se achou importante por isto. Quando soube que ia receber a IM o Chefe ficou tão eufórico que quase não se conteve. Serei um grande homem agora disse a um outro Escotista. - Preciso de um novo uniforme imediatamente. Que faça jus a minha nova posição na sociedade, no Grupo Escoteiro e em minha vida.

- Conheço um alfaiate perfeito para você – replicou o amigo, um IM há muito tempo. – Ele o alfaiate é um "Velho" sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço. - E o novo futuro IM foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o sábio alfaiate disse: - Há quanto tempo o senhor é IM?

- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu uniforme? – perguntou o cliente surpreso. – Não posso fazê-lo sem obter esta informação senhor. É que um IM recém fica tão deslumbrado que mantem a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito! Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.

- Anos mais tarde, continuou – Quando está ocupado com o seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir. Aí então eu costuro o uniforme de modo que a parte da frente e a de trás tenha o mesmo comprimento. - E mais tarde, depois que está curvado pelos anos de trabalho cansativo e pela humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o uniforme de modo que as contas fiquem mais longas que a frente.

- Portanto, tenho de saber a quanto tempo o senhor foi nomeado para que a roupa lhe assente apropriadamente.


                  Assim meu amigo Chefe Insígnia de Madeira lembre-se que você é um exemplo para todos nós. Tens a obrigação de ser aquele que podemos copiar e ver que estamos diante de um exemplo padrão de um Chefe Escoteiro. Tem de mostrar a humildade de um portador da Insígnia de Madeira cumpridor da Lei e da Promessa. O lenço pesa e a responsabilidade mais ainda. Mantenha seu padrão de apresentação, seu garbo, um olhar meigo, carinhoso, mostre ser um amigo fraternal e isto fará de você um “Insígnia de Madeira” que todos seus amigos sentirão orgulho. Nunca se esqueça disto!

nota: - “A farda escoteira, constitui num laço de fraternidade entre os rapazes do mundo inteiro”. O uso correto é a elegância na aparência de cada Escoteiro, individualmente, torna-o um motivo de crédito para o nosso Movimento. Mostra que está orgulhoso de si mesmo e da sua tropa. Pôr outro lado um escoteiro desleixado, mas vestido, pode causar aos olhos do público, uma péssima impressão sobre todo o movimento. Mostrem-me um desses tipos e lhes afianço que provarei que ele é um daqueles que não conseguiu pegar o verdadeiro Espírito Escoteiro e não se orgulha de ser membro da nossa Grande “Fraternidade”. Baden-Powell.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cursos para chefes escoteiros.


Conversa ao pé do fogo.
Cursos para chefes escoteiros.

                  Os primeiros cursos experimentais para a formação de Chefes e Dirigentes Escoteiros iniciaram-se em 1910, mas se tratavam apenas de “experiências”. Assim, a grande maioria dos adultos que praticavam o Escotismo colaborando com as recém-formadas Patrulhas e Tropas de meninos não possuía treinamento algum, o que dificultava o aproveitamento integral do Programa Escoteiro.  Baden Powell conhecia este problema e pensava em aplicar um programa de treinamento de chefes semelhante àquele que obtivera sucesso com os garotos, na Ilha de Brownsea e para isso necessitava de um local fixo onde pudesse haver atividades práticas ao ar livre.  Esse lugar é Gilwell Park adquirido pelo amigo W. de Bois MacLaren em 1919 e chamado assim em homenagem a Lord Baden Powell of Gilwell. 
 
              O primeiro curso de Chefes em Gilwell aconteceu no mesmo ano de 1919, entre 8 e 19 de setembro. Ao final do curso Baden Powell queria dar uma lembrança aos Escotistas ali presentes, algo que tivesse um significado maior do que um mero certificado e representasse o compromisso com os ideais Escoteiros.  Trajava naquele momento um grande colar de contas de madeira que ganhara no seu tempo de Exército de Dinizulu, rei de uma tribo africana. Deu então para cada chefe uma das contas do colar, iniciando assim uma Tradição Escoteira que vive até hoje. Com o passar do tempo os cursos foram sendo aprimorados e modificados. Os resultados esperados não estão sendo alcançados, haja visto que muitos chefes ainda não estão preparados para liderar ou conduzir uma tropa escoteira.

                   Se no passado o primeiro curso (CAB – Curso de Adestramento Básico) para chefes escoteiros sem considerar o preliminar era realizado em cinco dias corridos hoje quando muito se leva três dias para um IM muitas vezes em fins de semanas alternados. Se no passado (não digo que era o melhor meio de treinar e adestrar chefes escoteiros) havia uma preocupação constante na formação do Chefe pensando no conhecimento da metodologia Badeniana, hoje nota-se que os cursos foram bem modificados na sua apresentação, no seu curriculum e no método desenvolvido.

                  Um curso de cinco dias era feito em regime de acampamento. Os chefes viviam e sentiam o que os jovens iriam sentir em uma patrulha. Seja no campo ou na sede. O Sistema de Patrulhas, o Aprender Fazendo, A fraternidade, A liderança e a vivencia escoteira era uma constante em todos os momentos. As patrulhas eram formadas, escolhia-se o grito, o lema e seu símbolo maior, na figura do nome com seu respectivo emblema, seja um pássaro, um animal ou outro que representa a natureza. Montava-se o campo, construíam-se pioneirías, todos dormiam em suas barracas no campo de patrulha, cozinhavam-se revezando sem esquecer as unidades didáticas importantes para o conhecimento e discussão dos Chefes Escoteiros.

                   O tempo era corrido sim, mas tudo feito dentro do sistema de patrulhas, no campo tendo a natureza ao redor. O Monitor era escolhido por voto direto e para que todos pudessem sentir a responsabilidade o revezamento não só na monitoria como os demais cargos de patrulha eram feitos em períodos pré-determinados. Era um curso provido de códigos simples, tais como a camaradagem em primeiro lugar, a boa ação mesmo ali em plena natureza, repensar a Lei e a Promessa Escoteira, no período noturno respeitar aquele que estava ao seu lado e claro, a disciplina mostrando que a patrulha e o Monitor eram uma equipe pronta para agir.

                   As conversas entre patrulha nas horas de tempo livre, onde se fazia as refeições e os jogos eram considerados por todos como um fato importante no crescimento do jovem. Dificilmente ficávamos mais que dez minutos em palestras há não ser em casos especiais. As dinâmicas de grupo eram constantes e a troca de conhecimentos eram fatos normais. A Equipe se entrosava com os alunos chefes e o respeito era considerado como condição importante para estar ali dirigindo. O curriculum era perfeito para que o Chefe pudesse adquirir os conhecimentos necessários na sua labuta em uma tropa escoteira. Lei e Promessa, Corte de Honra, Sistema de Patrulhas, Fazer fazendo, Programando o programa, O adolescente, Técnicas Escoteiras, Orientação, Percurso de Gilwell e muitos outros eram realizados.

                  O uso e a manutenção do material de sapa, pioneiras, latrinas, fazer fazendo talas, sinais de pistas criados pela patrulha, técnicas de aproximação de animais e pássaros, Leitura de literatura escoteira, conhecimento do POR e por fim uma exigência que nunca passou em branco. A apresentação. O uniforme devia estar sempre impecável quando exigido. Aprendia-se a lavar e passar na moda escoteira. O sapato engraxado. A fivela do cinto brilhando e o chapéu com as abas perfeitas. Hoje isto foi alterado. Os cursos foram investidos em técnicas modernas que muitos dirigentes escoteiros aprenderam em suas empresas ou em seus currículos universitários.

                  Nota-se a preocupação dos lideres formadores de curso em dar uma formação mais neoliberal ou mais voltada para as normas gerais que regem os Estatutos da Criança e do Adolescente. O que antes era considerado como perfeito para a autoformarão do jovem, já que ele mesmo era responsável pelo seu desenvolvimento hoje pouco se vê nas tropas escoteiras. A preocupação com o jovem o leva a outros extremos como se a natureza, as descobertas, as grandes aventuras foram esquecidas. Falam-se em outra juventude. Uma juventude que busca outro tipo de entretenimento. Ouvir o ponto de vista do rapaz deixou de ser uma maneira simples de atingir o método escoteiro. Agora se discute o que é bom para ele sem perguntar se ele quer realmente aquilo que está sendo dado.


                  Se este é o que precisamos para desenvolver o método escoteiro, se isto leva a manter o jovem por mais tempo no escotismo, se isto irá trazer os resultados que esperamos de homens e mulheres dignos para a nação fico em dúvida. Estamos fazendo um escotismo para jovens de maior poder aquisitivo e esquecendo o que Baden-Powell disse quando criou as bases para o movimento. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

 Comparar o passado com o presente é esquecer que devemos evoluir sempre em busca de novos caminhos e conhecimentos. Entretanto o escotismo que B.P criou em 1907 é considerado como ultrapassado e ineficaz por muitos dos Lideres Escoteiros de hoje. Como a grande maioria não teve a vivencia escoteira quando jovem se apegam em uma metodologia moderna tentando provar que agora o escotismo tem um novo caminho uma nova concepção. Verdade?

terça-feira, 13 de junho de 2017

Sugestões para atividades escoteiras.


Conversa ao pé do fogo.
Sugestões para atividades escoteiras.

                 - Um jovem que procura uma tropa escoteira quer começar imediatamente. Ele ouviu falar de aventuras ao ar livre e sonha em estar junto no primeiro acampamento. Ele sabe que o acampamento está cheio de aventuras. Não adianta levar os jovens para o campo e não dar liberdade para que eles façam sua própria aventura. Uma pesquisa feita pela BSA mostra que você tem uma chance em 300% maior se manter o escoteiro em um programa que ele abraça com alegria. O Acampamento ou as atividades ao ar livre no primeiro ano feito como ele pensou é um caminho para que ele permaneça no escotismo por muitos anos.

          Baden-Powell já dizia que uma semana de vida no campo vale seis meses de ensino teórico na sala de reuniões ou no pátio da sede.

           Aprender fazendo é uma característica do programa escoteiro. Reuniões de tropa na sede oferecem informações e conhecimentos utilizados em aventuras ao ar livre. Um Chefe Escoteiro pode descrever e demonstrar uma habilidade do Escotismo em uma reunião, mas a forma como os Escoteiros realmente aprendem habilidades ao ar livre é fazê-lo sozinho. O campo oferece uma semana de vida no programa escoteiro a cada dia acampamento. Repetindo B.P “o ar livre é o objetivo real do escotismo e a chave para o seu sucesso”.

Repetindo novamente Baden-Powell: - Onde um adulto vê uma poça suja, um tronco apodrecido ou uma caixa de papelão velha, uma criança vê uma aventura. Assim um Chefe Escoteiro pode e deve vê-lo também. Os chefes escoteiros devem cultivar a criatividade, brincadeiras e sensação da maravilha no mundo que nos rodeia e com os escoteiros a melhor maneira de fazer isto é no campo!

                 Afinal repetindo as palavras de um Velho Chefe Escoteiro: - Estamos perdendo muitos jovens no escotismo pela falta de oportunidade em deixá-los crescer fazendo realmente um programa onde eles são os próprios responsáveis para desenvolvê-lo. A sede é uma preparação para o campo, e para isto os monitores são partes importantes para adestrar seus jovens e não o Chefe escoteiro. Ele sim adestra seus monitores.

- E finalizando: - “Lembre-se que uma semana de vida no campo vale seis meses de ensino teórico na sala de reuniões” e não esqueça: - ”O ar livre é o objetivo real do escotismo e a chave do seu sucesso”!


E ponto final!