Conversa ao
pé do fogo.
Para onde
caminhamos?
Existe um tema que sempre
escrevo sobre ele. “Pesquisas”. Alguns partidos políticos odeiam. Acham que
elas não são bem vindas. Mas elas existem em todos os segmentos da nossa
sociedade. E no escotismo? Alguém conhece alguma? Pelo que eu saiba nunca foi
feita e se foi não deram pistas de como fizeram, se foi pelas técnicas usadas
pelas empresas do ramo. Temos uma série de bons temas que valeriam pesquisas
sérias para melhorarmos em nosso crescimento quantitativo e qualitativo.
Poderia citar a evasão, o programa atual, as normas estatutárias, as mudanças
feitas em distintivos, onde erramos, porque não crescemos e outros. Posso até
estar errado, mas em nossas assembléias dificilmente discutimos abertamente os
assuntos que nos interessam. Nunca interagimos com nossos dirigentes lá. Eles
educadamente podem até nos ouvir, mas nunca levar a sério nossas palavras.
Quando muito fazem seminários com temas pré-estabelecidos e os resultados
dificilmente aparecem.
No passado eram comuns os
questionários pós-cursos para vermos onde erramos (formadores) e melhorar no
futuro. Eu mesmo cheguei à conclusão que quase todos não se interessavam pelas
respostas. Poucos membros da equipe se dispuseram a comentar e levar adiante os
temas divergentes. Hoje sei que os formadores costumam se reunir em diversos
estados, mas os temas nestas reuniões já vem pronto da UEB ou dos dirigentes
responsáveis pela atividade. Tomemos como exemplo a vestimenta. Ela já foi
exaustivamente discutida e guardada no baú para quem sabe daqui a muitos anos
possa se pensar onde erraram e tentar melhorar. Volto no tempo sobre o programa.
Alterado sem nenhuma pesquisa. Os distintivos da UEB idem. Os acampamentos
nacionais são idealizados por poucos e os comentários partem daqueles que viram
jovens sorrindo. Muitas vezes copiados de atividades internacionais realizadas
em outros países. Ninguém nunca questionou se o Sistema de Patrulhas poderia
fazer parte de tudo.
Todas as decisões hoje da
UEB não se baseia em pesquisas. Quando muito um dos dirigentes nacionais dá
exemplo de sua vida Escoteira em seu grupo ou distrito ou região. Muitos se
apegam na sua experiência pessoal e por ela dão dados que muitas vezes são
válidos e outras vezes distorcidos. O número x por cento fica a critério de
cada um. É comum ouvirmos que tantos por cento aconteceu na minha área de atuação.
Quem um dia se dispuser a ler as atas da direção nacional verá que as decisões
se baseiam na ideia de um e rapidamente aprovada pelos demais. Errado? Alguns podem
dizer que não, mas seria isto a verdadeira essência do escotismo? Afinal irão
alterar a vida de milhares de associados que nem consultados foram. Seria isto
um erro? Quem se arroga em dona da verdade e tem medo do que pode dizer ou
pensar a maioria pode mesmo dizer com certeza que isto terá validade no futuro?
Porque a duvida da consulta? Porque a duvida da pesquisa? Elas poderão levar a
um caminho contrário do que eles pretendem?
Infelizmente este mal que nos aflige
sem perceber é assimilado pelas Regiões, Distritos e Grupos Escoteiros. Em sua
maioria também erram em não saber ouvir, em não entender o ponto de vista alheio.
Perdemos hoje muitos voluntários porque quando entraram pensaram que nosso
movimento era democrático, que poderiam opinar divergir e serem ouvidos. Viram
que boa parte (nem todos) dos lideres dos grupos distritos e Regiões agiam de
forma ditatorial sempre a dizer que as normas são estas. Alguns tinham a
petulância em dizer que: - Se não aceita a porta da rua é a serventia da casa.
Dificilmente se faz pesquisa. E olhe que o sistema de patrulha é enfático neste
tema. O Monitor tem a obrigação de ouvir sua patrulha, levar em conta sua
opinião e dizer ao Chefe o que pensam. Mas isto só lá na patrulha. Dai em
diante tudo se modifica. A UEB pode explicar melhor isto.
Se desta forma estamos formando
jovens para uma vida adulta na sociedade com poder de pensar, de agir e
interagir e acreditar num sistema democrático, eu não sei se estamos no caminho
certo ou se é o mesmo que BP. Acreditava: - O Caminho para o Sucesso. Acredito que
precisamos meditar e não nos escondermos em palavras bonitas tais como os
meninos em primeiro lugar, o Escoteiro é obediente e disciplinado, o escotismo
é minha filosofia de vida e as normas são para serem cumpridas. Eu já escrevi
muito sobre isto. Francamente não sei se meu objetivo foi atingido. Só posso
assegurar que se pudéssemos ter grandes pesquisas Escoteiras nacionais, poderíamos
melhorar em muito nosso caminho para o sucesso. O eu sei, o eu entendo, o eu
tenho experiência sem perceber pode nos levar a pensar que uma ditadura é
melhor que uma democracia. Precisamos abrir nossa mente de uma maneira clara e
insofismável. Ninguém tem o direito de mudar sem uma consulta ampla e irrestrita.
Somos homens e mulheres que pensam. Não somos ovelhas a pastorear no campo enquanto
o pastor tira um cochilo embaixo de uma árvore e decide a hora que iremos
voltar.
- Afinal, quando teremos a liberdade de
entender a nova postura que um dia poderia ser realizada, e assim entender porque
tal mudança foi feita, que agora podemos acreditar na sua validade, pois
opinamos e fomos ouvidos? Ou será melhor que todos acreditem que o sistema
atual é realmente aquele que nos levará ao caminho para o sucesso?