domingo, 28 de setembro de 2014

Afinal, mudar ou não mudar? Eis a questão.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Afinal, mudar ou não mudar? Eis a questão.

Vejamos:
                         No Brasil o Grupo Escoteiro é considerado a célula mater para manter a formação do jovem deste a mais tenra idade até a idade da razão (24 anos) ou mais. Isto até hoje é um fato e nunca foi discutido abertamente se tem vantagens ou não. Aceitamos sem discutir. Chamamos o Grupo de a grande família. O jovem entra e cresce entre amigos aprendendo e fazendo o que o método Escoteiro propõe. Pensando em termos de 4 sessões em funcionamento (Alcateia, Tropa Escoteira, tropa sênior e Clã Pioneiro) tem que existir uma estrutura quase empresarial para o desenvolvimento das necessidades do grupo escoteiro. Uma boa diretoria, um bom corpo técnico de chefia e claro, uma sede própria (sonho de todos) ou não. Área para atividades enfim uma parafernália de necessidades que todos nós sabemos que deve existir afinal foi de lá que surgimos como Escoteiros.

                     Sabemos que nem cinco por cento dos grupos Escoteiros no Brasil alcançam com sucesso estas necessidades. As maiorias dos grupos sofrem com a falta de estrutura, muitas vezes nas mãos de um idealista, que fundou o grupo e permanece a sua frente por toda sua vida. Para ele é sua capitania e ele não abre mão. Certo ou errado dificilmente vinte por cento dos que iniciaram suas atividades como lobos irão até pioneiros. Francamente estes vinte por cento é ainda benevolente.
Temos uma série de dificuldades para crescer. Batemo-nos em muitos temas pensando em crescimento quantitativo e qualitativo e aos poucos cada um vai evoluindo seu aprendizado, mas deixando pelo caminho amigos que resolveram mudar seu rumo de vida assim como muitos jovens que preferem não continuar.

                    Pensando em termos de países que tem uma estrutura diferente, já com um efetivo consolidado por anos e anos sabemos que muitos deles não utilizam a estrutura de um Grupo Escoteiro. Seria então uma razão para pensar se estamos no caminho certo com esta célula que dizem ser a mais importante no escotismo nacional? Nossos resultados até hoje dizem que não somos vencedores. Pensar em termos de BSA onde se forma tropas ou sessões independentes, vemos que eles são bem considerados pela sociedade americana. Seria exemplo para nós? Poderia servir para nós o seu sistema?  Vale a pena pensar no assunto? Ou é melhor esquecer e dizer: - O Grupo Escoteiro tem sua razão de ser e nada pode ser mudado.

                    Mas convenhamos, o tema é discutível? Temos como exemplo outros temas interessantes, mas por nos acostumarmos a ele, nos fechamos como uma ostra. A própria UEB merecia uma longa discussão se sua estrutura é a melhor ou não. Entramos no escotismo, vivenciamos e aprendemos a gostar de tudo. Nunca discordar. Sempre tem aqueles que dizem que a prioridade é o jovem. Eles os novos sem perceber acreditam que nossa estrutura é badeniana. Tudo que temos aqui é fruto do que BP nos deixou. Claro que os entendidos, os dirigentes, os politicamente corretos sabem que não é assim. E assim vamos levando sem nunca entrarmos nesta seara. Seria imutável? Sempre me lembro de que apesar de todos dizerem que o Grupo Escoteiro é a razão de ser do escotismo, sabemos que ele não tem voz e voto nas diretrizes organizacionais.  Claro que tem aqueles que dizem o contrário. Mas quem se arrisca a dizer que não?

                  Pegue um voluntário. O coloque a frente de alguma sessão Escoteira. Pronto. Se ele for mordido pelo bichinho Escoteiro não terá mais tempo nas suas atividades familiares e sociais quiçá a profissional. Outro dia recebi um relato de um ex Chefe que exemplificou bem o tema. Estava saindo, pois a pressão era grande e a estrutura de um Grupo Escoteiro não o fazia sentir que participava de uma grande família. Achava ele que para ser um líder Escoteiro a entrega pessoal é tão grande que se esquece da vida familiar e social. Lembremos que tem muitos cuja família não participa e até cobra sua participação. Quem sabe em uma unidade ou sessão autônoma ele teria mais tempo? Sem as programações hoje de grupo distrito e região? Bem para ter certeza precisamos saber como os outros países fazem. Aqui o lema é ou você é um Escoteiro obediente e disciplinado, ou então desista. Escoteiro para muitos é aquele que está presente, sempre dando seu Sempre Alerta, firme junto aos demais não importa se chove ou não. Não seria isto motivo de desistência por parte de centenas ou milhares que desistem do escotismo não importando a idade?

                  Teríamos nós a coragem de repensar o que fazemos? Será que algum dia poderíamos idealizar um escotismo perfeito? Se nos países de primeiro mundo a estrutura de um Grupo Escoteiro como o nosso não existe, porque não discutir o sucesso deles, afinal tem muito maior número de membros Escoteiros não só em qualidade como em quantidade. Qualquer um bem informado sabe que nestes países mais avançados o escotismo é visto como um importante meio auxiliar na educação de um jovem para a vida. E nos enquanto isto pecamos por falta de uma boa divulgação e ficamos na rotina de dizer a A ou B que não vendemos biscoito e nem ajudamos a velhinha a atravessar a rua. É pena que até hoje tenhamos medo de discutir o obvio, ou melhor, discutir se nosso caminho para o sucesso é o mais correto.


                   Vale a pena pensar a respeito?

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O meu rico dinheirinho que o escotismo quer me tomar.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O meu rico dinheirinho que o escotismo quer me tomar.

                    Tem hora que eu estranho a mim mesmo. Do contra? Acho que não. Como ser do contra de um movimento que me deu tudo o que sou? Minha visão pensava eu e ainda penso seria a mesma de todos que em uma época dizia que não precisaríamos de dinheiro para fazer escotismo. Desde os primórdios dos tempos que me sentia feliz escoteiramente falando sem pensar em dinheiro. Na nossa época não precisávamos. – Ei Rael! Sábado vamos para o Vale dos Sinos, ração B! – Simples assim. – Neves, mês que vem vamos a Conselheiro Pena. Dá para passar na estação e falar com o Senhor Nonato? Bom demais. Ele reservava um vagão para nós. Mesmo que fossemos poucos e dizia – Vocês merecem! Material? Uma dupla nas lojas bem uniformizados (disso não abríamos mão), nos armazéns e com aquele belo sorriso para o “Seu” Manoel – Tem um facão sobrando? Sobrando Escoteiro? Sobrando não, mas aqui está eu tenho um para vocês!

                    E nas festas do grupo? – Um telegrama e nele escrito – Camilo, mês que vem é aniversário do grupo, avise todos daí. Aqui não tem problema, conseguimos toda a alimentação. É só vocês conseguirem um caminhão na prefeitura e o resto é conosco! Taxa? Esta palavra não existia para nós. Acho que foi lá por volta de 1952 que soubemos que precisávamos fazer o registro na UEB. Tinha taxa. Tinha papelada. Tinha exigências. Ninguém se preocupou o escotismo continuou seguindo seu caminho como sempre seguiu. Não havia a preocupação de hoje. Alguém se machucou? Lembro-me do Fulgêncio. Quebrou o braço em um acampamento, seu pai disse – Meu filho aprenda, escotismo é prá homem! Era bom demais fazer um escotismo alegre e solto. Mamãe nossa panela furou tem uma para doar? Simples demais. A mochila parecia que ia falar. Leve isto, aquilo e aquilo outro. Pronto. Mochila nas costas, material na carrocinha e lá iam as patrulhas estrada afora cantando o Rataplã!

                  Mas a vida moderna não perdoa. O tempo passa e nós temos que seguir o tempo. Ele não dá trégua. Um dia me disseram que eu era registrado na UEB. Acho que foi em 1956 não tenho certeza e olhe que já era Escoteiro desde 1947. – Chefe na “carteirinha” está escrito que as autoridades são solicitadas a nos prestar toda colaboração que pedirmos. O que vamos pedir? (existia algum parecido no verso da Carteira) – O Chefe gente boa ria e dizia – Não vamos pedir nada, mas já falei com o Doutor Leôncio e o Padre Damalto, ela sendo apresentada vocês podem ir ao cinema de graça! Depois soube que foi a prefeitura quem pagou o registro na UEB por muitos anos. E o mundo continuou a girar, o tempo foi passando, tudo foi se alterando e agora eram exigências atrás de exigências. Não havia como fugir dela, afinal eu cresci e tive de me adaptar. Será que daria adeus aquele escotismo de BP? Chapéu na cabeça, lenço no pescoço, bandeiras ao vento, um sorriso nos lábios e um cantar diferente: - Avançam as patrulhas, ao longe, ao longe...

                  Fecho os olhos e vou para os dias atuais. Não tem como fugir. Taxas da UEB podem ser conseguidas de graça. Temos agora duas classes no escotismo brasileiro. Os ricos e os isentos. Claro que dos ricos tem muitos pobres que passam o ano todo juntando seu rico dinheirinho para pagar a UEB. Nada contra, mas haja dinheiro para eles. O que tem de grupos a fazerem festas e promoções tudo para que o “dólar” entre e possa pagar os materiais Escoteiros, a intendência, o ônibus do acampamento e Deus do céu! Agora tem gente alugando seu sitio ou fazenda para eles acamparem! Pode isto? Todo mundo quer tirar sua xepa. E os vendedores Escoteiros que dizem ter tudo? Panelas, distintivos, camisetas, chapéus lenços, anéis, caramba agora é assim, não tem como fugir. Ou cai de bruços na loja Escoteira ou nos atravessadores. Eles estão errados? Never! Errado sou eu por ser das antigas. Meus distintivos minha mãe fazia e só o noviço, a segunda classe e a primeira classe a gente comprava. Sapato daqui sapato dali, uma engraxadinha e pronto. Meu rico dinheirinho estava pronto para gastar.

                    Mas será que o escotismo é mesmo só para ricos? Alguém me disse que não e outro disse que sim. Eu mesmo tenho vontade de visitar grupos na minha cidade. Lá estão muitos a me convidar. Festa do sorvete, festa do bacalhau, festa do peão, Feijoada de dar água na boca, festa dançante, festa disto, festa daquilo. Seria ótimo eu chegar lá e dar um abraço e um sempre alerta em todo mundo, mas não. Tudo é pago. Beneficente Chefe! Putz! Eu sou um duro, não tenho Money então o melhor é ficar em casa. Obrigado pelo convite! Este ano recebi centenas deles quase todos  seria dinheiro para lá comidinha pra cá! Errado? Nunca, afinal o mundo é outro. Eles precisam. Mas eu nos meus anos de vida sempre fui contra este tal dinheiro. Meu escotismo não precisava e se tivesse forças eu faria o mesmo que fazia no passado. Ninguém se preocupa muito com o Escoteiro pobre. Coitado dele. Inventaram uma vestimenta que ele só pode comprar na mão deles. Ou compra ou fica pelado escoteiramente falando. Como diz o Caco Antibes, “detesto pobre”. Afinal o que ele pode contribuir para o escotismo nacional? Pode pagar? Pode viajar? Tem Money para taxas? Pode ir num jamboree? Pode ir no acampamento regional e distrital? Ele nunca terá condições de ir a uma reunião dos grandões lá em Genebra na Suíça e se sentir importante na WOSM. Nunca. Então o melhor é ele sumir do mapa. Escotismo para pobre? Nem pensar!

                Mas eu gostaria de fazer o Escoteiro pobre feliz. Sem taxas, sem pagar nada. Afinal desafio a alguém que acampou mais que eu. Que rodou terras de bicicleta como eu neste Brasil gigante. Que nunca teve nada e seu rico dinheirinho era uma caixa de engraxate. Quem sabe ainda temos centenas de chefes lutando pelo Escoteirinho pobre, dando a ele todas as condições para que ele um dia não se arrependa de ter sido um Escoteiro. Nada de esmolas. Não precisamos disto. Basta uma vontade, um querer, pensar que somos um por todos e todos por um. Pensar que ou todos vão acampar ou não vai ninguém. – Pedrinho! Vamos na sexta à noite. Leve a ração A e o material C para três dias. Todos sabem do que se trata. Vamos divertir, vamos viver a aventura que ninguém viveu. Vamos deixar os rapazes e moças  serem os aventureiros que querem ser sem pensar no seu rico dinheirinho. Ainda tem muitos lugares para ir de graça. Pagar pela terra para acampar? Na minha terra? Onde dizem que o petróleo é nosso e nunca me deram uma gota dele? Deus meu! Que Cabral me condene, mas nem pensar. Ainda tem muitas pessoas que gostariam de ajudar. Lembre-se que a melhor esmola é aquela que, quando suas mãos estão vazias, você oferece ao próximo à ajuda que elas podem lhe dar.


E por favor, não me leve a mal. Abaixo a riqueza no escotismo e a burocracia. Deus do céu! Quanta burocracia! Mas eu? Eu meu amigo só sei hoje criticar, afinal fiz outro escotismo e como a vida para mim não será mais tão longa, eu meto o pau nos que ainda não aprenderam que o pobre tem de ter o seu lugar. E como diz o mineiro – “Inté” a todos! 


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Movimento Escoteiro é apolítico?



Acho que ao contrário de ficarmos reclamando devíamos arregaçar as mangas e cobrar dos políticos um lugar melhor

O Movimento Escoteiro é apolítico?

            Não é um tema dos mais interessantes. Mas como teremos eleições neste ano, gostaria de expressar minha opinião, principalmente por ter vivido situações pitorescas em minha vida escoteira. Nosso movimento tem por principio ser apolítico. Acha ele que devemos ficar a margem e não tomar nenhuma atitude em relação a A ou B dos candidatos ou mesmos dos partidos. A Escolha e decisão são individuais e cada um deve saber em quem votar. Até certo ponto concordo. Mas isto não acontece em muitos países que o escotismo cresceu e floresceu. Lá o escotismo deu um enorme salto. Certo ou errado não sei.

Temos como convicção, talvez a maioria de nós, que a palavra escoteira, tem muitas traduções e algumas delas seriam a honestidade, o caráter, a ética, a benevolência, o respeito ao próximo, as leis, enfim tudo aquilo que se espera de uma pessoa respeitada e digna na comunidade. Antônimo de muitos políticos que vemos hoje atuando. Claro, não são todos, têm muitos com excelentes qualidades, mas, não é fácil separar o joio do trigo.

É interessante, quando candidatos estavam sempre nos procurando, mas depois é o contrario. Prometiam como todo político, e depois desaparecem como poeira no ar. Dificilmente vemos na comunidade, na imprensa, qualquer menção de candidatos dizendo admirar o movimento. Difícil, no entanto é mostrarem seu currículo escoteiro, do tempo que colaborou da importância para ele da Lei e Promessa Escoteira, se orgulhar do que aprendeu no escotismo. Nunca vi um candidato de uniforme Escoteiro se orgulhando de ter sido ou ser um de nós. do tempo que colaborou da importância para ele da Lei e Promessa Escoteira, (hoje seu currículo só é mostrando quando em algumas reuniões formais o convidamos a falar sobre seu passado).

Fazendo um pequeno retrospecto, não se encontra em nosso país nenhuma organização, seja ela religiosa, empresarial, social entre outras que de uma maneira ou de outra não se envolvam na política, escolhendo seus candidatos e fazendo marketing deles. Visando sempre se eleitos um futuro melhor seja financeiramente ou socialmente em proveito delas (as organizações) Isto não está errado. No entanto o Movimento Escoteiro no Brasil não faz isto. Diz-se apolítico. Da maneira como estamos concordo plenamente. Não vejo até então alguém que tenha sido Escoteiro (salvo alguns poucos que desconhecemos seu passado e seus objetivos) e que após ter sido eleito, mostrou durante seu mandado que tem honra e honestidade (temos uns poucos casos como exceções) do ponto de vista da Lei e Promessa. Seria bom se tivéssemos condições de conhecer sua plataforma e se basear dentro dos princípios éticos, e que demonstrar ser admirado e respeito como Escotista. Seria o candidato ideal. Será que teríamos?

Nossa arregimentação de adultos na maioria dos Grupos Escoteiros é pequena e a participação quase nula. O que acontece hoje é diversamente contrário do que sonhamos, pois não temos força para reivindicações. Por outro lado sem conhecer profundamente o candidato poderíamos eleger alguém não condizente com os propósitos escoteiros. Isto seria uma decepção em nossos sonhos futuros. Eu mesmo fico constrangido quando alguém próximo tenta me mostrar o valor do candidato que escolheu. Tento ver seu currículo, não aquele de rotina, dizendo eu fiz isto e aquilo e vou mudar o Brasil. Eu gostaria de saber do seu passado, onde pudesse pesquisar se realmente é uma pessoa com elevado Espírito Escoteira, e olhe, mesmo não tendo sido escoteiro.

Mesmo com um pequeno numero de adultos atuantes, tenho certeza que somos uma força respeitável de votos. Como usá-los é que sabemos. Quando descobrirmos isso um salto enorme se terá dado no escotismo nacional.  

Antes de encerrar, gostaria de comentar um filme que assisti há algum tempo, em preto e branco de 1939, onde um chefe escoteiro, estimado em sua cidade e no movimento escoteiro, (foi escoteiro toda sua juventude) e por um motivo ou outro foi “guindado” a Senador em seu país. Achou que encontraria algum em que pudesse acreditar e fazer dos seus sonhos realidade. Viu que não era nada disto. Se um dia encontrarem em alguma locadora aluguem. Vale a pena nestas épocas de eleições.
Mr. Smith goes to Washington –(em português a Mulher faz o homem) Direção de Frank Capra - 1939: EUA:  129 min: branco e –preto - Com James Stewart (Mr. Smith), - Jean Arthur (Clarissa), - Claude Rains (Senador Paine) e - Edward Arnold (Jim Taylor).

Sinopse - O escoteiro encontra as raposas

Somente escoteiros acreditariam na existência de políticos como o senador Smith. Ele é honesto, idealista e tem uma incrível disposição para lutar pelo que acha correto. Está certo que ele é um caipira ingênuo que caiu no ninho das velhas raposas de Washington, mas os filmes de Frank Capra são assim: falam sobre pessoas simples com valores simples.

Jefferson Smith é um inocente homem do interior que é levado a Washington por um grupo de políticos para se tornar senador dos Estados Unidos da América. Mr. Smith (James Stewart) foi designado para o senado americano após a morte do titular da cadeira. O governador que o indicou queria apenas um fantoche para terminar o mandato que não atrapalhasse os planos dos donos do poder local. Mr. Smith foi para Washington e ficou deslumbrado com todos aqueles símbolos patrióticos que ele só conhecia através dos livros escolares e de sua vida escoteira. Os problemas começaram para ele quando resolveu apresentar um projeto no senado. Sua intenção era construir um acampamento para escoteiros em seu estado natal (espécie de campo escoteiro para ser usado por vários grupos em qualquer tempo). Até aí, nada de errado, mas infelizmente, seu projeto seria erguido em uma área que o poderoso magnata Jim Taylor (Edward Arnold) queria inundar com a construção de uma represa.

O senador Smith, que até então só divertia os jornalistas políticos com sua ingenuidade, passou a ser uma pedra no sapato do homem mais poderoso de seu estado. Só vendo o filme para saber como Mr. Smith enfrenta a confusão. Eles o querem transformar em uma marionete a serviço de seus interesses. Aos poucos, o homem vai percebendo o mar de lama em que se enfiou e que seria capaz de destruir tudo o que sempre acreditou em relação à bondade e ao caráter dos semelhantes.

Começamos pelo idealismo, depois vamos ficando mais e mais pragmáticos, até que no final nos tornamos só ambição e cobiça? Bem, talvez o idealismo não seja apenas uma febre juvenil. O que o mestre Frank Capra nos dá a entender é que o povo quer líderes entusiasmados, que lutam pelos valores básicos que qualquer escoteiro conhece. Talvez esse filme pareça ingênuo a muita gente, mas é essa pureza que o mantém década após década na lista dos melhores filmes de todos os tempos.

Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

MINHAS PUBLICAÇÕES EM PDF:


MINHAS PUBLICAÇÕES EM PDF:

Quando eu tive a honra de dirigir cursos Escoteiros, sentia a força dos alunos em tentar aprender tudo em poucos dias. Muitos da equipe queriam a todo custo passar para eles uma vida de conhecimentos Escoteiros. Impossível. A literatura sim, ela passa para a gente um aprendizado que nenhuma unidade didática dita por um grande formador pode passar. A leitura trás conhecimentos fantásticos. Não só sobre o escotismo. Fiz uma lista de livros em PDF que podem ajudar a todos. Sei que a maioria os chefes já possuem conhecimento, no entanto tem aqueles que não.
Você pode ter qualquer um destes títulos em PDF. Se um dia souber que estou ajudando me sinto remunerado. Você pede e não paga nada.  

Livros com histórias Escoteiras. (minha autoria)

- A Patrulha da Esperança;
- As incríveis peripécias do Comissário Leocádio;
- O estranho funeral do Chefe Gafanhoto;
- O Fantástico Jogo Noturno na Ilha do Gavião Negro.

Condensados de histórias Escoteiras. (minha autoria)

- As maravilhosas histórias Escoteiras II;
- As maravilhosas histórias Escoteiras III;
- Os pensamentos de Lord Baden-Powell;
- Antologia de meus Artigos Escoteiros;
- Frases e lembranças de Baden-Powell;
- Acampamentos de Gilwell e Sistema de Patrulha.
- Jim, o Escoteiro do futuro e suas aventuras;
- As fabulosas aventuras do Escoteiro Juquinha
- Os Cinco Magníficos – Seniores aventureiros;
- Os contos incríveis da Meia Noite (não Escoteiros);
- Orações Escoteiras;
- A Bravura de um Herói. Baseado na história de Caio Vianna Martins;

Também a disposição em PDF de outros autores:

- O Sistema de Patrulhas – Roland Phillips;
- Interpretação do Livro da Jângal – Blair de M. Mendes;
- O guia do Chefe Escoteiro – Por Baden-Powell;
- Aplicando o Sistema de Patrulhas – de Bi. E.E. Reynolds;
- Sistema e espírito de Patrulha;
- Aprendendo o percurso de Giwell;
- O Ramo sênior;

Se você quer aprimorar seu conhecimento, será uma honra atender ao seu pedido. Não peça todos de uma vez. Não tenho condições de fazer um download de todos. Peça dois, três ou quatro e com o tempo vá pedindo os demais. Escreva: Chefe me mande...


E lembre-se. Só poderei atender quando receber um e-mail do interessado. Portanto deixar o seu aqui não posso atender. Desculpe.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Os Sete Perigos


Acredito que muitos novos amigos não conhecem este artigo de John Thurman. Nada melhor que republicar aqui. (me desculpem os que já o conhecem) John Thurman foi durante muito tempo Chefe de campo de Giwell Park. O artigo ainda tem muito de atual. Nada que possamos dizer – Não somos mais assim! O mundo mudou. Será?

 

Os Sete Perigos


Por John Thurman - agosto de 1957 (chefe de campo de Giwell Park)


Existem sete perigos para o Escotismo, para os quais, me parece, devemos estar alertas e tomar cuidado:

1. Complacência, do tipo de pessoas que pensam: "há cinqüenta anos temos trabalhado assim e temos feito um bom trabalho, portanto continuemos assim". Recordemo-nos que o trabalho para os rapazes de hoje tem que ser feito pelos homens do presente. Estou tão orgulhoso, como qualquer outro Escotista, do nosso passado, mas isso não nos leva a parte alguma. Há, hoje, muito mais a ser feito do que houve em qualquer outra época e o máximo que o passado pode fazer para nós é inspirar-nos para um maior esforço;

2. Centralização. Acampamentos Nacionais, Regionais e Jamborees são muito bons, mas quando muito freqüentes, podem ser desastrosos. Devemos dar ao Escotista a maior oportunidade possível para trabalhar com a sua Tropa e infundir-lhe os bons princípios e não juntar os rapazes em grandes massas para um grande espetáculo. Às vezes existe tal número de atividades organizadas pelo Distrito ou Região que praticamente não resta tempo ao Escotista para trabalhar com as Patrulhas ou Alcatéias;

3. Super administração e não suficiente capacitação. Gostaria de sugerir-lhes dar uma olhadela nos orçamentos e balanços, para verificar se aquilo que gasta com papelada e administração está equilibrado com o que se emprega na capacitação técnica. Ambas as coisas são necessárias, porém mantenhamos o equilíbrio.

4. Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.

5. Exclusividade, o perigo de pensar que "os chefes devem provir do próprio Movimento". Penso que necessitamos de gente de fora, com diferentes experiências - homens de bem que tenham a faculdade de crítica construtiva e que tragam sangue fresco para o Movimento; 

6. Austeridade demasiada. Acho que tendemos a nos fazer demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento para apenas os rapazes bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que dele necessitam. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

7. Trabalhar para fazer super escoteiros. Devemos estar conscientes, no que diz respeito a adestramento, de não tratar de começar um curso a partir de onde deixamos o anterior, sem pensar que necessitamos começar e recomeçar sempre pelas bases e os princípios para progredir a partir destes.

Para terminar, recordemo-nos que Baden-Powell, em 1938, proclamava com orgulho e alegria o número de três milhões e meio de Escoteiros no mundo. Agora podemos ver um movimento que ultrapassou os oito milhões, (1957) devido justamente à sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem sido contínuo.

Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis idéias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou.

OS ÚNICOS CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E DIRIGENTES.

Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.

Feliz palavra de John Thurman. O mundo está mudando, e a mudança que o escotismo tem feito não está dando resultados. Muitos rapazes e moças estão saindo. Reclamam das atividades. Precisamos meditar.


Afinal estamos em 2014 não? Agora temos um novo escotismo. Sei não. Sei não!