quinta-feira, 30 de maio de 2019

Gentil. O Antigo Escoteiro. Como se fosse ontem...




Gentil.
O Antigo Escoteiro.
Como se fosse ontem...

Prólogo: - Ontem? Mas não foi hoje que vesti minha calça curta ali naquele pátio? Primeiro a azul e depois a caqui? O que eu estava fazendo de volta ao passado? Ninguém me conhecia, ninguém sabia que era eu. Mas eis que chegou Noal, amigos de patrulha e agora de distância que só cabem nas lembranças do coração. Porque não fiquei? Sem explicação. Destinos são assim, uns fazem os seus outros aceitam o que foi destinado. Uma pequena história. Bem vindos!

                    - Quem é você? – Eu chefe? Um simples antigo Escoteiro. Visitando. – O que quer ver? Levantei as sobrancelhas. Suas palavras mudaram o vento do meu rumo. Francamente não esperava tal rebeldia por uma simples visita. – Trinta anos, passei trinta anos sem voltar. Quantos ainda restavam do lugar que ficou na memória? A voz parecia brotar machucando como se ele quisesse dizer que eu ali não fazia falta. – Você não pode crescer aprender e depois ir embora! Ele era mordaz. Eu pensei que sempre fui eu mesmo. – Não pode ser um destes chefes que ficam sentados falando o que pretendem fazer e nada fazem. - Ele tinha razão. Ele esperava que eu tivesse dito: - Eu vou fazer e pronto. Vou imaginar o futuro sobre o prisma de um valente Escoteiro! Voltei no tempo, quanto tempo, não fiz minha história e nem sequer pensei no rumo que escolhi. – Olhei para ele, não o reconheci. Não era da minha época. Será que não era bem vindo? Perguntava-me também porque voltei. Deixei minha memória passear no tempo. Tempo? Sim naquela época os adolescentes se achavam invencíveis. Sempre com aquele sorriso malicioso e idiota estampado no rosto sempre se achando o melhor.

                 - Não posso ficar e ver a nova geração? – Ele sorriu desconfiado. Quem sabe pensou que era um daqueles que quase destruiu um trabalho feito por valentes oriundo de uma saga que hoje não existe mais. – Ele me perguntou: Você é uma pessoa escoteira? – Nossa! Que termo mais abstrato. O que significaria ser uma pessoa? Será que existimos no presente sem saber o que seremos quando deixarmos de existir? Quais seriam as regras do jogo agora e será que eu teria condições de aprender a jogá-las? – Um lobo se aproximou. Dirigiu-se a ele me olhando pelo “rabo” de olho. – Akelá, faremos o melhor agora? – Me lembrei do Grande Uivo. Quantas vezes eu fiz? Quantas vezes fui eu convidado para representar a Alcateia? – Já vou serei breve rápido rasteiro. – Mas que diabos significava rápido e rasteiro? Arroz instantâneo leva cinco minutos e pudim instantâneo uma hora. Duvido que a velocidade seja medida desta forma.

                  O circulo na Roca do Conselho estava em posição. Acho que um cisco levado pelo vento resolveu pousar em meu olho. Lágrimas se fizeram instantaneamente. Como cresci meu Deus. Perdi parte da minha vida ali naquele circulo, ou melhor, será que perdi ou ganhei? Ao longe a canção se fez ouvir. Avançam as patrulhas! Que saudades. Pensei em Noal e Zezé. Ainda estão vivos? A quem perguntar? Ao chefão dos lobos ou o Grande Chefe da Tropa escoteira que adentrava na sede? Eu queria ser uma pessoa dessas que tem uma vontade enorme de falar e contar as nuances do passado. Passei anos sem encontrar pessoas deste tipo. Ouve um tempo que acreditei que precisavam de mim como um cometa precisa da cauda! – Não nos conhecemos? Incrível volta no tempo. Era Noal sem tirar nem por. O Maestro dos Lobos se foi. Um abraço apertado um aperto de mão, uma saudação nos moldes militar. Cascos batidos de um calcanhar forte emplumado por um coturno que todos sempre sonharam ter.

                   - É você? Não acredito. De volta as raízes? Confesso que comecei a chorar. As saudades eram demais. Eu sabia que não devemos perder a esperança, pois se acontecer seremos irremediavelmente feridos. A vida nos faz pensar que somos invencíveis o que realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos a forma de tamanho e manifestação. A Tropa surda ao passado olhava com atenção.

                  - E Zezé? – Morreu. Uma resposta fria e dita de forma direta. De longe o Chefe dos lobos espiava o encontro de dois Matusaléns que encarnou ali no pátio uma memorial que jazia há tempos na vastidão do passado. Olhei para ele dei um sorriso simples e pensei que às vezes precisamos de alguém que nos ouça, que não nos julgue que não nos subestime, apenas nos ouça. Fui embora despedindo de todos. Uma volta no tempo, uma lembrança perdida e reencontrada no presente. Saudades de tudo do que foi e do que ficou preso na memória do tempo. Eu sabia que tinha perdido uma coisa importante e que nunca consegui achá-la. Era como se eu tivesse perdido os meus óculos, fosse até uma óptica e descobrisse que todos os óculos do mundo tinham se acabado e que, agora, eu teria de viver sem eles.

                 Foi bom retornar. Velhos sonhos, velhos amigos e pensei quantas palavras estavam ainda escritas nas árvores daquele pátio que nunca em tempo algum me saíram da lembrança.



terça-feira, 28 de maio de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. “O Acampamento” Por Lord Baden-Powell do seu livro A Caminho do Triunfo.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“O Acampamento”
Por Lord Baden-Powell do seu livro A Caminho do Triunfo.

Prólogo: Não existe nada que substitui o Acampamento no Programa Escoteiro. Ele é a própria razão da existência do Escotismo. Afinal a vida ao ar livre, as técnicas, a maneira de acampar, o aprendizado, a desenvoltura do corpo e da alma são as essências da formação do Escoteiro. Vejamos o que BP dizia no seu livro “A Caminho do Triunfo”.

- O acampamento é a grande atração que chama o rapaz para o Escotismo e oferece o melhor ensejo para ensiná-lo a confiar em si próprio e a desenvolver o espírito de iniciativa, além de lhe dar saúde e robustez. Um acampamento é um lugar espaçoso, mas não há nele lugar para um indivíduo só: aquele que não quer desempenhar a parte que lhe cabe-nos muitos trabalhos que sempre há para fazer. Não há lugar para o fingido nem para o resmungão. O Pata-Tenra queixa-se da «dura vida do acampamento», mas o Escoteiro que conhece as regras do jogo bem sabe que a vida em campo está longe de ser dura.

O objetivo de um acampamento é (a) ir ao encontro do desejo que o rapaz tem de gozar a vida ao ar livre dos Escoteiros, e (b) pô-lo completamente nas mãos do seu Chefe durante um período definido, para formação individual do caráter e do espírito de iniciativa, e desenvolvimento físico e moral. Todo o Escoteiro sabe que quando levanta o acampamento só há duas coisas que deve deixar atrás de si:

1. Nada;
2. Os seus agradecimentos - a Deus pelos bons momentos que viveu, e ao proprietário do terreno por tê-lo deixado fazer uso dele.

Se o acampamento for utilizado como um mero pretexto para a inação e o amolecimento, quase que mais vale não acampar. Só quando estamos acampados é que podemos verdadeiramente aprender a estudar a Natureza como deve ser, pois é ali que nos encontramos frente a frente com a Natureza em todas as horas do dia ou da noite. O acampamento ideal, para mim, é aquele em que todos andam alegres e ocupados, em que as Patrulhas se mantêm intactas em todas as circunstâncias, e todos os Monitores de Patrulha e todos os Escoteiros sentem verdadeiro orgulho no seu acampamento e nas suas construções.

Sempre que acampares ou partires em expedição, lembra-te que muito se espera dos Escoteiros. Tens de ajudar a manter o bom nome do Movimento. O acampamento, essencial para os Escoteiros, não o é para os Lobinhos, e com estes é de longe melhor nem sequer tentar acampar, a menos que se possa contar com todos os meios e se tenha a experiência necessária. Um bom acampamento pode ter efeitos benéficos e duradouros sobre os Escoteiros. Um acampamento ruim será uma vergonha permanente para o Chefe, a Tropa, e provavelmente para todo o Movimento. Mais vale educar os rapazes por métodos talvez menos atraentes e mais lentos do que de correr este risco.

O acampamento é a melhor oportunidade para estudar os escoteiros, pois em poucos dias aprendereis mais a seu respeito do que em muitos meses de reuniões normais, e podereis exercer sobre eles, no domínio do caráter, do asseio e da saúde, uma influência tal que crie neles hábitos duradouros. Na vida de acampamento aprendemos a passar sem uma porção de coisas que achamos necessárias quando vivemos em casas, e descobrimos que conseguimos fazer sozinhos muitas coisa que pensávamos não ser capazes de fazer. É difícil haver um único artigo da Lei do Escoteiro que não seja cumprido melhor, depois de teres acampado e de o teres posto em prática no acampamento.

Não deixemos que os nossos acampamentos se convertam nos piqueniques aborrecidos e indolentes que seriam se organizados ao estilo militar. O que nós queremos é a arte da exploração e da vida na natureza, e é isso que os rapazes mais desejam. Que o tenham, e em força. Enquanto os Grupos e as Patrulhas não estiverem acostumados a acampar, ainda não começaram a ser Escoteiros.

O acampamento é o jardim celestial do rapaz, e a oportunidade do Chefe. E, além disso, é Escotismo. Há um aspecto que eu gostaria de insistir junto de todos aqueles que assumem a responsabilidade de um acampamento; esse aspecto tem a ver com a minha velha divisa «vistas largas», e consiste em compreender que, por muito elevado que seja o grau de perfeição a que possa ser levado, o campismo não é o fim último do Escotismo. É apenas uma das etapas - embora a mais cheia de potencialidades - em direção ao nosso objetivo de formar cidadãos felizes, saudáveis e úteis.

Quando cheguei à arena, em Budapeste, no meio duma intensa chuvada, fui mais uma vez aclamado como «Baden Meister». (Mestre do Banho).
Expliquei então aos rapazes que tinha trazido à chuva comigo de propósito, para melhor poder julgar as suas qualidades, uma vez que esperava que eles não fossem Escoteiros só de bom tempo.

O estudo da natureza mostrará a vocês quão repleto de coisas belas e maravilhosas Deus fez o mundo para vocês aproveitarem. Alegrem-se com o que receberam e façam bom proveito disso. Olhem para o lado bom das coisas, ao invés do lado ruim delas. Contudo, a melhor maneira de obter felicidade é proporcionar felicidade a outras pessoas. Tentem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram e, quando chegar à vez de morrerem, possam morrer felizes com o sentimento de que, pelo menos, não desperdiçaram o tempo, mas fizeram o melhor que puderam. Estejam preparados, desta maneira, para viverem e morrerem felizes, sempre fiéis à Promessa Escoteira, até mesmo depois que deixarem de ser jovens - e que Deus os ajude a cumpri-la. “Vosso amigo, Baden-Powell”.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Crônicas de um Velho Chefe escoteiro. “Um grande e gostoso ‘Abraço”.



Crônicas de um Velho Chefe escoteiro.
“Um grande e gostoso ‘Abraço”.

Prólogo: Hoje é dia do Abraço. Gosto dele sou fã incondicional de dar um abraço. Dizem que devemos dar a quem merece, é bom demais ver o semblante de quem a gente não tem muita simpatia recebendo um abraço. O susto, o sobressalto, o receio de não entender, só isso vale a pena dar um abraço.

              Quantos abraços você dá por dia? Não contou? Pois conte, tente fazer uma competição com você mesmo. Quantos abraços darei hoje? Abrace com cortesia, sem segundas intenções, com um sorriso honesto, com respeito e cortesia. Agora pergunte a você se sabe o valor de um abraço. Dizem que tem dois tipos, o toque sutil ao braço e o verdadeiro apertado. Este sim a gente vê passar o calor indo direito no coração. Tente sentir do que o abraço é capaz. Quando bem apertado, ele apara tristezas, combate incertezas, sustenta lágrimas, põe a nostalgia de lado. Ele é até capaz de diminuir o medo, medo que a vida nos traz em forma de duvida de enfrentamento e do pensamento do que o outro pensa de nós...

               Costumo dizer que o abraço é espontâneo, perguntar ou sem consulta dar um abraço apertado naqueles que você quer bem ou até mesmo naqueles que você acha que não merece. Um sorriso, um abraço e finalmente dizer: - “Eu gosto de você”. Vivi tantas coisas em minha vida, que fico pensando porque não abracei tanto a quem devia. É ruim pensar que não fez e dizer: - Agora é tarde demais. Costumo aconselhar que abrace agora, o amanhã a Deus pertence. Quem sabe não vai ter oportunidade novamente? Eu não gostaria de estar em espirito vendo meus amigos dizerem que gostavam de mim, que achavam que eu era justo, que era um Escoteiro sincero, seria difícil não poder retrucar dar um abraço de volta e dizer: - Eu também gosto de você.

                  Para alguns dar um abraço nem sempre é fácil. Cada um de nós tem uma experiência diferente na interpretação da linguagem corporal e com a distância que as outras pessoas mantém durante a interação. Essas experiências podem variar de muito agradáveis e desejadas até as impressões de insuportável desconforto. Isso não é diferente no caso do abraço. Quem já não se sentiu mal quando alguém (desconhecidos, por exemplo) nos fala muito perto do rosto? Não podemos ignorar que o nosso corpo é uma referência para nós. Quando o assunto é espaço e a sua ocupação, o corpo ganha uma importância especial.

                   Nunca vou esconder meus sentimentos. Não quero amanhã dizer que devia ter dito e não disse. Não quero dizer que o amanhã não vai acontecer, pois eu o perdi, deixei-o ir sem ao menos dizer: - Escoteiro, Escoteira, Lobo ou Loba, Sênior ou Guia saiba que eu gosto de você. Saiba que você é importante para todos nós. Conto com você nas horas difíceis e nas horas de alegria. Quantos se vão e deixam atrás magoas e dissabores? Quantos deixam o escotismo cheios de amarguras porque ninguém nunca disse que ele era importante? Não seria diferente que em vez de cara feia, chamada de atenção recebesse um abraço?

                      No escotismo muitos pensam diferente. Acham que isto não é próprio de jovens meninos e meninas, de adultos ao redor, de gente como a gente que não devem se preocupar em palavras afáveis, mas sim com ações que demonstram a fraternidade diferente de ficar dizendo o que não pensa, de dizer o que não deveria dizer. Eu penso diferente, se preciso em diria mil vezes antes que seja tarde demais. Gosto de elogiar, um elogio vale mais que palavras ásperas, que um cenho serrado, um imaginário que não passa pela minha mente. Costumo dizer que se temos que falar que falemos logo, se temos de abraçar porque não abraçar logo? Se o amigo mais próximo merece um elogio porque não dizer? Esperar que ele um dia não estivesse mais aqui? Não deixar que ele ouça e não estando presente não possa expressar seu sentimento?

                 Já me disseram que não somos como o sol, ele não quer receber elogios, ele nem se gaba de sua beleza, simplesmente ele brilha. Mas eu adoro o sol, todos os dias o saúdo com uma frase tirada da imaginação. Como dizia o poeta devemos compreender o valor de um bom dia, de um telefonema, de uma visita, de um abraço de um beijo fraternal, de um carinho simples para depois poder sair por aí sorrindo e dizer aos ventos: - Eu gosto de você, quero ter alguém assim ao meu lado para sempre e por toda a vida!

                 Abraçar tem o poder de transmitir energias, explicar sentimentos que as palavras não conseguem e curar carências e tristezas. Portanto abrace muito, demostre carinho e amizade. Hoje repito no dia do abraço pergunte a você mesmo, eu já abracei alguém hoje? Dê sempre o primeiro passo, faz bem, demonstra cortesia e mostra que a gente gosta de quem está ao nosso lado. Meus amigos do Escotismo, “Feliz dia do Abraço” e seja feliz em ver o sorriso estampado!

                     

segunda-feira, 20 de maio de 2019




Dez dicas para o Monitor tratar seus patrulheiros.

Disseram-me que estas dez dicas deveria servir também para chefes escoteiros. Escrevi para monitores. Tem muitos chefes que cumprem fielmente sua missão. Que cada um faça sua análise pessoal. Sem bons monitores dificilmente teremos o êxito esperado e muito menos o Sistema de Patrulhas funcionando a contento. Você Chefe também é responsável.

1. Não faças comentários que possam humilhar ou envergonhar algum dos Escoteiros de sua patrulha.
 2. Se precisares chamar à atenção de algum deles, faça a sós, sem os outros ouvirem.
3. Não deixes de fora os patrulheiros mais tímidos ou novatos, fala para eles, dá-lhes atenção, mostra que estás sempre a contar com a ajuda deles e que são importantes para a Patrulha. Dá-lhes um elogio para os  motivares e perceberem que estão a ser úteis.
 4. Muitas vezes, consegues modificar o comportamento e as atitudes dos outros recorrendo à boa disposição e a algumas piadas, desde que não humilhes ninguém.
 5. Não leves muito a sério um patrulheiro que seja muito resmungão. Responde-lhe com bom humor.
6. Não fales nas costas uns dos outros. Os patrulheiros vão imitar-te e irão acabar por falar de ti nas tuas costas. Dá um bom exemplo.
7. Mostra-te paciente para com todos. A paciência é uma grande virtude e os teus escoteiros saberão reconhecer-te essa característica, mesmo que não o digam abertamente.
 8. Se algum dos patrulheiros agirem incorretamente com outro, explica-lhe de que modo foi incorreto e sugere-lhe que peça desculpa.
9. Não grites com os teus escoteiros Se gritares, o mais provável é perderes autoridade.
10. Não mostres ressentimentos para com alguém que tenha feito algo de errado ou tenha prejudicado a Patrulha. A capacidade de perdoar é uma virtude.

E não se esqueça destas palavras de BP. Elas podem ajudar você muito: - Levar-se muito a sério enquanto jovem é o primeiro passa para tornar-se um “pedante”. Um pouco de bom humor poderá tirá-lo deste perigo e também de muitas ocasiões desagradáveis. – Aquele que se elogia é geralmente aquele que necessita de ajuda;

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Conversa ao pé do fogo. Os cadetes de Mafeking.




Conversa ao pé do fogo.
Os cadetes de Mafeking.

Prólogo: - Os cadetes de Mafeking fizeram parte da vida adulta de BP durante a guerra dos Boers. Foi por sua trajetória em Mafeking que ele foi aclamado o herói da Inglaterra e de onde surgiram muitas das ideias que ele utilizou na formação do movimento Escoteiro mundial.

                         Nós tivemos um exemplo do quão útil podem ser os escoteiros em serviço quando formamos um corpo de rapazes na defesa de Mafeking, 1899-1900. Mafeking era uma pequena cidade na África do Sul, quando ela foi cercada pelo exército Boers, Baden-Powell tinha somente umas poucas centenas de soldados para defendê-la. Cada soldado era vital para a linha de frente, e lá na cidade muito trabalho também necessitava ser feito. B-P colocou o seu chefe-de-staff, Major Lord Edward Cecil, para trabalhar. Ele rapidamente formou um Corpo de Cadetes com 18 meninos, com idade a partir de nove anos. Ele escolheu um jovem líder para ser o sargento encarregado (sergeant-major) do corpo de cadetes, seu nome: Warner Goodyear.

                      Os cadetes de Mafeking tinham seu próprio uniforme: uniforme cáqui, chapéu de abas largas com um dos lados dobrado para cima, ou gorro. Antes de tudo os jovens foram bem treinados em entregar mensagens entre as defesas da cidade, servir como ordenanças, ajudar nos hospitais e atuar como vigias para prevenir as forças quando os ataques fossem esperados, e também avisar à população quando o grande canhão bôer fosse apontado para a cidade a fim de dar-lhe uma chance de abrigar-se antes que a bomba caísse. Agora os meninos tinham algo melhor a fazer na cidade que ficar correndo de um lado para outro apanhando fragmento das bombas que explodiam! Eles assumiram o seu trabalho com orgulho, e logo foram reconhecidos como parte das defesas da cidade. O Corpo foi logo aumentado de 18 para 40 meninos.

                     Primeiro os jovens entregavam mensagens usando burros, mas à medida que o estoque de alimentos na cidade desaparecia os animais gradualmente iam terminando na cozinha! Assim eles passaram utilizar bicicletas, e frequentemente tinham que pedalar em meio a fogo pesado. Em uma famosa história B-P advertiu a um jovem que ele poderia ser atingido, e ele respondeu "Eu pedalo tão rápido, Senhor, que eles jamais me alcançarão.”. Quando os selos da cidade se esgotaram durante o cerco eles precisaram de um desenho especial para imprimir novas emissões. Assim todos os selos colados nas cartas entregues pelos cadetes passaram a estampar o líder do Corpo de Cadetes, Warner Goodyear, sentado em sua bicicleta. Após o cerco os Selos de Mafeking,  feitos durante o cerco tornaram-se itens de coleção em todo o Império Britânico.

Baden-Powell, Escotismo para Rapazes
Hillcourt, Baden-Powell: the two lives of a hero
Grinnell-Milne, Mafeking

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Uma pequena crônica Escoteira. Bandeiras ao vento!




Uma pequena crônica Escoteira.
Bandeiras ao vento!

Segundo dia de acampamento. A tropa formada para o cerimonial. Fizeram um belo mastro de bandeira. Naquela época ainda não era costume arvorar. Isto facilitou para evitar cortar um bom bocado de um mastro na floresta. Mas eis que um vendaval aconteceu. Vento de oitenta a cento e vinte quilômetros por hora. A bandeira não havia chegado ao topo. O vento a pega de jeito. Ela se solta do cabo e sobe como um balão pelos ares. A chuva cai arrebentando meio mundo. Pingos e pedaços de gelos para alegria geral estouram no solo ressecado. A escoteirada grita: - Salvem-na! Ela é nossa pátria! E todos saem correndo atrás da Bandeira do Brasil que corre nos céus com estrondos e trovões que amedrontariam aos mais bravos chefes escoteiros. Eles não há perdem de vista e seguem-na através da floresta. Ela começa a cair e fica presa no alto de um jequitibá. E quem disse que um valente escoteiro não foi até lá? Mesmo com a chuva jorrando aos borbotões, rajadas de vento e raios cruzando o ar ele “trepou" na arvore” de galho em galho foi lá nas “grimpas” e sorrindo pegou a bandeira dobrou com honra, como aprendeu a dobrar. Desceu sangramentos nos braços, uniforme com rasgos, rosto cheio de fuligem e a tropa atrás gritando: - Chefe, Chefe! Salvamos a bandeira do Brasil! O Chefe chorou de emoção. Que orgulho, que vontade de medalhar a todos eles! E a chuva? A chuva meu amigo se foi, era daqueles que a quadrinha dizia, - Escoteiro! Se tens água e depois vento põem-te em guarda e toma tento. – Mas se tens vento e depois água deixe andar que não faz mágoa!

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Conversa ao pé do fogo. “Castas” – existem no escotismo?




Conversa ao pé do fogo.
“Castas” – existem no escotismo?

Prólogo: - Não seja arrogante , seja uma pessoa humilde, lembre-se aqui na terra ninguém e melhor que ninguém todos temos qualidades e defeitos, jamais seremos perfeito. Respeite o seu semelhante para que você seja respeitado. Olha já pensou que iremos embora daqui, estamos aqui apenas de passagem. A única coisa que você pode levar junto contigo que é melhor do que os outros e o caixão de primeira categoria no resto tudo é igual. Pense bem antes de ofender alguém.

                      No ideal de Baden-Powell castas não existem. Mas em alguns países dentre eles o Brasil existem sim. “Na sociedade liberal, vivemos em uma cultura onde muitos acreditam que qualquer um pode ascender em termos sociais e econômicos por meio de riquezas acumuladas”. Na Índia, trabalho e riqueza são parâmetros insuficientes para que possamos compreender a ordenação que configura a posição ocupada por cada indivíduo. Nesse país, o chamado regime de castas se utiliza de critérios da natureza religiosa e hereditária para formar seus grupos sociais.

                   - Entende-se em sociologia, que castos são sistemas tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da lei ou da prática comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação profissional, etc. Sei que muitos ficam em dúvida nesta minha preposição. Mas amigo se voce olhar bem ao seu redor no Movimento Escoteiro vais ver um numero razoável que se acham previlegiados. Eles pensam que pertencem a “Casta do Grande Irmão de Gilwell, do Chefão do dirigente ou até mesmo do Professor que chamam Formadores”.  Pelo cargo, pelo seu tempo de movimento ou mesmo pelo seu gráu de conhecimento escoteiro ele se julga importante e tem o previlegio de pertencer a uma “casta” que poucos conseguem. Ele se sente realizado. Só no escotismo onde tudo é de graça ainda existem tais tipos que não demonstram ter espírito escoteiro.

                       Quanto mais títulos e condecorações melhor. Os novos ficam admirados, outros ficam desejando ser igual e outros nauseados com tamanha idiotice. Sabemos que nem todos são assim. Seus ideais são os de ajudar uma juventude que busca no escotismo uma forma de colaborar com a juventude. Ver alguns com esse sonho é patético para não dizer dramático assistir a esse espetaculo de ver alguns voluntários que se acham acima da fraternidade que tão bem nos caracteriza. Qualquer um que labuta há mais de seis meses no escotismo sabe que existem. Às vezes tem figuras tão bizarras que dá vontade de rir. Outro dia comentei com alguns amigos que se continuar assim, teremos em breve alguns deles dizendo: - “Sabem com quem está falando”? Rs... Sob o ponto de vista linguistico é uma frase feita. Talvez o agravante do singnificado encontra-se justamente nas circunstancias em que ela é proferida. O tom de voz, o status de querer ser. Não duvidem. Temos sim no Escotismo brasileiro e em muitos países, chefes que se julgam o melhor.

                       Há um sonho abstrato de uns poucos (que incomodam) em participar ou ser desta casta que acreditam ser importante. – Sonham em ser Insígnia de Madeira esqueçendo seu próposito para que foi criada, Dirigentes Nacionais Regionais ou Distritais, Comissários, Formadores e por fim ser quando “crescer” um Velho Lobo. Dá tristeza ver a subserviencia de alguns chefes tentando conseguir o seu “taquinho”. Conheci um que fez tudo para conquistar um deles. Quando recebeu ficou doente por cinco meses. Maldição? Risos. Pode ser. Não quero generalisar. Quem sabe eu sou um deles? Não vivo aqui dizendo isso e aquilo como se Baden-Powell tivesse me escolhido para ser seu representante? Pode até ser, mas detesto superioridade. Detesto o maioral que não se coloca em seu lugar. Abdiquei-me de penduricalhos e hoje me conformo em usar minhas poucas condecorações como recordação do passado.
 
                        Fernando Pessoa, um célebre poeta escreveu: – “Precisar dominar os outros é precisar dos outros”. Será que o chefe é dependente deste estado de coisas? Podem me dizer que isto deve existir para que nossa disciplina seja conseguida, afinal somos um movimento educacional sem o caráter de obrigação profissional. Mas vale a pena então ter esta sêde de poder surda e absurda praticada em diversos orgãos escoteiros? Zé das Quantas humilde chefe Escoteiro de Brejo Seco acredita que não.

                      Pense bem, um movimento como o nosso, sem salário, desgastante onde muitos pagam para ajudar a juventude e aparecem esses “bibelôs” se achando superiores. O pior é seu risinho, seus passinhos, sua pose de grande chefe. E se tivessemos salário para essa cambanda? Seria o caos. Ainda bem que são em número irrisorio. Mas como irritam. Se um dia duvidar meu amigo, vá a um encontro nacional, olhe com olhos de lince da simplicidade e vais ver que não estou mentindo. Sem desmerecer os que foram outorgados com as grandes condecorações por merecimento, principalmente o Tapir de Prata, tem outros cujo sonho é chegar lá. Ser agraciado em uma grande atividade nacional. Quem sabe no seu ego pensam: - Agora posso morrer em paz!  Grita o Zé das Quantas: - Tapir neles!

domingo, 12 de maio de 2019

Um belo dia para comemorar.




Um belo dia para comemorar.

Hoje é dia das mães. Pensei comigo... O que significa ser Mãe? Ser mãe significa mudar a sua vida, seu tempo, seu pensamento, dar todo o seu coração, seu amor para levar seus filhos adiante e ensiná-los a viver. Significa ter uma razão de ser para o resto da vida; querer aproveitar e viver ao máximo cada momento. Oh! Quantas saudades... Da minha mãezinha que foi morar no céu. Sabe, se eu tivesse uma lâmpada magica, faria apenas um desejo, que as mães fossem eternas. Mas isso é possível, pois um dia certamente vamos nos encontrar novamente em uma estrela qualquer. Mãe, você é tudo, aqui e no plano espiritual. Lá do céu, você continua a inspirar vida, alegria, força e conforto para toda a família.

Mãe palavra simples, que tem várias definições... Amor da mãe um amor que não sai dos nossos corações. Tu és minha compreensão, o sol que esplandece o meu dia. Tu és a razão do meu viver, és muito mais do que eu possa te dizer. O seu sorriso, minha mãe é a minha inspiração. É lindo e perfeito, não tem nenhum defeito! Teu olhar, minha mãe, me guia na escuridão. Só ele pode fazer brilhar o meu chão! Para me despedir eu digo dias das mães é uma vez por ano, mas Dias de mãe nunca terminam E são esses dias que me anima!

- Saudades demais e sei que ela me lê e sorri sabendo que logo vamos nos encontrar... - Mãe, posso não demonstrar da maneira correta, mas saiba que te amo mais que minha própria vida. Eu minha mãe, desejo que seus dias sejam felizes seja na terra ou no céu, que suas noites sejam de paz e amor. Eu sei que muitas coisas bonitas não podem ser vistas ou tocadas, elas são sentidas dentro do coração. O que você fez por mim é uma delas. Por isto mamãe, por ter me dado à vida e ter permitido que eu invadisse a sua: - Feliz Dia das Mães!

E você que está no céu aceite meu fraterno abraço minha mãezinha, você sabe que seu filho te ama. E aqui na terra, vejo tantas mães que merecem meu afeto, meu abraço meu amor. Célia, nossa filha Alessandra, nossa Neta Natália. E chegando a bisneta Maria com seu sorriso cantante que encanta que uniu a todos com muito amor. E você minha amiga escoteira ou não que na terra representam o sagrado milagre da criação, que geram com seu ventre e amam com o coração, também merece meu apreço, e recebam meu fraterno abraço e parabéns, nesta data tão querida... Parabéns pelo seu dia, o Dia das Mães!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Conversa ao pé do fogo. Você é assim Escoteiro?




Conversa ao pé do fogo.
Você é assim Escoteiro?

Prólogo: - São coisas que encontramos e quando não conhecemos dizemos: - O que é isto? Escoteiro? Honra? Palavra? Dizem que tem um bichinho que entra na gente quando entramos no escotismo e não sai nunca mais. Dizem até que isto não é bom. Parece coisa de alienado. Mas quem está lá não pensa assim. E viva os escoteiros! Deixem-nos! Adoram o que fazem e eu? Risos. Como diz um Velho amigo que posta sempre fotos lindas: - Ele está na alma, na mente e no coração!

Novo emprego.
                  Seu Chefe resolve apresentar você a todos. - Este é fulano. Um dos mais antigos, este é ciclano, entende de tudo, na dúvida pergunte a ele. E este é o Escoteiro. Trabalha bem, mas só fala em escotismo. Não gosta de outros assuntos. O Palmeirense tenta falar de futebol e ele fala em acampamentos. O Corintiano tenta falar do clássico de domingo e ele? Da excursão com seus lobinhos. Na mesa da hora do almoço fica anotando. O que é perguntam? Esboço da reunião de sábado. Preciso de um jogo novo! E por aí vai. E o pior ou quem sabe o melhor já levou mais de cinco daqui ao seu grupo. Se deixar ele monta aqui um Conselho de Chefes, mas olhe é bom sujeito. Trabalha bem, e quando volta de um Jamboree, Ajuris, Aventuras escoteiras, não tem quem aguente. Quer contar tudo que aconteceu. Mas é gente boa eu mesmo já pensei em entrar no Grupo Escoteiro dele!

Reunião de pais no colégio.
               Só ele fala. A professora começa e ele pede a palavra. A diretora assiste a reunião e até gosta dele, mas o pai acha que só ele entende de jovens. Pensa que é um pedagogo e se acha o tal. Um dos pais fala baixinho para uma mãe que está ao seu lado. – Quem é ele? – Chefe nos Escoteiros. Tem muitos anos que está lá. Dizem que os chefes dos escoteiros entendem tudo. Conhecem os jovens, sabem o que eles querem. – Mas aqui ninguém fala? – Claro que sim. Mas se prepare. Você fala e ele rebate. Numa boa, é educado. Mas como fala meu Deus! Eu já aprendi a ficar calada. Agora convenhamos o Chefe é mesmo bom com a juventude.

Um domingo no ônibus.
             Você vai visitar um amigo, um parente, pega o ônibus ou o metrô e pensando na vida entra dois passageiros e param junto a você. Você não quer entrar na conversa, é educado. Mas não dá para evitar. – Eu disse a você, fala um – Eu sei que disse fala o outro – Valeu a pena o curso, você devia ter ido – Não deu mesmo, por isto não fui. A família tinha um aniversário. Se faltasse já viu né? Precisava ver a equipe do curso. Nunca vi gente assim. Boa demais. – Conhecia alguns deles? - Não. Já vi um em uma assembleia, mas os outros não. – Todos tinham mais de três tacos? Só dois. Tinha um com quatro tacos. Menino! O cara era bom mesmo! Mas não vou desfazer dos outros. Um deles super técnico. Ensinou-nos técnicas que se hoje precisasse me virava bem em qualquer floresta.
            Os dois descem na sua frente. Você fica ali matutando. Que diabo era aquilo? Curso? Que curso doido! Tacos? Vai ver eram jogadores de beisebol! Mas jogar com três ou quatro tacos? E o que isto tinha a ver com a floresta? É cada doido que aparece que a gente fica doido também!

Sentado na praça do bairro.
              Gosto de ir à praça. Achar um bom lugar para sentar e pensar na vida. Alguns da minha idade vão jogar baralho, damas e eu não. Estava ali há hora e meia. Atrás de mim sentou um menino. Onze ou doze anos. Falava baixinho. Não deu para evitar e ouvir: – Prometo pela minha honra fazer o melhor possível. - não, não é assim. Acho que é prometo pela minha honra fazer tudo melhor – Não sabia o que ele estava fazendo. Continuou o menino – Vou ser leal, sincero, vou ter uma palavra, eu juro! - Caramba! O que ele estava a fazer? Um juramento secreto? Dizem que hoje a molecadinha tem um juramento secreto. - Ele continuou - Serei puro nos meus pensamentos, nas minhas palavras e nas minhas ações! Não aguentei mais, me virei e perguntei – Menino desculpe, não pude evitar em ouvir, você está treinado alguma peça teatral? – Não Senhor, sou um Escoteiro, estou aprendendo. Sábado farei minha promessa. Terei orgulho dela e quero falar para todos ouvirem! - Sem palavras. Dizer o que? Então eles tem promessas? Acho que este escotismo é diferente. Acho que vale a pena conhecer melhor!

- Pois é, dizem que o Movimento Escoteiro é uma “cachaça” (não gosto) e quem tomou o primeiro gole não para nunca. Sinceramente? Nunca ouvi falar de um movimento como o Escotismo. Onde não se tem salário, onde se encontra tipos estranhos, onde se faz promessa e tem uma lei para seguir. E tem até aqueles que pagam para ajudar e não reclamam. Ajudam jovens que pais não querem ajudar e pagam seus acampamentos suas atividades e tem até uns que compram o uniforme escoteiro. Mas olhe, são bons de papo, falam o tempo todo no que fazem e no que irão fazer...

Enfim, já me disseram e posso comprovar: - Escotismo? Uma maneira linda de ser feliz!

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. 250 milhões de escoteiros (Laszio Nagy). Um salto para a história!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
250 milhões de escoteiros (Laszio Nagy).
Um salto para a história!

Prólogo: - Estou escrevendo este artigo ouvindo Auld Lang Syne (A Canção da Despedida). Adoro escrever ouvindo minha canção preferida. Às vezes ouço tocada por violino, por violão, pela Royal Scots Dragoon Guards (Escócia, país onde surgiu esta música estupenda) e mesmo bem cantada por interpretes que dizem para que veio. Mas não estou dizendo Adeus! Não, não estou. Tenho que dar a mão a palmatória e dar os parabéns, uma palma escoteira um Anrê e um Bravo aos Dirigentes da Escoteiros do Brasil!

- Estou sendo sincero, pois sempre critiquei os lideres do escotismo Brasileiro. Desta vez não, faço um elogio. Em pouco mais de quatro anos mesmo se digladiando nas suas funções, fazendo do X um Y na história da ética e transparência escoteira, levaram em três anos o nosso efetivo de 80.000 a 120.000 membros registrados na EB. Fantástico! Extraordinário! Pelo que fizeram se continuarem a fazer breve chegaremos aos UM MILHÃO DE ESCOTEIROS. Difícil? Não. Sei que o nosso querido Laszio Nagy no seu livro “250 milhões de escoteiros” diria. Ficaria boquiaberto com o que acontece na Escoteiros do Brasil. Pirraçando meu ego tento na minha matemática do qual sou péssimo aluno e mal entendo das formulações matemáticas da mecânica quântica. Disseram-me que são os formalismos matemáticos que permitem uma descrição rigorosa da mecânica quântica. Voltando a tabuada do passado, que nem lembro mais, fiz uns cálculos e a continuar assim em menos de cinco anos chegaremos a um milhão de Escoteiros!

- Vejamos ler parte do relatório 2019 feito pela Presidência da DEN: - Primeiramente, o nosso efetivo registrado - que era de 84.489 associados em abril/2016 - atingiu, em 30 de abril de 2019, a marca de 120.901 associados em 1.604 unidades escoteiras locais espalhadas por todo o Brasil. Isso representa um crescimento na casa dos 43% nesses três anos! Alcançamos, portanto, um percentual médio de crescimento anual superior a 14% ao longo do triênio, que foi o maior que experimentamos no último quarto de século da nossa história associativa, somando mais de 36 mil novos participantes às nossas fileiras. Abrimos uma nova unidade escoteira local a cada 2,5 dias ao longo de 3 anos!

- É ou não é fantástico? Afinal a evasão caiu há menos de 5%. Verdade? Deve ser.  Será que passou despercebido pelos Politicamente Corretos da EB este desempenho? Tal performance é quase impossível em qualquer associação escoteira no mundo (salvo engano) que ficaram por anos na marca de 70.000 a 80.000. Para sermos mais exatos, nossa liderança alcançou em 2017 Cem mil Escoteiros! Por sí só um numero fantástico jamais alcançado no Brasil. E eis que em 2018 salta para 120.900 Escoteiros! Incrível não? 20.900 em apenas um ano? É realmente eletrizante, espantoso e admirável este patamar. Temos mesmo que dar vivas aos nossos dirigentes. Eu na minha humilde tapera, onde as tardes me sento na minha varanda, sozinho olhando os transeuntes passarem na minha rua esburacada e no alto da minha sapiência me ponho a pensar:

- São números impressionantes. 20.900 em apenas um ano. Aumento de 21% do ano anterior para este ano. O dobro do que ela alcançou de 2016 a 2017. Se tal desenvolvimento continuar, em 2019 seria mais uns 35% e a cada ano aumentando o efetivo que breve poderá chegar nos 500.000 e por conseguinte 1.000.000! Chega a assustar tal aumento. Média de 1.740 membros por mês. Com esse numero alcançado devemos ter uma media (alguns mais outros menos) de 75 associados por grupo já que alcançamos 1.600 Grupos registrados. Matematicamente falando (o que não é o meu forte) entraram por reunião de sábado em 2018 a fantástica soma de mais ou menos 436 associados por semana.

- Me desculpem se errei na minha matemática. Sou péssimo, mas tentei a minha moda de calcular que preciso 20 metros de cipó e 8 bambus para construir uma mesa de campo para 8 escoteiros. “entonse” pensando bem, se este recorde for batido, breve estaremos beirando os um milhão de escoteiros. Fantástico mesmo é termos média de 3 escoteiros por adulto voluntário. Preocupa-me chegarmos a um por um aí o escotismo deve mudar radicalmente formando alcateias e tropas só de chefes, vai ser um “barato”. Se aprenderem com a liderança será um choque de personalidade. Mas isto é outro assunto, o de agora é um só – “Parabéns a Escoteiros do Brasil pela marca histórica”.

- No alto da minha sapiência eu fico deitado em berço esplêndido esperando um novo escotismo no futuro cheio de bons resultados e com evasão zero. Quem sabe Baden-Powell será citado como um dos criadores do Escotismo, mas pouco lembrado com um dos maiores pensadores e pedagogos no mundo. Ressalva para os novos Formadores e Dirigentes que irão dar um novo patamar ao Movimento Escoteiro, refeito e prescrito como sendo uma jabuticaba (como disse um líder escoteiro) Brasileira. Que venham os 200.000 como preconizam para breve. Gostaria de estar aqui de novo para aplaudir, impossível. De longe, lá do alto na minha estrela de Capella saudarei os novos Badenianos cujos resultados nasceram em berço esplêndido como no nosso hino Nacional. Parabéns EB! – Eita! Seria eu mesmo que escrevi isso?

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Meu reino por um taco!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Meu reino por um taco!

Prefácio: - Uma paródia de um Chefe que sonhava com a IM e com seus tacos. Ele não podia ver um que seus olhos ficavam vidrados. Sua mania de grandeza era demais. Divirtam-se, mas lembrem-se, Sempre há males na vida que vem para o bem!

                       Nick Drops Takoman não tinha muita simpatia por minha pessoa. Juro que ria dele não pela sua figura, mas pela sua mania e ambição de poder e subir “na vida Escoteira” como ele mesmo dizia. Bem eu sou assim mesmo. Vivido e calejado no escotismo. Dizem que minha língua não tem tamanho. Pode ser mesmo.  Eu sempre brincava com ele comentando aquela célebre frase dita no conto de Willian Shakespeare na sua peça Ricardo III, Ao perder seu cavalo em plena luta e desesperado, Ricardo III exclama a frase que ficou na história – “Meu reino por um cavalo”. Para ele eu falava baixinho: “Meu reino por um taco”! Nick Drops fechava a cara e sai bufando. Confesso que me sentia culpado, mas estava cansado de tais tipos que sonham em ser grandes chefes, ter poder, quem sabe ser mais um dos famosos da UEB. Jeremias Toca Fogo Chefe do Grupo “Moro no Mato” um dia me contou que ele mandou fazer vinte tacos na marcenaria do Avelar Ponto Morto. Garantiu-me que ele quase todas as noites vestia o seu uniforme, e colocava o colar onde todas as contas se espremiam para caber em um colar que ele mesmo trançou. Já pensou Vinte delas? Para mim era demais e não acreditei em Jeremias Toca Fogo.

                       Mas no seu Grupo Escoteiro ninguém gostava dele. Era mandão, se achava o tal e nas últimas eleições chegou a ir de casa em casa dos pais dos Escoteiros pedindo voto. Ele queria ser eleito o Diretor Técnico do Grupo. Muitos dos chefes juraram que se isto acontecesse eles sairiam na hora. O pior de tudo é que Nick Drops era um desleixado na sua apresentação. Quando a UEB apresentou a vestimenta ele correu a comprar várias. Tinha a calça curta, a comprida, tinha a camisa de manga comprida, manga curta, e adorava sair de chinelinho com a camisa para fora da calça pensando que estava abafando. Um dia viu um figurão Escoteiro com um chapéu texano e comprou logo quatro. Nick Drops adorava um figurão Escoteiro. Fazia todos os cursos que apareciam, gastava horrores para estar presente em todas as assembleias nacionais e regionais. Não perdia um Jamboree e em todos estes lugares lá estava ele com aquele sorriso próprio que só os puxa sacos tem,  junto aos figurões presentes. O que ele não entendia é porque não havia ainda recebido sua comenda da Insígnia de Madeira. Afinal tinha feito todos os cursos e ninguém sabia explicar o porquê. Diziam que seu intelecto não era lá estas coisas.

                    Nick Drops tinha esposa e filho. Em sua casa era um tirano. Sua esposa submissa e seu filho tinham enorme medo dele. Trabalhava como vendedor nas Lojas Catamarreco, uma das maiores da cidade de Vento Parado. Os chefes que tentavam se aproximar sempre diziam a ele: - Nick Drops seu estilo em dirigir sua família é errado. Você como Escoteiro os trata como se eles fossem seus empregados. Você só sabe mandar. – Nick Drops olhava de lado não dizia nada, mas no fundo mandava o Chefe ir para as conchichinas. Vendo que em seu estado natal não conseguia sua Insígnia e que mesmo chefes de outros estados não tinham interesse em ajudá-lo, tomou uma resolução. Tomou emprestado no Banco Me Paga que eu Gosto a juros estratosféricos uma enorme quantia. Se o Brasil não resolve, a Inglaterra resolve pensou! Na terra de BP quem tem um olho é rei! Só falou no grupo que iria faltar alguns dias, mas logo estaria de volta. Nick Drops ria de orelha a orelha. Londres! Aqui vou eu, dizia e partiu em uma manhã em um Avião da Aerolinas Me Segura que eu Caio. Ninguém sabia seu destino. Muitos diziam que ele foi a serviço da à empresa, mas foi para onde?

                       Ele achava que em Londres, mais precisamente em Gilwell Park ele iria fazer um curso rápido e receberia sua tão sonhada Insígnia. Na viagem da classe econômica ele andava prá lá e prá cá se exibindo. Estava com sua vestimenta número quatro, conforme ele mesmo havia numerado. Os passageiros não sabiam que uniforme era aquele e outros riam dele, afinal estes tipos foram feitos para a gente rir. No aeroporto de  Heathrow começou seu suplicio. Não entendia nada de inglês. Achou um carregador de malas que se dizia boy scout e o levou até um taxi. Ainda bem que não foi assaltado. Os ingleses gostam de rir dos caipiras, mas são honestos. Nisto eu tiro o chapéu para eles. O taxi parou em frente ao campo de Giwell. Ele sorrindo com a mochila nas costas cantava: - ¶ Eu era um bom touro um bom touro de lei, não estou mais toureando o que fazer não sei! Risos. O diabo é que ele nunca foi um touro!

                        Viu a entrada. Adorou o pórtico que já vira em fotos no Google. Viu o edifício atrás. Logo estava no hall de entrada. Um jovem sério, com um sorriso de cavalheiro inglês deu as boas vindas em inglês. Nick Drops não entendia nada. Tentava explicar na sua maneira de mandão que tinha vindo fazer um curso da Insígnia de Madeira. Preciso da Insígnia de Madeira! – Ele gritou! - Pago qualquer preço! E jogou várias notas de libras esterlinas na mesa. O Mané gritava a mais não poder. Daqui não saio daqui ninguém me tira! - Enquanto não me deram o lenço de Gilwell fico aqui. Sou vou embora com ela no pescoço! O que fazer? O jovem Escoteiro cavalheiro inglês que não entendia bulhufas de português tentou de tudo. Chamou seu Chefe Mister Jonny Pulla Pulga. Nada. Com muito custo conseguiram através de um guia de viagem de Belo Horizonte que passava por lá traduzir o que o Chefe Idiota e puxa saco queria. – Explicou, mas as inscrições não são assim. Tem que ter o chamegão da UEB. Sem ela – necas! O Chefe de BH ria a valer. Ele também era um Escoteiro e conhecia bem tais tipos. Pediu humildemente que ele passasse uma noite lá, só para observar e contar para seus amigos no Brasil. Nick Drops dormiu no mato sem barraca, sem coberta em um frio de rachar!

                      Voltou ao Brasil no outro dia. Procurou o Formador Chefe na sua cidade. – Contou mentiras e mentiras. O formador não disse nada, conhecia o puxa-saquismo do Chefe. – Vou ver, vou ver o que posso fazer disse ele. Em casa sua esposa orgulhosa, seus filhos imaginando o pai cheio de tacos. Era um sonho que passou para toda a família. Ele naquela noite sonhou que estava recebendo sua Insígnia. Veio BP e colocou nele o colar de contas zulu, tinha dez tacos! E olhe que BP tinha cinco porque era o Escoteiro Chefe do Mundo. Veio a Rainha da Inglaterra e colocou outro colar com mais trinta tacos. Veio O Barack Obama e mais oitenta tacos. Ele não conseguia ficar de pé. Era taco que não acaba mais! Por fim a Dilma ex-presidente do Brasil com seu sorriso de quem adora um panelaço mandou trazer um avião dela cheio de taco. Ele tremeu com o peso. Caiu e foi enterrado por tacos e tacos junto a Baden-Powell na sua morada no Quênia. Acordou suando e chorando. Pediu perdão a Tikititas sua esposa, pediu perdão ao seu filho Talpaitalfilho e prometeu mudar.

                      Olhe, eu mesmo não acreditei quando soube. Mas Nick Drops mudou. Virou um grande Chefe e amado por muitos que o odiavam. Esqueceu os tacos, esqueceu a IM e agora se dedicava somente aos seus jovens e refazer os amigos que perdeu. Um dia um distrital foi lá na sede e entregou a ele a Insígnia de Madeira. Ele sorriu agradecido, mas agora diferente. Um sorriso de quem sabe que tem de dar mais aos jovens, pois se ele era um Bom Lobo e um Bom Lobo de lei tinha que mostrar que o escotismo tem tudo para nos fazer feliz e nos ensinar qual o melhor caminho a seguir!

terça-feira, 7 de maio de 2019

Conversa ao pé do fogo. O mundo maravilhoso dos cozinheiros Escoteiros.




Conversa ao pé do fogo.
O mundo maravilhoso dos cozinheiros Escoteiros.

           Será que eles ainda existem nas patrulhas? Será que eles ainda procuram suas mãezinhas para aprender a fazer um arroz soltinho, a cozinhar o feijão no campo com a técnica Escoteira? Um bom bife sem queimar, uma sopinha de fazer estalar a língua? Limpar peixes, cozinhar verduras. Devem existir sim. Claro são poucos, mas estão por aí com os olhos cheio de fumaça, um calor ou uma chuvinha fria caindo, gravetos alimentando o fogo, alguém achou um capim seco e lá estão elas em volta do seu fogão de barro. Era bom demais. Pela manhã ele era o primeiro a acordar. O café não podia demorar, pois a limpeza do campo para a inspeção as nove em ponto (pontualidade Inglesa) teria prioridade. Engolir o café quente, comer quem sabe uns biscoitos ou um pão dormido. Mas quem se preocupava? Quem lembrava que se não fosse ele a fome mostraria sua cara? E a tarde, depois de uma jornada ou um Grande Jogo, revezar no banho e ele lá firme no seu fogão a fazer uma sopinha de estalar os “beiços”. Bom demais.

           Eu nunca me esqueci deles. Fumanchu era demais. Fazia milagres com o que tinha o que foi pescado ou caçado. Alguém um dia me disse revoltado que uma atriz que foi Escoteira comentou em um programa suas performances em matar galinha, depenar e cozinhar. Ficou “brabo” – Você viu Chefe? Difícil explicar a ele que foi um curso de Sobrevivência na Selva. Sei que a possibilidade hoje é dificílima em nos perder na floresta. Sei não, como dizer a ele que quando jovem escoteiro matei dezenas de galinhas, cacei rolinhas, tatus, codornas, perdizes, capivara (coitadas, seus olhos quando morriam era de fazer dó). Mas era uma época que isto era comum. E olhe que nosso Chefe nos ensinava a pedir perdão quando cortávamos seu pescoço e abaixar a cabeça em sinal de respeito. Foi uma época “supimpa” escotismo sem dinheiro, sem listas feitas por nutricionistas a comprar em armazéns (ainda não havia supermercados), tudo vindo de casa na base da ração individual. Carne? Só as que lá conseguíamos. Mas tínhamos peixes, ovos de pássaros, tínhamos goiabinhas verdes para sopas deliciosas, maxixe, lobrobô, taioba, tomatinho do mato, um mundão de coisas. Saudades de você Fumanchu, muitas saudades.

                 Mas eu conheci outro valente cozinheiro, não pedia mandava e aí de quem não obedecia. – Ele berrava no alto dos seus trezes anos e a patrulha tremia. Mister Magôo. Que cara, que sujeito fora de série. Fazia fornos, lindos fogões um perfeito artista na arte de cozinhar. Saia cedo do campo e voltava com uma fieira de peixes de fazer inveja. Um dia chegou com um quati, nem grande e nem pequeno. – “À noite teremos um assado” dizia com a cara amarrada. E que assado, de dar água na boca. Mister Magôo não ficou na cozinha muito tempo, andou se enrolando com o Monitor e assumiu no grito. Risos. Calma, outra época. Era um tempo que valorizávamos nossas obrigações. Almoxarife ou Intendente, Aguadeiro, cozinheiro, Mestre de Campo, sanitarista, construtor de pioneiras ou escriba. Não importava a função. Cada uma delas era orgulho dos patrulheiros. No fundo mesmo todos nós fazíamos de tudo. Entretanto ninguém esquecia o cozinheiro, era a chave o mais importante. Quando ele estava na cozinha, pegando a lenha rachada, um fogo igual nas trempes ninguém importunava. Nem o Monitor.

               Tem coisa mais linda que vários meninos Escoteiros, com a tarde chegando, banho tomado, uma conversa ali e outra aqui, a fumaça aparece no fogão do cozinheiro, uma sopa tem início, a fome chega, a espera é longa, um pedido de lenha, um pedido de agua e todos atendidos prontamente. E quando ele avisa ao Monitor que a boia está pronta? Dá um frenesi, a barriga zoa, o aroma se espalha, os pratos na mão, todos sentados em volta da mesa rústica de madeira, lá vem ele com seu caldeirão fervendo, ninguém diz nada esperando sua hora de comer. “Senhor, uns tem e não podem, outros podem e não tem, nós que temos e podemos agradecemos ao senhor”. Chegou a hora. Os pratos são cheios de sopa que sai fumaça de tão quente pelas mãos do cozinheiro. Uns soprando a colher cheia e quente, outros queimando a língua de tanta fome. Impossível descrever tudo.

          Mesmo com a noite cobrindo o campo, um pequeno lampião a querosene aceso, grilos pulando, vagalumes coloridos se espalhando na relva, céu de estrelas, agora ninguém prestava atenção. Ah! Quantas saudades, meu coração bate só de pensar. Um olhando para o outro que olha o prato que olha a sopa sendo tomada que olha o caldeirão para ver se tinha mais. Cozinheiro Escoteiro. Uma função que nunca poderá deixar de existir. São eles a razão da alegria da patrulha, são eles a razão única de existir uma patrulha no campo fazendo um gostoso acampamento de Gilwell.

BOM APETITE!