terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A modernidade não tem preço.


Conversa ao pé do fogo.
A modernidade não tem preço.

       Como dizia o Cantor Cazuza, o tempo não para. Não para mesmo. A cada dia somos surpreendidos por uma nova técnica, uma nova ferramenta, uma máquina qualquer para nos levar a mundo de sonhos. Fico a pensar se posso acompanhar tudo isto, pois sei que o mundo corre vertiginosamente em busca de si mesmo. Será verdade? Nós os mais velhos que vimos outras gerações ficamos estupefatos. São fatos estupendos acontecendo a cada momento. A gente se sente sem ação, estamos vendo algum que não tem como impedir e será que vale a pena proibir? Albert Einstein comentou um dia que o homem erudito é um descobridor de fatos que já existem – mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir. Belas palavras principalmente valores. O significado da palavra valores podem significar merecimento, talento, reputação, coragem e valentia. Assim podemos afirmar que valores morais afetam a conduta das pessoas. Isto quem sabe poderia ser regra e não exceção para uma convivência saudável dentro de uma sociedade.

          Nós os antigos estamos atônitos. Agora aparecem valores que nos assustam. Impossível hoje aceitar tantas mudanças que dizem ser produto da modernidade. A juventude corre em passo célere atrás desta modernidade. Seus valores hoje são outros. Estamos assistindo pela TV um escritor que tem suas ideias e acha que o mundo é outro, nos joga em nossa sala situações que nós antigos assustamos. Os jovens não. Compram aquelas ideias como se fossem reais. Que estão vivendo. E não se rebelam com os pais. A mulher que fica com vários, o homem que trai e chega a ponto de trocar de mulher quando é descoberto em um motel. No passado se via um filme onde se proibia a presença de menores e lembro-me de um que não consegui assistir. E Deus criou a mulher com Brigitte Bardot ou então O último tango em Paris com Marlon Brando. Ficávamos em frente ao cinema olhando as poucas fotos exposta e vendo os privilegiados que entravam.

        Hoje só se vê o bandido que matou. O menor que tirou a vida de um pai trabalhador. O jovem que matou sua família. São tantos que é difícil enumerar. Mas faz parte da modernidade. Lembro na minha cidade onde o Delegado colocava em fila na rua os prisioneiros e os obrigavam a gritar seus crimes – Roubei galinha! Dei uma surra na minha mulher! Matei o bode do compadre Mateus! A gente ficava horrorizado com estes crimes horrendos. Depois o delegado soltava com juras de nunca mais fazer aqui. Ainda jovem lia que na Suécia se podia dormir no quarto da namorada. Hoje prefiro nem falar. Para muitos isto é normal. Mas conheço um número enorme de pais que não aceitam. O moderno hoje será passado amanhã. Eu sei disto. 

          Lembro-me de um artigo que escrevi um dia quando li um pequeno livro de Baden-Powell em 1938: - Hoje a instrução está enfrentando novas dificuldades. Um instinto de distração sempre mais forte, os efeitos perniciosos dos jornais em busca do sensacional, os filmes pornográficos e o fácil caminho para os prazeres sexuais e pôr fim à paixão do jogo. Com o moderno crescimento das cidades, fabricas rodovias e linhas telefônicas, e de tudo aquilo que chamamos “civilização” a natureza é mais afastada ainda das pessoas. Suas belezas e seus milagres se tornam estranhos as nossas afinidades pessoais com a criação divina e se perdem na vida materialista das multidões, com suas deprimentes condições entre as espantosas construções erguidas pelo homem. A natureza vem sendo expulsa para fora da nossa vida e é substituída pela artificial e graças à bicicleta, ao carro, ao elevador, as nossas pernas acabarão pôr atrofiarem-se pôr falta de exercícios e os nossos filhos terão cérebros maiores, mas sem músculos.

             Realmente é difícil acompanhar. Tradições do passado são jogadas as traças. A liberdade é tanta que padrões que tínhamos acabaram. Horário para dormir, horário para sentar a mesa com toda a família reunida, horário para as obrigações religiosas e claro horário para estudar e ir a escola. Os crimes, as desobediências, a liberdade de ação do jovem hoje sempre tem uma explicação pelos pedagogos e psicólogos. No escotismo não é diferente. Tudo está mudado. Dizem que é para melhor. Deve ser. As tropas estão completas, o sistema de patrulha é um primor. Os monitores nunca estiveram tão bem formados. E as alcateias? A maioria cheia. As vagas aumentam dia a dia. Cada grupo tem uma lista de espera enorme. Os jovens do movimento hoje vibram com seus programas. Eu me pergunto se isto é real. Um dirigente foi franco comigo que temos que mudar, não podemos perder o bonde da história. Concordei com ele é claro. Mas estão indo depressa demais. Bonde anda mais devagar. Olha onde pisa. Verifique, veja se está no caminho certo.

          Não acho certo ficar alardeando o passado. Acho certo sim que ele fosse mais respeitado. Havia coisas interessantes que juntas ao escotismo moderno como querem dizer seria muito importante para toda a nação escoteira. Mudaram muito e ainda vão mudar. Muitos não estarão aqui para ver se o seu trabalho teve êxito. Chorar o leite derramado é ir contra o vento que não para e devemos seguir para não ficarmos como atrasados. Pena que nesta mudança, nesta modernidade que muitos querem acompanhar não esteja presente à democracia que cresceu com a participação de todos. Nosso movimento, uma organização sem similar na formação de jovens ainda está em pé na estação esperando os dirigentes convidarem para também subirem no vagão da jornada que os levará ao sucesso absoluto. Ainda é um vagão de poucos.

       Nem tudo que BP disse no passado pode ser aplicado no presente, mas seu sonho, de unir por uma lei, por uma promessa, por um método jovem de todas as partes do mundo, tentando fazer com que esta fraternidade seja feita de paz e felicidade este irá prevalecer para sempre. Suas palavras mesmo de décadas atrás não podem ser esquecidas. Que os nossos dirigentes tão ciosos nas mudanças se lembrem disto quando passarem muitos anos se tudo que fizeram, os resultados serão os esperados. A história irá julgá-los.            

- “É somente pelo resultado e não pelo método que se julga a instrução”. Até alguns anos atrás, estes resultados eram de homens e mulheres de boa conduta, disciplinados, gente boa como se fosse soldados em parada militar, porém, sem personalidade nem força de caráter e totalmente provados de espírito de iniciativa ou de aventura e incapazes de se “virarem” BP.


A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes. Adam Smith