quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Movimento Escoteiro é apolítico?



Acho que ao contrário de ficarmos reclamando devíamos arregaçar as mangas e cobrar dos políticos um lugar melhor

O Movimento Escoteiro é apolítico?

            Não é um tema dos mais interessantes. Mas como teremos eleições neste ano, gostaria de expressar minha opinião, principalmente por ter vivido situações pitorescas em minha vida escoteira. Nosso movimento tem por principio ser apolítico. Acha ele que devemos ficar a margem e não tomar nenhuma atitude em relação a A ou B dos candidatos ou mesmos dos partidos. A Escolha e decisão são individuais e cada um deve saber em quem votar. Até certo ponto concordo. Mas isto não acontece em muitos países que o escotismo cresceu e floresceu. Lá o escotismo deu um enorme salto. Certo ou errado não sei.

Temos como convicção, talvez a maioria de nós, que a palavra escoteira, tem muitas traduções e algumas delas seriam a honestidade, o caráter, a ética, a benevolência, o respeito ao próximo, as leis, enfim tudo aquilo que se espera de uma pessoa respeitada e digna na comunidade. Antônimo de muitos políticos que vemos hoje atuando. Claro, não são todos, têm muitos com excelentes qualidades, mas, não é fácil separar o joio do trigo.

É interessante, quando candidatos estavam sempre nos procurando, mas depois é o contrario. Prometiam como todo político, e depois desaparecem como poeira no ar. Dificilmente vemos na comunidade, na imprensa, qualquer menção de candidatos dizendo admirar o movimento. Difícil, no entanto é mostrarem seu currículo escoteiro, do tempo que colaborou da importância para ele da Lei e Promessa Escoteira, se orgulhar do que aprendeu no escotismo. Nunca vi um candidato de uniforme Escoteiro se orgulhando de ter sido ou ser um de nós. do tempo que colaborou da importância para ele da Lei e Promessa Escoteira, (hoje seu currículo só é mostrando quando em algumas reuniões formais o convidamos a falar sobre seu passado).

Fazendo um pequeno retrospecto, não se encontra em nosso país nenhuma organização, seja ela religiosa, empresarial, social entre outras que de uma maneira ou de outra não se envolvam na política, escolhendo seus candidatos e fazendo marketing deles. Visando sempre se eleitos um futuro melhor seja financeiramente ou socialmente em proveito delas (as organizações) Isto não está errado. No entanto o Movimento Escoteiro no Brasil não faz isto. Diz-se apolítico. Da maneira como estamos concordo plenamente. Não vejo até então alguém que tenha sido Escoteiro (salvo alguns poucos que desconhecemos seu passado e seus objetivos) e que após ter sido eleito, mostrou durante seu mandado que tem honra e honestidade (temos uns poucos casos como exceções) do ponto de vista da Lei e Promessa. Seria bom se tivéssemos condições de conhecer sua plataforma e se basear dentro dos princípios éticos, e que demonstrar ser admirado e respeito como Escotista. Seria o candidato ideal. Será que teríamos?

Nossa arregimentação de adultos na maioria dos Grupos Escoteiros é pequena e a participação quase nula. O que acontece hoje é diversamente contrário do que sonhamos, pois não temos força para reivindicações. Por outro lado sem conhecer profundamente o candidato poderíamos eleger alguém não condizente com os propósitos escoteiros. Isto seria uma decepção em nossos sonhos futuros. Eu mesmo fico constrangido quando alguém próximo tenta me mostrar o valor do candidato que escolheu. Tento ver seu currículo, não aquele de rotina, dizendo eu fiz isto e aquilo e vou mudar o Brasil. Eu gostaria de saber do seu passado, onde pudesse pesquisar se realmente é uma pessoa com elevado Espírito Escoteira, e olhe, mesmo não tendo sido escoteiro.

Mesmo com um pequeno numero de adultos atuantes, tenho certeza que somos uma força respeitável de votos. Como usá-los é que sabemos. Quando descobrirmos isso um salto enorme se terá dado no escotismo nacional.  

Antes de encerrar, gostaria de comentar um filme que assisti há algum tempo, em preto e branco de 1939, onde um chefe escoteiro, estimado em sua cidade e no movimento escoteiro, (foi escoteiro toda sua juventude) e por um motivo ou outro foi “guindado” a Senador em seu país. Achou que encontraria algum em que pudesse acreditar e fazer dos seus sonhos realidade. Viu que não era nada disto. Se um dia encontrarem em alguma locadora aluguem. Vale a pena nestas épocas de eleições.
Mr. Smith goes to Washington –(em português a Mulher faz o homem) Direção de Frank Capra - 1939: EUA:  129 min: branco e –preto - Com James Stewart (Mr. Smith), - Jean Arthur (Clarissa), - Claude Rains (Senador Paine) e - Edward Arnold (Jim Taylor).

Sinopse - O escoteiro encontra as raposas

Somente escoteiros acreditariam na existência de políticos como o senador Smith. Ele é honesto, idealista e tem uma incrível disposição para lutar pelo que acha correto. Está certo que ele é um caipira ingênuo que caiu no ninho das velhas raposas de Washington, mas os filmes de Frank Capra são assim: falam sobre pessoas simples com valores simples.

Jefferson Smith é um inocente homem do interior que é levado a Washington por um grupo de políticos para se tornar senador dos Estados Unidos da América. Mr. Smith (James Stewart) foi designado para o senado americano após a morte do titular da cadeira. O governador que o indicou queria apenas um fantoche para terminar o mandato que não atrapalhasse os planos dos donos do poder local. Mr. Smith foi para Washington e ficou deslumbrado com todos aqueles símbolos patrióticos que ele só conhecia através dos livros escolares e de sua vida escoteira. Os problemas começaram para ele quando resolveu apresentar um projeto no senado. Sua intenção era construir um acampamento para escoteiros em seu estado natal (espécie de campo escoteiro para ser usado por vários grupos em qualquer tempo). Até aí, nada de errado, mas infelizmente, seu projeto seria erguido em uma área que o poderoso magnata Jim Taylor (Edward Arnold) queria inundar com a construção de uma represa.

O senador Smith, que até então só divertia os jornalistas políticos com sua ingenuidade, passou a ser uma pedra no sapato do homem mais poderoso de seu estado. Só vendo o filme para saber como Mr. Smith enfrenta a confusão. Eles o querem transformar em uma marionete a serviço de seus interesses. Aos poucos, o homem vai percebendo o mar de lama em que se enfiou e que seria capaz de destruir tudo o que sempre acreditou em relação à bondade e ao caráter dos semelhantes.

Começamos pelo idealismo, depois vamos ficando mais e mais pragmáticos, até que no final nos tornamos só ambição e cobiça? Bem, talvez o idealismo não seja apenas uma febre juvenil. O que o mestre Frank Capra nos dá a entender é que o povo quer líderes entusiasmados, que lutam pelos valores básicos que qualquer escoteiro conhece. Talvez esse filme pareça ingênuo a muita gente, mas é essa pureza que o mantém década após década na lista dos melhores filmes de todos os tempos.

Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade.