terça-feira, 30 de abril de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Geração sem passado.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Geração sem passado.

Prólogo: - Eu fui da geração 50. Quem sabe com outros ideais. Um poeta escreveu que a geração antiga não aceita mudanças. A geração nova não aceita comodidade. Verdade ou não impossível concordar. Outro poeta mais antigo disse que toda a geração ridiculariza a moda antiga, mas segue religiosamente a nova. Esta quem sabe é melhor. Deixo para os meus amigos leitores opinar. Saber ouvir opiniões dizem ser sábio. Eu ainda vivo no passado acreditando que se ele mesclasse com o presente estaríamos no caminho do sucesso. Sempre Alerta!

                          Muitos sonham em viver mais que uma geração. Eu sei que velhos escoteiros como eu sabem que não é fácil aceitar as mudanças que estão acontecendo. Alguns se afastam do movimento outros continuam acreditando que podem ajudar de alguma forma. Pergunto-me se os novos líderes que nos tratam como dinossauros e nos ridicularizam estão certos. Fazem pilheria quando contamos nosso passado Escoteiro. Difícil para quem nasceu em outra geração aceitar tudo que falam de nós. O respeito a ética é sinônimo de gracejos e piadas sem  graça. Sei que é um caminho sem volta. As mudanças de comportamento acontecem a cada minuto. Tudo muito diferente do que vivi e aprendi. E no escotismo? Muda-se tudo. Cada novo líder eleito tem sempre a solução nas mãos. Ele acredita que sabe o que é melhor e o caminho para o sucesso. Para ele o método escrito por B-P. está ultrapassado. E quem discorda? No escotismo ensinaram que o Escoteiro é obediente e disciplinado. Agora é seguir o líder e não importa se ele está certo ou errado. Não existem mais contestações. Dar exemplos das frases ou do que pensava B.P é motivo de pilheria. São tantos a bater palmas sem saber se realmente vai dar certo que assusta. São pensadores, pedagogos alguns com conhecimentos profundos e me pergunto se em suas tropas tudo vai às mil maravilhas. Gostaria mesmo de ver os resultados.

                  Eles prenunciam o futuro e até adivinham o que vai acontecer se não nos adaptarmos a modernidade. Conhecem os indícios, as pistas, sabem e alardeiam suas ideias onde podem fazer acontecer. Dizer que B.P escreveu que os novos não ouvem os velhos lobos e estes teriam muito a ensinar do que aprenderam na escola da vida não vale.  Nosso método, ou melhor, o de B.P. não tem mais valor nos dias de hoje. Ouvir o ponto de vista do rapaz é só uma frase de efeito. Nunca são ouvidos. Que eu saiba tudo que foi mudado, alterado e as normativas atuais nunca consultaram ninguém. Os rapazes e moças? Nem pensar. Nunca perguntaram se era isto que queriam. Simplesmente disseram que eles queriam algum mais moderno. Mudaram o programa do jovem, mudaram nomes e nomenclaturas, mudaram o uniforme, deixaram de valorizar o sistema de patrulhas, deram ênfase em cursos pedagógicos ou institucionais. Outro dia mesmo um Chefe dizia que precisava organizar sua Corte de Honra. Papagaio! Como dizia um antigo Chefe de Gilwell Park, sem aquela mescla alegre, de uma lei, de uma aventura gostosa sem tantas burocracias o escotismo não tem como atingir seu objetivo. Agora o escotismo é feito de normas, diretrizes, cursos institucionais e programas que nem se sabe se estão dando os resultados esperados. O Macpro que muitos nem sabem o que é veio para mudar. Os mais bem informados bateram palmas. Afinal precisamos nos adaptar a metodologia moderna da educação.

                    Não me culpem por não aplaudir tudo que dizem.  Minha geração é outra. Vivi outra época outra modo de vida. Havia respeito, ética fraternidade. Ouvir o jovem, dar a ele oportunidade de crescer dentro da filosofia escoteira era ponto de honra. Hoje me dizem que o jovem não quer o escotismo de aventuras.  Prefere vier à época cibernética com seu smart fone no seu mundo virtual. Fico pensando se isto é verdade, pois foi dito por adultos que não fizeram nenhuma pesquisa nacional. Deram ao jovem a oportunidade de escolha? Deram a ele a visão do outro lado da montanha? O líder pensa o líder escreve e fala pelo jovem como se ele ainda fosse jovem e pensasse assim. Pelo que sabemos as pesquisas de campo são raras. Todas as modificações ficaram nas mãos de poucos. O vestuário, o programa e as novas diretrizes e nomenclaturas foi decidido por meia dúzia.

                        Sempre tem aqueles a defender o status-quo dos dirigentes. É um direito dizem. Para isto temos normas e o estatutos. Temos democracia, direito de opinião e escolha dizem. Afirmam que qualquer um pode subir ao topo e para isto sua participação nas assembleias regionais e nacionais devem ter prioridade. Mas a maioria não participa e em nome dos “meus jovens” não opinam e deixam acontecer. Quem já participou e acompanhou as atividades nacionais nos últimos anos sabe muito bem que dificilmente irá ser ouvido a não ser que tenha boas relações e prestígio. Minha geração que eu saiba não é mais ouvida. Até normas existem para a participação nas unidades locais. Se alguém deixa o movimento nunca vai receber uma cartinha de agradecimento.  As normas Escoteiras principalmente no sistema de Patrulhas base da formação escoteira não pode ser adaptadas a gosto de cada um.

                       O escotismo de ontem é arcaico e não cabe na época moderna. Uns pobre de espírito riem do caqui do chapelão e fazem questão de mostrar sua falta de garbo e apresentação dos seus jovens e também porque não dizer dos próprios chefes. O novo escotismo mudou dizem. Não consultam a comunidade, nem se preocupam o que ela acha disso. Alardeiam que a norma autoriza e não estão nem aí para a comunidade se ela acha que não mais existe garbo e apresentação. Nas atividades regionais e nacionais onde os jovens são convidados a presença dos chefes é bem maior. O sistema de Patrulhas não tem lugar. Hoje paga-se em tudo para sobreviver escoteiramente. Acampar tem novo sinônimo. São pais acompanhando os filhos, mães cozinhando e até tias e avós passando o dia com eles. Sempre o Chefe se destacando. Não é camping?

                       O tema é vasto. Não entro mais em polemica com essa geração que se acha a melhor. Sei que meu tempo já passou. Sei que devemos nos adaptar ao modernismo. Não tenho mais como sair por aí com uma mochila nas costas, bandeiras ao vento para o acampamento dos meus sonhos e quem sabe dos jovens para provar que muito do meu passado tem enorme valor. Quem não fez escotismo de aventuras não deve saber como é. Falar em semáforos, Morse, Orientação e até mesmo se orgulhar das suas mil noites de acampamento não tem mais valor. Sei que o importante são os resultados. Espero que um dia a sociedade brasileira saiba que o escotismo tem valor na formação e na educação dos jovens para a vida. O que se apresenta hoje me deixa enormes dúvidas. Se Baden-Powell escreveu que se vive uma eternidade e ninguém nos ouve então prevalece à velha tese quando um cego conduz outro cego e todos caem no precipício.        

domingo, 28 de abril de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. “O Escoteiro é honrado e digno de confiança”!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“O Escoteiro é honrado e digno de confiança”!

Prólogo: - Ao escrever este artigo, fiquei sabendo que o novo Estatuto da Escoteiros do Brasil foi recusado pela maioria dos conselheiros presentes na Assembleia Nacional 2019. Como sempre ou desta vez as Raposas perderam para a plebe que de maneira simples viram a esperteza de alguns para se manterem na elite do poder.

Alguns gritaram Urra! Outros Bravôo! Soube que uma enorme palma escoteira ecoou sem “pipoca”. De boca em boca havia um sorriso, um grito de guerra, mas não sei se foi dos Zulus ou dos Ashanti ou da minha Patrulha Lobo. Eram menos de 200 votantes representando mais de cem mil associados. Qual a representatividade que alegam eu não sei. Nunca vi consultarem a ninguém. Dizem que foi uma escolha pacífica e com alto grau de civilidade. Antes o primeiro artigo existente em nossa Lei Escoteira há mais de cem anos era conhecido não só no Brasil como em alguns países do continente americano e europeu. Era comum ouvir famosos atores nos seus filmes e articulistas e comentaristas de radio jornais e Televisão o dito: Palavra de Escoteiro! Isto mesmo, ele dizia para tentar mostrar que o Escoteiro tem uma só palavra. Só faltou dizer: - E sua honra vale mais que sua própria vida.

De quem foi à ideia? Não valia mais ter uma só palavra? Honra? O moço que pediu para mudar dizia que honra não cabia naquele artigo. Até mesmo a constituição Brasileira foi dada como exemplo. Será que ele leu Rui Barbosa que escreveu: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra a ter vergonha de ser honesto”. Mas eis que os “çabios” acharam melhor voltar à velha lei Escoteira de Baden-Powell que dizia no seu artigo primeiro: “A Honra, para Escoteiros, é ser digno de confiança”. Isto deve significar que o Escoteiro tem uma só palavra. Como não temos aqui um Rei, o segundo artigo continuou como antes.

Deveriam ter mudado também o quarto artigo: - “O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros, não importando, que país classe ou credo, que o outro possa pertencer”. Para os Chefes da Corte isto não vale. Os outros que não são da EB e participam em outra associação não merecem um aperto de mão e nem uma palavra de amizade. São considerados inimigos mesmo tendo ainda em seu artigo que o Escoteiro tem uma só palavra. Agora não tem volta. Foi votado, lavrado em ata e breve estará no POR e demais documentos da Escoteiros do Brasil. Menos de duzentos votantes presentes representando (?) mais de cem mil associados da Escoteiros do Brasil.

Poderão dizer que todos estados tem seus representantes na Assembleia Nacional. Brinco em dizer: - “Me engana que eu gosto”. Pois é “Cara Pálida” eles perscrutaram ou sondaram seus irmãos de lenço na sua região? Será que houve uma consulta nacional para saber se estariam os demais associados da EB de acordo? E de que valeu a promessa de milhares e milhares de escoteiros que passaram um dia nas fileiras do escotismo dizendo e repetindo que todos tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida? E os antigos? Aqueles que guardam no coração a lembrança de sua Lei? Não mereceram nenhuma satisfação? Penso se não estou enganado que ter uma só palavra é muito difícil para alguns que não merecem confiança e quem sabe nem sabem o que significa honra.

Fico pensando quando irão mudar os artigos da Lei mais difíceis de cumprir. Quem sabe os atuais dirigentes com receio de não se portar com fidalguia, transparência, ética e responsabilidade poderá também mudar o décimo artigo e voltar a ser a lei original de BP? O Escoteiro é limpo no pensamento, na palavra e na ação. Os dirigentes que não passaram na Escola Escoteira da Vida sempre terão seu quinhão de fama. São mudanças que até hoje não se vê os resultados. A maioria dos grupos escoteiros estão presos entre muros ou entre quatro paredes. Ainda somos eternos desconhecidos. O Caqui, uniforme centenário, nossos chapelão, a Lei com seu primeiro artigo conhecido no Brasil e no mundo e eis que além de outras alterações que fizeram agora devem estar satisfeitos com estas mudanças. Pergunte a alguma autoridade principalmente aquelas do meio educacional quem somos.

Não discuto se o ovo veio primeiro que a galinha. A lei de BP com exceção do Rei no segundo artigo é linda. Mas mudar agora? Mudar sem ouvir a todos os interessados? Para mim um desrespeito há quem um dia passou pelas fileiras escoteiras. Daqui a alguns anos, quando um jovem lobo ou escoteiro ouvir algum ator de cinema dizendo que “O Escoteiro tem uma só palavra” ele ficará apalermado. Chegará na sede dizendo: - Chefe o que significa?

Vamos aguardar. Quem sabe daqui a meses ou alguns anos, outras mudanças virão. Só espero que não fujam muito do seu original. Do original de Baden-Powell que ainda é usada em muitos países onde se pratica o escotismo. Como disse aquele poeta, eu não vou conseguir mudar o mundo. Mas o mundo também não vai conseguir me mudar. Para mim sempre será: - O ESCOTEIRO TEM UMA SÓ PALAVRA E SUA HONRA VALE MAIS QUE SUA PRÓPRIA VIDA!

Estou velho demais, fiz escotismo demais, demandei filantropicamente meu passado visando um futuro ao Escotismo que amo. Podem dizer que estou ultrapassado, que a minha mente está presa a um escotismo que já morreu. Não dou vivas ao novo que dizem por aí. Dou vivas sim a um escotismo sério, dirigido por gente séria que se preocupa em servir e não ser servido. Mesmo não importando a ninguém e nem mesmo tentando explicar o que para mim é inexplicável, continuarei dizendo os artigos da lei conforme aprendi e tentei cumprir nos meus setenta e dois anos de escotismo!

sábado, 27 de abril de 2019

Uma viagem no tempo. O incrível exército de Brancaleone ou Dom Quixote de La Mancha.




Uma viagem no tempo.
O incrível exército de Brancaleone ou Dom Quixote de La Mancha.

Prólogo: Escrevi este artigo em 2009. Faz tempo. Hoje está acontecendo a Assembleia Nacional e a aprovação do seu novo estatuto feito sob medida para os donos do poder continuar perpetuando seus mandos de maneira ante democrática, mas aceita por todos. Pouca coisa mudou. Uma luta contra os moinhos de vento que se perderam no tempo.

Uma frase interessante de Cervantes: - Onde a virtude estiver em grau eminente, verás que é perseguida; poucos, ou nenhum, dos famosos varões que passaram na terra, deixaram de ser caluniados pela malícia. Dom Quixote de La Mancha.

Não sabia quanto tempo eu estava ali na Sala Grande. Acho que mais de duas horas. Sentado no meu banquinho de três pés ouvia o Chefe Ubiraci, um antigo Comissário e hoje considerado um Velho Escoteiro das antigas. Seus olhinhos quase fechando, suas palavras recauchutadas para se fazer compreensível olhava em minha direção, Eu não sabia se ele estava me vendo. Dona Ondina sua esposa sempre prestativa servia um cafezinho feito em fogão à lenha, coador de pano adoçado com rapadura. Quantas saudades! Eu sempre que podia ia visitá-lo. Era para mim meu segundo pai.

Ouve um tempo que era sorridente, alegre um pé adiante da sua vivacidade e que hoje estava desaparecendo. Contava-me de suas lutas, dos seus sonhos, dos seus moinhos de vento, pois se associou não sei por que a Dom Quixote e a quixotesca aventura com seu cavalo Rocinante. – Tentei argumentar: - Chefe, desistindo? Olhou-me enviesado. – Quem sabe? Tem hora que não sei onde me posicionar. Vivi outro escotismo este que está aí não é o meu. Sempre tive de fazer escolhas. De um lado meu herói Brancaleone. Do outro meu querido Dom Quixote. Um mostra as estruturas políticas, religiosas, culturais e mentais da época. Brancaleone, um cavaleiro que apesar do título vive em uma cabana pobre e se diverte com seu insubordinado cavalo Rocinante e brinca com a hierarquia medieval onde o mais importante era a situação financeira e a classe social. Outro é Dom Quixote, já de certa idade, entrega-se a leitura de romances, perde o juízo e acredito que o que leu é verdadeiro e decide tornar-se um cavaleiro andante.

Cervantes o historiador satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis de fancaria. Mas seriam fantasiosas? Chefe não estou entendendo; aonde quer chegar? Porque tudo isto? Olhem para dizer a verdade se eu não conhecesse poderia dizer que estava dizendo o nada com nada. Estaria senil? Sorrindo me respondeu: - Boa pergunta. – Porque me sinto no meio dos dois. Poderia ser Brancaleone onde critico as estruturas da UEB sem satirizar é claro, pois só desejo o seu crescimento. Ou quem sabe melhor seria dom Quixote, pois alguns já disseram que perdi a razão e fico a lutar junto com meu amigo Sancho Pança e é ele quem tem uma visão mais realista das coisas. Dizem que minha luta contra os moinhos de vento seria porque desejo me transformar em um mito quixotesco.

- Olhei para ele. – Divertidamente me disse: - De vez em quando apareciam amigos e amigas que empunhavam as armas e armaduras suas lanças e ficavam do meu lado. Eram poucos. A maioria ficou do outro lado. Acreditavam que a cartilha Marxista deles era melhor. Muitos me perguntavam: - Chefe qual é sua luta? Eu não tinha dúvidas. Acabar com a ditadura do proletariado. Nada a ver com a ideologia de Karl Marx, pois até que seria boa uma tomada do poder pelos operários aqui denominados escotistas, pois só assim poderia se evitar esta exploração capitalista. Nunca soube vender meu peixe. Aposentei meu bastão e me servi da bengala.  

Insistia que era preciso mudar. Mudar os estatutos, mudar o sectarismo desta cartilha “trotskista” onde a liberdade de pensamento se traduzisse com a participação de todos, não este afunilamento que hoje impuseram para permanecer no poder. Afinal já pensou se todos associados tivessem o mesmo direito e não uma minoria como hoje? Seria formidável e não essa minoria de menos de 0,5% do nosso efetivo que podem votar e ser votado. De norte a sul todos dando suas sugestões, opiniões e nada seria decidido sem uma grande pesquisa nacional. Aí então o escotismo daria um salto de liberdade. Pois hoje não acredito que tenhamos. Até acredito que haja uma conspiração silenciosa onde cada um pode ser advertido ou repreendido se aderirem a ideias que não sejam as definidas pela EB. Posso afirmar que amigos do passado que tentavam dar uma nova conotação as normas que existiam e ainda existem gentilmente foram convidados a se afastarem do convívio e da “trupe”.

              Muitos ainda não abriram os olhos para ver os mandos e desmandos que estamos tendo. Não critico, pois eles entraram em um movimento onde se exige lealdade e onde a palavra Servir a União dos Escoteiros do Brasil faz parte da promessa dos adultos. Dificilmente irão notar que não passam de seguidores. Estão fazendo uma verdadeira lavagem cerebral, do pensamento das atitudes e crenças em chefes novos e considerando indesejáveis os que pensam o contrário. Pretendem se necessário usar métodos agressivos tais como o novo manual da Comissão de Ética. E ainda dizem que somos um movimento de liderança, onde ensinamos aos jovens as tomarem atitudes por sí mesmo. Interessante que o Próprio Baden Powell dizia que devemos olhar alem da ponta do nariz e sobre democracia e escolha.

             Eu olhava para o Velho Chefe pensativo. Oitenta e sete anos não era brincadeira. Mas eu sabia que muitas vezes ele pecava pelos seus pensamentos e ideias e muitas delas passavam de longe do que pensavam os dirigentes. Tudo bem que ele tinha um passado. Viveu um escotismo diferente, mas por um instante será que ele não tinha razão? Seria razoável fazer uma eleição livre? Muitos diziam ser impossível. Impossível? Com os meios de comunicação que temos? Com as regiões? Com os distritos? Com o PAXTU? Não seria uma forma de criticar esta possibilidade uma maneira de permanecer no poder? Quem sabe um Zé Ninguém poderia ser eleito? E se fosse? Afinal isto não é democrático?

            Dona Ondina entrou na sala. Viu seu marido dormindo. Olhou-me com um sorriso meio sem jeito. Chefe, agora é sempre assim. Dormia na sua poltrona de vime já gasta com o tempo. Ela sabia que não ia durar muito.  De leve o tocou no ombro e o chamou. Ele acordou, virou para mim e disse – Sabe meu amigo, eu gosto muito de você, muito. E foi para seu quarto claudicando. Despedi-me de todos e fui para minha casa. Estava chovendo. Tinha ido a pé para a casa do meu velho amigo. Que se dane a chuva. Sem correr percorri os três quarteirões que me distanciava da casa dele até a minha. Vazia a rua. A chuva varria o asfalto e um vento forte me pegou de jeito. Agora era correr. Entrei em minha casa encharcado. Mais um dia, mais uma noite e quantas ainda poderia usufruir de sua companhia? Melhor dormir. O futuro a Deus pertence!

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O dia que os escoteiros declaram guerra ao Exército Brasileiro. Um conto quase real. “(Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, não é mera coincidência)”.




O dia que os escoteiros declaram guerra ao Exército Brasileiro.
Um conto quase real.
“(Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, não é mera coincidência)”.

Prólogo: - Uma história quase real e o autor deste conto ainda ri até hoje e se lembra de que foi um dos que de tanto medo fez xixi na calça. Não aconselho hoje a fazer isto, naquela época tudo era aventura e tudo servia para curtir um pouco da monotonia da falta de um Smartfone de uma TV ou das belas criações do mundo moderno, pois dizem que agora se faz grandes aventuras! Sempre Alerta! 

                 Eram seis seniores. Passaram para a tropa e resolveram criar uma nova patrulha. Por unanimidade escolheram o nome de Tamanduá Bandeira. Já se entrosavam no passado e agora melhor no presente. Corria o ano de 1956. Josué o Chefe sênior dava inteira liberdade. Funcionário da Vale do Rio Doce vivia quase que em um vagão percorrendo estações, locais perigosos e pouco aparecia na sede. As três patrulhas tinham liberdade de ir e vir e as reuniões eram mais para discutir atividades aventureiras. Lindomar foi quem se lembrou das Grutas de São Raimundo. Há tempos não iam lá. Seria menos material e isto facilitaria a jornada de duas léguas bem contadas.

                 Encontraram-se na sede na sexta às oito da noite e as nove já atravessavam a ponte de São Raimundo sobre o Rio Doce. O Povoado de São Raimundo dormia e não viu os escoteiros seniores cantando baixinho uma canção rumo à trilha da Fazenda do Mário Labrador. Voltariam no domingo. O programa de sempre. Alvorada sempre ás seis. Um pouco de física que o Tom Maia intendente conhecia e acostumado a dirigir. Levaram a ração C. Sabiam que lá tinha belos peixes e muitas codornas para belas fritadas na frigideira do Calêgo o cozinheiro. Às duas da manhã chegaram e se arrancharam. Dormiram o sono dos justos. Foi Luiz Almeida quem acordou primeiro. Chamou Tom Maia e acordou os demais. Sempre aquela vontade de continuar dormindo, mas Coleman o Monitor logo deu a ordem para formar.

                 E eis que todos ficaram alerta ao verem dois caminhões do Exército a Norte do Rio, uns 800 metros de distância despejar dezenas de recrutas próximos às corredeiras da Curva do Onça.  Cada um na sua e assim como o Exercito não deu bola para eles o mesmo aconteceu na patrulha. Havia um programa não escrito e foi para isto que eles foram arranchar ali. Tudo corria bem, almoçaram taioba com arroz e lambari frito. Não havia “sesta” era a hora de montar armadilhas para pegar um bom tatu ou mesmo um quati. O Arlindo foi para a beira do rio montar um Cubo de bambus lascados em um remanso, onde o peixe entrava e não podia sair. Quando voltava para o campo viu mais a sua direita uma enorme abobora laranja. Grande mesmo, ele nunca conseguiria levá-la sozinho para o acampamento.

                   Tom Maia e ele improvisaram uma biga e ela foi levada até as grutas. Não sei quem deu a ideia, mas o Arlindo ficou toda a tarde limpando por dentro sem cortar por fora e após fazer uma pequena tampa cortou a parte mais larga fazendo uma boca cheia de dentes pontiagudos e dois olhos arregalados. Todos sorriram quando perceberam o que ele queria fazer. Calêgo trouxe duas velas. Arlindo preparou tudo para que o vento não apagasse as velas. Deixou no fundo da abóbora um pouco de capim seco com folhas verdes molhadas que quando tudo ficasse quente sairia pela boca muita fumaça escura. A noite chegou. Ninguém falava nada. Não precisava. Luiz Almeida o melhor nadador da patrulha levou a Abóbora até o meio do rio. No início águas mansas até as corredeiras da Curva do onça onde estavam acampados os recrutas do exército.

                   Antigamente e hoje nem sei se ainda é assim, as cidades tinham seu Tiro de Guerra, uma pequena unidade militar para que pudessem ter reservistas sem necessidade de investir em um quartel militar. A turma recebia tudo. Fardamento e alimentação, mas iam para casa a noite e nos fins de semana pouca atividade militar. A abobora no escuro era fantasmagórica. Logo a fumaça tomou conta e quando ela passou pela área do Tiro de Guerra (por volta das onze e quarenta da noite) os dois sentinelas levaram o maior susto. Sem experiência começaram a gritar e abriram fogo na pobre abóbora que navegava tranquila pelo rio soltando fumaça e girando nas corredeiras. Os dois gritavam a mais não poder. – Sargento é o capeta! O demônio! O diabo! A tropa acordou e se juntou aos outros que gritavam e abriram fogo na pobre feiticeira do Rio Doce. E tome tiro agora com mais de uma dezena de outros atirando também.

                   A gritaria era demais. Os seniores gargalhavam e pulavam com sua abobora do fim do mundo. Enquanto isto os soldados corriam para todo lado, alguns atiravam até mesmo em árvores pensando que o inferno abriu a porta para eles. O tiroteio só parou quando o sargento Martinho mirou e acertou uma bala bem no centro da abobora que se despedaçou. Os seniores ficaram quietos. Não queriam que os militares soubessem que foi invenção deles. Saíram das grutas na madrugada de domingo sem fazer barulho. Após percorrerem alguns quilômetros foi aquela festa. Eles sabiam que tal aventura seria contada por gerações em fogos de conselho ou conversas ao pé do fogo.

                   Mas no sábado seguinte as patrulhas reunidas e treinando uma passagem do caminho do Tarzan montada pela Jaguar viram o Capitão Leopoldo do Tiro de Guerra chegando junto com o Chefe Josué e o Chefe João Soldado. Ambos sérios. Todas as patrulhas formaram em linha. O medo aflorou nas hostes da Tamanduá. Não havia riso. Perfilados lado a lado em posição de sentido. Os seis bravos seniores tremiam como varas verdes. Dizem que dois deles fizeram xixi na calça e outra não aguentou e borrou até cair pelas pernas no chão. O capitão com um olhar feroz passou em revista a patrulha. Olhou nos olhos de cada um e Arlindo jurou que saia fumaça e fogo no seu olhar. Olhou os uniformes, na sua pose característica de capitão foi por trás e voltou novamente a frente olhou de novo a cada um e falou:

              - Então são vocês? Seis merdinhas escoteiros que botaram o Exército Brasileiro para correr? – A coisa “tava braba”, pensou Tom Maia. Mas eis que para surpresa ele começou a rir desbragadamente. E não parou de rir até que toda a Patrulha parou de tremer e a rir também. A cidade comentou por muitos e muitos anos. Nem tudo foram Flores. O Chefe Josué proibiu a patrulha de acampar sem Chefe por quatro meses. Um suplicio, mas eles sempre quando se encontravam as lembranças nunca era esquecidas. O tempo passou, a turma cresceu e eis que os seis seniores se alistaram no exercito. Acamparam sim próximo as Grutas de São Raimundo, mas sentiram saudades dos tempos que seis jovens botaram o exercito brasileiro para correr!  

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Conversa ao pé do fogo. Programas de Tropa.




Conversa ao pé do fogo.
Programas de Tropa.

       Todo mundo conhece, todos os escotistas fazem. Afinal nada se produz sem ele. Alguns simples, outros complexos, mas todos com o mesmo objetivo. Já me disse um antigo Chefe Escoteiro que nada se produz sem o auxílio dos jovens. Afinal o escotismo é para eles e a participação nos programas é ponto fundamental no caminho para o sucesso de seu crescimento.

      Mas o que significa a palavra programa? Vejamos:
- Seria uma exposição resumida que um individuo ou sessão faz dos seus princípios ou do caminho que se propõe a seguir?
- Ou um conjunto de instruções, de dados ou de expressões registradas? Ou enumeração dos propósitos de uma sessão?
- E finalmente, uma sequência de matérias que se hão-de ensinar em uma atividade?

      Não vamos complicar. Todos sabem o que é. Mas uma coisa eu garanto, os programas devem se entrelaçar. Como? Pensando em termos que todos os órgãos do grupo os têm (um programa). Para isso todo final do ano em reunião própria para este tema, se reuniram a Diretoria, o Conselho de Chefes, o Conselho de Pais (se o grupo possuir) onde todos opinaram e claro, lavrado em ata. Ops! Estou falando do programa geral. Não do programa de sessão.

     De posse do programa do Grupo Escoteiro fica mais fácil à alcateia, as tropas e o clã fazer o seu sem se preocupar com alterações. Alguns até gostam de ter os programas de sessões primeiro antes do geral. Não discuto. Difícil imaginar um bom programa onde ele sofre constantemente modificações, adaptações e é fustigado por terceiros cujos programas não existiram e aparecem muito tempo depois. São programas do Distrito, da região da própria cidade e até de outro grupo irmão escoteiro. Não podemos faltar. Ou quem sabe, recebemos um convite da autoridade tal e temos que ir. E o programa inicial vai ficando todo desfigurado.

     O Diretor Técnico deve ser o primeiro a exigir que tais modificações não aconteçam. E se assim for necessário, que se ouçam os interessados. Desde os graduados nas sessões até os jovens se não existir outra saída. E claro que se deve respeitar opiniões. Um grupo autocrático, não é um bom lugar para viver. (Autocracia é um conceito político). O termo vem do grego autos (self) e khratos (governo). Designa o sistema de governo cuja autoridade repousa sobre uma única pessoa, sem limite: o autocrata (que governa em si).

     O POR nos abre uma porta nas atividades democráticas em um Grupo Escoteiro. No entanto já vi e ainda vejo alguns escotistas que não sabem diferir uma democracia de uma tirania, despotismo, ditadura, autoritarismo ou totalitarismo. A falta de conhecimento das normas e estatutos por grande parte dos adultos prejudica enormemente sua sessão. Já vi um Líder, que organizou ou fez “seu” grupo, se achar acima de tudo e dita às normas que lhe são convenientes. São exceções, mas essas exceções pululam aqui e ali. Elas mancham e denigrem nossa imagem e nossa organização. Com isso nossos programas se tornam inúteis, os jovens abandonam e a percepção é que o sorriso dos que ficam substitui todos os erros cometidos. O que não é verdade.

      Baden Powell nos ensinou no Escotismo para Rapazes, que o melhor programa é o desenvolvido pelos rapazes e moças. São eles a parte interessada e eles o fazem com perfeição em seus bairros, na sua rua, com os amigos que ali sempre junto por anos e anos a fio. Entretanto alguns Escotistas dizem que os jovens não estão preparados. Complementam que se fizerem vão ver que nada dá certo! Eu me pergunto: - Foi tentado? Foi dado a eles ideias sugestões, instruções e aberto um leque de oportunidades? Nada dá certo sem uma primeira vez. Discutir minuciosamente no Conselho de Patrulhas, no Conselho de Tropa e só após junto a Corte de Honra.

      Nenhum programa deve ficar sem o “tempero” do chefe e dos assistentes. O que seria o “tempero”? – Jogos, canções, adestramento e formação dos monitores assim como sugestões com um leque de atividades possíveis. As atividades do Distrito e Região não devem ocupar mais que 10% do programa anual. Se um convite de última hora for feito o Chefe deve meditar muito antes de aceitar. Neste caso por via das dúvidas consultar os órgãos competentes de sua tropa. Sabemos que a participação nestas atividades principalmente de última hora a participação dos jovens é pequena e desestimulante.  

         Como diz BP se ainda não “pegaram” o que é o sistema de patrulhas, se ainda não sabem trabalhar com seus monitores então tem alguma coisa errada na sua tropa. Tentar é mostrar também o caminho. Se quiserem começar com bons programas feitos pelos rapazes e moças dêem um crédito. Resultados para os que estão começando não aparece da noite para o dia. Um Chefe me disse que com a Internet tudo ficou mais fácil. Pode-se trocar ideias, marcar reuniões, colocar programas, sugerir e tantas outras coisas. Como sou das antigas e os avisos eram dados no Cerimonial. Fico em duvida se avisos pelas redes sociais funcionam.

        Um bom programa sempre se mostrou ser um sucesso no funcionamento de uma Tropa Escoteira. Devemos nos ater que sem os resultados que serão cobrados pelo próprio Chefe na Corte de Honra e com seus assistentes nada terá o efeito desejado. O melhor caminho vencido é aquele em que os rapazes e moças estarão reunidos por um bom tempo, onde sempre estarão à espera da próxima reunião, o próximo acampamento ou a próxima atividade com ansiedade. E isso é da responsabilidade dos chefes e dos monitores.

     Um Grupo Escoteiro é uma grande família. Unida. Fraterna. Onde o respeito mostra o grau de crescimento de cada um. Voce faz parte da família. Veja onde é seu lugar e trabalhe para que todos sintam felizes no desenvolvimento de suas tarefas. Formar caráter não é fácil. Mas o Movimento Escoteiro através do seu método simples facilita sobremaneira a atingir esse objetivo. E é um orgulho quando podemos ver homens e mulheres dignos e de caráter ilibado que um dia conheceram a maravilhosa Lei Escoteira. Assim vemos que cumprimos nossa missão. Honra caráter ética e altruísmo não faz mal a ninguém.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Conversa ao pé do fogo. Dia do Escoteiro. A lenda de São Jorge.




Conversa ao pé do fogo.
Dia do Escoteiro.
A lenda de São Jorge.

Prólogo: Todo ano era assim, Ptolomeu freava sua biscicleta em frente à Oficina do meu pai onde as tardes trabalhava. Eu sabia que ele trazia notícias frescas. – Vado! Amanhã todos de uniforme na escola e nas ruas. É nosso dia... Dia do Escoteiro! – E a bandeira? Honras escoteiras às oito da noite! Para mim sem problema Padre Tomaz o Diretor do Colégio tinha sido escoteiro quando jovem na Holanda. Contou-me muito do que eles faziam em seu tempo...

                                   Hoje me lembro com saudades do Ptolomeu nosso falante informante das noticias da nossa cidade. Ele se esmerava nas frenadas, sempre foi o ciclista exemplar que nunca bateu ou caiu. E Romildo? Nosso Guia de Tropa, convidava um ou outro para falar do nosso dia no Colégio das Irmãs Maristas. Ver as meninas nos olhando era demais. Mas chega de lembranças. Afinal hoje é 23 de abril, dia do Escoteiro. Dizem que no mundo todo os Badenianos celebram este dia como o “Dia do Escoteiro”.

                                   Dizem os historiadores que Baden-Powell escolheu como modelo São Jorge ao qual se deveria inspirar cada escoteiro mesmo que se de fé diversa da cristã. Em particular, B.-P. entendia em incitar a cada escoteiro ou guia a empenhar-se, com coração firme e com alegre confiança, como ele fez em ajudar aos outros, a colocar-se a deles disposição, no serviço aos mais pobres e dos indefesos. Eis, então, por que São Jorge é um modelo para cada escoteiro que na Promessa, se empenha em viver a própria vida a serviço de Deus e dos seus irmãos por intermédio da Boa Ação e o Servir e ajudar a quantos estejam em dificuldades.

                         Baden-Powell sempre comparou os escoteiros de hoje aos bravos cavaleiros de outros tempos, pois os dois se comprometiam voluntariamente, seguindo um Código de Honra ou uma Lei, praticando o bem numa entrega total, e particularmente o serviço aos mais necessitados, protegendo sempre os fracos e oprimidos. São Jorge é o único santo cavaleiro, pelo que São Jorge sempre foi o santo padroeiro dos cavaleiros, sendo também o santo protetor de Inglaterra. No entanto existe uma lenda, que mostra os valores que definem um cavaleiro e um escoteiro, a generosidade e a valentia, que são sempre reconhecidos e louvados.

                          - Conta à lenda que corria o ano de 270 ou 280, quando a 23 de Abril nasceu São Jorge na zona da Capadócia, onde se situa atualmente a Turquia. Ainda novo alistou-se como Cavaleiro, e graças à sua entrega e esforço se fez notar. Um dia, em Silene, uma antiga cidade da Líbia, soube que diariamente um dos seus habitantes, tirado à sorte, era oferecido a um horrendo dragão que o devorava furiosamente, e só assim era possível acalmar a besta.

                           Por razão do acaso, nesse mesmo dia da chegada do Santo Cavaleiro, Cleolinda, a lindíssima e formosa filha do Rei, fora a escolhida para ser sacrificada à besta. S. Jorge como cavaleiro, nunca poderia permitir que uma atrocidade destas tomasse lugar, e ficou extremamente indignado por ninguém tomar uma posição. Nesse mesmo momento São Jorge prometeu a si mesmo pôr termo à situação, mesmo que isso custasse a sua própria vida.

                          Rapidamente dirigiu-se a ao pântano onde habitava o dragão. São Jorge embora intimidado com os urros do dragão, nunca vacilou, e empunhando a sua lança trespassou o dragão com um golpe fulminante! Assim terminava a triste sina da cidade de Silene, assim como a da sua bela princesa, que finalmente fora salva. O Rei ficou eufórico ao ver a sua amada filha poupada ao horrível sacrifício, e em forma de agradecimento quis oferecer a mão da princesa ao seu nobre salvador. Mas São Jorge prometera perante si e perante Deus, lutar o mal até que este fosse banido da face da terra, recusando assim o tentador convite.

                        São Jorge é o Patrono dos Escoteiros, e no Dia de São Jorge, ou seja, 23 de Abril festeja-se também o Dia Mundial do Escoteiro.

Nota. Alguns esclarecimentos sobre São Jorge que merecem ser conhecidos.

O dia de São Jorge é o dia de seu falecimento, 23 de Abril de 303, na Nicomédia. Seus restos mortais estão na Igreja de São Jorge, na Lídia, Israel. – De acordo com a lenda, São Jorge nasceu no ano 275, na Capadócia, hoje território da Turquia. Ingressou no exército romano e, aos 23 anos, se tornou tribuno militar na Nicomédia. Ao ver que o imperador Diocleciano perseguia e matava os cristãos, passou a defendê-los. Por este motivo, foi torturado e degolado. – São Jorge é um santo que, de certa forma, une diversas tradições cristãs ligadas ao catolicismo. Ele é um dos santos mais venerados na Igreja Católica Apostólica Romana, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Anglicana.

                        É prazeroso saber que este dia é festejado no mundo todo. Só o escotismo pode se dar a alegria de termos irmãos em todas as partes do planeta comemorando este dia. Parabéns a todos que estão na ativa ou afastados, pois afinal escoteiro ontem, escoteiro hoje e escoteiro para sempre! Parabéns aos adeptos do grande Líder: - ROBERT BADEN-POWELL!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Conversa ao pé do fogo. Ser Monitor.




Conversa ao pé do fogo.
Ser Monitor.

Prólogo: - Por último, o Monitor é Responsável por cada um dos seus escoteiros de patrulha, pois é ele que deve ser o primeiro a fazer com que os seus patrulheiros adquiram o verdadeiro Espírito Escotista, o espírito que se encontra presente na Lei do Escoteiro. Adaptado do livro "Pistas para o Monitor de Patrulha”.

                         - O Monitor não é apenas aquele que se diverte com os seus patrulheiros, mas sim aquele a quem compete fundamentalmente velar pela formação moral, intelectual, física, técnica e religiosa, é responsável pelos que abandonaram o escotismo, é responsável por aqueles que nunca sentiram o escotismo. É notável o papel que desempenha a Patrulha no Escotismo. Mas também é certo que ela será o que for o seu Monitor. O valor pessoal do Monitor, não o duvidemos, irá sempre influir tanto na vida social da Patrulha como na vida pessoal de cada individuo que a forma. Quando um dia perguntaram a Baden-Powell que grau escolheria nos quadros do escotismo se não fosse Chefe Mundial, ele respondeu: “Se me permitissem escolher um posto no Movimento, escolheria o de “Monitor”“. Com isto queria significar o Grande Chefe, que julgava que o papel mais interessante dentro do escotismo é o de Monitor.

                       Quando um dia perguntaram a Baden-Powell que grau escolheria nos quadros do escotismo se não fosse Chefe Mundial, ele respondeu: "Se me permitissem escolher um posto no Movimento, escolheria o de Monitor de Patrulha". Com isto queria significar o Grande Chefe, que julgava que o papel mais interessante dentro do escotismo é o de Monitor de Patrulha.

                      Disse um dia Proebel "é necessário que a vida do rapaz seja uma festa contínua; ele deve formar-se por meio do jogo, da alegria e da amizade. Baden-Powell para corresponder a esse desejo criou para os rapazes e moças algo de formidável onde eles possam desenvolver-se numa atmosfera de alegria e de bom humor". Eis o Escotismo que ele criou sobrepondo dois quadros cheios de atrativos: O quadro do ideal cavalheiresco e o quadro da vida de explorador, dos quais fez nascer à bela aventura da Vida Escoteira.

                    O Monitor encontra aqui a sua grande missão, fazer dos seus rapazes atores desta aventura, sendo ele o mesmo realizador e um dos atores. Quanto mais viva for à realização, mais animado, agradável e feliz sairá o filme. Treinando os seus escoteiros, entusiasmando-os, amando-os e assim eles seguirão o seu monitor até ao final, evitando o aborrecimento nas atividades da patrulha, procurando criar cada vez mais qualquer coisa de novo, sem parar, vivendo sempre com o ideal de seguir sempre em frente até ao mais longe possível. Em tudo onde o monitor participe, deve ele acabar com os momentos vazios, cheios de palavras e de circunstância sem qualquer finalidade, porque antes de mais uma palavra clara e direta vale mais do que muitas palavras ocas.

                   A missão do monitor passa nada mais do que ser o Treinador, aquele que rega o que está árido, o Irmão Mais Velho, aquele que cura o que está ferido, o Modelador, aquele que dobra o que é duro e que aquece o que está frio, e finalmente o Exemplo, aquele que guia os passos dos desencaminhados. Para o Monitor obter bons resultados com o seu trabalho precisa ter: - sacrifício, dedicação, exemplo, franqueza, coragem, energia, pois a grande condição indispensável para se exercer uma ação de formação junto dos seus escoteiros é o seu exemplo como Monitor.

                O Monitor não deve esquecer que deve partilhar esta missão de formação, com os seus Chefes, com o Assistente, com o seu Submonitor, pois deles exige-se a colaboração nesse sentido. Importante é que o Monitor nunca esqueça que a sua presença não deverá nunca apagar o individualismo de cada um dos seus patrulheiros. Por outro lado é bastante positivo que cada rapaz saiba que o seu Monitor está sempre pronto para ajudá-lo e que pode contar sempre com ele. O Monitor não é mais do que o modelador hábil que do barro mais resistente, dos caracteres mais difíceis, consegue fabricar autênticas obras de arte, Escoteiros conscientes, Homens para a Vida.

                   O Monitor antes de realizar esforços por formar os seus elementos, tem que os conhecer bem, assim que os mesmos entrem para a sua patrulha, assim será uma demonstração de que o Monitor se interessa pelos seus elementos, conhecendo os seus interesses, os seus gostos, os seus divertimentos, os seus estudos, a sua vida familiar e a sua vida no seio do seu Grupo. O Monitor deve ser responsável e isso implica saber responder pelos seus atos em qualquer momento. Partimos pelo pressuposto que todo o Verdadeiro Monitor é responsável, mas a sua responsabilidade situa-se até que ponto? Quem é que é responsável pelo Monitor?

                  Primeiramente, o Monitor é responsável pela sua própria pessoa. Como sabemos do Monitor dependem outras sete pessoas, que o seguem, que o examinam, que colocam várias provas e obstáculos ao seu carácter e que conhecem melhor o Monitor que o próprio Monitor e finalmente são sete pessoas que imitam o seu Monitor, quer nas virtudes quer nos defeitos. Tudo o que acontecer dentro das competências do Monitor aos seus Escoteiros dependerá quase sempre do Monitor e do seu Submonitor da vontade de ambos. É necessário que o Monitor e o sub. saibam primeiramente o que desejam para si e depois de o saberem concretamente é que saberão o que querem para os outros.

                 Resumindo, conclui-se que o Monitor não é leal se exigir dos outros seus elementos algo que não exige de si, se lhes impuserem normas ou regras e é ele o primeiro a desobedecê-las. O Monitor deve sempre pensar num grau de exigência maior em relação a si do que dos seus elementos. O Monitor é Responsável pela sua patrulha, pois ele responde por ela onde quer se seja, quer em reuniões, quer em atividades, quer em jogos. Por isso o Monitor é responsável pelo espírito da sua patrulha/equipa, e, portanto deve ser o Monitor que o deve incutir nos seus irmãos escoteiros. O Monitor é também responsável pelo seu Grupo, pois a ele cabe um papel fundamental na discussão da vida do grupo a que pertence.

                 O Monitor não deve nunca deixar esse papel de lado, pois essa incumbência que é dada ao ele deve ser utilizada da melhor forma. Se a Chefia necessita do apoio dos seus Monitores no sentido de lhes ouvir as suas opiniões, informar sobre algumas indicações, falar sobre o espírito entre as patrulhas e a tropa e decidir os passos da caminhada da Tropa, o Monitor tem uma grande quota de responsabilidade sobre as orientações tomadas e realizadas pelo seu Grupo.

Um artigo dirigido para os monitores de Patrulha. Porque não reuni-los, entregar uma copia deste artigo e fazer uma boa discussão em grupo?


domingo, 21 de abril de 2019

Conversa ao pé do fogo. A origem da lenda do coelhinho da Páscoa.




Conversa ao pé do fogo.
A origem da lenda do coelhinho da Páscoa.

O coelhinho da Páscoa
Vem a nós avisar
Que Jesus está vivo 
E continua a reinar.

Que essa passagem
Chamada Ressurreição,
Seja de fato comemorada
Com Cristo no coração!

Prólogo: - Vim a conhecer o coelhinho de chocolate da pascoa quase na idade adulta. Quando menino e quando jovem na minha cidade a pascoa ou a ressurreição de Cristo era uma comemoração da Igreja Católica que eu participava com alegria respeito e fé. Tudo mudou. Hoje os jovens meninos só se lembram do ovo de chocolate, mas sei de muitas famílias que os pais ainda contam e lembram-se da verdadeira pascoa cristã.

A Pascoa.
A maior celebração cristã (junto com o Natal, claro) tem sua origem na festa judaica do Pessach – que significa “passagem” em hebraico, uma referência à saída dos judeus do Egito e sua libertação da escravidão, com a chegada à terra prometida sob a liderança de Moisés. Durante a festa judaica, o ovo – um dos únicos alimentos que não perde a forma depois de cozido – é utilizado como símbolo do povo de Israel. Em determinado momento, o chefe de família se levanta e diz: “O povo de Israel é como esse ovo, que, quanto mais cozido na dor e no sofrimento, mais preserva sua unidade e sua identidade”. (Evidentemente, naquela época o ovo ainda não era de chocolate.) A comemoração foi adaptada pelo cristianismo para relembrar a ressurreição de Cristo, que também representa a renovação da vida. “Já o coelho foi uma forma de popularizar a festa”, diz Maria Ângela de Almeida, teóloga da PUC-SP.

Desde o antigo Egito, o animal era símbolo da fertilidade devido à sua incrível capacidade de procriação. “O Pessach teve origem em ritos tribais, cujo objetivo era celebrar a paz entre os povos. O cordeiro era repartido entre os chefes das tribos, num jantar comunitário que reforçava suas alianças. Nesse contexto, o coelho veio substituir o cordeiro”.

  A Páscoa, ou o Domingo da Ressurreição, como também é chamada, é um feriado que celebra a ressurreição do Senhor Jesus que ocorreu três dias após Sua crucificação. Seu tempo exato coincide com o primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do equinócio vernal de cada ano. A fim de comemorar a ressurreição de Jesus e lembrar a salvação e a esperança que Jesus trouxe para a humanidade, todos os anos, entre março e abril, os cristãos no mundo inteiro fazem celebrações no dia da Páscoa. Assim, quando nós cristãos comemoramos a ressurreição de Jesus, nós sabemos por que ele retornou dos mortos e apareceu ao homem apesar de já ter terminado Sua obra de redenção.

As palavras de Deus dizem:A primeira coisa que o Senhor Jesus fez depois da ressurreição foi permitir que todos O vissem, para confirmar que Ele existia e confirmar o fato da Sua ressurreição”. Além disso, isso restaurou Seu relacionamento com as pessoas tal como era antes, quando Ele operava na carne, e Ele era o Cristo que elas podiam ver e tocar. Dessa forma, um dos resultados é que as pessoas não tinham dúvidas de que o Senhor Jesus havia ressuscitado da morte depois de ter sido pregado na cruz, e não havia dúvida alguma na obra do Senhor Jesus para redimir a humanidade. E outro resultado é que o fato de o Senhor Jesus aparecer para as pessoas após a ressurreição e permitir que elas O vissem e O tocassem fixaram solidamente a humanidade na Era da Graça.

Hoje no imaginário das crianças, a entrega dos ovos de chocolate é feita por um coelho de olhos vermelhos e pelos branquinhos. A história fica ainda mais verdadeira para os pequenos quando encontram pegadas do animal e pedacinhos de cenoura espalhados pela casa. Todos esses artifícios só reforçam a lenda do coelhinho da Páscoa, disseminada na Europa e trazida para a América há mais de 300 anos.
Os ovos de Páscoa tem origem na China e na França por meio de contos criados no velho continente. Uma das narrativas mais conhecidas do mundo conta que uma mulher pobre escondeu ovos coloridos num ninho para entregá-los aos filhos na manhã da festividade religiosa. Contudo, quando as crianças descobriram o lugar, um grande coelho passou rapidamente e espalhou os presentinhos, dando aos pequenos a ilusão de que o bicho carregava e distribuía os ovos.

Um pé na religião
Muito mais que um alegre carregador de ovos, para a religião cristã o coelho se tornou símbolo da ressurreição. “No hemisfério Norte, ele hiberna dentro de sua toca durante o inverno e desaparece das vistas. No fim da estação, portanto no período da Páscoa, o coelho é o primeiro animal a sair do abrigo”, explica Marlon Ronald Fluck, professor do mestrado em Teologia da Faculdade Teológica Batista do Paraná, de Curitiba. Já nos países do hemisfério Sul, como o Brasil, por não haver a hibernação, a explicação esbarra na rápida reprodução, tornando-se um símbolo de fertilidade, fielmente ligado com a tradição religiosa. “O protestantismo acentuou mais a tradição do coelho da Páscoa, enquanto a tradição católica usou o símbolo do ovo. Com o tempo, as duas tradições passaram a se vincular”, analisa Marlon.

Uma feliz pascoa com Cristo no coração,