sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Miscelânea e Salsada. Um pouco de cada um numa gostosa conversa ao pé do fogo.


Conversa ao pé do fogo.
Miscelânea e Salsada. Um pouco de cada um numa gostosa conversa ao pé do fogo.

Jamboree
                    - O acampamento em silêncio. As patrulhas já se recolheram. Brilham estrelas no céu. Chefes estão ali em volta do fogo. Um bate papo gostoso. Todos calados, o fogo crepita. Fagulhas sobem aos céus. Um Chefe comenta: - E muitos partindo para o Jamboree. Só fiquei triste porque o escoteirinho de Brejo Seco não foi. – Porque não foi? Pergunta outro Chefe. - Ir como? Mora em um barraco, sua mãe é faxineira e seu pai se mandou. Ela custou para fazer seu uniforme (traje) e recebeu um recado do grupo que agora teria outro. Uma tal de vestimenta. Mas como ela podia comprar? E o que ela vai fazer com o que ele tem? Dizem que o prazo está vencendo para a troca. – chefes começam a discutir. Um distrital diz que seu grupo vai em peso. Cada um sugerindo como baratear tudo para muitos poderem participar. Ideias mil. Um Chefe mais idoso não fala nada. Ele queria dizer que disseram a ele que isto poderia ser feito. No jamboree do Rio muitas empresas fizeram parcerias e doações. O Velho queria dizer que um dia pediu para ver o balanço e nunca lhe mostraram. Outro Chefe sorri. Nossa região via participar com uma enorme delegação. Parece que vai ser bom. Bom para quem pode pagar quem não pode esqueça disse um Chefe que se mantinha calado.

Vestimenta.
                     Conversam daqui, conversam dali e o tema vai e volta. Dizem alguns que ela foi feita para uniformizar. Estávamos com mil tipos e isto não era bom, disse o Formador que estava presente. Outros gritaram no circulo do fogo que muitos jovens achavam feio o uniforme atual e com a vestimenta eles iriam participar. – Pois é completou o Chefe, a vestimenta vai atrair muitos nas fileiras Escoteiras. Esperando para ver disse um Chefe e riu. Um magrinho, mas muito sabido comentou o truste da UEB. Dona exclusiva da marca não deixa ninguém confeccionar. Só ela através dos escolhidos. – Porque não deixar os estados também responsáveis? Não seria uma maneira de compartilhar os lucros? Quem sabe alguma empresa pode fabricar mais barato? – Um silêncio mortal. Mudaram de assunto. O Chefe do norte disse que existe  liberdade de escolha no Grupo Escoteiro. Outro disse que não. Alega que antes da votação muitos chefes já se apresentavam com a vestimenta. Afinal dizem eles, a votação para chefes não vale? E aquele que disse que agora vale votar? E antes não valeu? O que gostei mesmo em volta do fogo foi um Chefe dar uma talagada no café do fogo e queimar a boca. Kkkkk. Mas ele logo disse que a vestimenta estava virando uma “bagunça”. Cada um usa como quer e compra o que quer. Afinal são 18 tipos disse. E aquele na ponta da tora que dizia que o caqui vai acabar? Gerou uma bela discussão. Acaba ou não tem muitos já muitos correndo para a vestimenta. E o Velho Escoteiro? Ele riu e disse: - Nem morto, nem morto! Risos.

Estrelas de metal.

               - Um Chefe comentou sobre elas. Eram lindas, ver alguém com uma brilhando e com a flanela referente ao ramo atrás dava um destaque especial. Amarela para os lobos, verde para os Escoteiros, marrom para os seniores, vermelho para os pioneiros e azuis para os chefes. Porque acabaram com as estrelas de metal? Perguntou um Chefe. Alguém prontamente respondeu: - Era perigoso. Podia acontecer acidentes. Todos riram. Um disse que tinha mais de sessenta anos de escotismo e nunca viu isto. Completou dizendo que ia a todos os lugares com ela e nunca viu sequer um acidente.  Outro disse que tirar a magia de abrir o olho do lobo foi cruel. Magia? O que é isto? Perguntou um novato. – Antigamente o lobo quando nascia não enxergava, ao fazer a promessa já podia andar e para começar a ver tinha de abrir um olho. Como? Insistiu o Chefe: - Simples, ele fazia algumas provas e recebia a estrela de metal no boné de lobo. E para ver melhor só com as duas estrelas ao lado do distinto de lobo no boné. – Era assim mesmo? Muito bonito disse a Akelá. Porque acabaram com esta magia? Aquele Chefe mais galhofo riu e disse: Todos querem ter um pouco de Baden-Powell, não sendo tem de inventar. Será que não estão vendo tantos lá na UEB inventando?

               E assim os chefes ficaram horas conversando, contando histórias,  discutindo, cantando até que a madrugada surgiu e resolveram cochilar um pouco até o toque da alvorada!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vestimenta? Uniforme? Traje? Chega! Isto já é passado.


Conversa ao pé do fogo.
Vestimenta? Uniforme? Traje? Chega! Isto já é passado.

               Risos será mesmo? Todos os dias me defronto com discussões sobre estes temas. Adoro todos eles. Sabe por quê? Porque os hoje dirigentes da UEB não gostam dos tradicionalistas. Fazem tudo para desmerecê-los. Em uma roda de amigos e não foi uma conversa ao pé do fogo, o que seria formidável, dois amigos comentaram sobre a vestimenta. O direito de usar, a luta pelo que viram em seu tempo Escoteiro, um grupo de caqueanos pensando em mudar e assim por diante. Foi longo o debate. Depois de tudo eu disse a eles: - Amigos não vou polemizar com vocês.  Quero que saibam que respeito o ponto de vista de cada um e espero que respeitem o meu. Contaram sua história? Tudo bem, agora vou contar a minha e porque não vou nunca usar esta vestimenta. Desculpem mas ela me dá coceiras.

             Eu vesti o caqui pela primeira vez em 1950, antes usava o azulão dos lobos. Sabe como comprei? Engraxando sapato, varrendo e capinando quintal. Com isto comprei meu chapéu, meu cantil meu meião e muitas coisas mais. Meu pai era seleiro e mal conseguíamos sobreviver. Nunca fui rico e até hoje não sou. Por tudo isto sempre tive orgulho do meu caqui. Quem sabe não como hoje que por mais humilde que seja o jovem sempre tem uma oportunidade melhor que a do passado. Com o caqui eu corri vários estados do Brasil. Andei de barco no Rio Negro e onde aportei todos disseram: - Olhe! São Escoteiros! Cozinhei estradas, montado em meu cavalo de aço a bicicleta. Acampei por mais de 800 noites. A maior das aventuras foi percorrer três estados em cima do meu cavalo andando mais de seiscentos quilômetros. Tudo em cima de um caqui. Em 1975 para satisfazer alguns que não achavam ficar bem de calça curta foi adotado o social. SOCIAL! Veja bem. Eu conheço bem a história. Estava lá. Depois ele se transformou em traje, em não sei, aos o que e tudo foi permitido. Use lenço, use qualquer camisa, a camiseta Escoteira vale, esqueça a cor e mande bala. Agora você é um Escoteiro.  Os que nunca usaram o caqui sempre na sombra estudavam uma maneira de criar algum novo. Criaram. A história de como fizeram me entristece. Sou Escoteiro, procuro ser leal e eles não foram. (vide abaixo um relato de um amigo).

            Vocês dizem que nos outros países ele está desaparecendo? Claro, lá como aqui a democracia imposta aconteceu.  E a maioria deles já usavam cores diferentes. Mas muitos deles principalmente aqueles de milhões de Escoteiros ainda usam o caqui. Dizer que a UEB copiou de outros países prefiro não dizer. Agora dizer que a democracia de escolha no grupo escoteiro é válida pode até ser. Mas o escotismo é feito de exemplo, BP foi enfático em dizer isto. Nos somos os espelhos dos jovens. Agora pensando bem a UEB não serve como exemplo. Ela não é e nunca foi democrática. Vocês sabem meus amigos os que são ligados a ela mudaram da noite para o dia. Como permanecer com alguns dirigentes e formadores com a vestimenta e como ficar com o antigo se nosso movimento para ficar bem com todos infelizmente somos obrigados a nos humilhara e até em casos especiais bajular? E o pior nunca vi tanta gente com a vestimenta tão mal uniformizada. Um exemplo que ninguém deveria seguir. Podem não acreditar, claro, vocês são almas boas e eu não. Não sonho em ser um deles. Já vivi neste meio sei como é o sonho em ser um dirigente, um formador. Mas para isto acontecer à maioria sabe como é.

Acreditem, eu não sou contra a vestimenta, claro eu não gosto dela, acho horrível, mas tem quem gosta. Afinal verde é verde e azul é azul. Se tudo fosse feito na lealdade Escoteira tudo bem. Não foi. Discutir o discutido é perder tempo. Eu só lembro a todos que a liberdade de usar aquilo que gosta é um direito. Eu Velho e longe das tropas nunca usarei. Não serei como alguns que querem ser enterrado com o caqui. Nada disto. Já pedi a Célia que desse de presente a alguém que precise. Finalmente, eu pago para ver uma autêntica democracia em um grupo, cuja direção nacional peca por não ser democrática. Mas demagogia? Não faz parte de mim.
Abaixo transcrevo o que um amigo virtual escreveu: bom para meditar.

- O que eu vejo, por exemplo, são adultos usando o novo vestuário e a tropa usando o cáqui. Ou seja, usam o novo vestuário à margem da vontade de jovens. São casos e casos. Só que não há como condenar ninguém, por exemplo, por optar por esse novo. Com a campanha desleal que a UEB fez para o novo vestuário, manipulando literatura oficial da WOSM, fazendo crer que quem optou pelo cáqui não ouviu os jovens e que são saudosistas antidemocráticos (essa veio da equipe de comunicação), fazendo crer que quem optou pelo novo é descolado, pronto pra aventura, progressista, moderno e mentindo em cima de pesquisas ou de relatórios de Jean Cassaigneau; mandando conselheiros do CAN promover o novo vestuário em unidades locais... É normal que os grupos acabem cedendo.

- Usaríamos Pink se fosse necessário, mas desde que com o aval do coletivo. Ao ver esse vestuário, como havia dito, não vejo apenas a salutar necessidade de desenhar uma roupa moderna e segura para as atividades próprias ao movimento; vejo membros do CAN engordando seu portfólio e outros da ENIC se projetando para ocupar cargos na interamericana, cargos na comunicação, cargo como assistente de espiritualidade... Enfim, para acumular cargos e satisfazer o fetiche de poder que deve ter. Vejo, também, a UEB tentar construir um mercado e seu respectivo monopólio para engordar receita. Por exemplo: Vamos como quem não quer nada, propor que se federalizem as regiões, e que possam confeccionar seu próprio uniforme ou literatura. Vocês já sabem o que aparece a partir daqui: nós somos união, isso é quebrar a Lei e a Promessa Escoteira, é ódio no coração... Mas, na verdade, é uma simples questão da UEB querer continuar a ser a única a vender insumos escoteiros no Brasil, o que caracteriza truste, e, para isso, vai ao judiciário desde 2006 brigar pelo mercantilismo.

E vocês, ao justificarem a inclusão do novo vestuário com "mas é bonitinho", "é fofuxo", "os jovens gostam", nada mais fazem do que patrocinar a mentira, que parece ser a nova forma de administração do escotismo brasileiro. Aliás. Foi decisão DOS JOVENS a inclusão desse vestuário no movimento escoteiro? Porque tiveram duas assembleias nacionais para sondar opiniões, além de ferramentas para fazer pesquisa... Mas a ENIC e a DEN não fizeram nem uma coisa nem outra.

PS - A página no Facebook construída para o novo vestuário foi retirada do ar. Talvez porque não queriam que ficasse registrado o rechaço em direção ao vestuário.


Sem maiores comentários.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Para onde caminhamos?


Conversa ao pé do fogo.
Para onde caminhamos?

                     Existe um tema que sempre escrevo sobre ele. “Pesquisas”. Alguns partidos políticos odeiam. Acham que elas não são bem vindas. Mas elas existem em todos os segmentos da nossa sociedade. E no escotismo? Alguém conhece alguma? Pelo que eu saiba nunca foi feita e se foi não deram pistas de como fizeram, se foi pelas técnicas usadas pelas empresas do ramo. Temos uma série de bons temas que valeriam pesquisas sérias para melhorarmos em nosso crescimento quantitativo e qualitativo. Poderia citar a evasão, o programa atual, as normas estatutárias, as mudanças feitas em distintivos, onde erramos, porque não crescemos e outros. Posso até estar errado, mas em nossas assembléias dificilmente discutimos abertamente os assuntos que nos interessam. Nunca interagimos com nossos dirigentes lá. Eles educadamente podem até nos ouvir, mas nunca levar a sério nossas palavras. Quando muito fazem seminários com temas pré-estabelecidos e os resultados dificilmente aparecem.

               No passado eram comuns os questionários pós-cursos para vermos onde erramos (formadores) e melhorar no futuro. Eu mesmo cheguei à conclusão que quase todos não se interessavam pelas respostas. Poucos membros da equipe se dispuseram a comentar e levar adiante os temas divergentes. Hoje sei que os formadores costumam se reunir em diversos estados, mas os temas nestas reuniões já vem pronto da UEB ou dos dirigentes responsáveis pela atividade. Tomemos como exemplo a vestimenta. Ela já foi exaustivamente discutida e guardada no baú para quem sabe daqui a muitos anos possa se pensar onde erraram e tentar melhorar. Volto no tempo sobre o programa. Alterado sem nenhuma pesquisa. Os distintivos da UEB idem. Os acampamentos nacionais são idealizados por poucos e os comentários partem daqueles que viram jovens sorrindo. Muitas vezes copiados de atividades internacionais realizadas em outros países. Ninguém nunca questionou se o Sistema de Patrulhas poderia fazer parte de tudo.

                      Todas as decisões hoje da UEB não se baseia em pesquisas. Quando muito um dos dirigentes nacionais dá exemplo de sua vida Escoteira em seu grupo ou distrito ou região. Muitos se apegam na sua experiência pessoal e por ela dão dados que muitas vezes são válidos e outras vezes distorcidos. O número x por cento fica a critério de cada um. É comum ouvirmos que tantos por cento aconteceu na minha área de atuação. Quem um dia se dispuser a ler as atas da direção nacional verá que as decisões se baseiam na ideia de um e rapidamente aprovada pelos demais. Errado? Alguns podem dizer que não, mas seria isto a verdadeira essência do escotismo? Afinal irão alterar a vida de milhares de associados que nem consultados foram. Seria isto um erro? Quem se arroga em dona da verdade e tem medo do que pode dizer ou pensar a maioria pode mesmo dizer com certeza que isto terá validade no futuro? Porque a duvida da consulta? Porque a duvida da pesquisa? Elas poderão levar a um caminho contrário do que eles pretendem?

              Infelizmente este mal que nos aflige sem perceber é assimilado pelas Regiões, Distritos e Grupos Escoteiros. Em sua maioria também erram em não saber ouvir, em não entender o ponto de vista alheio. Perdemos hoje muitos voluntários porque quando entraram pensaram que nosso movimento era democrático, que poderiam opinar divergir e serem ouvidos. Viram que boa parte (nem todos) dos lideres dos grupos distritos e Regiões agiam de forma ditatorial sempre a dizer que as normas são estas. Alguns tinham a petulância em dizer que: - Se não aceita a porta da rua é a serventia da casa. Dificilmente se faz pesquisa. E olhe que o sistema de patrulha é enfático neste tema. O Monitor tem a obrigação de ouvir sua patrulha, levar em conta sua opinião e dizer ao Chefe o que pensam. Mas isto só lá na patrulha. Dai em diante tudo se modifica. A UEB pode explicar melhor isto.

            Se desta forma estamos formando jovens para uma vida adulta na sociedade com poder de pensar, de agir e interagir e acreditar num sistema democrático, eu não sei se estamos no caminho certo ou se é o mesmo que BP. Acreditava: -  O Caminho para o Sucesso. Acredito que precisamos meditar e não nos escondermos em palavras bonitas tais como os meninos em primeiro lugar, o Escoteiro é obediente e disciplinado, o escotismo é minha filosofia de vida e as normas são para serem cumpridas. Eu já escrevi muito sobre isto. Francamente não sei se meu objetivo foi atingido. Só posso assegurar que se pudéssemos ter grandes pesquisas Escoteiras nacionais, poderíamos melhorar em muito nosso caminho para o sucesso. O eu sei, o eu entendo, o eu tenho experiência sem perceber pode nos levar a pensar que uma ditadura é melhor que uma democracia. Precisamos abrir nossa mente de uma maneira clara e insofismável. Ninguém tem o direito de mudar sem uma consulta ampla e irrestrita. Somos homens e mulheres que pensam. Não somos ovelhas a pastorear no campo enquanto o pastor tira um cochilo embaixo de uma árvore e decide a hora que iremos voltar.


         - Afinal, quando teremos a liberdade de entender a nova postura que um dia poderia ser realizada, e assim entender porque tal mudança foi feita, que agora podemos acreditar na sua validade, pois opinamos e fomos ouvidos? Ou será melhor que todos acreditem que o sistema atual é realmente aquele que nos levará ao caminho para o sucesso? 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Monitor.


Conversa ao pé do fogo.
O Monitor.

              Conheci e convivi com centenas de monitores de todas as idades possíveis. Baden-Powell dizia que o mais "Velho" e mais forte mesmo não tendo boa liderança deveria ser o Monitor. Bem não foi tão categórico mas deixou explicito seu pensamento. Como foi uma época que ainda não tínhamos os seniores, os rapazes de quinze, dezesseis e dezessete anos atuavam na monitoria. Hoje não. Existe toda uma preparação para eles. Muitos se preocupam em demasia com sua liderança isto é muito bom. Ouve tempos que se discutiu muito sobre o tema. O bom líder nasce assim ou podemos formar um líder?

             Se o escotismo além de suas necessidades e pensando que nosso método tem vantagens e ele também é uma escola de formação de liderança, seria importante que fossemos confiar a monitoria a um Escoteiro mesmo que este não seja líder nato? Então eu pergunto a responsabilidade é do Chefe? Vejo dois lados da questão. O primeiro aquele que o Chefe escolhe seu Monitor. O segundo o que foi escolhido pela Patrulha. Qual o melhor? Tem correntes fortes para um e correntes fortes para o outro. Eu fico com o segundo. Acho que a eleição é a melhor maneira para nomear um Monitor desde que ele permaneça no cargo até a passagem para sênior. Por quê? Simples, a preparação dele demora, e para que ele se torne um bom Monitor tem que ter muita experiência que custou a adquirir com seu Chefe nas atividades feitas com a Patrulha de Monitores. Poderia ficar horas e horas comentando sobre o Monitor, mas hoje dei uma lida rápida do livro de Roland E. Philips, o Sistema de Patrulhas. Antiguíssimo. Mas super valioso. Pode ser adaptado sem sombra de duvida aos dias atuais. Se algum dia se interessar em ler, me escreva. Mando para você em seguida.

               Escrevi vários artigos sobre os Monitores sendo o último com o titulo A Patrulha de Monitores. Um artigo que mostra como se prepara os monitores para liderarem seus amigos de patrulha. Vocês sabem que nenhum Chefe Escoteiro (a) conseguirá desenvolver o Sistema de Patrulhas sem bons Monitores. Nos cursos atuais acredito que é um tema muito falado, mas da teoria a prática a um longo caminho. Quero deixar claro que faço ressalvas com o Ponta de Flecha. Por quê? Amanhã irei postar um artigo a respeito. Vejamos algumas observações sobre como deveria ser um bom Monitor: 

Guia - um exemplo a seguir;
Companheiro - um amigo que dá ajuda e conselhos, compreensivo;
Comunicativo - diz as suas ideias;
Leal - de confiança, preocupa-se muito com o que faz;
Democrático - respeita todas as opiniões da mesma maneira;
Humilde - não mostra a toda à gente as capacidades que tem e dá valor às dos outros;
Trabalhador - aplica-se nas suas tarefas;
Responsável - faz sempre as suas tarefas; 
Assíduo e pontual - chega na hora e não falta;

Participativo - ajuda em tudo o que é preciso, está sempre pronto.
Não esquecer ainda a velha máxima de um Chefe Escoteiro que disse: “O Monitor não manda, o Monitor orienta!”. BP também disse que o Monitor não empurra a Patrulha. Providencia para que ela vá ao seu lado.

E para encerrar, porque não lembrar também que o Monitor não é e nem deve ser:
- O sabichão, saber tudo ou ter a mania que sabe;
- O mandão, mandar em todos ou ser mandado;
- O mauzão, zangar-se quando as coisas estão mal; 
- O patrão, delegar tarefas e não fazer nada; 
- A carne para canhão, assumir sozinho as responsabilidades de uma situação de patrulha; 

                      Para os que estão tendo a felicidade de acertar meus parabéns. Bons Monitores sempre são sinais de tropas excelentes. Parodiando o livro Monitores, transcrevo o que lá está escrito - Já ouvi um Chefe Escoteiro dizer que “Designei meus Monitores tal como B-P. desejava, mas eles não são capazes de dirigir suas Patrulhas em coisa nenhuma. Na prática eu é que tenho de assumir a chefia”.
A resposta para esse queixa é a seguinte: A principal função do Chefe Escoteiro no Movimento é fazer com que seus Monitores sejam capazes de dirigir as suas Patrulhas.


                       Quando o Chefe sem experiência assume todas as funções na tropa sem consulta aos monitores, quando o Chefe não dá oportunidade para que eles deem sugestões nos programas ou acampamentos e ou outras atividades afim, quando o Chefe prefere ele mesmo tomar as decisões da Corte de Honra sem saber o que os demais pensam, eu posso garantir que o Sistema de Patrulhas está passando longe em sua tropa. Se isto acontece os resultados esperados sempre serão contrários ao que se espera na formação do jovem. Leiam muito. Conversem muito. Ouçam muito. Verão que em pouco tempo suas patrulhas estarão sem sombra de dúvida no Caminho para o Sucesso.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Era uma vez... Um planeta azul chamado Terra!


Lendas Escoteiras.
Era uma vez... Um planeta azul chamado Terra!

               A vista era maravilhosa, debaixo daquele enorme castanheiro que sempre teve frutos e em um banco simples de madeira feito como uma pioneiria eterna estava sentado nosso mestre Lord Baden-Powell. Ele gostava de todas as tardes ficar ali, olhando seu planeta azul que se destacava no infinito entre milhares de estrelas brilhantes e as lembranças sempre a aflorar na sua mente. Aquela Colônia que tão singelamente batizaram de “Fraternidade” era uso fruto dos Escoteiros que um dia partiram para as estrelas. Lord Baden-Powell fazia questão de receber com um sorriso com um aperto de mão um abraço forte todos que chegavam da terra. Sorrindo dizia que armassem a barraca no campo mais verde, nas campinas mais florida ou vales dourados, onde o jorro de uma nascente ou cascata acontecia, e árvores frutíferas que proliferavam. Cada um escolhia seu próprio campo Escoteiro. Absorto em seus pensamentos Lord Baden-Powell não viu chegar seu amigo Kenneth Maclaren. Amigos de longa data desde a Guerra do Transvaal e do primeiro acampamento em Browsea, eles grandes amigos sempre se reuniam ali.

                Recebi seu recado General – Disse Kenneth. Lord Baden-Powell o olhou com carinho. Sabia que ele teve muitas propostas de outras colônias no céu, mas recusou todas. Era um amigo de verdade. – Sabe Kenneth, disse Baden-Powell, gostaria de um favor seu – Diga e eu o farei meu amigo General! – Baden-Powell riu e prosseguiu. Tem vários anos que não vou a terra e não sei como vai o escotismo por lá. Você sabe que eu quase não viajo mais e nem sei se posso ajudar os Escoteiros terrenos. Se você tiver condições tire uma semana e faça um périplo na terra observando. Tente ver como está o método e o aprender fazendo que deixei e se o sistema de patrulha está como sempre pensamos que fosse. Veja também se eles se lembram daquela gostosa tradição que um dia ensinei a todos. – Seu pedido é uma ordem general. Irei nesta semana mesmo. Kenneth se despediu não sem antes deixar lembranças a Lady Olave St. Clari Soames, a esposa de BP. Logo que ele partiu Lord Baden-Powell avistou uma tropa de chefes em curso comandada por seu outro grande amigo Chefe John Thurman. Ele sabia que John um antigo diretor de Gilwell Park era mestre em cursos deste tipo. Havia ali em sua colônia muita gente boa. Claro que problemas existem, mas ele sabia como contorná-lo.

                   Na semana seguinte foi procurado pelo amigo Kenneth. – Já de volta? Disse BP. Já General. E olhe não trago boas notícias. BP sorriu de leve. Vamos até ao nosso ponto de reunião. Você sabe que eu amo sentar embaixo daquele castanheiro. – Eu sei General, eu sei. O senhor fez questão de fazer uma réplica de um que existia em Mafeking. Lembro que o senhor adorava ficar lá sentado pensando sobre a guerra. Lord Baden-Powell sorriu. - Sente-se aqui comigo e me conte tudo! – Para dizer a verdade General não tenho muito para contar. Desde a última vez que lá estive em nosso planeta azul que o escotismo não é mais o mesmo. Estão fazendo grandes modificações. Existe uma liberdade tal que mais parece uma indisciplina assistida. Países que se dizem modernos abrem mão em varias questões que em sua época não iriam acontecer. Uma liderança mundial chamada de WOSM ou OMME tem aprontado poucas e boas. Eles não produzem nada de bom para um escotismo simples e sem riquezas.

                  BP. Já sabia deste pormenor. Não havia como mudar. – Bem continue meu amigo Kenneth, disse Lord Baden-Powell. Olhe General rodei vários países, mas demorei mais no Brasil. Francamente? Sei que o senhor nunca esteve lá e fez muito bem. Eu até que gostei de muitos chefes novos no escotismo, são voluntários de valor e tentam ao seu modo educar a mocidade. Pena que lutam só. As autoridades brasileiras desconhecem o movimento. Dizem que eles vendem biscoitos e ajudam a atravessar idosos nos sinais de trânsito. Muitas cidades aproveitam deles para plantar árvores, limpar praças, ajudar nas calamidades e carregar viveres para os necessitados. Até aí tudo bem, boas ações dos Escoteiros são sempre bem vindas. Mas acampamentos? Poucos. Muito poucos. Eles dão enorme valor aos encontros nacionais e internacionais. – Me diga falou BP sabe se o escoteirinho de Brejo Seco foi em algum deles? Nem pensar General. Tudo é muito caro e viajar de um estado a outro o custo é enorme. Contaram-me que os lideres gostam disto, sempre tem os que se sacrificam e pagam. A associação Escoteira sempre tem apoio de algumas empresas e o lucro é certo. Verdade ou não quase nunca fazem prestação de contas nestas atividades. Os mais pobres e humildes não tem vez. Lá a palavra de ordem é: - Escotismo é para ricos! - BP pensou: - Coitado do escoteirinho de Brejo Seco.

                 – Olhe General, a direção escoteira brasileira se apropriou de muitos termos e programas que o senhor fez. Registrou tudo como se eles fossem os donos. Surgiram outras associações e elas são tratadas a ferro e fogo. Todas levadas às raias dos tribunais de justiça. Mas olhe, o tempo vai ensinar a eles que o escotismo é feito de fraternidade como é feito aqui em nossa Colônia. Do nosso uniforme que usamos lá na terra foi tudo alterado. Os novos dirigentes acreditam que mudar o passado é melhorar o presente e fazer um grande escotismo no futuro. Criaram novas cores e quer saber general? São mais de dezoito tipos de uniforme a escolher. Uma pequena parte aderiu ao nosso caqui e outra a tal vestimenta que eles criaram. Quer saber general? É comum colocar o lenço e se dizer Escoteiro. Tem muita coisa general. Muita mesmo. Eles agem sem consultar ninguém. Não há transparência do que fazem. Pesquisas? Nunca existiram. Felizmente boa parte dos chefes são pais novos e desconhecem as tradições e acreditam que eles caminham na trilha do sucesso.

                  Lord Baden-Powell olhou melhor o seu planeta azul. Rezou muito. Pediu ao senhor que desse força a todos e que o escotismo fosse reconhecido no mundo para que se faça uma grande fraternidade mundial. Lady Olave estava chegando com  John Thurman. Este sorriu e disse – Eu já sabia General. Em 1954 antes de vir para cá, deixei para eles uma mensagem onde escrevi com todos os meus conhecimentos adquiridos. O chamei de os Sete Perigos. Disse tudo que poderia acontecer. Falei sobre administração, sobre centralização, Seriedade demasiada, falei sobre exclusividade transparência e austeridade. Disse o que o senhor pensava sobre o escotismo entre os pobres. Falei da sua simplicidade e do prazer do rapazes que faziam um escotismo simples. E terminei dizendo que os únicos capazes e por o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Finalizei dizendo que se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.


                 Lord Baden-Powell de supetão perguntou ao seu amigo Kenneth: Sabe me dizer se o Osvaldo Escoteiro já chegou? – Não General, ele ainda vai ficar na terra por mais alguns anos. Ele acha que pode ajudar ainda nos erros que cometem. Mas eu acho difícil, ele não tem nenhuma condição de ser ouvido por todos. BP não disse mais nada. Não havia o que dizer. O melhor era se dirigir ao grande cerimonial de Bandeira que todas as tardes acontecia em sua colônia. Pelo menos ali a disciplina, a fraternidade e o respeito era comemorado em todos os dias da semana. – Parou cumprimentou a todos na enorme ferradura e ao comando de arriar a bandeira fez sua saudação Escoteira com orgulho. Sabia que tudo iria mudar e que mudasse para o bem. Rezou pedindo que todos se lembrem de que o escotismo não tem dono, que ele tem uma função única para rapazes e moças do mundo. Olhou de novo o planeta azul ajoelhou e pediu ao Senhor que fizesse da Terra um mundo feliz entre os Escoteiros! 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Eu gostaria de poder morrer em paz!


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Eu gostaria de poder morrer em paz!

                   Há muitos e muitos anos eu li um romance de ficção, cujo nome não me lembro e nem tenho certeza se foi escrito pelo escritor Isaac Asimov. Não vou contar a história, mas sim uma parte que me chamou atenção. No futuro os cientistas inventaram uma fórmula de sangue humano, que aplicada daria sobrevida por muitos anos aos habitantes do planeta. Em pouco tempo ninguém mais morria e os cemitérios foram abandonados e extintos. Se alguém resolvesse não mais fazer a transfusão quando morria era cremado. Durante mais de quinhentos anos a terra praticamente ficou estável. Como já havia pessoas com trezentos quinhentos ou mais anos o interesse da perpetuação da espécie diminuiu e praticamente as crianças não existiam mais. A história comenta o novo estilo de vida, de homens e mulheres que a cada centena de anos se casavam novamente ou daqueles que resolviam terminar suas vidas como velhos e poder morrer em paz.

                    Eu hoje tenho 73 anos. Não ambicionaria poder viver muito. O choque de gerações é enorme. Meu passado era de dizer sim senhor, beijar as mãos dos tios e avós e jogar bolinha de gude, soltar papagaios com o prazer de vê-lo voltar molhado do céu. Tive o orgulho de fazer um escotismo aventureiro e aprendi com meus amigos de patrulha e de tropa a aprender a fazer fazendo longe de adultos. Olho a juventude de hoje, passa longe daquela do passado. Meninos e meninas com um celular na mão, que nem se dão conta que tem pessoas a sua volta. Os cumprimentos para eles não existem e suas vidas resumem a ficar blogados, ir a escola, ter em seu quarto a parafernália eletrônica que tem direito e a noite correr para as baladas. As roupas são de marca e adoram quando sai um novo estilo de tênis, de camisetas sem contar o indefectível boné virado para trás. Um Chefe outro dia me disse que bússola, ler mapas, percurso de gilwell ou mesmo sinais de fumaça ou de pista é passado. Para isto existe o GPS. Ele ria quando me disse que as barracas modernas se armam com um simples apertar de um botão. Disse também que seus jovens esperam o novo skate voador, pois assim não irão mais andar a pé.

                    Brincadeiras a parte é uma verdade que o mundo mudou. E como mudou. Eu tenho hora que fico deslocado. Hoje fazendo minha caminhada e meus exercícios físicos em um centro esportivo próximo a minha casa, uma jovem ao telefone falava alto nem se preocupando com quem estava a sua volta. Brigava e discutia com seu namorado. Ficou mais de quarenta minutos falando e como falava. Depois sentou em um banco e ali ficou olhando sua tela de celular que devia ser moderno. Hora de internetar no Facebook ou outra rede social. Já tenho netos que quando os pais me visitam eles ficam na sala ou na varanda de olho na sua telinha e ficam lá horas e horas. Dizem que andam pelas ruas assim, nos ônibus nos metrôs ou em carros da família. Quantas mudanças aconteceram. Eles estão certos e eu errado? Claro que eu estou errado. Minha época já passou. Minha vida de outrora não vai interessar a eles.

                      Escrevo muitas histórias sobre Escoteiros, lobos, seniores e guias, chefes e dirigentes. Ainda escrevo como no passado. Neles este modernismo ainda não participa nem pede carona. Noto que quem mais me lê são chefes mais maduros e os jovens dificilmente acompanham a não ser quando o tema interessa a eles. Acompanho a Direção Nacional em suas modificações e dizendo que temos que acompanhar a nova era. Francamente não é o escotismo que fiz e nem sei se aquele escotismo de outrora vai interessar a eles. Dizem que as tradições são coisas de um passado e devem ser enterradas para uma nova vida de modernismo. Quantos mesmo acampando, excursionando, fazendo atividades aventureiras aparecem nas redes sociais dizendo o que estão fazendo, aonde vão e o que estão sentindo. Quando menino recém passado para a tropa em uma atividade de um domingo resolveu explorar sozinho o barulho de uma cascata. Enquanto a patrulha cochilava lá fui eu. Perdi-me. Duas horas depois o Monitor me encontrou. Nunca esqueci aquele dia. Se tivesse um GPS não teria me perdido e nem tampouco teria história para contar.

                      Acredito que se tivesse forças eu não seria um bom Chefe Escoteiro. Pais que processam grupos ou chefes por erros ou acidentes querendo indenizações improcedentes. Dirigentes que sem ninguém autorizar se tornaram autoritários e em nome da organização se apossaram do escotismo que dizem ser deles. Muitos dirigentes nacionais, regionais e distritais que querem definir o que os jovens e os chefes devem fazer. Exigem do grupo e chefia o cumprimento do dever que está escrito em seus domínios, uniformes que não condizem com meu pensamento de garbo e boa ordem. Palavreado que não condizem com minha educação familiar e Escoteira. Portanto se algum dia ainda no final da minha vida que me resta inventarem uma fórmula deste sangue humano do conto do Asimov, eu prefiro ficar como estou. Viver cem duzentos ou mais anos seria de uma tristeza atroz. Acho que setenta oitenta e ou noventa anos já é demais. Melhor morrer e renascer novamente dentro de uma época, onde me adaptarei mais facilmente e que crescerei com ela sem ter as surpresas de uma mudança tão radical como foi a minha.

                       Eu fui feliz como fui e tenho certeza os jovens de hoje são felizes como são. Existe aí um choque de gerações e para isto o melhor é os velhos se afastarem deixando de agir, comentar ou sugerir o que suas vidas lhe deram. Não existe interesse nisto pela juventude de hoje. Ela é bem mais madura, sabe onde pisa e para onde vai. Mas será que eu acredito mesmo nisto? Ainda fico pensando se a disciplina sem violência deveria existir em todos os lares. Se as normas de condutas deveriam existir e não discutir se elas têm ou não valor. Se o respeito e a educação ainda deviam ser normas de comportamento. Certo ou errado fico deslocado no tempo quando um jovem ou uma jovem ao meu lado não me olha, não me cumprimenta e fica de olhos firmes na sua parafernália eletrônica que tem as mãos.


                      Portanto meus amigos, eu nunca iria lutar para viver mais. Aqui não é mais o meu lugar. Hoje professores têm que pisar em ovos para dar aulas, pais não tem mais controle sobre seus filhos, a liberdade chegou a tal ponto que os drogados podem se drogar onde quiserem. Providencias de ajuda só se eles pedirem. Menores roubam matam e fica por isto mesmo. Tubarões se encastelam no governo para encher os bolsos de dinheiro. Incrível, enquanto eu não tenho um tostão eles passeiam de carro, aviões e outros com milhares de reais, dólares ou euro nos bolsos e ou nas cuecas. E quando são presos ficam alguns dias e saem sorrindo dizendo ser perseguição politica. Melhor mesmo é ir para o outro lado da vida. Sei que aqui voltarei e quem sabe já teremos um mundo em que irei me adaptar melhor. Portanto não me levem a mal, que eu viva os anos que Deus me reservou e que eu possa morrer em paz! 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Acampar é sonhar com a natureza.


Conversa ao pé do fogo.
Acampar é sonhar com a natureza.

                        Se você é Escoteiro já deve ter acampado. Isto mesmo e eu sei que foram muitas vezes. Já escrevi aqui a diferença de Camping com Acampamentos Escoteiros. Eu já fiz camping por boa parte deste Brasil. É divertido. Temos conforto, uma barraca que dá para ficar em pé, levamos rádio, TV, o fogareiro a gás tem duas ou três bocas, as mesinhas são fáceis de armar, os bancos ou cadeiras de praias estão ali para nosso deleite. Enfim, um conforto enorme e sem esquecer que temos luz elétrica e próximo chuveiros quentes. Uma delicia. E em um Trailer? Impossível imaginar a “gostosura”. Bom demais. Tive um Diamante e me esbaldava com ele. Que conforto meu Deus! Mas isto não é escotismo. Nunca foi. Vejo fotos de barracas inteligentes, suspensas, algumas em árvores como se fosse à casa do Tarzan. A turma se delicia com estas fotos e com estes confortos. Mas pergunto novamente isto é acampamento? Isto é escotismo?

               Claro que não. Eu lembro quase tudo dos meus acampamentos Escoteiros, mas pouco me lembro dos meus campings e do meu trailer. Não desmereço os primeiros acampamentos, as barracas novas, cheirando a pano de loja. Isto é norma para pata tenras. Mas se sua turma já é escolada, ela acampa com ou sem barraca e que venha a chuva! Quer saber? Nunca usei um Sleeping ou saco de dormir. Nunca usei um colchonete. Mas sei que hoje os tempos são outros e a meninada precisa primeiro aprender a ser um bom mateiro. Por isto vá cortando de acampamento em acampamento. Quando eles souberem fazer um abrigo e tiver somente uma lona em cima o caminho começa a dar frutos.

              Um Chefe outro dia comentou que ele já dispensa os veículos dos pais ou ônibus fretado, e aprenderam a usar as pernas como transporte. Carregam tudo que precisam na mochila, pegam ônibus, trens e vão aonde muitos nem sequer imaginaram. Mas isto eu sei é para uma tropa mateira. E olhe ele disse que mora em cidade grande. Estupendo! Um artigo meu fazendo gosação comentou sobre o que ensinou um Chefe Escoteiro sobre o material a levar para o campo. Incrível eu pensei. Isto é material para os escoteirinhos pata-tenras, onde a Mamãe a vovó e a titia ficam ali insistindo com ele para levar. Coitado. Vai aprender a carregar peso sem a necessidade e pobre das suas costas. E quando ele entrar em um ônibus? Bate aqui, bate ali e todo mundo olhando para ele espantado ou resmungando. No caminho ele fica para trás. Um bom Chefe divide com os demais a tralha dele com os outros, eu não, eu deixo ele se matar para aprender. Não é fazendo que se aprenda?

                Lá no acampamento é uma beleza. Os bons chefes vão lá ajudar a escoteirada a armar a tenda, a preparar um fogo, a fazer a cozinhar e etc. e tal. Eu não. O que eles foram fazer ali? Um jogo de olhar o Chefe? Eles que se virem. Afinal para que serviu o acampamento de monitores, o acampamento experimental de um fim de semana? Não ajudo mesmo. Que fiquem com fome que durmam no relento. Quando a fome apertar eles farão o fogo, quando o fogo estiver pronto eles aprendem a cozinhar. Se botarem açúcar no arroz paciência. Que comam arroz doce. Se o bife torrou danou-se, mas que mordam o queimado. Se for para pegar na mão do Escoteiro não conte comigo. Olhe que já acampei com tropas e tropas neste mundão de Deus. Quantos mateiros Escoteiros e escoteiras eu vi crescer? Centenas. Gente boa, gente que aprendeu a fazer fazendo e que quando adulto saberão se virar e ter iniciativa. Isto sem a mamãe e o chefinho Professor.

                Quantas vezes dormimos ao relento? Quantas chuvas enfrentamos? Quantos dias frios tiramos de letra com um bom Fogo Espelho? Conheci meninos Escoteiros que uma parada de uma hora em uma jornada era suficiente para uma fazer uma sopa e prosseguir. Turma da pesada! E quantas vezes dormimos sobre pedras, nas subidas das montanhas, molhados com a chuva e nos viramos com uma árvore copada? Pergunte aos que fizeram isto e verão um brilho em seus olhos, uma lembrança gostosa, um sabor diferente no aprender para a vida. Sei que hoje os pais não são como antigamente, mas se fosse eu diria: - Senhor, o escotismo vai ser assim. Se quiser que seu filho seja um homem no sentido da palavra ele vai aprender a fazer fazendo. Se o senhor acha que não dá, melhor que ele não fique conosco! Deixa o jovem chorar e reclamar com o pai. Ou ele o deixa ir conosco e aprender ou então que o leve para casa.

                 Acampar à Escoteira! Bom demais. Sozinho, enfrentando tudo. Medo? Putz! De que por acaso? Fantasmas? Eu dou risadas. Curei meu medo nos acampamentos onde uma árvore á noite era copia do demônio. Onde uma casa de cupim nos montes nos fazia tremer nas madrugadas. Cobras? Escorpiões? Animais selvagens? Não sei se isto existe mais. Dormi amarrado por horas em um pé de pequi olhando para baixo e vendo uma jaguatirica deitada me esperando. Hoje isto não mais existe, mas ainda dá para fazer atividades aventureiras. Ora se dá. Agora se você é daqueles que levam pais para ajudar na cozinha, se você é daqueles que montam barracas e pioneirias explicando como se faz com a escoteirada em volta, paciência. Você não é o tipo de Chefe que acredito. Muito mais se é você quem estica a corda que é o primeiro a fazer o comando Crown e a escoteirada olhando, que adora fazer um caminho de barro e deixar que eles se lambuzem para uma boa foto, vá lá. Faça assim. Não é o que faria.

                    Muitas vezes não culpo você por isto. Você não teve a felicidade de acampar como os Escoteiros acampam. Hoje você tenta ao seu modo, pois aprendeu assim. Os cursos não lhe deram um começo de pista. Mas quer saber? Errar é humano e persistir no erro é uma tremenda burrice. Saia da sua rotina de sempre se quer fazer bons escoteiros. Acampe, vá onde ninguém foi com eles, mas deixe que eles tomem a frente. Você não é o Borba Gato, um Raposo Tavares ou um Fernão Dias Paes. Se divirta com o que eles fazem. Sinta-se realizado em estar ali ajudando de longe e claro você sabe disto. Eles precisam de você, mas não como o papai e a mamãe, mas como um herói que eles querem ser. Lembre-se não seja enganado como o foi Fernão Dias Paes que sempre acreditou ter encontrado esmeraldas, mas nunca ficou sabendo da riqueza que encontrou. As famosas turmalinas de Minas Gerais.


                   Barracas suspensas com um simples toque? Luz elétrica no campo? Enormes sacos de dormir acolchoados esticados nas barracas? Unguento para mosquitos? Bah! Não é o escotismo que penso. Faça acampamento meu amigo, acampamento de Gilwell como deve ser e não Camping. E por favor, não me convide para isto, mesmo Velho Escoteiro como sou ainda acho que dormirei bem em um galho de arvore sem necessidade da Jaguatirica a me olhar. Ufa! Acho que foi isto que me fez Escoteiro até hoje! 

domingo, 2 de novembro de 2014

MINHAS PUBLICAÇÕES EM PDF:


MINHAS PUBLICAÇÕES EM PDF:
De vez em quando recebo um e-mail de participantes do Movimento Escoteiro ou não que me diz: - Manda tudo que você tem! Ele não pede ordena. Meu sinal da internet é fraco e enviar tudo ficaria horas para atender um só. Pergunto-me: - Seria que ele vai ler todos? O razoável é pedir dois ou três de cada vez dizendo quais os volumes. Assim fica mais fácil. Recebo muitos e-mails por dia e pedem para mandar três por vez. Ora, guardar os títulos enviados convém pensar que não dá. Tenho satisfação em atender, mas cada um deve dentro do possivel me auxiliar no envio. Guarde esta lista caso queira ter todos. Faça seu pedido citando o título no máximo três volumes por a cada dia ou semana. Lembro sempre a todos que não tenho nenhum revisor e muitos dos volumes podem ter erros o que não impede a compreensão das palavras e frases.
Você pode ter qualquer um destes títulos em PDF. Se um dia souber que estou ajudando me sinto remunerado. Você pede e não paga nada.  

Livros com histórias Escoteiras. ((minha autoria) Média de 80 páginas cada um)
- A Patrulha da Esperança;
- As incríveis peripécias do Comissário Leocádio;
- O estranho funeral do Chefe Gafanhoto;
- O Fantástico Jogo Noturno na Ilha do Gavião Negro.

Volumes de histórias Escoteiras. (minha autoria) (média de 60 páginas cada um)
- As maravilhosas histórias Escoteiras volumes de I a IV.
--Aprender a fazer fazendo;
 Os pensamentos de Lord Baden-Powell;
- Antologia de meus Artigos Escoteiros;
- Frases e lembranças de Baden-Powell;
- Jim, o Escoteiro do futuro e suas aventuras;
- As fabulosas aventuras do Escoteiro Juquinha
- Os Cinco Magníficos – Seniores aventureiros;
- Os contos incríveis da Meia Noite (não Escoteiros);
- Orações Escoteiras;
- A Bravura de um Herói. Baseado na história de Caio Vianna Martins;

(Também a disposição em PDF de outros autores: De 20 a 100 paginas os volumes)
- O Sistema de Patrulhas – Roland Phillips;
- Interpretação do Livro da Jângal – Blair de M. Mendes;
- O guia do Chefe Escoteiro – Por Baden-Powell;
- Aplicando o Sistema de Patrulhas – de Bi. E.E. Reynolds;
- Sistema e espírito de Patrulha;
- Aprendendo o percurso de Giwell;
- O Ramo sênior;
Fique a vontade e peça o que gostar. Lembre-se máximo de três volumes por vez. Se a cada dia pedir três em breve terá todos.
E lembre-se. Só poderei atender quando receber um e-mail do interessado. Portanto deixar o seu aqui não posso atender. Desculpe.

E-mail para pedidos – elioso@terra.com.br

sábado, 1 de novembro de 2014

Nem sempre tudo é como todos queriam que fosse.


Crônicas Escoteiras.
Nem sempre tudo é como todos queriam que fosse.

              Existem em nosso país escoteiro dois lados da verdade. Graças a Deus em qualquer lado permanecem voluntários Escoteiros ciosos de suas responsabilidades e quase sem nenhuma diferença de um e outro que amam o escotismo por igual. Quando notamos que não temos a força de mudar o que existe, que não temos liberdade para dizer de muitas unidades Escoteiras espalhadas pelos rincões do país, dizer que elas não têm nenhum respaldo dos seus representantes, sejam eles lideres locais, lideres políticos e até mesmo os lideres do escotismo em suas diversas camadas nacionais. Muitos Grupos Escoteiros estão abandonados a sua própria sorte. Fácil para aqueles que estão mais próximo do poder. Aqueles que estão, em posição de ter benesses que muitos nem podem sonhar, um assessor pessoal, um tutor, facilidade de locomoção para cursos e tantas outras facilidades que faz inveja os mais distantes. Aqueles sonhadores escoteiros só tem sua força mental em continuar na trilha pois ainda acreditam na causa mas sabem que o respaldo será conseguido a duras penas.

                 Existem uma infinidade de heróis que lutam sem ter nenhuma arma, sem ter nenhuma colaboração a não ser de palavras que são ditas a distância e que nunca resolvem suas necessidades. São um punhado de sonhadores, que aos sábados vestem sua indumentária Escoteira e com seus parcos conhecimentos partem para a suas moradas Escoteiras, para encontrar um bando de jovens sedentos de escotismo. Eles estão sempre sorrindo. Dão seu Sempre Alerta orgulhosos. Alguns dos chefes heróis fizeram cursos. E como fizeram. De sua própria reserva financeira, muitas vezes pequenas e que mal dá para enobrecer sua responsabilidade em seu lar, eles acreditam que podem ajudar se aprenderem. Um pequeno valor ali, outro aqui e lá vão eles em viagens intermináveis a fazerem seus aprendizados em cursos que deveriam lhe dar tudo sem nenhum ônus, mas sabem que nunca irão lhes nada de graça. Eles em suas poses de Velhos Lobos fornecem alguns conhecimentos supérfluos, totalmente sem noção do que se precisa para que eles ao voltar possam atuar dentro de sua seara que muitas vezes lhes voltam às costas.

                  Nestes longínquos rincões os valentes chefes tentam sobreviver do que dispõe. A vara de marmelo não é mais a mesma. As visitas dos chefões não existem. Quando um deles aparece é para palestrar como se uma palestra fosse resolver suas necessidades e sabem que ela nunca lhes dará o resultado de tudo. Eles sabem que a luta será renhida e não desistem pois foi isto que um dia os fez iniciar e... Continuar! Quem nasceu em berço de ouro Escoteiro, em uma cidade que oferece condições, com estrutura de apoio e financeiro já reconhecidos de anos, não sabem o trabalho que é preciso para fazer nos recantos Escoteiros do Brasil um grupo andar com suas próprias pernas.. Claro os poderosos dizem que eles podem fazer o mesmo; Todos podem fazer. Nunca irão entender aqueles outros. Aqueles que sabem que nada conseguirão das autoridades locais e regionais. Dizer palavras vazias? Cursais e aprendeis ó chefes e terão as benesses que os outros já conseguiram. Verdades? Meias verdades? Será que eles não precisam de outra trilha para que possam encontrar o caminho do sucesso? Uma trilha que muitos acreditam que seus lideres poderiam dar a eles? Uma trilha através de um marketing agressivo, com bons profissionais Escoteiros que lá vão brincar com eles em seus rincões a fazer o escotismo que sonham.

                  Eles sabem que nem sempre encontrarão estas facilidades de ter um assessor sorridente, IM ou não, mas com experiência para lhes mostrar o caminho a seguir e ao lado deles conseguirem encontrar a estrada do sucesso. Nossos lideres tem outras necessidades. Ainda não viram o escotismo pobre, inculto, feito por heróis escoteiros perdidos nas longes cidades do nosso Brasil. Os cursos para eles podem até ajudar mas nada resolvem nas suas necessidades. Quanto um líder politico dá asilo nas suas necessidades locais tudo bem, mas tudo que é bom dura pouco. O líder é trocado e eles recebem um bilhetinho de bay bay, hasta la vista, baby! E os seus sonhos começam a desmoronar. Onde estão os lideres Escoteiros regionais e nacionais para auxiliá-los? Onde estão os braços que dizem nós Escoteiros temos para colaborar uns com os outros?

                    Fácil para quem está em berço de ouro. Boas sedes, bons locais para fazerem escotismo, vivem entre os arautos do poder, podem consultar, ver exemplos, sentir na pele à beleza de pertencer à realeza. Aqueles outros não tem isto. Os parcos
materiais que possuem são guardados nas moradas dos heróis. Sede para eles é um luxo que não possuem. Se reúnem em praças, em pátios de colégios que tiveram de mendigar para estarem ali. Para a maioria deles, dizer que com menos de trezentos reais podem ter sua vestimenta é uma piada de mau gosto. E estes infelizmente, estes heróis Escoteiros e suas lutas desiguais nada recebem. Quem sabe os reis e seus súditos acham que eles não deveriam existir. Seria melhor fechar com um sopro seus sonhos Escoteiros. Ah! Sonhos. Quando eles terminam ficam a sensação de uma noite mal dormida, um gosto amargo por não ter conseguido fazer aquela escoteirada sorrir com seus sonhos de menino.

                      É, nem posso dizer daqueles que do alto do pedestal, se investem como donos do poder, dizendo quem pode e quem não pode sonhar em fazer seu escotismo. Eles são mais que Salomão. Sabem quem vai vencer e quem será derrotado. Eles se apinharam no poder. Gostam de ver a plebe sorrindo para eles. Sabem o que dizem e sabem o que fazem. Estão abraçados na corte e lá não são plebeus pedintes, mas membros da realeza. Enquanto isto, em centenas de cidades estão lá os valorosos heróis tentando vencer as adversidades. Sem materiais, sem sede, sem apoio politico e sem apoio dos poderosos lideres Escoteiros que se acham acima do bem e do mal. Existe hoje somente uma preocupação, mudar o que existiu, alterar o que pode ser alterado, levar milhares aos encontros milionários dos Jamborees, fazer sonhar a mente de um ou uma Escoteira que sabe nunca poderá estar junto. São sonhos impossíveis de realizar. Quem mandou nascerem pobres?

                       Não posso dizer que o escotismo é para ricos. Eu não acredito nisto. Eu acredito nos sonhos, na força do amor, na vontade de vencer sem mendigar. Sem ser preciso conseguir as duras penas um mero registro gratuito só para dizer que somos agora uma nação Escoteira. Não acredito que um número, uma senha irá fazer deles, os excluídos agora sorridentes mais um da formosa elite Escoteira. Nada disto. Eles querem alguém que vá lá, os abrace, diga a eles que vão lutar pelos seus sonhos, vão ficar lá o tempo que for preciso. Eles querem um profissional Escoteiro, valente jovem rapaz, que com um sorriso vai mostrar que somos uma nação Escoteira sem ter privilégios. No final quem sabe poderemos junto a eles dizer que somos todos irmãos, e vamos lutar juntos como se fossemos um por todos e todos por um. Sonhos megalomaníacos? Pode ser, mas eu ainda acredito. E nos meus sonhos peço a Ele que lhes dê força, que lhes mostre o caminho para o sucesso e façam um belo escotismo para que no futuro possam dizer: Eu consegui!


                        Quem são eles? São bravos Escoteiros, joviais, alegres briosos brasileiros que lá nos montes vão brincar ao léu de uma aventura!