quarta-feira, 30 de abril de 2014

Narkis, o Lobo Solitário do Vale da Serpente.


Lendas escoteiras.
Narkis, o Lobo Solitário do Vale da Serpente.

         Jonny Thorton tinha uma idade indecifrável. O que ele fazia para se manter sempre jovem ninguém nunca soube. Quando o vi pela primeira vez estava com doze anos. Levei o maior susto com ele. Fazíamos um jogo de tocaia e eu estava escondido na curva do Moinho e de tanto esperar que alguma patrulha passasse para anotar os nomes estava cochilando. Senti seus dedos tocando o meu ombro e quase cai do galho da árvore que estava aboletado. – Lá vem dois ele disse – Olhei na Estrada e vi Manfredo e Rosinaldo pé ante pé tentando esconder dos índios selvagens. Eu era um índio selvagem. Quando o procurei novamente ele sumiu. Sumiu como? Ali era um topo onde para qualquer lado se via quem tentasse correr. Oito anos depois, eu estava já com meus 21 anos e fazia uma atividade aventureira que deu um trabalho enorme. Calculamos eu e os monitores que iriamos percorrer aproximadamente 42 quilômetros a pé. Nós erramos feio. De 42 foi para 65 quilômetros.

         O plano era seguir a estrada do Boiadeiro até o Vale da Serpente. Calculei que atrás do vale em uma pequena cadeia de montanhas passaria a nascente do Rio Esmeralda. Se fosse verdade e com uma boa jangada iriamos alcançar em um dia o Rio Doce e de lá mais um dia até nossa cidade. Uma bela volta. Uma bela atividade aventureira só com monitores. Eu era assistente do Chefe Laerte. Um dia antes me disse que não podia ir. Assumi e disse a ele que não se preocupasse. Após dez quilômetros de caminhada uma chuva rala começou. Esta sempre é a perigosa, pois já dizia um antigo Velho lobo que se tens vento e depois água, deixa andar que não faz mágoa, mas se tens água e depois vento põe-te em guarda e toma tento! Dito e feito, a chuva aumentou e passamos boa parte do dia debaixo dela. Nossas capas eram pequenas e sentia que todos estavam ensopados. Avistei as duas pedras do Jacu onde se iniciava o Vale da Serpente. Entrar lá com aquela chuva não era boa ideia. Não conhecia, mas em todo vale sempre tem um riacho. Uma cheia e poderíamos sofrer consequências graves.

         - Olá Chefe! Ouvi alguém falando atrás de mim, virei e lá estava Jonny Thorton. – Venham comigo, sei onde podem se abrigar. Com a chuva torrencial não disse nada e o segui. Uma hora depois avistei uma cabana. Entramos. Não era grande, mas dava para nos descansarmos e até dormir um pouco até a chuva passar. Jonny Thorton era um sujeito estranho. Usava uma espécie de macacão azul de brim mescla, acho que feito por ele mesmo, sem gola e sem mangas na camisa e boa parte dela presa por cipó trançado. Andava com uma espécie de Mocassim e quase não fazia barulho. Vi quando acedeu um fogo no seu fogão de barro e deixou um caldeirão grande com agua a esquentar. Foi até uma escada, subiu e retirou sobre a telha dois pedaços grandes de mandioca e um pedaço menor de uma carne seca. Quer saber? Nunca tomei uma sopa como aquela. Não sei se foi à fome ou o ambiente, lá fora chuvoso, dentro um ambiente gostoso e em pouco tempo todos dormiam a sono solto.

          Acordamos cedo. Não vi Jonny Thorton. Lá fora não chovia, mas o céu ainda nublado. Fizemos um conselho de patrulha e todos foram unânimes em não desistir. Quando abri a porta da cabana um enorme lobo estava em pé, serrando os dentes e voltamos correndo para a cabana. Enfrentar o lobo não dava. Duas horas depois Jonny Thorton chegou. O lobo deu um enorme salto em cima dele e ambos caíram no chão. Tinha que ajudar a quem nos ajudou. Com o bastão sai pronto a usá-lo no lobo. – Não faça isto! Gritou Jonny Thorton. Ele é nosso amigo! Parei e esperei. A patrulha ficou dentro da cabana. – Narkis! Ele gritou, o Escoteiro é nosso amigo! O lobo me olhou de soslaio. Narkis! Veja! Ele tem alimento como o meu. – Tirei do bornal um pedaço de linguiça e dei para ele. Nunca em minha vida vi um lobo assim. A chuva voltou a cair. Corremos para a cabana e o lobo foi atrás.

        Mais uma noite na cabana de Jonny Thorton. Desta vez em companhia de Narkis, o lobo amigo. – À noite comemos um delicioso quitute de tomate misturado com peixe cozido e uma farinha de milho de dar água na boca. Jonny Thorton tinha no vale um belo restaurante e viveres que nunca iriam faltar. – A noite ele começou a contar sua história. Nascera em uma pequena cidade às margens do Rio Mississipi nos Estados Unidos. Era filho de Cabelos Longos, um índio da tribo Chicksaw. Com nove anos subi a bordo de um barco em Terra Blanca e fui aprisionado por um capitão mau. Trabalhei a bordo por meses até que escondido desci em Port Gibson e mendiguei por anos. Com 14 anos consegui emprego em um navio cargueiro de ajudante de cozinha e vim parar no Brasil, em Vitória no Porto Tubarão. A pé subi as planícies do Vale do Rio Doce que me lembravam minha terra e descobri este lugar. Não sei quem é dono destas terras, mas daqui não saio nunca mais.

         Narkis eu o conheci quase morto próximo ao Lago Salgado. Deram um tiro nele e consegui tirar a bala. Ficamos amigos e ele sempre me salvou de poucas e boas. Olhei para os monitores e subs, estavam de olhos arregalados na história de Jonny Thorton. - Narkis, continuou – Já pôs para correrem muitos malfeitores que fogem para este vale. Aqui não tem ouro e nem pedras preciosas, mas nunca irei sair daqui. Se me lembro bem devo estar com quase setenta anos. Não sei. Perdi a noção do tempo. O Lobo deitou aos seus pés e nós também fomos dormir. No dia seguinte o sol apareceu. Agradeci a Jonny Thorton a acolhida. Ele sorriu e disse que Narkis iria nos mostrar o caminho até o Rio Esmeralda. Ele riu. Existe sim, posso apostar, pois eu o conheço! Partimos. O lobo sempre à frente. De vez em quando olhava para trás. Uma hora parou com suas orelhas levantadas significava perigo. Bem acima de nós eu vi uma enorme onça parda. O dobro do peso do Lobo Narkis. Durante alguns minutos um olhava para o outro. Pareciam conversar. Narkis fez um sinal para seguirmos. Passamos a poucos metros da enorme Onça Parda.

        Atravessamos todo o Vale da Serpente sem nenhum tropeço. Se não fosse Narkis não sei se teríamos conseguido. O Rio Esmeralda era majestoso. Fizemos uma bela Jangada e tudo correu conforme os planos. Ficamos dois dias a mais que o planejado, mas valeu. Norberto um dos monitores me disse que os demais contam a todos os amigos sua aventura no Vale da Serpente. Só que não dizem onde ficam. Combinamos de preservar a identidade do Jonny Thorton. Por vários anos mantivemos um contato com Jonny. Um dia ele me procurou na sede do grupo e disse que ia partir. Seu pai agora era proprietário de uma vasta terra onde a tribo morava próxima a New Orleans. Ele morreu e o único herdeiro era ele. – E Narkis o Lobo? Perguntei – Ele vive ainda, mas muito Velho. Nunca dependeu de mim para sobreviver. O tempo passou e uma lenda se formou no Vale da Serpente. Dizem que um Lobo Solitário e uma Onça Parda dividem as noites de lua cheia e nenhum homem pode se aproximar.
                  
           Verdade ou não eu sabia que a lenda era real. Pensei até em visitar Narkis, agora chamado de Lobo Solitário. Desisti, pois ele tinha uma vida, uma companheira e humanos nem sempre são bem vindos para estes animais.

Vida longa para Narkis o Lobo Solitário e sua amiga, uma Onça parda e que vivam para sempre no saudoso Vale da Serpente! 



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Meu nome é Osvaldo... Um Escoteiro!


Meu nome é Osvaldo... Um Escoteiro!

        Muitos sabem pouco sobre mim. Afinal mesmo colocando minhas fotos e se assim o faço é para mostrar que devemos levar a sério nosso uniforme, pois ele significa muito para que saibam quem somos quase não comento minha vida escoteira e o que sou. Alguns mais antigos conhecem este Chefe que não difere nada de milhares que existem no movimento Escoteiro. Desculpe, mas alguns estão dizendo que sou uma lenda viva, eu? Impossível. Lendas são narrativas “fantasiosas” transmitidas pela tradição oral através dos tempos. Não sou lenda. Nunca fui. Meu escotismo é jogado aberto e sem censuras, talvez seja este um motivo de me considerar uma oposição ao escotismo moderno. Para mim nem BP foi uma lenda. Ele existiu, foi real, fez o que ninguém fez pela juventude com um programa fácil de assimilar e que hoje estão tentando complicar.

      Estou com 73 anos, entrei em 1947 há quase 67 anos, portanto se eu não conhecesse o escotismo não deveria estar aqui. Mas olhe meu escotismo como dizem por aí foi aquele de “raiz”. Aquele que o jovem pensava e agia. Onde os chefes eram mais irmãos e menos pais. Onde os chefes sorriam quando fazíamos e não como hoje que muitos ainda querem fazer. Onde o respeito, a palavra, o exemplo e a sinceridade faziam parte de nossa formação. Acampei demais, atividades aventureiras sem fim. Não dei a volta ao mundo, mas conheci lugares lindos para ver e sentir que a vida vale a pena ser vivida. Não fiquei rico com o escotismo, até fiquei mais pobre e hoje no fim da vida luto com extrema dificuldade, mas sou feliz ao meu modo, muito feliz. Não sou doutor ou formado em Faculdade ou Universidade e meus conhecimentos foram adquiridos na Escola da Vida. Acreditava e acredito que o escotismo é para todos e não para uma classe privilegiada como o escotismo está caminhando hoje. Não adoto a postura que nossos dirigentes mantêm. Consideram-se sem perceber uma casta. Aquela que pertencem tem tudo e os que não pertencem não tem nada, há não ser ouvir e concordar com os poderosos.

      Eu também já fui desta casta. Fui Presidente de uma região escoteira que na época era chamado de Comissário Regional. Eu fui em MG e SP membro da equipe de formação antes chamada de equipe Nacional de Adestramento. Dirigi centenas de cursos. Aprendi mais que ensinei. De um simples Chefe de sessão eu vivi grandes momentos. Mas por favor, dizer que sou uma lenda viva? Nunca fui e nunca serei. Acho que foi o Paulo Coelho quem escreveu em seu livro o Alquimista que a lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual a sua lenda pessoal. Nesta altura da minha vida vivo de sonhos e recordar o passado, entretanto à medida que o tempo vai passando, uma misteriosa força tenta provar que é impossível realizar o sonho da lenda Pessoal.

     Não gosto de cara feia e sei que não sou bonito. No passado assustava os jovens pela minha maneira de ser. Demorava em mostrar que o meu coração era aberto a todos e não havia nenhum sinal de caminho a evitar. Fiz milhares de amigos, tinha facilidade para arregimentar adultos a trabalharem pelo escotismo, mas sempre fui contra os chefões, os que se sentem acima do bem e do mal no escotismo e hoje estamos cheios deles. Aqueles que sem consulta se arrogam como dono da verdade. Sem ao menos pesquisar impõe normas e apetrechos que nada tem a ver com o escotismo alegre e solto que BP nos deixou. Se quiserem mesmo saber não faço registro na UEB há anos. Motivo? Evitar conchavos, evitar admoestações, evitar tomar atitudes que um Velho Escoteiro que se julga ético e cavalheiro possa tomar.

         Poderia ter fundado a minha própria organização escoteira, mas isto seria trair a minha consciência, pois entrei como lobo pertencendo a UEB e quero morrer sendo da UEB, mas sem ser um simples “pau mandado” onde o mote é dizer que se não está satisfeito vá a assembleia, lá é o lugar certo para discordar, ou se não quer pertencer ou cumprir o sétimo artigo da lei, cala-te ou pegue seu chapéu e vá embora. Aceito as outras organizações escoteiras que existem no Brasil. Os considero irmãos de ideal.  É um direito de eles discordarem e viverem o ideal de BP como acreditam. Isto se chama democracia. Quero ter o direito de discordar, de sugerir (e isto sempre fiz) sem criar inimigos. Conheço inúmeros casos em regiões que muitos foram perseguidos por discordarem. Sei de um caso que no grupo onde um Chefe recebeu o comunicado pessoal de exclusão do movimento quando do cerimonial de bandeira. Um absurdo!

       Não acuso os dirigentes de hoje a não ser de nunca terem feito na liderança uma democracia participativa, uma democracia plena, aberta e transparente sem limites conforme o direito universal do homem. Para mim chega de ver a prepotência de alguns (não todos) onde os que estão fora se querem algum têm de ir atrás. Parece o Gansinho descrito do livro de BP O Caminho Para o Sucesso. Por favor, nunca me digam que posso sugerir e participar e nem tampouco que devemos aceitar em nome dos nossos jovens. Isto para mim é um insulto, pois sei muito bem como se rege e funcionam os Estatutos da UEB. Um estatuto que não foi discutido por todos os grupos Escoteiros. Impossível? Só para os que não querem pensar. Não tenho mesmo registro e nem Grupo Escoteiro. Este último é impossível, pois minha saúde não deixa. Enquanto pude tive o orgulho de participar de cinco grupos e no último provei que do zero aos 180 participantes era questão de tempo. Os lideres que sempre combati cavalheirescamente desde a década de 60 nada diferem dos de hoje. Ouve claro, exceções onde grandes homens escoteiros participaram da liderança nacional.

         Portanto meus amigos eu não sou um suprassumo na especialidade escoteira e nunca serei uma lenda imortal. Eu sou o Osvaldo um Escoteiro, o contador de causos e história, mas que conhece nosso movimento como ninguém. Até os últimos dias na terra irei lutar dentro dos meios que disponho (a facilidade da escrita) e tentar até meu último suspiro dizer que o escotismo é lindo, que o amor que ele poderia reger sobre a terra não tem tamanho para medir. Sempre direi a todos que um sorriso vale mais que mil palavras, dizer que ser amigo e irmão de todos são ponto de honra, e dizer ainda a todos sem exceção que abraçaram a causa, seja ela onde for merece que tiremos o chapéu (pobre chapéu que um dia nos representou tão bem) e digamos: A fraternidade é uma só, ser fraterno com alguns e outros não, não faz parte do que BP nos legou. Meu sonho é que seja feito uma nova mentalidade na arte de fazer o escotismo. Democracia, ética, respeito, fraternidade e respeitar a opinião de todos que dele participam! E olhe mesmo dizendo que se não tenho registro não tenho direitos, eu digo que sou Escoteiro e ninguém, ninguém mesmo vai dizer que não sou!


Sempre alerta! 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Um fantástico dia do Escoteiro. 23 de abril, um dia que nunca mais esqueci!


Um fantástico dia do Escoteiro.
23 de abril, um dia que nunca mais esqueci!

Foram tantos dias do Escoteiro que vivi... Tantos demais.  Hora de fazer a mente voltar no tempo... Quanto tempo! Quer saber? Tempo demais. Eu não sabia que era meu dia, nem deduzia que tínhamos o dia do Escoteiro. Podem acreditar era verdade, só fui saber naquele acampamento da Patrulha na Serra da Garça Branca. Acho que é por isto que nunca mais esqueci aquele dia. Ficou marcado para sempre em meu coração. Eu acreditava que sabia tudo com meus onze anos vividos. Não me chamem de menino, nem de noviço, já me considerava homem feito, pois caminhava para a segunda classe, assim já era um experiente Escoteiro. Bem não foi aquele o meu melhor acampamento, nada disto apenas um fim de semana gostoso. Mas o que aconteceu nele foi demais. Demais mesmo. Lembro-me de tudo, nunca esqueci, ora, ora, esquecer como? Não posso esquecer aquela tarde, um vento sul soprando, um friozinho chegando, uma deliciosa brisa do alvorecer...

Fomos até o mirante do Canta Galo, não mais que duzentos metros do campo. Era linda a vista e sempre quando acampávamos ali era normal e rotineiro ficarmos lá até o anoitecer. Um pôr do sol sem igual em todas as tardes sem muitas nuvens. A tarde chegava e o céu ficava cor de ouro, um amarelo vivo encantando as poucas nuvens no céu. Aos poucos um pedaço do sol ia desaparecendo atrás da montanha do Sabiá, nós de olhos firmes encantados com tão linda vista e de supetão Mauricio o Monitor diz – Hoje é o dia do Escoteiro, nosso dia! Tirei a vista daquele céu celestial e olhei para ele com o cenho franzido: – Temos um dia Monitor? – Temos sim é hoje, 23 de abril. Surpresa! Enorme surpresa! Fiquei encantado. – Então temos um dia? Incrível! Olhei para os outros patrulheiros. Nem ligaram. Não sei por quê. Para mim foi demais. Olhei de novo o céu. O amarelo ouro no meio de poucas nuvens se transformava em vermelho vivo e aos poucos ia escurecendo. O sol se foi. Um bando de andorinhas passou voando sobre nós. Confesso que não dormi direito. - Temos um dia repicava em meu pensamento. Lá pelas duas da manhã, já no dia 24 de abril levantei e sai da barraca. Um frio gelado me esperava.

Sentei em um toco em frente à barraca, as brasas do pequeno fogo não existiam mais. Olhei para o céu cheio de estrelas. Eu o conhecia de cor. Sempre acampávamos ali. – Meu pensamento era o mesmo. Não esquecia o que o Monitor contou. Temos um dia 23 de abril. Era demais. Ficou gravado em meu coração para sempre. Meia hora depois me deu sono, voltei à barraca e dormi. Se sonhei não lembro, mas nosso dia ficou marcado. Todos os anos eu me lembrava dele estivesse onde estivesse. Agora eu tinha um dia que o considerava meu e de todos os meus irmãos Escoteiros. Neste dia elevo meu pensando a Deus para que ele mantenha viva a chama escoteira no coração dos nossos irmãos que participam desta grande fraternidade. Cada um tem um dia especial para lembrar. O meu é como fosse gravado para sempre naquele final de tarde de um abril do passado, um céu cor de ouro, poucas nuvens e o sol se escondendo atrás da montanha do Sabiá. Será que é por isto que amo demais o por do sol?
23 de abril, me junto a todos meus irmãos Escoteiros do mundo para dizer – Sempre Alerta! Como é lindo e fantástico ser um Escoteiro!


UM LINDO DIA DO ESCOTEIRO PARA TODOS! 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Uniformes. Vale a pena usá-los?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Uniformes. Vale a pena usá-los?

         Uma vez li que o uniforme é um item prático para uma organização. Considerando que as roupas são caras e desgastam, e claro pensando que nossa organização não é um desfile de modas, usar o uniforme evita situações constrangedoras com roupas sujas e rasgadas. Será que é só isto mesmo? Dizem que o uniforme identifica a pessoa que o está usando e sua organização. Dizem ainda que mostra se somos organizados, se somos disciplinados e que “vestimos a camisa” da nossa organização. Envergonhar do uniforme é não ser merecer em participar do que escolhemos como meta de vida. Ou nos identificamos como membro da equipe mostrando que fazemos parte ou então o melhor é desistirmos. Pensando que somos Escoteiros e somos conhecidos por um uniforme mesmo que ele tenha sido desmembrado em dois ou mais ainda é este que nos identifica. Melhor ainda, todos pensam que os Escoteiros são jovens obedientes e disciplinados, que temos uma formação de ajuda ao próximo e que somos alegres e claro, o velho chavão de nossa palavra. Palavra de Escoteiro, não é o que dizem?

         No entanto noto que muitos não levam a sério a uniformização. De uns tempos pra cá, a liberdade tomou conta de nossa associação. Cada grupo (sem generalizar) usava ou ainda usa o que o Chefe se mostrou exemplo. Ele mesmo costuma dizer que todos devem portar uma camiseta, do grupo é claro, com cores diferentes entre os demais e muitas vezes esta camiseta representa o Grupo Escoteiro o que não é verdade. Assim o costume se tornou inglório para nossa apresentação a sociedade. Algumas vezes inquiri educadamente um ou outro perguntando por que não estão de uniforme naquela atividade aventureira. – Resposta: - Chefe é para não sujar ou gastar! Bom isto. Uma resposta à altura. Mas será mesmo verdade? Gastamos muitas vezes uma quantia que não é pequena para fazermos um uniforme. Se notarmos bem usamos uma vez por semana, por menos de quatro horas. Nos acampamentos a maioria das sessões quase não o usa. Se uma patrulha está a pé ou fazendo uma jornada aventureira, seria deste que disciplinados, um dos mais perfeitos marketing do escotismo. Um chamariz enorme para os jovens que veem e não participam, isto se estivessem bem uniformizados. (quantas jornadas ciclísticas eu fiz sempre com o uniforme e o chapéu? Foram mais de trinta e algumas percorrendo 400 km ou mais).

           Houve uma época que fazíamos questão de estarmos bem uniformizados. Fazíamos questão de nos mostrar em público não como hoje que tem chefes, pioneiros e seniores dando exemplo de levar em uma sacola ou guardar na sede e vesti-lo lá. Vergonha? Se é isto ele não é merecedor de participar do nosso movimento. Lembro que já lobinho passando para Escoteiro não tive a sorte de fazer a promessa no mesmo dia da passagem (hoje é comum isto). Meu uniforme de Escoteiro só seria usado quando da promessa. Era ponto de honra na tropa. Ninguém vestia peças sem estar devidamente promessado e preparado para vesti-lo. A liberdade tomou conta e hoje é comum um de calça curta, ou a camisa fora da calça, sem o lenço ou até com o lenço, mas sem a promessa. Quem vê aquele jovem na comunidade não entende bem a disciplina e o orgulho de participar de um movimento maravilhoso como o nosso.

              Quando existem normas severas para isto então nossa apresentação em publico se torna respeitosa e somos reconhecidos como um movimento sério e educativo. Se o Grupo conseguiu com que todos os participantes se uniformizassem não existe desculpa para que eles não se apresentem assim. O jovem ou a jovem que teve um inicio dentro de padrões de apresentação, de aceitação das normas e só quando fizerem suas promessas irão vestir o uniforme então ele será motivo de orgulho por toda vida escoteira. Quando o adulto se mostra desleixado, quando ele dá exemplo de “invencionices” de peças ou distintivos e cobertura ele nunca poderá cobrar dos jovens a postura que se espera de um membro Escoteiro.

             Muitas vezes noto que o próprio adulto desconhece as normas ou se faz por desconhecer. Ele é o exemplo e sabe que o que fizer será motivo de copia por todos que estão a sua volta. Lembro com saudades que levávamos a sério a uniformização. A inspeção inicial e final era severa. Nos acampamentos não se aceitava desculpa. Tinhamos que aprender a lavar e passar “a escoteira”. (Dois ou três galhos esticados com as peças durante a secagem).  Lá também nas atividades ao ar livre nunca saímos do campo sem o uniforme. Permitia-se que ficássemos de camiseta nas horas de tempo livre. Eu mesmo mandei de volta para casa jovens que chegavam à sede com o uniforme mal apresentado ou que não fizeram suas promessas. Errado? Não senhor! Ele quando entrou sabia como se portar. A disciplina começa na sede e se ela não existe o jovem não terá nunca o que pretendemos para sua formação.

         Um chapéu de abas largas e retas (aprendíamos com o Monitor como fazer), meias bem postas com listas retas, sapatos engraxados ou tênis preto limpos e nunca sem cor. A camisa e a calça fazíamos questão de nós mesmo passar. A mamãe do lado ensinando. Assim íamos aprendendo a fazer fazendo. (eu comprei todo meu material engraxando sapatos). Podem dizer que os tempos são outros. Se são estão errados. Estes tempos não estão trazendo então o que sempre sonhamos. Um escotismo respeitado, com uma comunidade participante e acreditando que ali seus filhos iriam aprender a ter civilidade, obediência, disciplina e agindo por sí próprio sem depender sempre dos outros. Tudo é questão de ver em que lado estamos lutando. Do lado do que pretendia Baden-Powell ou do lado do bem querer e fazer o que bem entender em nome dos modernos tempos. Se isto trás resultados eu desconheço.

       Não importa o uniforme que vestimos. Temos que ter orgulho dele em qualquer hora. Ele foi feito para nos representar e isto só nos deve trazer alegria em dizer: - Sou Escoteiro e me orgulho. Quando me disseram que muitos jovens não entravam no escotismo porque achava o caqui ridículo eu fechado em mim mesmo dizia: - Graças a Deus que eles não entraram. Não nos seriam úteis e iriam um dia ou outro mostrar que os Escoteiros não se orgulham da sua organização. Dizem que com a nova vestimenta, mais moderna eles agora iram participar. Que Deus nos ajude para que eles não nos tragam a má impressão que já estamos vendo – Calça curta, comprida, camisa dentro da calça e fora da calça, calçado a escolher, meia branca preta ou qualquer cor. Lenço amarrado na ponta, cobertura a escolher. Espero mesmo que os que forem vestir a vestimenta que se orgulhem do seu uniforme. Só assim um dia poderemos dizer que nossa organização tem tudo para modificar o Brasil!


           E para terminar, levamos dezenas de anos para que a sociedade nos reconhecesse com o uniforme caqui. Agora vamos começar tudo de novo com a vestimenta. Se ela não for bem apresentada ao publico o escotismo vai perder e muito com o que esperamos das autoridades ou seja, o reconhecimento que somos um movimento sério e disciplinado, de formação e educação de jovens e que a sociedade reconheça que investir nos seus filhos no escotismo é um passo enorme para um Brasil grande!


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Porque não se orgulhar do que somos? Lembre-se, você é responsável pelo que faz.


Conversa ao pé do fogo.
Porque não se orgulhar do que somos?
Lembre-se, você é responsável pelo que faz.

Não e não, eu sei que você tem uma explicação, lógica para você, mas ilógica para mim. Pode me dizer o que quiser que o mundo seja outro que agora vivemos outro estilo de vida e mesmo assim não vou concordar com você. Nosso uniforme não está numa passarela de um desfile de modas e nem tampouco pode julgar que a moda agora é assim. Eu sei que você gosta, é seu estilo, achou bonito e porque não modificar e usar? Esqueceu que do outro lado você representa uma organização? Já pensou se todos que usam seus uniformes escolhessem o que acham bonito como ficaríamos? Sei que não dá bola para o que dizem que sua vida é sua, mas quando representa uma organização como a nossa você tem a obrigação de representá-la bem. Sei que nossos lideres não foram razoáveis nas alterações e nem se preocuparam em ser mais severos com as normas. Mas isto não nos dá o direito de vestir e postar o que achamos válido para nossa vaidade.

Eu lhe pergunto, será que as outras organizações fazem isto? Veja os militares, claro que não somos militares, mas na uniformização somos iguais. O que você diria se um representante das forças armadas ou das policias estaduais e locais vestindo de qualquer jeito, chinelos, quepe virado, camisa solta em cima da calça, cabelos despenteados? E nos colégios? Cada um vestisse o que quiser claro levando em conta que aquele colégio tem normas? Eles estarão certos se apresentando assim e que no jargão de muitos que dizem ser desleixo, indisciplina e tantas outras colocações? Não e não. Eu não posso aceitar. Eu sou daqueles que acreditam na boa uniformização e ela é quem nos diz quem somos. Não me venha com a história de que quem faz a pessoa é ele mesmo e não o seu uniforme. Você pode acreditar nisto, mas eu não. Quer saber? Nosso movimento deixou de ter credibilidade para muitos por pensarmos assim e será que não temos culpa?

Quando nosso movimento começou havia uma centelha se espalhando por todos os continentes. Todos viam os Escoteiros de uma forma educacional, formação do caráter com crescimento individual e o apoio se firmou em todos os lugares onde ele começou. Na Inglaterra em 1910 quando ele tomou pé e começou a se espalhar como um rastilho de pólvora foram dez países que acreditaram na ideia de BP e eles disseram avante formando sua organização. Destes 10 nós éramos um deles. Hoje se alegram porque chegamos aos 85 mil e daqui a alguns anos chegaremos com 100 mil. E os outros nove que começaram junto conosco? Nenhum deles tem menos de 200 mil e alguns passaram do milhão de membros com uma população bem menor que a nossa. Em todos eles o escotismo é visto como uma força de formação da juventude, as autoridades educacionais dão o maior apoio, a imprensa falada e escrita sempre diz – Palavra de Escoteiro e todos sabem do que se trata. Nestes países o escotismo é um orgulho da nação. Porque perdemos com o passar do tempo esta corrida de afirmação de identidade? Porque mudamos tanto? Vais dizer que são coisas de saudosistas? Que são coisas daqueles que se apegaram a uma tradição e nem sabe mais porque ela existe e de que se trata?

Por favor, não me diga que hoje somos outra organização. Para mim ela é e será sempre a mesma. Claro há não ser que mudem o método e o programa. E também os objetivos a que nos propomos com a formação dos jovens. Portanto meu amigo e minha amiga quando você em público se porta mal, uniformização desleixada (pense nestas palavras) e apresentação pessoal sem pensar no que diz a lei escoteira é claro que seremos criticados. E olhe, você sabe, não seja uma “Maria vai com as outras”. Dizem que vendemos biscoitos. Quem dera! Melhor vender biscoito que vender imagens distorcidas do que somos ou podemos oferecer a uma juventude que cresce a olhos vistos longe das fileiras escoteiras. Poucos nos dão as mãos. Temos que correr atrás de colaboração das autoridades que sorriem para nós só nas épocas de eleições e esta nem sempre é dada com prazer. Somos sempre subservientes colocando lenços e dizendo – Você agora é um de nós! Você acredita mesmo nisto? Sei que cada um tem uma opinião de tudo e isto não nego que seja um direito. Mas acredito que ainda não temos uma democracia autêntica onde todos podem sugerir através da voz e voto.

Se ainda não tens a força das palavras, se ainda não tem o dom da oratória, pelo menos esforce na sua apresentação pessoal. Esqueça estes adágios que correm por aí que ser Escoteiro não é vestir uniforme e sim ter o amor no coração. Um não vive sem o outro. Ambos são importantes não só para o seu crescimento como para o reconhecimento da nossa organização. Seja ela em qualquer âmbito. No grupo, no distrito na região e na Nacional. Nem também venha dizer que uma andorinha só não faz verão. Faz sim. Se uma pessoa olha para você e diz – Veja esta jovem ou este jovem como estão garbosos. Será que isto não vai dar mais força ao escotismo? Lute com todas as suas forças para que possamos ser reconhecidos como uma organização de jovens que tem tudo para colaborar na formação e afirmação do nosso País. Você faz parte e não tente mudar as coisas conforme sua escolha pessoal e nem seja como o papagaio que faz tudo que os outros fazem.


Bah! Abaixo as mudanças sem normas, abaixo o desleixo, abaixo aos que copiam o que os outros fazem abaixo a tudo que nos denegrida. Temos que levantar a cabeça e dizer: Somos Escoteiros de corpo e alma. Foi por sua causa que mudamos nosso estilo de vida, a ele vivenciamos uma nova concepção de ser alguém, foi por ele que nos deu o dom da observação da natureza que ficamos sabemos que o aprendizado teve um Caminho para o Sucesso. Bendito o dia que todos dirão que o escotismo fez parte do crescimento da nação, que a formação do caráter da ética e da verdade está no coração de todos nossos dirigentes, sejam eles políticos, empresariais e por que não naqueles que vivem com o pensamento em Deus?


terça-feira, 15 de abril de 2014

Aprender a fazer fazendo e Sistema de Patrulhas.

Quem quiser vencer na vida tem que fazer como os sábios, mesmo com a alma partida ter um sorriso nos lábios!

Conversa ao pé do fogo IX
Aprender a fazer fazendo e Sistema de Patrulhas.

           O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja seu crescimento individual, sua evolução técnica, e lembrava que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, você sabe como é. Sucesso na certa.  É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Não pegou nada.

      Por experiência própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Temos que acreditar. É nossa obrigação. Já vi excelentes tropas, que se formam maravilhosamente, perfilam feito soldadinhos, cantam como passarinhos, jogam de maneira espetacular as atividades próprias, enfim quem não conhece o método escoteiro diria que é uma tropa modelo. Por outro lado já vi tropas usando o método correto, aprendendo a fazer fazendo que se saíram muito bem em tudo àquilo que é exigido deles. Agora com mais sabor, eles fizeram.

      Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

      É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. Caramba comprou tudo? Experimente. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.

Sistemas de Patrulhas.
                       Falar aqui sobre o Sistema de Patrulhas é como falar para o presidente de um banco e ensiná-lo como ganhar dinheiro. Nem pensar. Impossível imaginar que alguém no escotismo não saiba o que significa.  Mas vejamos, será que todo tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa? Por anos e anos com os mesmos patrulheiros? Seja masculina ou feminina? Ou mesmo em matilhas na Alcatéia? Como manter a unidade?
                       Quando fiz meus primeiros cursos no inicio da década de 60, senti na pele o que era conhecer e manter a unidade na patrulha. Vi a diferença do que vivi em uma Patrulha quando jovem e com desconhecidos pela primeira vez. Em um dos cursos ficamos oito dias juntos acampados. Interessante, no primeiro dia todos com um cavalheirismo e com uma cortesia sem par. – Ei! Deixa para mim, eu faço. Quem? Claro pode contar comigo, serei o lavador de panelas. Claro irei correndo buscar na intendência! Lenha? Sou perito. Lavar roupa de todos? Sem problema, minha mãe me ensinou. Todos rindo. Todos os irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.
                      Três dias depois começávamos a nos conhecer. Cada um com seu dom de analista, dom que todos possuem, analisavam agora tudo diferente. O numero um, um preguiçoso. O numero dois um mandão. O numero três um dorminhoco. O numero quatro um bobão. O numero cinco o puxa-saco da chefia. O numero seis metido a sabe tudo. O numero sete sempre dizendo que doía aqui e ali. Só eu era perfeito! E assim o curso prosseguia. Aquela amizade inicial ia se desmoronando. Mas no sexto dia, tudo mudava, sentíamos diferente. Mais humanos mais escoteiros. Já admirávamos a todos pela sua maneira de ser. Uma união se formava. Aprendemos a respeitar a individualidade do outro.
                      E no último dia, este era especial. Um amor enorme na Patrulha. Um orgulho de ser um Touro, ou um Morcego, ou um Lobo, enfim, uma união que achamos que ia durar para sempre. Foi assim que vi de forma diferente, o meu tempo de patrulheiro. Diferente porque fazíamos escotismo todos os dias, estávamos sempre juntos, decidíamos na casa de um e outro. Claro que a sede era o ponto de encontro.
                     Atuando em Grupos Escoteiros, vi que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não se conheciam. Claro, aquelas características em que vi no curso deviam existir entre eles e acredito que de forma diferente também faziam suas análises. E infelizmente por falta de atenção da chefia abandonavam a tropa. Encontrei algumas patrulhas que davam pena. Serviam apenas para jogos, para alegria do chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma apresentação dos meninos.
                      Patrulha? Não. Nenhuma delas tinham entre si jovens que permaneceram por muitos anos. Contava-se a dedo aqueles que participaram de vários acampamentos na mesma patrulha. E tropas novas? Sempre desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os touros tem três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que viviam em uma patrulha? Para serem jogados aqui e ali? Melhor sair da tropa. O programa na minha rua é melhor. Lá meus amigos me respeitam.
                      - Olhem, dizia o chefe. Sábado como sabem iremos para um acampamento. Como a Lobo e Pantera estão com poucos elementos (elementos? Pensei que eram escoteiros) vamos dar uma mexida e tirar uns daqui, outros dali e assim teremos três patrulhas completas! – Formidável! Perfeito! Encontrou o ovo de Colombo! Um novo BP! Um sistema de patrulhas que devíamos orgulhar!
                          Porque não analisar a saída de alguns, o motivo, ouvir o próprio jovem ou a jovem, e ver onde está o erro? Dele? Dela? Seu? Do monitor? Reuniões ruins? Você já foi a casa deles e procurou saber os motivos reais?  – Meu jovem, o que houve? Qual o motivo? Depois, sim depois mudar se necessário. Claro, você está ali para eles não para sua satisfação pessoal. Eu digo sempre. Tropa com patrulhas de três ou quatro significa que não estão gostando. Pode ser também culpa dos Monitores apesar de que seu treinamento e formação cabe ao chefe. Sempre achei que é melhor prevenir que remediar. Enfim, uma série de fatores que só mesmo os dirigentes da tropa podem saber e analisar.
                       Se isso acontece com você é hora de mudar. Mudar rápido. Como? Ponha seus conhecimentos a funcionar. Você não fez cursos? Não tem uma biblioteca escoteira em sua casa? E afinal não conhece um bom assessor que possa lhe ajudar?  Mas desculpem, estou falando para poucos. A grande maioria dos que me lêem sabem como fazer e fazem certo. Acreditem, não tenho a última palavra, sempre digo e afirmo e repito o que BP disse – Os resultados é que são importantes e se o que está fazendo faz com que sua sessão ande sempre completa, que os jovens estão ficando por mais de dois anos então parabéns. Você está no caminho certo.

Para vencer na vida não é importante chegar em primeiro. Simplesmente é preciso chegar, levantando a cada vez que cair pelo caminho.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Verborragia Escoteira II.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Verborragia Escoteira II.
 (Verborragia – Vem do Latim Verbum. Escorrer, fluir, pessoas quando abre a boca parecem dar escoamento a um infinito rio de palavras. São os donos da verdade. Não aceitam qualquer tentativa de resposta de parte do interlocutor).                  Interessante. O que o Chefe de Campo de Gilwell, John Thurman (falecido) escreveu em 1950 permanece vivo até hoje. Disse ele que o escotismo é um movimento sério, mas que uma de suas melhores coisas seria a alegria em participar. Completou dizendo que isso serviria tanto para os dirigentes como para os jovens. E complementava: - Cuidado com o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos, pois isto nos faz perder nossas condições de amadores. E fechou suas palavras assim: - Como amadores nós somos bons, mas como profissionais somos péssimos.                Não é interessante? Vejam, de trinta anos para cá, começamos a ter uma revolução na educação Escoteira. Tudo antes era muito simples. Lembro que um Chefe Escoteiro conhecia facilmente o “adestramento” que deveria existir na sua sessão. Pata-tenra, primeira estrela, segunda estrela e cruzeiro do sul e depois vinha o noviço, segunda e primeira classe. E nos seniores, algumas eficiências e o Escoteiro da Pátria. Nos primórdios só um livrinho. ”Para ser Escoteiro”. Depois insistiram com o Chefe Floriano para desmembrar em noviço, segunda e primeira classe. Mas era tudo muito simples. Não nos faltava os livros do fundador. Sempre um prazer em reler. E para completar vinha o Guia do Escoteiro do Velho Lobo, um “livraço”! Não se precisava de mais. Os lobinhos só um pequeno manual simples sempre traduzido do verdadeiro de BP.            Nenhum Chefe de lobos, de Escoteiros deixava de ter em sua cabeceira estas literaturas. Ah! Não vamos esquecer o Livro da Jângal de Kipling. Uma beleza! Era tudo na moleza como se diz. Afinal sempre fomos amadores.  Aí começou a chegar os doutores, os pedagogos, psicólogos. Altos professores e dirigentes eméritos. Começaram as mudanças. Arrumaram tantos programas para lobinhos que quando dirigia cursos correlatos tinha de me cercar de doutores e doutoras “lobísticas” para não me perder. Risos. E as mudanças não paravam. Fizeram da ficha modelo 120 um sonho distante. Agora tudo eletrônico. Não existe mais o escrever e sim o digitar no SIGUE, dizem que ele preencheu uma lacuna que faltava.
             Nunca me intrometi nas novas tecnologias. Perco-me nisto e confesso ser um “Pata Tenra”. Quem sabe eles teriam razão com estas mudanças? Até me deleito quando vejo uma jovem ou um jovem pedindo ajuda nas redes sociais para um projeto tal visando possuir o Flor de Lis ou o Escoteiro da Pátria. Acho que eles ou não tem chefes ou não tem patrulha, ou melhor, existe ainda o Sistema de Patrulhas? Sei que houve uma época que a exigência era tanta que precisávamos ter nos grupos doutores no assunto, sem isto necas de aprovação por parte dos membros da elite escoteira. O programa Escoteiro que era aplicado de maneira simples, gostosa, aventureira, sem aquelas complicações de programas técnicos, a curto médio e longo prazo, começou a mudar. Antes se preparava os monitores e eles se tornavam mestres nas patrulhas. Hoje as mudanças já não são mais para amadores. Ou se torna um profissional ou esquece que ali é seu lugar. Nossos dirigentes sempre adoram mudar e tem cada um com ideias miraculosas. Sem consultar as bases eles vão mudando. Os interessados que se virem. Agora é assim. A biblioteca Escoteira cresceu. A lista da loja Escoteira é enorme. Haja condição financeira para ter todos. E ler então? Quando fico sabendo me assusto. Alardearam que agora os chefes de lobinhos estavam com a faca e o queijo na mão. Cinco manuais a disposição. Cinco! E para as sessões subsequentes? E aí vieram os cursos. De adestramento simples do passado agora se chama formação. Tem cada coisa que até me arrepio. Acho que são válidas, mas se eu voltasse atrás iria correr disto tudo. Outro dia discutia-se sobre o seguro Escoteiro. Seguro? “Mama mia”, alguém queria saber como ficam os pais que vão à reunião, os pais que vão ao acampamento e aí por diante. Pelo que vejo estamos na vanguarda de tudo que existe em organizações de jovens.
 Se Baden Powell conforme diz nosso amigo John Thurman conseguiu criar uma das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-la com entusiasmo, e nos métodos, e modo simples de manejar e guiar os jovens, agora parece que tudo mudou. Não adianta dizer que devíamos manter como antes, um clima de simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. Ainda copiando o John, os únicos que são capazes de por tudo a perder pela austeridade demasiada são os próprios dirigentes. E isto está acontecendo. O escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, ainda existem milhares de pobres que aspiram fazer escotismo como naquela época. Mas quando se toca no assunto, como continua a dizer o John (já falecido) muitos se tornam arrogantes, complacentes e se fazendo passar demasiadamente autossuficientes e com isto podem arruinar o movimento. Peço a Deus que não. Lembro que o escotismo sempre foi uma atividade de fim de semana, duas ou três horas. Mais um pequeno tempo em uma atividade aventureira. Complicar em fazer do "Chefe" Escoteiro um profissional é fazer com que não caminhe para o sucesso da formação Escoteira. Nosso tempo restrito, corrido em nossas vidas profissionais, sociais e familiares não pode ser tomado com a austeridade de uma profissionalização. Se nos considerarem amadores, nos derem um programa para amadores como no passado, então o escotismo irá florescer, mas confesso que não acredito nisto. Não sei o futuro e nem sei se o sucesso pelo que estão fazendo vai merecer meu aplauso. Se o que dizem é o caminho e se não acertarem neste caminho e claro se ainda estiver aqui direi - O tempo passou, perdeu-se tudo. Vamos recomeçar de novo? Ainda vai dar tempo? – Claro que sim, nunca iremos perder os Doutores do escotismo. 


terça-feira, 1 de abril de 2014

Lomanto um Almoxarife&intendente para ninguém colocar defeito.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Lomanto um Almoxarife&intendente para ninguém colocar defeito.

            Vinte minutos de reunião de patrulha. Desta vez na sede escoteira. Lomanto fez um sinal que queria a palavra. Olhamos para ele sutilmente. Não podíamos deixar transparecer nada. Se ele desconfiasse do que pensávamos ia embora imediatamente.  Lomanto era único. Muitos que não o conheciam achavam que ele era mudo. Quase não falava. Naquela tarde sentamos em nossos bancos de madeira, que cada um fez o seu com caixotes doados pelo Senhor Joventino dono do Armazém das Flores. – Está faltando a Faca de cabo de osso! Disse – Ninguém falou nada. Nem devíamos falar. Se ele começou que terminasse. Demorou vinte minutos para falar esta frase. Seis minutos depois completou – Alguém sumiu com ela no Acampamento na semana passada no Riacho Seco. Não falou mais nada daí em diante. Nonato o Monitor esperou sua hora de falar. – Você não anotou quem a levou? Lomanto olhou para Nonato com os olhos em fogo! – Ninguém disse nada. Quinze minutos depois ele disse – Vou lá domingo, preciso de alguém para ir comigo!

           Eu conheci muitos almoxarifes, mas igual à Lomanto nunca vi. Era perfeito. Tudo muito bem anotado. Fazia cópias e entregava a cada um da patrulha, em cima estava escrito – “Você também é responsável”. Se quisesse um facão ele entregava e você tinha de assinar. O facão brilhava o fio perfeito, o cabo preso com tiras plásticas para não quebrar. Nossa caixa de intendência podia não ser a melhor da tropa, mas ninguém tinha uma superior. A caixa de primeiros socorros era perfeita. A carrocinha sempre limpa e engraxada. Nosso material fazia gosto e mesmo com a mudez dele nos sabíamos que ele era especial. Agora a faca de cabo de osso sumiu. Para ele era como se tivessem tirado um pedaço de sua carne. Ninguém entendeu como ele não anotou. Ele nada disse. Aprendemos com ele a ter responsabilidade com nossos encargos na patrulha. Se ele levava a sério nós também tínhamos a obrigação de ser sérios. Bem nosso cozinheiro era perfeito, nosso Construtor de Pioneirias&tesoureiro era demais. Jonatah o treinador de jogos&bombeirolenhador sabia o que fazer. Todos nos sabíamos que devíamos ter responsabilidade com nossos cargos, pois a patrulha dependia de nós.

        Três frases ditas por Lomanto e uma do Nonato o Monitor e a reunião terminou. Sempre era assim. Ao levantarmos após todos assinarem a ata Lomanto me olhou. Eu sabia. Ele também sabia que eu iria com ele atrás da faca de cabo de osso. Se alguém disse que compraria uma nova era briga na certa. – Responsabilidade é tomar conta de bens de todos. Se alguém não é responsável não merece estar na patrulha. Este era um dizer dele e eu sabia de cor. Combinamos para domingo e partimos. Não era perto, quase três horas de bicicleta. O tempo estava bom e não houve contratempos até o Riacho Seco. Procuramos e nada. Lomanto calado como sempre. Um pouco mais acima avistamos dois homens. Estavam abrindo uma novilha morta. O serviço quase terminado. Era comum naquela época açougueiros comprarem em fazendas e ali mesmo destrincharem. Mas Lomanto não tirava os olhos do “baixinho” ele estava com a faca de cabo de osso. Eu vi e reconheci. Eram dois homens mal encarados. Um deles foi até um remanso do riacho e o outro foi atrás. Só vi Lomanto voando como o vento em sua bicicleta, passar pela caminhonete deles, pegar a faca e sumir dali. Fiz o mesmo. Ouvi gritos de pega ladrão.

        Chegamos à sede espavoridos e cansados. Lomanto ficou mais de meia hora lavando e secando a faca. Depois pegou uma pequena lima e afiou o fio da faca. Era como se a faca fosse o filho dele. Guardou. Olhou para mim, colocou sua mão em mão ombro e mexeu com a cabeça como a dizer – Obrigado. No sábado a reunião se desenvolvia normalmente. O Chefe Miraldino atendeu dois homens que o procuraram. Reconheci logo, eram os dois açougueiros. A tropa foi formada – O Chefe perguntou quem pegou uma faca dos açougueiros. Lomanto deu um passo à frente – Nunca na vida vi Lomanto falando tanto. Acho que o que falou valeu por todo ano – Ele foi até a presença dos açougueiros. – Esta faca é da minha patrulha. Ela tem uma marca, tem um L de Patrulha Lobo no cabo de osso. Posso mostrar. Não é de vocês. Não sei onde a acharam, mas não vou devolver. Nem por ordem do Chefe!

          Nonato o Monitor se aproximou. – Chefe a faca é nossa não existe a menor dúvida. O Chefe olhou para os açougueiros. – Um deles disse – Se pagar pela faca pode ficar com ela. O Chefe Miraldino era sargento da Policia Militar – ele disse – Vamos fazer o seguinte, vocês me mostram o recebo da compra da vaca que mataram e eu pago a faca! Os dois açougueiros não disseram nada. Saíram resmungando e reclamando que os Escoteiros são irresponsáveis. – Eu sabia que estava havendo muito roubo de gado. Era comum alguns açougueiros desonestos fazerem isto. Nunca mais os vi. Lomanto passou quatro meses sem dizer uma única palavra. Não precisava. Era um amigão. Um Escoteiro dos bons, um Escoteiro que não precisa falar, mas que sabe ser responsável com o que pertence a todos. Para isto daria sua vida para proteger um bem comum.


         Lomanto sempre nos deu exemplos de como se procede um patrulheiro e sua responsabilidade com a patrulha. Se cada um faz sua parte a patrulha é uma família feliz. Éramos pobres, quando precisávamos de algum item na nossa intendência era uma luta. O que conseguíamos entregávamos a Lomanto de olhos fechados. Afinal precisávamos acampar e nada melhor que um bom facão, uma boa machadinha, umas facas mateiras para limpar nossos peixes, cortar tomates, mamões, e tantas outras coisas. Sabíamos que podíamos confiar nele e em todos da patrulha. Sabíamos que isto era um dos melhores aprendizados que nós Escoteiros podíamos ter. Manter o bem comum em prol da coletividade foi o que sempre aprendemos. Fico pensando em Lomanto adulto, morando em uma rua que é de todos, perto de uma praça que é de todos como ele estaria procedendo. Como sempre. O bem comum não é meu nem seu, é de todos nós!