Pensamentos
de um Velho Chefe Escoteiro.
No meu
tempo...
Alegremente leio novos chefes
escrevendo em tons cinza (não confundir com o filme) sobre alguns chefes
principalmente os mais velhos escrevendo que no seu tempo era diferente e até
mesmo acrescentam: Era melhor! Ah! Saudosismo! Mas isto é bom demais eu afirmo,
também sou um velho escoteiro que sempre possível costumo dizer “No meu tempo”!
– Quem não gosta de voltar ao passado? Lembrar-se do que fez? Quem não gosta de
comparar se viveu sonhos e realidades escoteiras lá no seu passado? Eu até vou
mais longe, se hoje tivéssemos um movimento escoteiro onde os programas, a
formação do jovem, a ideologia bipidiana fosse real, qual o direito teríamos nós
os passantes do tempo em dizer que o que fizemos é melhor?
Dizer que estamos vivendo uma
nova era, grandes transformações da humanidade nem se discute. Isto é real. Mas
estas transformações modificam toda a metodologia deixada por Baden-Powell? Se
isto for verdade será que podemos chamar de “escotismo” o que alguns tentam
modificar? Correto, concordo que nada é estático no tempo. Correr para acertar
tem uma só finalidade. A formação do jovem. Ele é o sentido real da existência do
escotismo. Se no meu tempo, na minha época era diferente então temos que provar
que hoje já não é mais assim. Temos que mostrar que existem novos métodos novas
formações dos adultos visando um novo escotismo onde os “Jubilandos” que passaram
pela trilha escoteira tiveram o respaldo da nova sociedade de homens
responsáveis para assumir seu papel neste novo mundo que começa.
Pensando bem sei que é discutível
achar uma nova fórmula para o escotismo moderno. Isto sem desfazer aqueles que
ainda não morreram, que estão vivendo em 2017 e acreditam no seu passado sem desacreditar
no presente. Sei que sempre procuramos um culpado no escotismo. O nome é um só.
O Chefe! Sejas ele de qual sessão for. Mas seria ele realmente o culpado? Ele
ainda não se reciclou? Ainda não tem conhecimentos teóricos e práticos do
escotismo procurando conhecer e ler o que muitos escreveram para um sucesso
merecido? Mas onde está à verdade de tudo isto? Onde anda o sucesso que todos
se propõe a atingir sua meta escolhida dentro da associação?
Criticar dizendo que ainda
não aprendemos a caminhar com as próprias pernas, ainda não aprendemos a ouvir,
e até mesmo esquecer-se do sonho de cada um e chamá-lo de arrogante perante aos
seus pares não é o melhor caminho. Temos uma finalidade única. Dar uma formação
de ética, de caráter, de honra e até mesmo de mostrar que é um escoteiro
confiável, onde a palavra dentro do espírito da lei tem seu lugar pois este é o
objetivo final.
Nada é errado até se provar
que o exemplo e os resultados são os esperados. Enquanto a evasão que pouco é
discutida mas faz com que não tenhamos tempo para colaborar na formação do
jovem, enquanto não aprendermos a dar as mãos um ajudando o outro no espirito
de “Um por todos e todos por um” enquanto ainda continuarmos
arrogantes metidos e soberbos achando que um novo escotismo onde a definição e
o programa é feito sem ouvir a todos que participam, dificilmente iremos
encontrar o caminho do sucesso.
Agora que estou Velho
Escoteiro e Gagá, tem hora que não vejo onde estou pisando. Será que sou cego
surdo e mudo e só tenho palavras para lembrar no meu tempo? Sei não. Acho que
se esquecermos dos objetivos propostos por Baden-Powell na sua metodologia, no
seu programa e sem tirar sua essência mudando tudo em nome de um novo mundo,
não é e nunca será o escotismo que acreditamos. Acredito que possamos entrar em
uma nova era. Mas uma era de respeito, de fraternidade, de direitos de todos em
participar e poder opinar. Antes de pensar que devemos mudar nosso estilo Badeniano,
precisamos primeiramente ver uma luz no fim do túnel, onde o jovem teve uma
formação moral cujo respeito é orgulho de todos na sociedade em que vive.
Sem dizer que meu tempo era
melhor pois o melhor tempo é daquele que vivenciou e vivencia o escotismo em
toda sua plenitude ontem e hoje e até mesmo no amanhã, e saber que ele amou tudo
que fez, pode sim dizer que o seu tempo era melhor. Lembro-me do que B.P
escreveu em seu livro O Guia do Chefe Escoteiro: - “Escotismo é um alegre jogo ao
ar livre onde adultos de espirito jovial e jovens aventuram-se juntos como
irmãos, velhos e moços em busca da saúde, felicidade destreza e desprendimento”.
Chefe Osvaldo.
Ao dizer que
meu tempo era melhor me lembrei de um pequeno poema de Fernando Pessoa: - “Trago
dentro do meu coração, Como num cofre que se não pode fechar de cheio, Todos os
lugares onde estive, Todos os portos a que cheguei, Todas as paisagens que vi
através de janelas ou vigias, ou de tombadilhos, sonhando, E tudo isso, que é
tanto, é pouco para o que eu quero”...