sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Lembre-se, você é responsável pelo que faz.


Porque não se orgulhar do que somos?
Lembre-se, você é responsável pelo que faz.
         Não e não, eu sei que você tem uma explicação, lógica para você, mas ilógica para mim. Pode me dizer o que quiser que o mundo seja outro que agora vivemos outro estilo de vida e mesmo assim não vou concordar com você. Nosso uniforme não está numa passarela de um desfile de modas e nem tampouco pode julgar que a moda agora é assim. Eu sei que você gosta, é seu estilo, achou bonito e porque não modificar e usar? Esqueceu que do outro lado você representa uma organização? Já pensou se todos que usam seus uniformes escolhessem o que acham bonito como ficaríamos? Sei que não dá bola para o que dizem que sua vida é sua, mas quando representa uma organização como a nossa você tem a obrigação de representá-la bem. Sei que nossos lideres não foram razoáveis nas alterações e nem se preocuparam em ser mais severos com as normas. Mas isto não nos dá o direito de vestir e postar o que achamos válido para nossa vaidade.
           Eu lhe pergunto, será que as outras organizações fazem isto? Veja os militares, claro não somos militares, mas na uniformização somos iguais. O que você diria se um representante das forças armadas ou das policias estaduais e locais vestindo de qualquer jeito, chinelos, quepe virado, camisa solta em cima da calça, cabelos despenteados? E nos colégios? Cada um vestisse o que quiser claro levando em conta que aquele colégio tem normas? Eles estarão certos se apresentando assim e que no jargão de muitos que dizem ser desleixo, indisciplina e tantas outras colocações? Não e não. Eu não posso aceitar. Eu sou daqueles que acreditam na boa uniformização e ela é quem nos diz quem somos. Não me venha com a história de que quem faz a pessoa é ele mesmo e não o seu uniforme. Você pode acreditar nisto, mas eu não. Quer saber? Nosso movimento deixou de ter credibilidade para muitos por pensarmos assim e será que não temos culpa?
          Quando nosso movimento começou havia uma centelha se espalhando por todos os continentes. Todos viam os Escoteiros de uma forma educacional, formação do caráter, crescimento individual e o apoio se firmou em todos os lugares onde ele começou. Na Inglaterra em 1910 quando ele tomou pé e começou a se espalhar como um rastilho de pólvora foram dez países que acreditaram na ideia de BP e disseram avante formando sua organização. Destes 10 nós éramos um deles. Hoje se alegram porque chegamos aos 85 mil e daqui a alguns anos chegaremos com 100 mil. E os outros nove que começaram junto conosco? Nenhum deles tem menos de 200 mil e alguns passaram do milhão de membros com uma população bem menor que a nossa. Em todos eles o escotismo é visto como uma força de formação da juventude, as autoridades educacionais dão o maior apoio, a imprensa falada e escrita sempre dizem – Palavra de Escoteiro e todos sabem do que se trata. Nestes países o escotismo é um orgulho da nação. Porque perdemos com o passar do tempo esta corrida de afirmação de identidade? Porque mudamos tanto? Vais dizer que são coisas de saudosistas? Que são coisas daqueles que se apegaram a uma tradição e nem sabe mais porque ela existe e de que se trata?
          Por favor, não me diga que hoje somos outra organização. Para mim ela é e será sempre a mesma. Claro há não ser que mudem o método e o programa. E também os objetivos a que nos propomos com a formação dos jovens. Portanto meu amigo e minha amiga quando você em publico se porta mal, uniformização desleixada (pense nestas palavras) e apresentação pessoal sem pensar no que diz a lei escoteira é claro que seremos criticados. E olhe, você sabe, não seja uma “Maria vai com as outras”. Dizem que vendemos biscoitos. Quem dera! Melhor vender biscoito que vender imagens distorcidas do que somos ou podemos oferecer a uma juventude que cresce a olhos vistos longe das fileiras escoteiras.  Poucos nos dão as mãos. Temos que correr atrás de colaboração das autoridades que sorriem para nós só nas épocas de eleições e esta nem sempre é dada com prazer. Somos sempre subservientes colocando lenços e dizendo – Vejam, ele agora é um de nós! Você acredita mesmo nisto? Sei que cada um tem uma opinião de tudo e isto não nego que seja um direito. Mas acredito que ainda não temos uma democracia autêntica onde todos podem sugerir através da voz e voto.
          Se ainda não tens a força das palavras, se ainda não tem o dom da oratória, pelo menos esforce na sua apresentação pessoal. Esqueça estes adágios que correm por aí que ser Escoteiro não é vestir uniforme e sim ter o amor no coração. Um não vive sem o outro. Ambos são importantes não só para o seu crescimento como para o reconhecimento da nossa organização. Seja ela em qualquer âmbito. No grupo, no distrito na região e na Nacional. Nem também venha dizer que uma andorinha só não faz verão. Faz sim. Se uma pessoa olha para você e diz – Veja esta jovem ou este jovem como estão garbosos. Será que isto não vai dar mais força ao escotismo? Lute com todas as suas forças para que possamos ser reconhecidos como uma organização de jovens que tem tudo para colaborar na formação e afirmação do nosso País. Você faz parte e não tente mudar as coisas conforme sua escolha pessoal e nem seja como o papagaio que faz tudo que os outros fazem.
              Bah! Abaixo as mudanças sem normas, abaixo o desleixo, abaixo aos que copiam o que os outros fazem abaixo a tudo que nos denegrida. Temos que levantar a cabeça e dizer: Somos Escoteiros de corpo e alma. Foi por sua causa que mudamos nosso estilo de vida, a ele vivenciamos uma nova concepção de ser alguém, foi por ele que nos deu o dom da observação da natureza que ficamos sabemos que o aprendizado teve um Caminho para o Sucesso. Bendito o dia que todos dirão que o escotismo fez parte do crescimento da nação, que a formação do caráter da ética e da verdade está no coração de todos nossos dirigentes, sejam eles políticos, empresariais e por que não naqueles que vivem com o pensamento em Deus?

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O Monitor.


Conversa ao pé do fogo.
O Monitor.

Interessante. Em minha vida Escoteira fui Monitor por apenas seis meses. Como Sênior nem sub fui. Isto não impediu que tivesse um grande amor pela Patrulha. Uma convivência diferente talvez pela proximidade, cidade pequena, onde nós patrulheiros estávamos sempre juntos nos horários fora das reuniões. Lembro que nos seniores quando um ia ver a namorada os outros iam atrás. Elas não gostavam é claro. Eu mesmo quando me enamorei de uma, ia lá com mais doze seniores. Ela assustou é claro. Mas era uma época. Mesmo assim aprendi muito sobre o Monitor. Baden Powell dizia que o mais "Velho" e mais forte mesmo não tendo boa liderança deveria ser o Monitor. Como foi uma época que ainda não tinha os seniores, os rapazes de quinze, dezesseis e dezessete anos atuavam na monitoria. Hoje não. Existe toda uma preparação para eles. Muitos se preocupam em demasia com sua liderança isto é muito bom. Ouve tempos que se discutiu muito sobre o tema. O líder já nasce líder ou podemos formar um líder?

Se o escotismo além de suas necessidades e pensando no método Escoteiro que ele também é uma escola de formação de liderança é claro que temos que confiar a monitoria a um Escoteiro mesmo que este não seja líder nato. Isto, no entanto é responsabilidade do Chefe. Vejo dois lados da questão. O primeiro aquele que o Chefe escolhe seu Monitor. O segundo o que foi escolhido pela Patrulha. Qual o melhor? Tem correntes fortes para um e correntes fortes para o outro. Eu fico com o segundo. Acho que a eleição é a melhor maneira para nomear um Monitor. Poderia ficar horas e horas comentando sobre o Monitor, mas hoje dei uma lida rápida do livro de Roland E. Philips, o Sistema de Patrulhas. Antiguíssimo. Mas super valioso. Pode ser adaptado sem sombra de duvida aos dias atuais. (Tenho outro em PDF e quem quiser é só pedir via meu e-mail – elioso@terra.com.br).

Já escrevi vários artigos sobre os Monitores sendo o último com o titulo A Patrulha de Monitores. (vejam nos meus blogs e claro posso enviar via e-mail). Posso garantir que nenhum Chefe Escoteiro (a) conseguirá desenvolver o Sistema de Patrulhas sem bons Monitores. Nos cursos atuais acredito que é um tema muito falado, mas da teoria a prática a um longo caminho. Vejamos algumas observações sobre como deveria ser um bom Monitor: 

Guia - um exemplo a seguir;
Companheiro - um amigo que dá ajuda e conselhos, compreensivo;
Comunicativo - diz as suas ideias;
Leal - de confiança, preocupa-se muito com o que faz;
Democrático - respeita todas as opiniões da mesma maneira;
Humilde - não mostra a toda à gente as capacidades que tem e dá valor às dos outros;
Trabalhador - aplica-se nas suas tarefas;
Responsável - faz sempre as suas tarefas; 
Assíduo e pontual - chega na hora e não falta;

Participativo - ajuda em tudo o que é preciso, está sempre pronto.
Não esquecer ainda a velha máxima de um Chefe Escoteiro que disse: “O Monitor não manda, o Monitor orienta!”. BP também disse que o Monitor não empurra a Patrulha. Providencia para que ela vá ao seu lado.

E para encerrar, porque não lembrar também que o Monitor não é e nem deve ser:
- O sabichão, saber tudo ou ter a mania que sabe;
- O mandão, mandar em todos ou ser mandado;
- O mauzão, zangar-se quando as coisas estão mal; 
- O patrão, delegar tarefas e não fazer nada; 
- A carne para canhão, assumir sozinho as responsabilidades de uma situação de
patrulha; 

Para os que estão tendo a felicidade de acertar meus parabéns. Bons Monitores sempre são sinais de tropas excelentes. Parodiando o livro Monitores, transcrevo o que lá está escrito - Já ouvi um Chefe Escoteiro dizer que “Designei meus Monitores tal como B-P. desejava, mas eles não são capazes de dirigir suas Patrulhas em coisa nenhuma. Na prática eu é que tenho de assumir a chefia”.
A resposta para esse queixa é a seguinte:
A principal função do Chefe Escoteiro no Movimento é fazer com que seus Monitores sejam capazes de dirigir as suas Patrulhas.


Leiam muito. Conversem muito. Ouçam muito. Verão que em pouco tempo suas patrulhas estarão sem sombra de dúvida no Caminho para o Sucesso

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

. Essa temida tradição escoteira.


Artigo escrito por Fernando Roblëno um estudioso Escoteiro.
. Essa temida tradição escoteira.

Nas eleições deste ano (2012), fui votar no colégio municipal onde estudei quando criança. Permiti-me passear pelo bairro onde cresci. Foi pitoresco, quase surreal, ver crianças empinando pipa, jogando bola na rua e trocando figurinhas na calçada. Até porque é um bairro de periferia e imagino que não são todos os que têm um computador ou um videogame como opções de ócio. O escotismo aqui, lembremos, é de inclusão, ou seja, contempla os do “Playstation” e os da “pipa”.

Se a questão da tradição escoteira girasse ao redor da substituição de uma bússola por um GPS, ou de um Atari por um Wii, ou de uma pipa por um aeromodelo, quão fácil ficaria o diálogo neste ou em qualquer outro blog. Bastaria estar por dentro das novas tecnologias e pronto. Mas não se trata somente disso.

Pessoalmente, não assimilo a questão da tradição escoteira.  Não sei quando ela começou. Seria aquela que vivi no final dos nos 80 como membro juvenil? Ou aquela, para os mais entrados em idade, vivida na década de 60? Não sei, ademais, se ela deveria existir, já que a escravidão, por exemplo, foi uma tradição neste país.  Não entremos no mérito da “tradição de Baden-Powell”, já que é digna de uma tese, sendo separada por fragmentos a começar pelo próprio Escotismo para Rapazes, o qual sofreu atualizações das mãos do próprio fundador até pouco antes de sua morte; mas há, ainda, os que insistem em que a primeira edição pensada para uma Inglaterra colonialista é a que vale.

Cabe ao povo, e somente a ele, decidir quando uma tradição acaba e quando ela começa. E não uma junta diretiva ou uma comissão. Não adiantará assinar leis estabelecendo uma tradição ou decretando seu fim se o povo não a aceitar. Não sendo assim, cedo ou tarde, ela acaba minguando e caindo no esquecimento, provando que não passou de uma moda passageira, longe do que entendemos por tradição. O próprio escotismo é prova disso: se é uma tradição encontrar escoteiros na rua aos sábados, é porque de 1907 pra frente o povo aderiu à ideia.

Para ilustrar o pensamento, a bandeira do Mercosul deveria ser hasteada, por lei (sequer é uma tradição), em todos os estabelecimentos públicos oficiais. Quantos de nós já vimos uma bandeira do Mercosul?


E não há meio de afrontar uma tradição sem deixar feridos pelo caminho. E esses feridos podem ser os que mais precisamos num movimento em queda livre, já que trazem na bagagem as rugas de alegria em relação ao que deu certo, e as cicatrizes daquilo que não vingou.

Traslademos o pensamento à associação escoteira. Uma instituição que não aposta na própria imagem e no que ela representou e representa há décadas, não poderá mostrar seriedade ou firmeza naquilo que crê ou faz. Um desenho que sempre estampou aqueles uniformes levados com galhardia, livros publicados na década de 60 (período mais fértil da literatura escoteira), se é apagado de nossa história da noite para o dia por uma comissão sem que haja uma justificativa de impacto à margem da démodé “são os jovens”, não somente mostrará que a associação não acredita em sua imagem, mas que sente dificuldade em valorizar aquilo que fez dela o que é hoje - “um país que não conhece sua história, tende a cometer os mesmos erros no futuro”.
E se por uma questão de moda se tratasse, ela, a moda, é tão passageira como o passar das estações. Não podemos afirmar o mesmo no que se refere à tradição, que se perpetua com o passar dos tempos, é aceita e mantida pelo povo: ela fala por si e não há necessidade de vendê-la, sequer enfeitá-la.

Não se trata de mudanças somente de imagens, ou de roupas, ou de modas, ou de gadgets. É que a própria instituição se resiste às mudanças. E por uma dessas ironias que nos cruzam o caminho, nos mostra essa resistência justamente porque ela, a instituição, não quer mudar sua forma de governar, sua “tradição” política, mesmo que seja para um bem comum e mesmo que os associados a reivindiquem.

Com o artifício da internet, o povo desfruta de portais de transparência, mas parece que o escotismo não precisa disso. Enquanto o voto direto representa uma democracia, nós não o temos. Enquanto a participação dos associados, o patrimônio máximo de uma associação, é levada em boa conta em qualquer segmento, no escotismo se faz a engenharia inversa.

Há aqueles com o discurso na ponta da língua: “mas o foco é o jovem”. Lembremos que são 12 mil adultos os que mantêm essas crianças interessadas em escotismo.  A modernização que traz resultados, como se vê lá fora, é justamente essa: a de se saber dar o devido valor ao adulto - a meritocracia. Mas nossos sites, longe de se atualizarem, preferem apenas gastar umas poucas linhas ao voluntariado.
No meu tempo era melhor? Lembro-me de minha infância com carinho, mas não me atrevo a equipará-la a outra infância ou adjetivá-la de “a melhor”. 

Hoje é melhor? Para os jovens que vivem esse tempo, sim.
Mas para os adultos, que são os alicerces do movimento escoteiro, talvez seja um fardo demasiado grande que carregam a favor de crianças, porque a associação contribui para tanto. O escotista, o adulto, quer atuar onde a meritocracia funcione; quer ser ouvido, quer estar onde possa apertar a mão de um comissário distrital; ter uma conversa ao pé do fogo com algum dirigente nacional; receber uma carta lhe congratulando. A associação, ao contrário, se distancia cada vez mais do seu maior patrimônio, daquele que defende o nome da causa escoteira esteja lá onde estiver: o adulto, o “chefe”.

Não sei se será outra quimera, mas acredito piamente que o escotismo brilha mais por inciativas isoladas destes adultos do que associativamente falando.

O movimento escoteiro no Brasil não perde jovens para a internet ou para videogames. Os perde para ele mesmo. Passamos de um movimento que oferecia algo único, praticamente competindo sozinho, a um movimento que oferece o mesmo que outros, apenas com outra roupagem. A premissa da “escola de cidadania” não passará de um mantra se não nos fazemos ver e, por conseguinte, não sermos lembrados.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Condecorações & Recompensas.





Sábado tem reunião? Porque não levar este artigo ao seu Diretor Técnico?

Conversa ao pé do fogo.
Condecorações & Recompensas.

             Um tema que por diversas vezes abordei em meus blogs. Espinhoso. Muitos desistiram de receber algum dia pelo menos uma condecoração que teriam direito. Isto acontece por diversos motivos. Pode ser que ele por ser o líder do seu grupo e como não sabe como agir em causa própria e como o distrito não toma nenhuma atitude, ele vê o tempo passar e nada recebe. Uma simples de Bons Serviços e lá se vão sete anos, quinze, vinte e nada. Fica triste e pensando, ora, ora, vou a uma Assembléia e lá estão vários sendo condecorados. Principalmente os dirigentes distritais, regionais e nacionais. Melhor dizer por aí que não tenho interesse. Estou no escotismo porque gosto dele e não ando atrás de medalhas. Certo isto? Não e não! De quem é a culpa? Afinal hoje a UEB tem um sistema que acho perfeito no cadastro de todos os seus associados. O SIGUE. Ter uma listagem dos escotistas e até escoteiros de quem fez sete anos ou mais é tão fácil como mandar um e-mail. Mas porque não se toma uma providencia?

            Interessante. Eu claro tenho conhecimento de como devemos agir no Grupo Escoteiro, mas tem muitos que não. Se isto hoje é ensinado nos cursos de formação não sei. Se sim acho que falta ainda detalhes mais profundos da ficha técnica. Realmente fazer a pergunta quem é mais importante um dirigente ou um humilde Chefe Escoteiro e se ele quer receber seria um paradoxo. Lembro-me de uma passagem em nosso evangelho - “A César o que é de César" é começo de uma frase atribuída a Jesus nos evangelhos sinóticos, onde se lê «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Como? Afinal para que foram criadas a condecorações? Não seria uma forma de motivar e premiar o Escotista? Afinal ele está lá todos os sábados tentando ao seu modo colaborar na formação dos jovens, sacrifica seu tempo, família, amigos e vê outros que só porque são da liderança receberem e ele nada? Se isto não for considerado bons serviços então estou por fora do significado.

           Tente explicar para ele que existe norma, existe um processo, é necessário ter diversas assinaturas confirmando seu merecimento e ele vai pensar o que? Que seus anos de escotismo, seu trabalho tem o valor de um papel com firma reconhecida? Difícil pensar assim. Enquanto isto vamos perdendo em um “turnover” enorme, escotistas que poderiam estar participando e não sendo substituídos por novos. Estes é claro quando estiverem como ele também farão o mesmo. Agora se me perguntarem como resolver eu digo – Simplifique. Mude esta burocracia que só desanimam aqueles que têm valor e não são valorizados. Tens 10 anos? Vinte? Receba o que tem direito. Todo ano o grupo e o distrito Escoteiro deveria tomar esta atitude. Mas dizem que eles ficam em duvida quando alguns não merecerem. Putz! O Chefe está lá há anos e ninguém nunca falou para ele que nunca vai receber nada? Nenhum agradecimento? Ele tem sim e seu direito nunca poderia ser postergado.

              Há tempos um dirigente me disse que é muito fácil fazer um processo. Fácil? Tem os caminhos certos para percorrer meu caro. E não é tão fácil assim. Mas isto é para os de baixo, pois os de cima já tem tudo prontinho. Eu pergunto, porque a maioria dos escotistas em nosso país com sete, quinze ou mais anos até hoje não foram agraciados? De vez em quando aparece um e a gente bate palmas. E os demais? Interessante que os dirigentes responsáveis têm várias condecorações. Acho que eles pensam que a Gratidão e outras só sendo um dirigente distrital regional e nacional. O Chefe que labuta direto em uma sessão, se sacrificando dificilmente será agraciado com uma condecoração maior. Eu mesmo quando assumi uma região e depois uma Equipe de Formação Regional recebi várias. Claro eu tinha amizades na cúpula e um pequeno toque lá estava eu recebendo uma. Depois que deixei de pertencer à liderança regional e fiquei somente no Grupo Escoteiro nunca mais. Já não era merecedor. Ou seja, meu trabalho antes era mais importante que aquele junto aos jovens. Gente dá vontade de rir, ou melhor, de chorar.

              Tem hora que desanimo em ver dirigentes recebendo as mais altas condecorações e outros que fizeram um trabalho justo e dignificante em seu Grupo Escoteiro sem nada receber. Dizer que seria fácil mudar este estado de coisas seria quem sabe uma verdade que ninguém quer ouvir. Mas garanto se estas condecorações fossem entregues a quem de direito, sem burocracia, muitos chefes ainda estaria motivado. Eu pergunto não é verdade que temos uma só palavra? Precisamos provar? Se alguém por um motivo ou outro não for merecedor é melhor dizer a ele. Falta coragem? Se ele serve para liderar uma sessão por que não serve para ser agraciado? Não conheço nenhum Escotista de sessão, com mais de quinze ou vinte anos de movimento com uma alta condecoração Escoteira. Há não ser quando fica Velho. Mas conheço dirigentes com muito menos portando uma ou mais orgulhosamente.

               Posso garantir que a motivação seria outra. Os escotistas ficariam bem mais motivados, outros se sacrificariam mais para também ter este direito e com isto o movimento Escoteiro só teria a ganhar. Não falo somente na de Bons Serviços. Esta seria obrigatória. Provar que está lá a sete, dez ou vinte anos e fez um ótimo trabalho? Se não fez o que fazia lá? E as demais? A Chefe ou a assistente de lobinhos que deixa seu lar para ficar em atividade em um grupo sacrifica um tempo que não tem para mim tem o mesmo valor que um dirigente nacional ou regional ou até muito mais. Não basta um certificado, não basta um sorriso, todos nós gostamos de um elogio e se ele vier em forma de premiação que “existe” na UEB melhor. Afinal não foi este o objetivo que foram criadas? Ou elas só foram para quem participa da elite escoteira? Eu sei que muitos dos Grupos Escoteiros no Brasil não têm a estrutura necessária para tomar providencias em premiar seus escotistas. E o pior, quem poderia fazer isto lá ou não sabe fazer ou criou áreas de antipatias pessoais. Distritos e regiões nem pensam nisto ou se pensam ficam sempre naquela de deixa estar para ver como é que fica. Temos de mudar o sistema. Os grupos dificilmente serão mudados. Temos que ver que o valor, o merecimento não é de meia dúzia e sim de todos.

               Que não me venham dar explicações de processos de como fazer etc. Conheço todo o caminho deles. Eu sei o caminho, mas façam uma pesquisa e depois se perguntem por que ninguém disse a ele que tem direito. Precisamos premiar a quem de direito. Precisamos agradecer a ele pelo trabalho que está dando ao escotismo. Muitos querem apertar a mão dos dirigentes e esquecem-se do Chefe que está lá lutando pelos seus jovens. Não sei não, mas acredito que o Chefe Escoteiro tem um valor enorme. Em minha opinião maior que os dirigentes. Sem ele não haveria escotismo. Chefes Escoteiros formam uma estirpe, ou melhor, uma linhagem de valentes que não pode ser privada dos seus mais simples direitos por causa de uma burocracia que a meu entender não deveria existir. E não me venham com senões, pois os finalmente eu já conheço. Risos.

O elogio que vem daquele que merece o elogio está acima de todas as recompensas.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ser ou não ser, eis a questão!




A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança.

Conversa ao pé do fogo.
Ser ou não ser, eis a questão!

                Leon não tirava férias no final do ano e nem tampouco em julho. Sempre trabalhou duro, mas sabia que sem férias ele poderia dar um “piripaque”, pois seu trabalho exigia muito. Saia sim, por quinze dias em setembro. Comentou isto com a Assistente Social da empresa. Moça simpática, eles conversaram por horas e ele viu outra estrada em sua vida. Mais trabalho? - Outro tipo de trabalho Leon – ela disse. O voluntariado. Leon pensou muito sobre o assunto. Ela mesma fez questão de lhe dar uma lista onde precisavam de voluntários para ajudar. – Olhe Leon hoje em dia as empresas no mundo inteiro estão valorizando muito o colaborador da empresa que participa do trabalho voluntário. Não deu outra. Ia ser um voluntário. Olhou na lista e viu mais de 50 entidades assistenciais. Nenhuma lhe chamou a atenção. Lembrou que sempre interessou por aventuras, viagens, explorações em montanhas e atividades aventureiras. Quem sabe encontraria alguma assim? Sentado na poltrona de sua quitinete viu pela televisão uma turma de Escoteiros em reuniões de sede. Nunca foi e nunca pensou em ser. No seu microcomputador fez uma pesquisa. Estavam lá o fundador, as atividades, o método e como era o escotismo no Brasil.

          Leon pensou porque uma organização de jovens com um programa tão bonito não tinha um marketing mais agressivo para arregimentar voluntários. Viu que ela nem estava na lista da assistente social. Não havia um chamativo não havia nada a não ser se alguém se interessasse em procurar para saber o que era o Escotismo. Procurou na sua região o Grupo Escoteiro mais próximo. Isto aconteceu há três anos e os pormenores do que houve, do seu treinamento, dos cursos e da sua promoção a Chefe da Tropa não entraremos aqui em detalhes. Leon amou o escotismo. Entregou-se de corpo e alma e tinha uma meninada na tropa que o adorava. Em principio não houve questionamentos. Ele começou a aprender a fazer fazendo as técnicas escoteiras com seus monitores. Leu sobre isto nos livros do fundador. Transformou-se em um mestre. Só havia um problema que Leon questionava sempre. O tempo útil com seus Escoteiros. Ele somou os dias de reuniões no ano e achou que se dedicava apenas três ou quatro horas por dia num total de 36 dias. Pouco. Muito pouco. Isto não dava 120 horas por ano.

           Leon lembrou que tinha de somar os acampamentos, acantonamentos, excursões e atividades distritais e regionais e mesmo assim nunca passou de 200 horas por ano. Pesquisou outras formas de trabalho voluntário e viu que em todos eles o tempo despendido era bem maior. Na sua empresa 200 horas era o que fazia em vinte e poucos dias. Se o movimento Escoteiro queria mudar o jovem na sua formação individual, dando a ele oportunidade de desenvolver seu caráter, sua liderança por sim próprio o tempo dedicado era escasso. Pensou muito sobre as férias do Grupo Escoteiro. Acreditou que eles estavam se comparando a uma escola que sempre tinha mais de 4 horas de aulas por dia, cinco dias por semana. 30 dias corrido em julho. 60 em janeiro e fevereiro e sem contar dezembro dariam mais de 70 dias. Isto considerando que paravam em 15 de dezembro e só voltavam em março. Ele achava que era muito tempo perdido. Pensou muito em tudo isto e viu que nas reuniões de tropa se perdiam muito tempo com outras atividades que eram necessárias, mas que as mais importantes não eram feitas. Sempre dois ou três jogos, quase trinta minutos com cerimonial de abertura e encerramento. Notou que quase não sobrava tempo para as patrulhas se reunirem, conversarem, trocarem ideias e se adestrarem. Ele tinha sugerido que os monitores convencessem os demais a fazer uma reunião extra na semana. Só a patrulha. Podia ser na sede ou em casa de algum patrulheiro. Isto quem sabe podia ajudar.

             Ele lembrou-se das palavras de Confúcio que dizia – Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha. Não queria raciocinar sozinho. Queria ouvir as patrulhas e os monitores. Ele tinha dois assistentes. Alessandro e Ramon. Ambos casados e ambos com filhos no grupo. Sabia que viajavam sempre nas férias um para o litoral e outro para o interior. Eles ficaram ressabiados quando Leon tocou no assunto. Mas Leon não forçou. Se houvesse uma mudança ela teria que ser feita sem pressa e bem pensada. Não foi Shakespeare quem comentou que se todo ano fosse de férias alegres, divertirmo-nos tornar-se-ia mais aborrecido do que trabalhar? Estavam em meados de setembro. Leon levantou o tema com os monitores. Que eles discutissem em suas patrulhas – Disse para todos que gostaria de opiniões sobre as férias que eles tinham e a tropa ficava inativa. O que eles achavam? Ele por experiência sabia que no retorno das férias para voltar ao normal demorava-se três ou quatro reuniões, ou seja, um mês e isto sem contar muitos faltantes.

         O assunto extrapolou a tropa. Foi interpelado pelo Diretor Técnico. Ainda bem que era um Chefe compreensivo. A princípio propôs que poderiam estudar dois grandes acampamentos em julho, janeiro ou fevereiro. Ele comentou que os acampamentos de tropa eram de dois ou três dias e poucas vezes ficaram quatro dias. - Já pensaram disse fazermos um acampamento de seis ou oito dias? Seus assistentes o olharam de esguelha. – Calma ele disse, poderemos nos revezar. Podemos fazer uma pesquisa com os pais quando eles iriam voltar de férias. Não vai ser difícil chegar a um denominador comum. Vocês devem saber que os acampamentos de férias particulares oferecem pouco por um valor enorme. E sempre os jovens que vão ficam mais de sete dias e sei que quase não tem vagas nestas épocas. Leon sorriu e viu que sua ideia germinava. Os poucos acampamentos que faziam eram muito corridos. Lá também se perdia tempo. Quase não dava para fazer o que ele sempre sonhou. Viver e conhecer a natureza. Grandes aventuras. Grandes pioneiras, caçadas com armadilhas e grandes pescarias. Ele adorava pescar. Queria ensinar sua tropa a pescar assar e comer o próprio peixe pescado.

          Não foi Pitágoras quem disse que com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo bem feito? Leon sabia por
experiência que tudo tem de haver um começo. Se na primeira dificuldade ele desistisse era melhor desistir de tudo agora. Custou um ano a preparação, a pesquisa com os pais, convencer os demais chefes no grupo e então Leon viu seu sonho realizado. Em julho ele fez um acampamento de seis dias, em janeiro quase no final do mês outro de oito dias! Todos os jovens da tropa contavam a dedo quando chegariam às férias. Agora seriam outras férias. Adoraram pescar, eles aprenderam a seguir pista de animais, Roque o Monitor se encantou quando conseguiu chegar perto de um quati aprendendo a usar o vento a seu favor. Descobrir ninhos e ver como eram feitos levou um dia. Fazer amizade com uma coruja não foi fácil. Aprender o canto dos pássaros e dos animais demorou-se bastante tempo. Descobrir aberturas nas matas, atravessar riachos, tudo feito por eles mesmos sem chefes por perto eram uma aventura. Achar uma orquídea num vale distante deu o que falar. E a jornada? Um dia inteiro com mapas e croquis e claro com uma Bússola Silva velha de guerra e uma Prismática. Fizeram um grande jogo de madrugada, um apito de socorro acordou todo mundo. A ajuda ao próximo com os olhinhos mortos de sono valeu qualquer jogo que fizeram antes. A construção de uma passagem aérea com cipós e o ninho de águia foi demais. O elevador deu o que falar.

           Leon sorria quando se lembrava de técnicas que todos falavam e nunca usaram ou aprenderam. Agora tinham tempo. Nada de correrias de levantar muito cedo, fazer a inspeção sim, bandeira almoço jantar tudo feito com calma. Joguinhos sem graça foram colocados no fundo do bornal. Agora era tudo diferente. Aprenderam a dar um nó de evasão de cabeça para baixo, ficar pendurado em uma corda e fazer uma amarra quadrada ou diagonal na construção de uma torre, e os nós? Feitos na prática. As costuras de arremate eram feitas com rapidez. Aprenderam a lavar a roupa e passar no estilo Escoteiro. Um volta de fiel duplo no alto da arvore, um arnês, um balso pelo seio e tantos outros agora era divertido fazer. Aprenderam a acender e fazer uma bela fogueira sem fósforos ou isqueiros. Eles ficaram técnicos em percursos de Giwell, orientação pelas estrelas e constelações à noite sem bussola, treinaram até cansar o passo Escoteiro, o passo duplo. O jogo de transmissão noturno com Morse foi um sucesso. E o Semáforo? Eles riam a valer com os erros e acertos. Treinaram provas de cozinha, o frango no barro, o arroz sem panelas, assar um peixe na brasa, fazer café sem coador e tantas outras iguarias que quase todos queriam também ter sua especialidade de cozinheiro. Agora eles tinham tempo. As patrulhas ficavam mais tempo juntos. Os chefes deixavam sempre eles aprender fazendo. Leon conseguiu um belo serrote de carpinteiro e um Traçador. Deram belas risadas quando foram serrar uma tora já cortada na mata. Era para serrar 28 bancos com os tocos e no primeiro dia nenhum. Risos. A turma aprendeu tudo com amor, pois ele levou um marceneiro amigo de um pai Escoteiro.

            Valeu a pena e se valeu. A união das patrulhas aumentou ninguém naquele ano desistiu do grupo, vários outros jovens quando souberam destes acampamentos aventureiros procuraram entrar e em pouco tempo as patrulhas estavam completas. Não foi tanta modificação que Leon fez, mas os dois acampamentos nunca serão esquecidos por nenhum dos jovens que tiveram a oportunidade de participar deles. Os pais até se alegravam, pois ter os filhos em casa, sem reuniões e sem escola dava trabalho. Leon continuava seu trabalho na empresa. Comentou com a Assistente social. Ela ria da alegria de Leon. Ela mesma disse que vários na fábrica gostariam de participar. Devagar, devagar ele disse. Tudo há seu tempo. Férias? Pensou Leon, 90 dias parados? É coisa do passado. Ser ou não ser? A questão não é essa. A questão é quem sabe o que faz e procura vencer nos seus sonhos tem seu dia de glória!     

Tempo: - Só no escotismo que o voluntário tira férias de três meses ou mais. Os demais voluntários que ajudam em outras obras assistenciais param sim, nos dias que vão viajar. Depois na volta continua seu trabalho a que se propôs fazer. E afinal, 90 ou 60 dias? Quem viaja tanto?             
  
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.



sábado, 11 de janeiro de 2014

Um relato do Chefe Alexandre Diniz.



Sempre é bom ouvir opiniões.
Um relato do Chefe Alexandre Diniz.

Hoje é sábado, dia de atividade e tenho pensado sobre o "ser chefe escoteiro"...

Todo sábado, às vezes domingo, e sempre durante a semana... Abrir mão de muita coisa, até mesmo dedicar fundos e reservas financeiras que um dia podem vir a me fazer falta... Programar, estudar, aprender, correr riscos e assumir a responsabilidade de cuidar dos filhos de outras pessoas... O movimento escoteiro transforma muito, melhora demais as pessoas... Eu mesmo mudei muito meu jeito de ser, de agir... Devo muito a ele! Cometi muitos erros no passado e venho sempre buscando melhorar... É e foi nele que encontrei soluções... Já fui jovem, fui escoteiro, depois sênior, aos 18 anos sai por desinteresse, ficou chato! Troquei o movimento por viagens de verdadeiras aventuras e desafios! Cada vez maiores... “quase morri muitas vezes”! Uma vez quebrei os dois braços os dois pernas na base do "aprender fazendo"! (risos) mas dói ate hoje! Enfrentei muita coisa, atravessei desertos, passei frio, fome e todas as intemperes "sem maiores problemas" obvio que não foi tão fácil assim, mas sempre estive preparado! O que aprendi no escotismo me proporcionou essa confiança e esse espirito! Hoje olhando para traz, só tenho coisas boas a contar e a lembrar... No momento atual sinto o peso de tudo isso e me pego pensando se já não é hora de agradecer e largar esse mundo... Trabalhar com o jovem é a melhor coisa do mundo! Agora lidar com adultos, manobras de associações, interesses pessoais, invejas, picuinhas... Não preciso disso... Tenho uma vida inteira pela frente. 

Será que devo ficar preso a essa rotina? Até onde vale esse mundo de egos e modelos?
14 de dezembro de 2013 

Obs. Sempre é bom saber que tem chefes que olham além da ponta do seu nariz como dizia BP. Sinto-me orgulhoso em ver um relato assim. Simples, despretensioso, mas objetivo. Mais e mais escotistas precisam acreditar que sem democracia não iremos a lugar algum. Nosso movimento está nas mãos de poucos que não aceitam opiniões e se aceitam elas são guardadas no fundo de um baú. O Chefe Alexandre me parece está sendo julgado em uma comissão de ética. Será que será um julgamento democrático? Ou será que vai ser condenado por suspeita?

Parabéns meu amigo Alexandre. 

O altar dos egos e vaidades existe?



Conversa ao pé do fogo.
O altar dos egos e vaidades existe?

            Se você perguntar irão jurar de “pé junto” que no escotismo não tem. Quando me dizem isto abaixo a cabeça e dou uma risadinha sem graça.  “Minino”! Não ria alto. Será mal interpretado. Pode ser que eles chamam por outros nomes, mas é um festival de vaidades e altos egos na nossa associação que poderíamos chamar de o Altar dos Egos e Vaidades Perdidas. Sei que existe em todo lugar. Mas aqui? Conheci alguns que para falar, se apresentar faziam trejeitos, voz pastosa ou cavernosa, peito inflado, firmando-se nos dois pés, cabeça alta e a técnica de “olho nos olho”. Um muito amigo meu me disse que eles estudavam em frente a um espelho como ficariam mais apresentáveis. Dias e dias ali. Faziam até discursos para a pasta de dente, a escova e o sabonete. Espontaneidade ali não existia. Meu amigo dizem-me, isto não existe mais. Hoje acabou. Todos são “iguais perante a lei”. A lei. Ora a lei. Lembra-me um antigo formador que sempre dizia – Para os amigos tudo, para os outros os rigores da lei!

               Em mil novecentos e antigamente conheci duas escotistas famosas. Faz tempo isto. Ambas DCIM. Uma em um estado e a outra em outro. Também havia mais duas, mas distante ainda do estrelato. Quando se encontravam rajadas de ventos e raios pipocavam por todo o lado. Mas quem visse de longe veria duas chefes sorrindo uma para outra. Sorriso perfeito. Sorriso de grandes atrizes de Hollywood. Ah! Ainda bem que o lobismo ganhava com grandes performances das duas. Eram “feras” na história da jângal. Eu mesmo fiz um curso com uma delas. Mas não vamos deixar de lado os DCIMs que pipocavam de estado em estado. Um ar professoral pose de Velho lobo, não conheci todos pessoalmente, mas tinham jeito de BP. Alguns diziam que eles sabiam mais do o Velho fundador. Para os seguidores eles diziam: – Pode galgar a escada, mas, por favor, não me ultrapasse. Aguarde sua vez aqui ou na eternidade. Risos e risos.

               Garantem-me que isto hoje não existe mais. Será? Só vendo para crer. As vaidades fazem parte da vida. Quem diz que não tem vai direto para um mundo melhor na espiritualidade ou no céu. Mas sem menosprezar dizem que o inferno está cheio deles. Risos. No meio dos dirigentes infelizmente ainda existem aqueles vaidosos e aqueles que querem um dia ter a sua oportunidade também de ter a honra de ser vaidoso. Nietzsche foi feliz em dizer que a vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade. Verdade verdadeira. Participei em minha vida de algumas centenas de reuniões onde os Grandes Chefes estavam presentes. Sempre faziam e ainda fazem as reuniões de Giwell. Sem menosprezar o festival de vaidades ali tinha seu lugar ao sol.

               Ei! Espere! Não vamos generalizar. Conheço milhares que não tem isto. São os abnegados. Os que dão a alma e o sangue pelo escotismo. São eles realmente que movimentam a engrenagem desta máquina maravilhosa que é a associação Escoteira. Você dificilmente irá ver neles, ou ostentando orgulhosamente uma Medalha Tiradentes, Uma Cruz São Jorge, uma gratidão ouro ou um Tapir de Prata. Não. Estas são reservadas para outros. Julgados mais importantes para ter este direito. Não me condenem. Tem muitos que recebem estas condecorações e não são vaidosos. Trabalham com amor e esforço para um escotismo melhor. Mas os vaidosos! Hummm! Ego ou egocêntricos? Sem lá.

              Toda vez que escrevo sobre algum tema que machuca na alma, recebo centenas de e-mail, e perco a conta daqueles que discordam falando francamente onde devia colocar a postagem. Risos.  Paciência. Não sou daqueles que arrastam frases como “A verdade dói”. Cada um tem a sua verdade. Mas será que eu já fui um deles? Se fui eu juro que não fui! São Tomé me acuda! Só vendo para crer ele responde. Risos. Mas quantos não correm atrás de um taco a mais. – Lembro que um me procurava e dizia – Sabe o fulano? É três tacos agora e o beltrano? Precisa ver, ele agora é quatro tacos. “Tacaiada” danada. Risos.  Carguinhos no escotismo sempre são bem vindos. Tem muitos que não gostam, mas tem outros tanto que falam assim, mas estão sempre sonhando em receber um convite. Não preciso apontar e nem dizer quem. Você que me lê e não é um deles sabe quem são na sua área. Os maiorais quando vocês os encontra tente convidar para trocar ideias. Nunca! Desista. Bem você vai um tapinha, um sorrisinho sem graça, um oi e um até logo. Estão sempre com pressa. Os grupinhos deles se formam na calada da noite. Os temas secretos. Mudanças. Nomeações. Escolhas. Fico com Augusto Cury que dizia – A Vaidade é o caminho curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve. Risos.

               Tenho saudades deles. Daria tudo para estar presente de novo nas assembleias e nos Congressos. Adorava no passado a apresentação da equipe em curso. Formados em linha. Empertigados. Podia ali marcar sem sombra de duvida os vaidosos. Já pensou? Eu em uma assembleia? Arre! Tremo só em pensar. Irão olhar para mim, olhos faiscando, dando um risinho sem graça – Você então é o Chefe Osvaldo? Risos. Turma é ele! Podem bater a vontade! Risos. Sem comentários. Não estarei lá. A saúde não permite. Tenho medo de ser expulso sem direito a defesa nas reuniões secretas que ali fazem. São elas sim que deviam ser abertas. Mas o melhor é ficar aqui. Um ermitão que já deu o que tinha de dar. Chega por hoje. Os vaidosos que me desculpem, mas prefiro lembrar-me de Jean de La bruyere e Paul Valéry que diziam - A falsa modéstia é o ultimo requinte da vaidade. Agradar a si mesmo é orgulho, aos demais, a vaidade.

"A vaidade, grande inimiga do egoísmo, pode dar origem a todos os efeitos do amor pelo próximo."

(Paul Valéry)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Lord Baden-Powell, cidadão do mundo.


Lord Baden-Powell, cidadão do mundo.
(22/02/1857 – 08/01/1941)

Será que hoje todos os Escoteiros do mundo estarão reunidos com as mãos entrelaçadas cantando uníssemos a linda Canção da Despedida? Até que pode ser, até que poderíamos cantar que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus. As lembranças do nosso Impeesa o Lobo que nunca dorme permanece vivo na mente de todos os Escoteiros deste pequeno planeta que habitamos. Na mente, no coração o espirito de BP é imutável e acredito que de todos os heróis do mundo ele será lembrado por toda a eternidade.
  
Lord Robert Baden-Powell "BP" - Chefe Escoteiro do Mundo, o nome de Baden-Powell é conhecido e respeitado em todos os lugares como o homem que, em seus 83 anos levou duas vidas separadas e completa, um como um soldado lutando por seu país, e outra como um trabalhador para a paz através da fraternidade do Movimento Escoteiro. Fundador original do Escotismo, Lord Robert Baden- Powell viveu por um lema interessante: Nós só temos um pouco tempo de vida, por isso devemos fazer as coisas que valem a pena, e fazê-las agora. Essa crença influenciou claramente sua visão da organização que ele estava a criar. Mas também continua a definir a verdadeira importância do Escotismo, a relevância e o impacto de seus programas, bem como o papel vital que os nossos grandes voluntários desempenham na tomada de Scouting o que é hoje. Em oito de janeiro de 1941, aos 83 anos de idade, BP morreu. Ele foi enterrado em uma cova simples no Nyeri dentro da vista do Monte Quênia. Em sua cabeça de pedra são as palavras "Robert Baden-Powell, Chefe Escoteiro do Mundo".

Ele sabia que ia partir e nos deixou a célebre mensagem de Peter Pan que todos conhecem. Hoje faz 73 anos que ele se foi. Saudades correm pelas fronteiras do mundo. No céu milhares de jovens transmitem suas mensagens de amor, amizade e fraternidade. Seu sonho de ver através do seu querido movimento Escoteiro uma união fraterna de todos os povos do mundo não acabou e nunca vai acabar. Ele vive na mente, no espírito e no coração dos jovens e adultos que participaram e participam deste movimento sem similar. Seu exemplo de vida ficará marcado para sempre no panteão dos heróis. Todos conhecem sua ultima mensagem. Mas aqui em nome de todos vocês eu faço questão de lembrar o que disse. Existem homens que sabem sua rotina e existem homens que fogem da rotina e estes se transformam em heróis da humanidade:

Escoteiros:
 Se porventura vocês tiverem visto a peça "Peter Pan", deverão estar lembrados de que o chefe-pirata estava sempre fazendo o seu "discurso de moribundo", porque receava que, possivelmente, quando chegasse a hora de ele morrer, não tivesse mais tempo para dizer tais coisas. Acontece quase a mesma coisa comigo e, assim, e embora neste momento eu não esteja morrendo - qualquer dia destes eu morrerei - , quero enviar a vocês uma palavra de despedida. Lembrei-me de que será a última vez que vocês ouvirão minhas palavras. Portanto, pensem bem nelas. Eu tenho tido uma vida muito feliz e quero que cada um de vocês também tenha uma vida feliz. Acredito que Deus nos colocou neste mundo alegre para que sejamos felizes e para gozarmos a vida. A felicidade não provém do fato de ser rico, nem meramente de ter sido bem sucedido na carreira; e, tampouco, de sermos indulgentes para com nós mesmos. Um passo na direção da felicidade é o de tornar-se saudável e forte enquanto se é ainda um jovem, de sorte que possa vir a ser útil e, dest'arte, gozar a vida quando for homem.
O estudo da natureza mostrará a vocês quão repleto de coisas belas e maravilhosas Deus fez o mundo para vocês gozarem. Alegrem-se com o que receberam e façam bom proveito disso. Olhem para o lado brilhante das coisas, ao invés do lado sombrio delas. Contudo, a melhor maneira de obter felicidade é proporcionar felicidade à outras pessoas. Tentem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram e, quando chegar a vez de morrerem, possam morrer felizes com o sentimento de que, pelo menos, não desperdiçaram o tempo, mas sim fizeram o melhor que puderam. Estejam preparados, desta maneira, para viverem e morrerem felizes, sempre fiéis à Promessa Escoteira de vocês, até mesmo depois que deixarem de ser jovens - e que Deus os ajude a cumpri-la. “Vosso amigo, Baden-Powell.”


Sempre Alerta meu grande Chefe. O escotismo graças a você ainda existe e nunca vai acabar!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A modernidade não tem preço.


Conversa ao pé do fogo.
A modernidade não tem preço.

       Como dizia o Cantor Cazuza, o tempo não para. Não para mesmo. A cada dia somos surpreendidos por uma nova técnica, uma nova ferramenta, uma máquina qualquer para nos levar a mundo de sonhos. Fico a pensar se posso acompanhar tudo isto, pois sei que o mundo corre vertiginosamente em busca de si mesmo. Será verdade? Nós os mais velhos que vimos outras gerações ficamos estupefatos. São fatos estupendos acontecendo a cada momento. A gente se sente sem ação, estamos vendo algum que não tem como impedir e será que vale a pena proibir? Albert Einstein comentou um dia que o homem erudito é um descobridor de fatos que já existem – mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir. Belas palavras principalmente valores. O significado da palavra valores podem significar merecimento, talento, reputação, coragem e valentia. Assim podemos afirmar que valores morais afetam a conduta das pessoas. Isto quem sabe poderia ser regra e não exceção para uma convivência saudável dentro de uma sociedade.

          Nós os antigos estamos atônitos. Agora aparecem valores que nos assustam. Impossível hoje aceitar tantas mudanças que dizem ser produto da modernidade. A juventude corre em passo célere atrás desta modernidade. Seus valores hoje são outros. Estamos assistindo pela TV um escritor que tem suas ideias e acha que o mundo é outro, nos joga em nossa sala situações que nós antigos assustamos. Os jovens não. Compram aquelas ideias como se fossem reais. Que estão vivendo. E não se rebelam com os pais. A mulher que fica com vários, o homem que trai e chega a ponto de trocar de mulher quando é descoberto em um motel. No passado se via um filme onde se proibia a presença de menores e lembro-me de um que não consegui assistir. E Deus criou a mulher com Brigitte Bardot ou então O último tango em Paris com Marlon Brando. Ficávamos em frente ao cinema olhando as poucas fotos exposta e vendo os privilegiados que entravam.

        Hoje só se vê o bandido que matou. O menor que tirou a vida de um pai trabalhador. O jovem que matou sua família. São tantos que é difícil enumerar. Mas faz parte da modernidade. Lembro na minha cidade onde o Delegado colocava em fila na rua os prisioneiros e os obrigavam a gritar seus crimes – Roubei galinha! Dei uma surra na minha mulher! Matei o bode do compadre Mateus! A gente ficava horrorizado com estes crimes horrendos. Depois o delegado soltava com juras de nunca mais fazer aqui. Ainda jovem lia que na Suécia se podia dormir no quarto da namorada. Hoje prefiro nem falar. Para muitos isto é normal. Mas conheço um número enorme de pais que não aceitam. O moderno hoje será passado amanhã. Eu sei disto. 

          Lembro-me de um artigo que escrevi um dia quando li um pequeno livro de Baden-Powell em 1938: - Hoje a instrução está enfrentando novas dificuldades. Um instinto de distração sempre mais forte, os efeitos perniciosos dos jornais em busca do sensacional, os filmes pornográficos e o fácil caminho para os prazeres sexuais e pôr fim à paixão do jogo. Com o moderno crescimento das cidades, fabricas rodovias e linhas telefônicas, e de tudo aquilo que chamamos “civilização” a natureza é mais afastada ainda das pessoas. Suas belezas e seus milagres se tornam estranhos as nossas afinidades pessoais com a criação divina e se perdem na vida materialista das multidões, com suas deprimentes condições entre as espantosas construções erguidas pelo homem. A natureza vem sendo expulsa para fora da nossa vida e é substituída pela artificial e graças à bicicleta, ao carro, ao elevador, as nossas pernas acabarão pôr atrofiarem-se pôr falta de exercícios e os nossos filhos terão cérebros maiores, mas sem músculos.

             Realmente é difícil acompanhar. Tradições do passado são jogadas as traças. A liberdade é tanta que padrões que tínhamos acabaram. Horário para dormir, horário para sentar a mesa com toda a família reunida, horário para as obrigações religiosas e claro horário para estudar e ir a escola. Os crimes, as desobediências, a liberdade de ação do jovem hoje sempre tem uma explicação pelos pedagogos e psicólogos. No escotismo não é diferente. Tudo está mudado. Dizem que é para melhor. Deve ser. As tropas estão completas, o sistema de patrulha é um primor. Os monitores nunca estiveram tão bem formados. E as alcateias? A maioria cheia. As vagas aumentam dia a dia. Cada grupo tem uma lista de espera enorme. Os jovens do movimento hoje vibram com seus programas. Eu me pergunto se isto é real. Um dirigente foi franco comigo que temos que mudar, não podemos perder o bonde da história. Concordei com ele é claro. Mas estão indo depressa demais. Bonde anda mais devagar. Olha onde pisa. Verifique, veja se está no caminho certo.

          Não acho certo ficar alardeando o passado. Acho certo sim que ele fosse mais respeitado. Havia coisas interessantes que juntas ao escotismo moderno como querem dizer seria muito importante para toda a nação escoteira. Mudaram muito e ainda vão mudar. Muitos não estarão aqui para ver se o seu trabalho teve êxito. Chorar o leite derramado é ir contra o vento que não para e devemos seguir para não ficarmos como atrasados. Pena que nesta mudança, nesta modernidade que muitos querem acompanhar não esteja presente à democracia que cresceu com a participação de todos. Nosso movimento, uma organização sem similar na formação de jovens ainda está em pé na estação esperando os dirigentes convidarem para também subirem no vagão da jornada que os levará ao sucesso absoluto. Ainda é um vagão de poucos.

       Nem tudo que BP disse no passado pode ser aplicado no presente, mas seu sonho, de unir por uma lei, por uma promessa, por um método jovem de todas as partes do mundo, tentando fazer com que esta fraternidade seja feita de paz e felicidade este irá prevalecer para sempre. Suas palavras mesmo de décadas atrás não podem ser esquecidas. Que os nossos dirigentes tão ciosos nas mudanças se lembrem disto quando passarem muitos anos se tudo que fizeram, os resultados serão os esperados. A história irá julgá-los.            

- “É somente pelo resultado e não pelo método que se julga a instrução”. Até alguns anos atrás, estes resultados eram de homens e mulheres de boa conduta, disciplinados, gente boa como se fosse soldados em parada militar, porém, sem personalidade nem força de caráter e totalmente provados de espírito de iniciativa ou de aventura e incapazes de se “virarem” BP.


A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes. Adam Smith