sexta-feira, 2 de junho de 2017

Pensamentos de um Velho Chefe Escoteiro. No meu tempo...


Pensamentos de um Velho Chefe Escoteiro.
No meu tempo...

                Alegremente leio novos chefes escrevendo em tons cinza (não confundir com o filme) sobre alguns chefes principalmente os mais velhos escrevendo que no seu tempo era diferente e até mesmo acrescentam: Era melhor! Ah! Saudosismo! Mas isto é bom demais eu afirmo, também sou um velho escoteiro que sempre possível costumo dizer “No meu tempo”! – Quem não gosta de voltar ao passado? Lembrar-se do que fez? Quem não gosta de comparar se viveu sonhos e realidades escoteiras lá no seu passado? Eu até vou mais longe, se hoje tivéssemos um movimento escoteiro onde os programas, a formação do jovem, a ideologia bipidiana fosse real, qual o direito teríamos nós os passantes do tempo em dizer que o que fizemos é melhor?

                  Dizer que estamos vivendo uma nova era, grandes transformações da humanidade nem se discute. Isto é real. Mas estas transformações modificam toda a metodologia deixada por Baden-Powell? Se isto for verdade será que podemos chamar de “escotismo” o que alguns tentam modificar? Correto, concordo que nada é estático no tempo. Correr para acertar tem uma só finalidade. A formação do jovem. Ele é o sentido real da existência do escotismo. Se no meu tempo, na minha época era diferente então temos que provar que hoje já não é mais assim. Temos que mostrar que existem novos métodos novas formações dos adultos visando um novo escotismo onde os “Jubilandos” que passaram pela trilha escoteira tiveram o respaldo da nova sociedade de homens responsáveis para assumir seu papel neste novo mundo que começa.

                   Pensando bem sei que é discutível achar uma nova fórmula para o escotismo moderno. Isto sem desfazer aqueles que ainda não morreram, que estão vivendo em 2017 e acreditam no seu passado sem desacreditar no presente. Sei que sempre procuramos um culpado no escotismo. O nome é um só. O Chefe! Sejas ele de qual sessão for. Mas seria ele realmente o culpado? Ele ainda não se reciclou? Ainda não tem conhecimentos teóricos e práticos do escotismo procurando conhecer e ler o que muitos escreveram para um sucesso merecido? Mas onde está à verdade de tudo isto? Onde anda o sucesso que todos se propõe a atingir sua meta escolhida dentro da associação?

                  Criticar dizendo que ainda não aprendemos a caminhar com as próprias pernas, ainda não aprendemos a ouvir, e até mesmo esquecer-se do sonho de cada um e chamá-lo de arrogante perante aos seus pares não é o melhor caminho. Temos uma finalidade única. Dar uma formação de ética, de caráter, de honra e até mesmo de mostrar que é um escoteiro confiável, onde a palavra dentro do espírito da lei tem seu lugar pois este é o objetivo final.  

                    Nada é errado até se provar que o exemplo e os resultados são os esperados. Enquanto a evasão que pouco é discutida mas faz com que não tenhamos tempo para colaborar na formação do jovem, enquanto não aprendermos a dar as mãos um ajudando o outro no espirito de      “Um por todos e todos por um” enquanto ainda continuarmos arrogantes metidos e soberbos achando que um novo escotismo onde a definição e o programa é feito sem ouvir a todos que participam, dificilmente iremos encontrar o caminho do sucesso.

                   Agora que estou Velho Escoteiro e Gagá, tem hora que não vejo onde estou pisando. Será que sou cego surdo e mudo e só tenho palavras para lembrar no meu tempo? Sei não. Acho que se esquecermos dos objetivos propostos por Baden-Powell na sua metodologia, no seu programa e sem tirar sua essência mudando tudo em nome de um novo mundo, não é e nunca será o escotismo que acreditamos. Acredito que possamos entrar em uma nova era. Mas uma era de respeito, de fraternidade, de direitos de todos em participar e poder opinar. Antes de pensar que devemos mudar nosso estilo Badeniano, precisamos primeiramente ver uma luz no fim do túnel, onde o jovem teve uma formação moral cujo respeito é orgulho de todos na sociedade em que vive.                
        
                  Sem dizer que meu tempo era melhor pois o melhor tempo é daquele que vivenciou e vivencia o escotismo em toda sua plenitude ontem e hoje e até mesmo no amanhã, e saber que ele amou tudo que fez, pode sim dizer que o seu tempo era melhor. Lembro-me do que B.P escreveu em seu livro O Guia do Chefe Escoteiro: - “Escotismo é um alegre jogo ao ar livre onde adultos de espirito jovial e jovens aventuram-se juntos como irmãos, velhos e moços em busca da saúde, felicidade destreza e desprendimento”.
Chefe Osvaldo.    


Ao dizer que meu tempo era melhor me lembrei de um pequeno poema de Fernando Pessoa: - “Trago dentro do meu coração, Como num cofre que se não pode fechar de cheio, Todos os lugares onde estive, Todos os portos a que cheguei, Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias, ou de tombadilhos, sonhando, E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero”...