Acho que ao contrário de ficarmos
reclamando devíamos arregaçar as mangas e cobrar dos políticos um lugar melhor
O Movimento Escoteiro é apolítico?
Não é um tema
dos mais interessantes. Mas como teremos eleições neste ano, gostaria de
expressar minha opinião, principalmente por ter vivido situações pitorescas em
minha vida escoteira. Nosso movimento tem por principio ser apolítico. Acha ele
que devemos ficar a margem e não tomar nenhuma atitude em relação a A ou B dos candidatos ou mesmos dos partidos.
A Escolha e decisão são individuais e cada um deve saber em quem votar. Até
certo ponto concordo. Mas isto não acontece em muitos países que o escotismo
cresceu e floresceu. Lá o escotismo deu um enorme salto. Certo ou errado não
sei.
Temos como convicção, talvez a maioria de nós, que a palavra
escoteira, tem muitas traduções e algumas delas seriam a honestidade, o
caráter, a ética, a benevolência, o respeito ao próximo, as leis, enfim tudo
aquilo que se espera de uma pessoa respeitada e digna na comunidade. Antônimo
de muitos políticos que vemos hoje atuando. Claro, não são todos, têm muitos
com excelentes qualidades, mas, não é fácil separar o joio do trigo.
É interessante, quando candidatos estavam sempre nos procurando,
mas depois é o contrario. Prometiam como todo político, e depois desaparecem
como poeira no ar. Dificilmente vemos na comunidade, na imprensa, qualquer
menção de candidatos dizendo admirar o movimento. Difícil, no entanto é
mostrarem seu currículo escoteiro, do tempo que colaborou da importância para
ele da Lei e Promessa Escoteira, se orgulhar do que aprendeu no escotismo.
Nunca vi um candidato de uniforme Escoteiro se orgulhando de ter sido ou ser um
de nós. do tempo que colaborou da importância para ele da Lei e Promessa
Escoteira, (hoje seu currículo só é mostrando quando em algumas reuniões
formais o convidamos a falar sobre seu passado).
Fazendo um pequeno retrospecto, não se encontra em nosso país
nenhuma organização, seja ela religiosa, empresarial, social entre outras que
de uma maneira ou de outra não se envolvam na política, escolhendo seus
candidatos e fazendo marketing deles. Visando sempre se eleitos um futuro
melhor seja financeiramente ou socialmente em proveito delas (as organizações)
Isto não está errado. No entanto o Movimento Escoteiro no Brasil não faz isto.
Diz-se apolítico. Da maneira como estamos concordo plenamente. Não vejo até
então alguém que tenha sido Escoteiro (salvo alguns poucos que desconhecemos
seu passado e seus objetivos) e que após ter sido eleito, mostrou durante seu
mandado que tem honra e honestidade (temos uns poucos casos como exceções) do
ponto de vista da Lei e Promessa. Seria bom se tivéssemos condições de conhecer
sua plataforma e se basear dentro dos princípios éticos, e que demonstrar ser
admirado e respeito como Escotista. Seria o candidato ideal. Será que teríamos?
Nossa arregimentação de adultos na maioria dos Grupos Escoteiros
é pequena e a participação quase nula. O que acontece hoje é diversamente
contrário do que sonhamos, pois não temos força para reivindicações. Por outro
lado sem conhecer profundamente o candidato poderíamos eleger alguém não
condizente com os propósitos escoteiros. Isto seria uma decepção em nossos
sonhos futuros. Eu mesmo fico constrangido quando alguém próximo tenta me
mostrar o valor do candidato que escolheu. Tento ver seu currículo, não aquele
de rotina, dizendo eu fiz isto e aquilo e vou mudar o Brasil. Eu gostaria de
saber do seu passado, onde pudesse pesquisar se realmente é uma pessoa com
elevado Espírito Escoteira, e olhe, mesmo não tendo sido escoteiro.
Mesmo com um pequeno numero de adultos atuantes, tenho certeza
que somos uma força respeitável de votos. Como usá-los é que sabemos. Quando
descobrirmos isso um salto enorme se terá dado no escotismo nacional.
Antes de encerrar, gostaria de comentar um filme que assisti há
algum tempo, em preto e branco de 1939, onde um chefe escoteiro, estimado em
sua cidade e no movimento escoteiro, (foi escoteiro toda sua juventude) e por
um motivo ou outro foi “guindado” a Senador em seu país. Achou que encontraria
algum em que pudesse acreditar e fazer dos seus sonhos realidade. Viu que não
era nada disto. Se um dia encontrarem em alguma locadora aluguem. Vale a pena
nestas épocas de eleições.
Mr. Smith goes to Washington
–(em português a Mulher faz o homem) Direção de Frank Capra - 1939: EUA:
129 min: branco e –preto - Com James Stewart (Mr. Smith), - Jean Arthur
(Clarissa), - Claude Rains (Senador Paine) e - Edward Arnold (Jim Taylor).
Sinopse - O escoteiro encontra as raposas
Somente escoteiros acreditariam na existência de políticos como
o senador Smith. Ele é honesto, idealista e tem uma incrível disposição para
lutar pelo que acha correto. Está certo que ele é um caipira ingênuo que caiu
no ninho das velhas raposas de Washington, mas os filmes de Frank Capra são
assim: falam sobre pessoas simples com valores simples.
Jefferson Smith é um inocente homem do interior que é levado a Washington por um grupo de políticos para se
tornar senador dos Estados Unidos da América. Mr.
Smith (James Stewart) foi designado para o senado americano após a morte do
titular da cadeira. O governador que o indicou queria apenas um fantoche para
terminar o mandato que não atrapalhasse os planos dos donos do poder local. Mr.
Smith foi para Washington e ficou deslumbrado com todos aqueles símbolos
patrióticos que ele só conhecia através dos livros escolares e de sua vida
escoteira. Os problemas começaram para ele quando resolveu apresentar um
projeto no senado. Sua intenção era construir um acampamento para escoteiros em
seu estado natal (espécie de campo escoteiro para ser usado por vários grupos
em qualquer tempo). Até aí, nada de errado, mas infelizmente, seu projeto seria
erguido em uma área que o poderoso magnata Jim Taylor (Edward Arnold) queria
inundar com a construção de uma represa.
O senador Smith, que até então só divertia os jornalistas
políticos com sua ingenuidade, passou a ser uma pedra no sapato do homem mais
poderoso de seu estado. Só vendo o filme para saber como Mr. Smith enfrenta a
confusão. Eles o querem
transformar em uma marionete a serviço de seus interesses. Aos poucos, o homem
vai percebendo o mar de lama em que se enfiou e que seria capaz de destruir
tudo o que sempre acreditou em relação à bondade e ao caráter dos semelhantes.
Começamos pelo idealismo, depois vamos ficando mais e mais
pragmáticos, até que no final nos tornamos só ambição e cobiça? Bem, talvez o
idealismo não seja apenas uma febre juvenil. O que o mestre Frank Capra nos dá
a entender é que o povo quer líderes entusiasmados, que lutam pelos valores
básicos que qualquer escoteiro conhece. Talvez esse filme pareça ingênuo a
muita gente, mas é essa pureza que o mantém década após década na lista dos
melhores filmes de todos os tempos.
Tudo o que peço aos políticos é que se
contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade.