sábado, 17 de dezembro de 2011

CÁ ENTRE NÓS, CHEFES


EImer Souza Pessoa
  "Viver como Escoteiro é crescer como indivíduo!".

Reflexões de um “Velho Lobo”
26 - CÁ ENTRE NÓS, CHEFES
Como Chefe em um Grupo Escoteiro, tive várias vezes à oportunidade de abordar, nos Conselhos de Chefes, um tema que considero de muito interesse para o Escotismo, que acredito ser conveniente resumi-lo em umas tantas linhas para serem repassadas, a fim de fazê-lo chegar a um maior número de Chefes.

“- E que assunto tão importante será esse?” estará você perguntando.
Pois bem, meus caros Chefes, tratam-se da falta de variedades nas atividades escoteiras! O risco das reuniões maçantes!

O jovem ingressa no Escotismo atraído e entusiasmado pelo ambiente de aventura, pelo anseio de vida ao ar livre, pelo desejo de fazer alguma coisa bem diferente do quotidiano da sua vida rotineira e monótona da escola e até mesmo do lar.

Porem, o que acontece? O ideal seria que o jovem conservasse sempre aquele entusiasmo inicial; que para ele, cada reunião ou cada excursão fosse uma nova aventura, uma nova experiência de algo interessante e útil.
Assim, os jovens ao invés de perderem o entusiasmo, o aumentariam ao irem vivenciando e compreendendo, cada dia mais, as maravilhosas aventuras que o Escotismo oferece.

Na maioria das vezes, as seções vão entrando por um caminho de monotonia e rotina que, em poucos meses, liquidam com o entusiasmo do melhor dos Escoteiros.
E isso é lógico se o jovem sabe que, nas reuniões, sempre se faz a mesma coisa; que as excursões e acampamentos são realizados sempre nos mesmos lugares e com umas pequeninas variações em algum jogo ou atividade.

O Escotismo para ele vai perdendo esse romance, esse espírito de aventura, de novidade, até chegar inevitavelmente o momento em que o jovem passa a considerá-lo como quaisquer outras tantas associações e clubes e, então, prefere empregar melhor o tempo que gastaria nas reuniões e atividades, indo ao cinema, a praia ou qualquer outra espécie de passa tempo ou até de outra índole...
Neste momento estará se instalando a evasão na seção e só não fecha porque a procura também é grande, mantendo uma alta rotatividade. Um sai e outro entra, permanecendo por algum tempo, até cansar.

Para o jovem, o importante é o “divertimento” que a aventura proporciona! Se ele não encontrar essas qualidades, ele sai. Vira rotina na seção. Eles não estão preocupados com a formação de seu caráter...
Contribuir para a formação do caráter é problema nosso, dos adultos, e para isso temos que mantê-los na seção.

Não podemos estabelecer por princípio de que os Chefes sejam os únicos responsáveis de tal situação, pois existem muitas outras causas que também influenciam.
Porem, falando francamente, na maioria dos casos, os Chefes são realmente os responsáveis. Culpados? Nem sempre... Mas responsáveis, sim!

Umas vezes, por falta de tempo, outras por falta de entusiasmo e até por falta de preparação. Muitas vezes os Chefes ainda estão em processo de capacitação.
Mas, onde a falha está sempre é na falta de novas atividades; na falta de iniciativa para dar o toque de variedade, de novidade nos jogos e nas atividades e aventuras já conhecidas.

Esquecem com freqüência a trilogia da boa programação: tem que ser atraentes progressivas e variadas!  
Sabemos que é relativamente trabalhoso manter atualizado o repertório de jogos e atividades apresentando sempre novidades, mas também é certo que o repertório existente e já conhecidos, com um pouquinho mais de trabalho e criatividade, podem receber variações interessantes. E, não esquecer que o efetivo muda, no máximo, a cada quatro anos...

O mesmo acontece com os cardápios. Um mesmo alimento pode ser apresentado de formas diferentes, dando a impressão que estamos comendo algo de novo.
Um bom Escotista não deve contentar-se em apenas possuir uma boa caderneta de jogos e canções. O que deve, acima de tudo, possuir a inquietude e iniciativa suficientes para fazer e apresentar programas diferentes nas reuniões, excursões e acampamentos.
Buscar novas idéias que as tornem mais atrativas e que tenham algo de mistério e aventura. Bolar um fundo de cena desafiante, que desperte a curiosidade e tenha um toque de conhecimento das técnicas escoteiras...

Trazer uma nova música, mesmo adaptando a letra a uma canção popular de sucesso, aproveitar o conhecimento de outros Chefes e outras pessoas que desejam colaborar, sempre traz um ar de novidade. É o ato famoso de “dourar a pílula”! 

Quantas brincadeiras que aparecem na internet e a transformamos, sem muito esforço, em um bom jogo para “Dia de Chuva”?
Enfim, o Chefe eficiente está sempre “ligado” para reconhecer uma nova atividade em sua rotina profissional e deve ter sempre a ansiedade de conseguir algo novo e diferente para apresentar aos seus Escoteiros na próxima reunião.

Atos simples, como mudar constantemente a forma de inspeção da Tropa antes do Hasteamento da Bandeira já diferencia o início de uma reunião. Uma canção com movimentos já completa esse início, dando mais vida e alegria. Eliminar logo no início aquele que erra o “Jogo Quebra Gelo” é um ato que desanima quem vem de sua casa para se divertir na Tropa. Deixe-o continuar jogando agachado...

Técnicas para tornarem as reuniões eletrizantes existem aos milhares e se você é novo na chefia, consulte um Chefe mais experiente e recorra aos livros de jogos. Se você se empenhar em melhorar suas reuniões, verá que a cada dia vai tornar-se mais fácil e logo terá uma resposta positiva de sua seção!
Tente com força e verá o resultado!

Ilmar S. Pessoa – DCIM - 1984/2011.
55º MORVAN – Santos/SP.

DIRETOR TÉCNICO - UM VISIONÁRIO?

Diretor técnico – Um visionário?
Um dos testes de liderança é a habilidade de reconhecer um problema antes que ele se torne uma emergência.
Arnorld Glasgow

“Para ser um líder, você tem que fazer as pessoas quererem te seguir, e ninguém quer seguir alguém que não sabe onde está indo.”


Joe Namath

     Muito se tem dito muito se tem falado e aqui mesmo neste blog sobre o nosso querido Diretor Técnico. A responsabilidade que pesa nos seus ombros é muito grande. Acredito mesmo que ele seja a peça chave em toda engrenagem que rege nosso rumo para melhor ou pior. Neste artigo, vou comentar o outro lado, sem didatismo. Vou aprofundar mais na minha experiência pessoal. Não gosto do termo de Diretor Técnico. Prefiro Chefe de Grupo. Infelizmente sou um saudosista/tradicionalista. Os tempos são outros e tenho que aceitar as mudanças principalmente essas novas nomenclaturas impostas pelos nossos diretores e presidentes do escotismo nacional. Devem ter seus motivos.

     Nâo falta literatura para o conhecimento de como deve agir o Diretor Técnico. A Direção Nacional tem abundante plêiade de normas técnicas, cursos de formação e diversos outros, tudo o que pode ajudá-los na sua liderança em um Grupo Escoteiro. Aqui mesmo neste blog, vários artigos foram publicados, inclusive excelentes escritos pelo meu amigo chefe Elmer. Meu comentário irá fugir dessa linha. Como disse vou enveredar pela experiência pessoal. Minha vida pregressa me fez estar presente em vários estados, e por isso passei boa parte em mais de cinco Grupos Escoteiros. Aprendi muito.

     Não ia entrar de novo nesse tema. O que tenho discutido e recebido de informações de vários amigos e leitores de norte a sul, levou-me novamente ao assunto. E são situações análogas nem todas seguindo a regra do bom senso.  Podem até dizer que não é consenso geral. Pode ser, mas serve como amostragem e isso é muito importante para uma pesquisa simples. Estou escrevendo conforme vivenciei. Nada de copiar o que existe e escrito por escotistas mais qualificados que eu.  

      Peço desculpas aos grupos bem dirigidos pela qual este artigo não terá validade devido as suas excelentes experiências que estão dando certo. São em números consideráveis. Fazem um escotismo de qualidade e tem uma estrutura bem definida. Existem, no entanto outros que mesmo com toda ajuda de nossos dirigentes nosso crescimento foi pífio. A evasão não acaba. Sempre se mantendo em um patamar elevado. Eu fui e sou testemunha disso. Em épocas remotas participei como diretor em cursos de formação dirigida a Chefes de Grupo, tanto básico como insígnias. Perdi a conta de Indabas, encontros distritais, e até mesmo fóruns especiais dedicados exclusivamente a esses abnegados.

     Aprendi muito nestes anos. Já no final da década de setenta, conheci um Grupo Escoteiro próximo a minha residência. Fui lá fazer uma visita e vi com tristeza somente quatro jovens na idade de 13 a 16 anos. Soube por eles que não havia mais escotistas e outros jovens no grupo. Ninguém mais participava. Só uma senhora que sabia somente ensinar catecismo. Eles estavam presentes porque se acostumaram. Uma rotina de anos e anos.  Nestas horas é que vemos a falta de estrutura regional. Um grupo deixa de fazer seu registro não dá sinal de vida e poucas regiões procuram saber o que houve. Colaboração? Dificilmente oferecem. Os distritos muitas vezes são acéfalos. Não por suas culpas pois também sofrem com a falta de pessoal qualificado.

     Bem voltando ao grupo, achei que precisavam de minha colaboração. Procurei o pároco responsável. Não me recebeu muito bem e manifestou pouco interesse pela minha pessoa. Insisti e até me outorguei como o mais novo dirigente. Um defeito meu. Na época era o responsável pelo adestramento regional (hoje cursos de formação). Intrometo-me sempre onde não sou chamado. Pedi aos jovens para tentarem arregimentar os antigos. Apareceram dois deles. Motivei. Ficaram de ajudar. Agora mãos a obra. Sempre tive em mente que a união faz a força. Não podemos vencer sem estarmos todos unidos em prol de um só ideal. Os pais são partes preponderantes e a lealdade e cortesia a força do sucesso.

        Em dois meses, estávamos com oito jovens. Eram a patrulha de monitores e sendo adestrados para isso. A tropa viria com o tempo. Não tinha pressa. Uma jovem maior de idade em uma reunião me procurou. Convidei-a e aceitou ser a chefe de alcatéia. Dei a ela todo apoio. Ficávamos horas falando sobre a alcatéia. Desde aquela época nenhum jovem interessado fazia a inscrição sem os pais presentes. Ambos a não ser em casos especiais. Não tinha exceção. Mostrava que eles é que precisavam do movimento escoteiro e não o contrário. Ficavam na espera de um curso informativo. Uma vez por mês. Primeiro de duas horas e depois de um dia inteiro. Muito? Pode ser. Se um escotista tem de passar anos e anos em cursos de formação para saber agir com seus filhos porque os pais não podiam fazer o mesmo e entender a força do movimento na colaboração aos seus filhos?

        Após esse estágio dos pais, os filhos eram apresentados ao Grupo Escoteiro. (demorava mais de um ou dois meses) Em cerimônia própria durante o cerimonial de abertura, antes da bandeira, o pai se apresentava ao chefe do Grupo apresentando seu filho. O chefe da sessão especificada era convidado a receber o jovem. Apresentava-se ao pai, e dizia a ele poucas palavras, tais como: Seja bem vindo. Não só você meu jovem como seu pai também. De agora em diante você vai participar da grande fraternidade mundial dos escoteiros. Nunca em numero maior que quatro pais por reunião. Em seguida o apresentava a todo o Grupo Escoteiro.

        O escotista responsável convidava o monitor da patrulha designada ou no caso o primo da matilha, levando o filho a patrulha ou matilha. O grito de patrulha era dado e após todas as patrulhas também. No caso da alcatéia, o Grande Uivo. Claro, ele era só um observador, só depois de sua promessa ai sim, participava diretamente neste cerimonial dos lobinhos. Para encerrar, o grito do grupo, com convite aos pais para participarem. Era uma cerimônia simples, mas marcante para os pais. Nenhum pai deixava de se emocionar. Funcionava tão bem que todas as reuniões um grande numero de pais estavam presentes querendo colaborar.

        Em nenhuma hipótese o jovem era admitido sem passar por essas situações e sem quem seus pais cumprissem o ritual programado. Abrir exceções era perder todo um trabalho que estava dando certo. O uniforme só era colocado quando estava preparado para a promessa. De maneira nenhuma o colocava antes. Só nesses casos, se vestia a camiseta do grupo. Sempre achamos que o jovem tem de dar valor ao seu uniforme, a sua promessa e seu crescimento individual. Conseguimos manter uma evasão baixíssima. Menos de 8%. Sempre me perguntaram e o jovem que gostaria de participar, e os pais não se interessam?

        É um fato singular. É comum abrimos sempre uma exceção. Pagamos muitas vezes as taxas do próprio bolso. Mas onde isso leva? Será que estaríamos agindo certo? Claro que não. Tentar ajudar e resolver o problema é o meio correto. Ir à casa do jovem. Conversar com os pais. Conseguir a confiança deles. Mostrar sem ser um professor falando aos seus alunos, que eles é que precisam do escotismo. Muito. Seus filhos querem participar, mas é necessário que cumpram as normas do grupo. Isso sempre deu resultado. Se os pais não participam, não existe razão para o filho participar. O objetivo a que nos propusemos nunca será alcançado.    

        Voltando a arregimentação de pais, a catequese começava assim. Mais tarde muitos deles vieram a ser os escotistas que tanto precisávamos. Muitos deles se destacaram nos destinos do Grupo. Não conseguimos reunir antigos. Acho que não guardaram boas lembranças. Ou talvez fosse outro motivo. Os pais se saíram muito bem. Chegamos a ter mais de 28 escotistas. Todos oriundos desse meio. Claro, precisavam aprender muito, pois nunca foram escoteiros. A inscrição em cursos de formação (paga pelo grupo Escoteiro), indabas só de chefes do grupo, na sede ou no campo. Fazíamos dois por ano. Um sucesso. Vinte pais colaboravam em três comissões. De especialidades, de finanças e serviços diversos.

      Tenho visto escotistas pagando mensalidades e taxas dos cursos de formação. Em muitos casos tirando do próprio bolso para despesas extras no grupo. Na minha modesta opinião totalmente errado. Isto compete ao Grupo Escoteiro. Uma comparação desigual e que serve como comparativo: - Um professor a pagar mensalidade no colégio onde leciona. Impossível. Se o Grupo não tem ainda condições financeiras, que os pais se responsabilizem. Afinal somos uma organização de ajuda complementar aos pais, portanto cabe a eles essa responsabilidade.

      Duas outras atividades fizeram que o grupo mantivesse uma união sem igual. Convidamos os pais para um “Pit Pat” (nome que inventemos na época) dançante em minha casa, em um sábado à noite. Todos eram bem vindos, mas deviam levar lanche, salgados, e bebidas. Não havia gastos. Era dividido por participantes. No final, reunimos todos vendo quem poderia ser os anfitriões da próxima. Um número considerável se oferecia. Fizemos ali mesmo uma programação quinzenal por seis meses. Chegamos a ter mais de 100 presentes em diversas realizadas. Os filhos se divertiam e se confraternizavam. Ninguém deixava de ajudar no fim da festa. Deixávamos a casa do anfitrião como estava quando chegamos.

        Uma vez por ano fazíamos uma atividade com os pais. Eles tinham livre arbítrio para convidar amigos e parentes. Em uma dessas atividades, mais de 400 participantes. Procurávamos um local condizente e lá formávamos patrulhas que permaneceram por muitos anos juntas. Eles se divertiam muito. Jogos, adestramento técnico, competição, grito de patrulha tudo era motivo de risadas e era diversão garantida. A tarde um imitação do fogo de conselho. Uma participação incrível. Esquetes, palmas escoteiras, canções.

      Conseguimos em cinco anos, duas alcatéias masculinas, uma feminina, uma tropa escoteira completa com quatro patrulhas e outra com monitores sendo formados. Uma tropa escoteira feminina com três patrulhas, uma tropa sênior e uma tropa de guias. Ainda não tínhamos essa liberdade de hoje, de tropas mistas. Sou totalmente contrário, tenho ouvido relatos aqui e ali, de diversos membros do movimento, de diversas idades, fatos nada lisonjeiros e que um dia irão macular muito nosso nome que até agora ficou livre de reportagens sensacionalistas. Mas isto é outra historia.

       Tínhamos anualmente um bom numero de Llz de Ouro e Escoteiro da Pátria. Demoramos sete anos para termos os primeiros insígnias atuantes em sessão. Em Conselhos Regionais e distritais, hoje Congressos (mais uma mudança que não aceito, mas sou voto vencido) nosso numero de participantes era bem considerável. Não importava se com ou sem direito a voto. Fazíamos ali uma presença agradável, nos divertindo aprendendo e confraternizando. Em varias atividades no interior do estado, participamos com mais de 40 adultos.

       Uma de nossas preocupações era manter um bom relacionamento entre todos. Quase não havia divergências. O Conselho de Chefe era realizado mensalmente. Ali a democracia era nossa força. Sem um bom Conselho, fica difícil sanar dúvidas e controvérsia. Posso afirmar que nosso rumo tomado em todas as direções durante os 10 anos que lá permaneci, não houve um caso de deserção, descontentamento ou desentendimento. No Conselho de Chefes aprovávamos os programas mensais, semestrais e anuais para todas as sessões. Não podia haver divergências com o do grupo escoteiro que era feito pela Diretoria do Grupo.

       Nossos diretores eram atuantes. Alguns se manifestaram em usar uniformes. Fizeram alguns cursos, mas sem o caráter de obrigação. Livre escolha, livre arbítrio. Participavam sempre nas indabas, conselhos, e em acampamentos de chefes. Formamos um distrito que na época era acéfalo. Unimos-nos todos, de dois grupos chegamos a cinco. Uma fraternidade sem igual. O distrito tinha uma programação simples. Nada para ocupar a programação dos grupos escoteiros.

      Tudo isso foi formado praticamente com pais. São muito importantes na vida e no crescimento do escotismo. O Chefe do Grupo deve estar sempre voltado para o bom relacionamento com eles. Valorizá-los. Saber de suas necessidades. Não deve pensar que é o único mandatário. Tem de saber trabalhar em grupo. Não precisa ter aquela liderança esperada dos grandes lideres. Mas aglutinar e manter um bom relacionamento são um dos passos importantes na sua labuta em um Grupo Escoteiro.

       Não é fácil a tarefa de um Diretor Técnico. Por isso meu conselho é não dar o “passo maior que a perna”. Essa estrutura organizacional tem de ser feita paulatinamente. Se não acontecer, vai ser difícil tentar consertar. Nenhum escotista nesse cargo pode estar participando diretamente em sessões. Seu trabalho é enorme. Tem de ficar ali, na sua função e se não tem chefes e precisa estar à frente me desculpe, está fazendo tudo errado. Um caminho sem retorno.

       Sempre acreditei que a preocupação dele ((o Diretor Técnico) tem vários caminhos. Manter o Grupo funcionando. Manter um excelente relacionamento com os pais. Arregimentar adultos para o Grupo Escoteiro. Manter as finanças em dia, manter a burocracia, pois ela é a essência de um bom grupo. Manter a fraternidade entre os seus chefes conhecendo suas necessidades. Conseguir para todas as sessões o material que precisam para suas atividades. Manter contato com todos se necessário telefonando ou visitando. Hoje com o advento da internet mandar email para os que possuem. Sempre com assuntos agradáveis, tais como, como vai meu amigo? Apareça, venha tomar um café conosco! Nada de estamos convocando conforme o artigo tal alínea tal. Isso para quem recebe é desagradável e cá entre nós, os pais não entendem nada disso. Uma visita abre um milhão de portas.

       Agora o mais importante, deixe que cada chefe faça seu trabalho. Reconheça nele um auxiliar seu. Importante muito importante. Não fique vigiando. Se não concorda, uma conversa particular, ou o Conselho de Chefes é o caminho. Ajude-o na sua formação escoteira. De a ele todas as condições para o seu desenvolvimento. Veja seus problemas particulares, não que você vá resolver, mas quem sabe pode ajudar. Coloque com lema que você é quem precisa deles e não eles de você.

      Se por acaso chegou ao ponto de desentendimentos sem volta, procure ajuda externa. Talvez sua ação contraponha uma reação. Seria isso benéfico ao grupo? Com os jovens pensam a respeito? Estão aprendendo com seus lideres? Analise, não tome decisões precipitadas. O caminho para o Sucesso é feito de vários desvios. Escolha o certo. O numero de descontentes está se avolumando dia a dia. Quem perde com isso é o movimento. Entretanto cada caso é um caso. Para isso as regiões e distritos possuem seus conselhos de ética.

     Espinhoso não? Mas o Diretor Técnico é o “Cara”. Se você quem me lê é um deles, aceite meu abraço. Voce também é o “Cara”. Como dizem alguns um estrondoso aperto de mão. Orgulho-me de você e de seu trabalho. Não decepcione. Seja mais um no grupo não um só. Todos dependem de você. Faça com que eles confiem. Um abraço, um sorriso, é muito importante, mas olhe, não espere recompensas e nem elogios. Não vais encontrar. Mas sabe qual a melhor paga? Ver os sorrisos dos jovens, a alegria dos chefes, o crescimento paulatino do Grupo Escoteiro e então um dia, vais receber dos que cresceram ali, um abraço e um agradecimento.

        Espero ter atingindo o que me propus desde o inicio. Não sei se os grupos onde participei continuam fortes como antes. Para mim é irrelevante. Se isso aconteceu, deposito a culpa nos dirigentes. Claro sem levar nenhum ao cadafalso. Mas existem formas para que os grupos se sintam fortalecidos e mantenham o crescimento desejado. Mas isso é outra historia. Nela não cabe a arrogância, a altivez e o orgulho e a presunção de soberba. Quando aprendermos que o amor é maior que isso, então nosso movimento será forte e poderá ser aquilo que esperamos.

        E a esperança é a ultima que morre.

Eu também sou vítima de sonhos adiados,
De esperanças dilaceradas, mas, apesar disso,
Eu ainda tenho um sonho, porque a gente não
“Pode desistir da vida.”
(Martin Luther King)



COEXISTÊNCIA PACÍFICA - UMA UTOPIA?


Coexistência pacífica – Uma utopia?

Se voce não se entende com seu chefe Escoteiro ou com algum órgão escoteiro, meu conselho é esse: - Convidá-lo para uma contenda duelística, cada um escolhendo como arma um barril cheio de pólvora, estopins do mesmo tamanho irão sentar cada um no seu barril, fogo no estopim e quem ficar e explodir, ganha o duelo e a mão da mocinha

Há duas maneiras de estudar borboletas: perseguí-las com redes e inspecionar os organismos mortos ou sentar-mos em silencio e observá-las dançando entre as flores!
Nongnuch Basham

           Um tema dificil de ser analisado. O mundo não é o melhor exemplo. Gandhi dizia: - Aprendi através de experiência amarga a suprema lição: Controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo. Sei que os problemas nunca podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento de quem os criou.  

         A fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de Liberdade e Igualdade e com os quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário francês. Vale lembrar que dos três, foi o único que não esteve no lema  Iluminista, que era "Liberdade, Igualdade, Progresso". Esta maneira de ver a fraternidade ainda não foi assimilada totalmente. Principalmente por nós escoteiros.

         A idéia de fraternidade estabelece que o homem, como animal político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade e para tal estabelece com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie: são como irmãos (fraternos). Este conceito é a peça-chave para a plena configuração da cidadania entre os homens, pois, por princípio, todos os homens são iguais. De certa forma, a fraternidade não é independente da liberdade e da igualdade, pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam válidas.
         A fraternidade é expressa no primeiro artigo da Declaração universal dos direitos do homem quando ela afirma que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e de consciência e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”
        Nós escotistas e escoteiros dizemos com orgulho que a nossa fraternidade é exemplar. Mas será mesmo? Tenho acompanhado através de emails e contatos com amigos de diversas partes do país, que as discrepâncias, dissidências, ressentimentos ainda habita no coração de muitos. Isto tem levado a ressentimentos ou mágoas. Toda vez que alguém ou algo se choque com o bem-estar de outra pessoa, com o seu prazer, irá imediatamente produzir a chispa da raiva. Esta poderá abrandar-se logo ou atear incêndio, dependendo da área que tenha atingido.
          A raiva é a reação emocional imediata à sensação de se estar sendo ameaçado, sendo que esta ameaça possa produzir algum tipo de dano ou prejuizo. Mas porque estou entrando neste caminho? Muito simples. Estamos perdendo muitos adultos ou mesmo jovens, que pensando encontrar aqui uma fraternidade viram que nem todos procedem desta maneira.
       A ingratidão e a calúnia ainda fazem parte do orçamento moral da humanidade, e não há quem não se depare com elas em algum momento. Dependendo da pessoa autora do disparo, do lançamento do dardo, este parece penetrar o mais profundo da alma, produzindo enorme sofrimento. Muitas vezes, aquela pessoa em quem nos mais confiávamos nos trai, nos decepciona, nos fere, e a dor então é perfeitamente natural.
        Ainda bem que não são todos, a maioria dos membros escoteiros ainda são puro nos seus pensamentos, palavras e ações. Temos ainda uma gama de escoteiros e escotistas, que ama e valoriza o que faz e o que vive. Não se magoa facilmente e tampouco fica irado com qualquer palavra descabida. Desta forma eles trabalham pelo desenvolvimento de sua auto-estima e isso é o melhor antídoto para evitar o acúmulo de lixo mental dos ressentimentos e mágoas.

      Perdemos a cada ano,  muitos irmãos que aqui estão e isso tem levado prejuizo ao nosso crescimento quantitativo. Não digo até no qualitativo. Mas o que tem acontecido, de alguns anos para cá é que a intransigência está sendo marca registrada em nosso movimento Escoteiro. Isto não acontecia no passado e se havia ressentimentos eram poucos. Lembro-me de um filósofo que disse: - De todos os ressentimentos, creio que o maior seja aquele de um homem que saiba fazer a sua arte com perfeição e seja censurado e avaliado por alguem que não sabe absolutamente nada.
     Muitos de voces que estão lendo este artigo, ainda não sabem que varios organismos ou associações Escoteiras, de caráter nacional estão sendo organizadas no Brasil. Algumas em pleno funcionamento. Não discuto os direitos da UEB, as leis que a protegem, mas a democracia tem nos ensinado que não somos os donos da verdade, e todos tem os mesmo direitos em um regime democrático. Se resolveram por desentendimentos, ou por ideal, ou seja, por qualqur outro motivo, até entendemos. Isto acontece em boa parte do mundo. Nenhum país está imune a divisão e escolha pessoal.
     Seria bom se as diferenças de opiniões não suscitassem inimizades nem ressentimentos. Infelismente isto não acontece. Já temos inúmeras organizações escoteiras, em plena atividade no território nacional. Só para se ter uma ideia, abaixo relaciono algumas todas com o mesmo espírito Escoteiro, mas a maioria por ressentimento ou cisão com nossos orgãos diretivos. Uma boa parte, no entanto, surgiu espontaneamente e com grandes ideais elevados.
- Federaçao dos Escoteiros Tradicionais – FET
- Corpo Nacional de Escoteiros – CNE
- Associação Escoteira Baden Powell – AEBP
- Organizaçao dos Escoteiros Florestais.
- Associação Escoteira Athenas Maranhensis.
Cito ainda – Federação das Bandeirantes do Brasil e Associação dos Desbravadores do Brasil, ambos antigos, mas sempre houve ramificações com o escotismo de BP no passado.
(Pedi e recebi de duas delas, um relatório de suas atividades, como as demais não se manifestaram, deixo de colocar aqui seus objetivos e a que se propõe)
       Acredito que tem muitas outras ainda em fase de crescimento. A cada dia alguém resolve criar a sua. Seria isso saudável? Claro no ponto de vista Escoteiro? Vejam bem, se levarmos em conta seu crescimento (saudável, aliás) todas juntas já devem passar dos 20.000 membros. É um número hipotético. Não tenho os numeros reais. Mas a divisão nem sempre trás os resultados esperados. A UEB mantem com uma delas, um processo em andamento. Se apega no seu direito as leis e decretos do passado. As razões de um lado ou outro não é meu intuito discutir aqui. Ainda me mantenho neutro nesta questão, mas sabendo como procederia se fosse aquele que tivesse a liderança nas mãos.
    Repito aqui o que uma destas associações comentou sobre o surgimento e o porquê da idéia. – (escrito pela AEBP) Como tudo na vida, há vantagens e desvantagens nesta fragmentação da prática do Escotismo. Vemos isso como se fosse um mercado que antes era monopolizado, centralizado, regulamentado e dogmatizado. E que agora está sendo aberto trazendo a livre opção de escolha, e uma proposta de trabalho com possibilidades de melhores adequações a segmentos específicos da sociedade. Agilidade na administração e custos diferenciados.
    Não vou me estender mais. Tenho amigo em todas elas. Trocamos emails, conversamos, e salvo um ou outro comentário, aceito de bom grado a convivencia com todos eles. Gostaria mesmo, e torço por isso que no futuro façam como diversos paises, que já estão se sentando a mesa e discutindo pontos de vista, ou mesmo formar um só órgão Escoteiro. Se isso é válido ou não, tenho dúvidas. Repito apesar de não ter registro me considero da UEB.
    Precisamos repensar o que estamos fazendo. Precisamos chegar mais perto do escotista, do Escoteiro, sem aquela auréola de primeiro mandatário. A humildade é a força que rege nosso movimento. Mão tse-Tung, apesar de ser quem foi, dizia que devemos nos guardar da arrogância. Isso constitui uma questão de principio para os dirigentes, mas é também uma importante condição para manter a unidade. Nem mesmo aqueles que não cometeram erros graves e conseguiram grandes êxitos no trabalho devem ser arrogantes.
     O maior lider é aquele que reconhece sua pequenez, extrai força de sua humildade e experiência da sua fragilidade já dizia Augusto Cury. Devemos ser humildes, pois até o sol com toda sua grandeza se põe e deixa a lua brilhar. Alguns já me disseram que fazem isso, sua parte é considerar que estão alí para ajudar os rapazes e moças no seu crescimento. Este artigo não é para eles. É para meditarmos o porquê hoje estão tantos lutando pelo mesmo ideal, mas em lados contrários.
   Até quando isso é bom eu não sei. Para dizer a verdade o titulo do meu artigo não faz juz a muitos que vejo por aí. Coexistência pacífica. Ainda não existe em seu todo. Agressões ainda acontecem. Discordancias idem. Um amigo, grande irmão Escoteiro me enviou um artigo pequeno, muito interessante, que não deixo de colocar no final das minhas palavras:
- Um escotista recebeu a noticia de que iria receber sua Insígnia de Madeira. Ficou tão eufórico que quase não se conteve. Serei um grande homem agora – disse a um outro escotista.
- Preciso de um novo uniforme imediatamente. Que faça jus a minha nova posição na sociedade, no Grupo Escoteiro e em minha vida.
- Conheço um alfaiate perfeito para voce – replicou o amigo, um IM há muito tempo. – Ele o alfaiate é um "Velho" sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.
- E o novo futuro IM foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas.
- Depois de guardar a fita métrica, o sábio alfaiate disse: - Há quanto tempo o senhor é IM?
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu uniforme? – perguntou o cliente surpreso. – Não posso fazê-lo sem obter esta informação senhor. É que um IM recém fica tão deslubrado que mantem a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito! Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.
- Anos mais tarde, continuou – Quando está ocupado com o seu trabalho e os transtornos advindos da experiencia o tornam sensato, olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir. Aí então eu costuro o uniforme de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento.
- E mais tarde, depois que está curvado pelos anos de trabalho cansativo e pela humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o uniforme de modo que as contas fiquem mais longas que a frente.
- Portanto, tenho de saber a quanto tempo o senhor foi nomeado para que a roupa lhe assente apropriadamente.
E o novo futuro IM saiu da alfaiaria pensando menos no seu orgulho e mais no motivo que levou seu amigo a mandá-lo procurar aquele sábio alfaiate.

      Coexistencia pacífica. Será que conseguiremos um dia? Outro amigo já me dizia que somos voluntários, não temos salario e ainda somos arrogantes. Ora, ora e se tivessemos um bom salário? Diramos sem sobra de dúvida: Sabem com quem está falando? E ainda tem aqueles que se tornaram dono de tudo, só dizem meu Grupo, meus chefes, minha tropa, minha alcateia, meu monitor, meu lobinho. Acredito que esse pelo menos deve ter pago a vista e não a prestação. Acho que tem direito em dizê-lo.

     Mas eu acredito na fraternidade. Ainda fico feliz em ver moças e rapazes sorrindo, tendo sonhos, sabendo que são queridos e dizendo uns para os outros nos grandes acampamentos da vida – Olhe, nunca vou te esquecer! Aconteça o que acontecer, seremos irmãos de sangue para sempre! Quem sabe eles, o nosso futuro, quando estiverem na liderança, não serão os primeiros a dizer: -  Venham todos, aqui no alto desta montanha da felicidade, iremos fazer a indaba do amor. Aqui só iremos falar como irmãos e assim vamos criar a maior fraternidade escoteira e dar o exemplo de que não existe a utopia do impossível entre nós escoteiros.

Se as coisas são inatingíveis?...ora! não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora a presença distante das estrelas!

Mario Quintana


QUEM SABE FAZER A MASSA... SABE FAZER O PÃO!


Quem sabe fazer a massa... Sabe fazer o pão!

"Enquanto você viver neste mundo, tente fazer algo de bom que possa permanecer após sua morte."
"Não se contente com o que, mas consiga descobrir o porquê e como."
Baden Powell

Tenho relatado aqui neste blog em diversos artigos, sobre os destinos do Escotismo em nosso país. Nada de tão ruim não. Quem se contenta com poucos e mantém elevado o Espírito Escoteiro pode estar no caminho certo.


Eu não. Sempre acreditei que se pudéssemos abranger uma grande parcela da população, poderíamos ser melhores reconhecidos pelas autoridades nacionais de uma forma bem diferente que a atual. Também proporcionaríamos a um maior grupo de jovens, elevada formação educacional dentro dos parâmetros escoteiros.


Este sempre foi nosso objetivo. Sempre acreditei num escotismo simples, conforme BP criou, e suas raízes não podem ser abandonadas. Quando isto acontece, deixamos de ter um programa escoteiro dentro dos princípios propostos por Ele.
Escrevi diversas vezes sobre temas (publicados neste blog) que na minha modesta opinião, estão desvirtuando nossas finalidades. Quem sabe os propósitos de alguns e não de todos dirigentes que estiveram e estão na liderança do Escotismo Brasileiro. Talvez as circunstâncias do momento, a ação está sendo efetuada conforme acreditam e não como deviam ser realizadas. Tenho certeza que são dirigentes capazes e cônscios de suas responsabilidades.


Tomemos como exemplo, algumas dezenas de Grupos Escoteiros que mantém excelentes padrões de qualidade. Tem as sessões completas, são práticos na formação escoteira, mantém um corpo de escotistas dentro de suas necessidades, e motivam todos eles assim como os pais dos jovens. Suas Diretorias são ativas e claro, a fraternidade e o respeito ali são uma conseqüência natural.


Conheci um número razoável de grupos assim quando atuava ativamente em lideranças regionais. Quando jovem tive vários “Gurus” destes Grupos Escoteiros que me mostraram o caminho para o sucesso. Foram meus tutores por muitos anos. Coloquei em prática nos três últimos grupos escoteiros que colaborei durante 30 anos como dirigente. No último achei que fui razoavelmente bem.


Encontrei este Grupo com 4 jovens e sem nenhum escotista. Em oito anos éramos 180 membros, mais de 18 escotistas agindo, sem contar uma excelente Diretoria e um corpo de pais atuando em diversas áreas do Grupo. Deixo de comentar aqui as centenas de atividades, grandes acampamentos, menos de 10% de evasão anual, participações em programas regionais e distritais. Durante este período também atuei como Membro e Comissário da antiga Equipe Nacional de Adestramento.


Nas centenas de cursos que participei, ali vi e senti as dificuldades, os acertos, escotistas novos e antigos que amavam e se entregavam de corpo e alma ao movimento escoteiro. Isto sempre me deu motivação para continuar. Este Grupo Escoteiro motivou vários outros do distrito a seguirem suas pegadas e em pouco tempo de dois passamos a quatro grupos.
Tive que abandonar a ativa. Não vou entrar em detalhes, mas uma boa parte se deveu a divergências com dirigentes regionais. Achei que minha saída seria benéfica e toda a estrutura montada seria mantida. Acreditava que o distrito assim como a região, teriam condições satisfatórias para manter o alto grau alcançado durante todos aqueles anos que atuei na liderança.


Não foi isto que aconteceu. As trapalhadas regionais começaram e destruíram boa parte da estrutura. Se perguntados responderão que não foi bem assim, quem sabe terão até uma explicação plausível e admissível. Entretanto se de um distrito bem montado, com quatro grupos fortes, duas autorizações provisórias em andamento e hoje praticamente nada existe, de quem é a responsabilidade?


Este preâmbulo inicial é só para que possa mostrar como minhas raízes, experiência escoteira e que como “sabia fazer a massa e conseqüentemente o pão” tinha e tenho condições de aqui dar meus “pitacos” no destino do Escotismo Nacional. Como eu e como já disse, dezenas de outros escotistas que estão acertando, também têm este direito.


Assim como na Direção Nacional, também os lideres regionais são perenes e suas políticas não mudam, mantendo sempre o mesmo padrão e estilo, espécie de uma “casta” hierarquia que não admite as falhas e são determinantes nas suas ações. Blindados por um Regimento Interno e Estatutos defendidos por todos como democrático, afirmam que as diretorias foram eleitas em um sistema participativo onde todos tiveram suas opiniões respeitadas.


Não gosto de generalizar. Conheço um bom número que respeitam, procuram dar o melhor de si, mas estão sempre em conluio com os demais, agindo e pensando perseguir o caminho do sucesso. Com o passar dos anos, não avaliam porque o fracasso está sempre presente. Que fracasso? Não admitem erros. Afirmam que estiveram sempre à frente das anteriores e que suas gestões foram realizadas honestamente sem prejudicar a quem quer que seja. Admito isto. Em parte é claro.   


Com alguns bons lideres atuantes em seus grupos que conservo contato, preferem não se manifestarem. Acreditam ser melhor deixar que as lideranças façam o que lhes der na telha. Continuam a fazer o que sabem e muito bem, e com seus conhecimentos adquiridos através dos tempos (são bons nisso) mantém um alto padrão de qualidade no desenvolvimento dos Grupos Escoteiros que atuam. Outros colaboram com os órgãos nacionais, mas não se descuidam de suas origens e ali estão participando ativamente do dia a dia do seu Grupo de origem.


Agora vou chegar onde desde o inicio deveria ter chegado. Sempre vi e mesmo não estando junto a eles, sei que muitos dirigentes não possuem boas condições de atuar nas diversas fases que compõe nosso desdobramento evolutivo, principalmente nos órgãos diretivos. Não fizeram e não sabem fazer a “massa” e estão querendo assar o pão só com conhecimentos teóricos, aprendido em outra escola que não a escoteira.


Graças a Deus que restam bons dirigentes da melhor estirpe escoteira, que freiam na medida do possível a evolução de suas idéias e se assim não fosse seria o caos.
Conheci muitos lideres da antiga Equipe Nacional de Adestramento, que não tiveram notoriedade em sessões que atuaram, não sentiram a força de suas lideranças em verem rapazes se formando como homens fora de suas fileiras onde pudessem dizer que este é o verdadeiro caminho para o sucesso.



Muitos deles foram ótimos pais, excelentes companheiros, no entanto não foram bem nas suas lides, tais como manter e arregimentar adultos, condições técnicas no desenvolvimento da sessão ou do Grupo. O sonho da IM com a conseqüência notoriedade que esta traz no seio escoteiro, deixaram de lado suas tarefas básicas para se tornarem educadores de adultos escoteiros. Com isto pensaram em adquirir a popularidade do velho sonho de pertencer ao pequeno círculo de adestradores ou membros regionais. Esta seria a meta final.


Por favor! Não estou generalizando. Isto foi no passado e claro não sei está acontecendo no presente (será?). Não são todos, são pequenas porções perdidas neste maravilhoso mundo de “Mestres ou chefões” como são considerados os adestradores e portadores dos tais “tacos” que magnificamente BP trouxe-nos para nos dar um aspecto diferente de outras organizações que existem em todo o mundo.


Estou sentindo os sorrisos de alguns com tais comentários. Não acreditam no que estou dizendo. Isto é bom. Unaminidade é somente quando o dirigente máximo no Congresso Escoteiro diz: - Os que são a favor que permaneçam sentados, os contrários fiquem em pé! Interessante não? E quem discorda? E quem é contra? Afinal somos escoteiros e devemos confiar em nossos irmãos dirigentes que se sacrificam mais que todos para tentarem dar um rumo próprio ao Escotismo como um todo. Nossa lealdade e disciplina vão aquém de qualquer lógica.



Não é assim que aprovam tudo e se elege toda a diretoria durante os Congressos Escoteiros? Renovadas por muitos e muitos decênios? E quem elege e aprova? Conte hoje quantos são, quem são e volte no próximo ano. Mais de 80% serão os mesmos. E você? Que participa com amor, com trabalho local, acampando com seus jovens, tirando uma boa parte do seu tempo para uma dedicação quase que exclusiva?


Não, você não vota. Pode participar claro sem direito a voto. Quer votar? Entre na fila para se candidatar a delegado ou conselheiro. Se tiver boa lábia e boas amizades nos órgãos regionais pode até conseguir. Lembre-se, os que estão lá tem a preferência. Ficamos, portanto a mercê dos mais graduados regionalmente para que os destinos do Movimento Escoteiro possa seguir o seu curso natural. Com isto, recebemos em nossos grupos, ofícios, resoluções sem que tivéssemos a mínima informação antes de uma tomada de decisão.


60.000 em 2000, 59.000 em 2009. Ainda não sei 2010. Mas “caramba!! Qual é o objetivo? Crescer em qualidade ou em quantidade? Qualidade e quantidade seria a minha resposta, talvez não de outros. E respeito isto. Não vou entrar em detalhes de tudo que sinto que não segue seu rumo natural. Leiam meus artigos anteriores e verão o que digo.
Enquanto isto estes escotistas que não tiveram sucesso em suas sessões de origem vão galgando os diversos cargos e funções de lideranças. São os mais afoitos, considerados mais sociáveis e com níveis educacionais a altura. Isto é bom, sem contar uma dose extra de liderança. Mas sabem fazer a massa e fazer o pão? Não sei. Podem participar como dirigentes de cursos e darem seus “pitacos” com conhecimento? Tiveram experiência anterior?


Ora, receber uma apostila, dados previamente escritos, manuais, e fichas técnicas, parece à primeira vista muito fácil de digerir. E quem tem o dom da palavra mais fácil se torna ainda. Sem ter vivido transmite como se fosse um expert no tema. Vai atingir o objetivo? E quando chegar a hora do trabalho em grupo? Das perguntas? Respostas serão dadas. Mas ele sabe que não fez a massa e pretende fazer o pão. 


Quando fiz a minha primeira Insígnia, lá pelo final da década de 60, a parte III era reconhecida como conhecimentos gerais, respondíamos um questionário feito pela direção nacional que foi traduzida por boa parte do que se fazia no Escotismo Inglês. Meu caderno se perdeu nos escaninhos da vida. Por força de um alto dirigente o acharam dois anos depois. Um leitor que conheci mais tarde não quis aprovar-me. O Escoteiro Chefe da época discordou e aprovou.


O Leitor era um escotista que pouco participava. No grupo de origem era uma visita anual ilustre. Na liderança regional participava uma vez por ano e reverenciado. Acreditou que estava em seu caminho correto. Mais tarde ficamos amigos, mas sempre discordei de suas maneiras autocráticas sem saber fazer a massa e quiçá o pão.
Isto me faz lembrar um escotista do meu grupo Escoteiro de origem, lá pelos idos do fim da década de 40 e inicio da de 50, onde existia um protótipo de um chefe assim. Não vou citar o seu nome, mas em todas as solenidades lá estava ele, arrebatador em seu uniforme, magnífica apresentação e distintivos e medalhas que todos nós admirávamos de maneira muito especial.
Depois submergia para aparecer novamente em alguma solenidade especial. Conheci vários tipos assim. Soube depois que era um dirigente regional, e que dava “pitaco” nos destinos do escotismo. Fez história este escotista. Assim considero muitos que estão na ativa. Não são a maioria, ainda bem e graças a Deus, mas prejudicam em muito nosso crescimento.


Sou sincero em minhas opiniões. Não adianta me dizer da amizade, da fraternidade destes escotistas que se enfronham em cargos de diretoria, de equipes diversas, de comissões e não participam ativamente de seu Grupo Escoteiro. Entre eles a um grande júbilo quando há encontros regionais ou nacionais. Esquecem, no entanto aqueles mais humildes que estão ali para ver a nata do escotismo e ficam satisfeitos em serem cumprimentados ou acenados de maneira curta e no meu entender irônica.


Este artigo irá se juntar a tantos que não terão utilidade nos conhecimentos dos melindres do Escotismo Nacional. E quem se importa? Já disse antes. São tantos os caminhos e escolhas desde que me entendo por escotista (50 anos) que ainda acredito que um dia vai dar certo. Vamos ter uma gama enorme de escoteiros espalhados em nossa nação. Seremos reconhecidos com um movimento sério de complemento a educação e as autoridades irão dar o devido valor com o apóio maciço ao Movimento Escoteiro.


Não me venham dizer que não precisamos disto. Não precisamos da ingerência dos órgãos governamentais no destino do escotismo. Esta história conheço bem. O escotismo é apolítico. Deve ter sua própria independência dizem. Os resultados estão aí para quem quiser ver. Quem continuar pensando assim vai ver que nunca conseguiremos os meios necessários para crescer. Talvez em países de primeiro mundo isto seja possível, mas não aqui.
Podem não concordar comigo, mas se tivéssemos este apoio, se cada escola tivesse um Grupo Escoteiro com sede própria, apoio financeiro, se aos sábados eles tivessem a preferência, se conseguíssemos bons profissionais a serviço do escotismo em cada área, todos comissionados ou funcionários do governo local, estadual ou nacional, acho que já seria uma abertura para o nosso crescimento.
Se (este tal de “se” não ajuda não?) com isto pudéssemos através da escola arregimentar pais, aplicar cursos técnicos e teóricos sem sombra de dúvida teríamos os escotistas que precisamos. Isto tudo custa “dinheiro” e só com um grande plano de ação poderíamos atingir a meta proposta. Os prováveis problemas de liderança não formada dirigindo nosso movimento seria facilmente equilibrada com novas normas estatutárias ou regimentais.


Não adianta boa vontade, reuniões, comissões, resoluções, mudanças e alterações sem ter os meios financeiros para isto. E a curto e médio prazo, só o Governo poderia resolver de pronto nossas necessidades. Para os que não acreditam, continuem esperando os resultados nos próximos anos. Quem sabe se daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos poderão ver que se não houver mudanças drásticas nada será alcançado. Ainda bem que não estarei lá para ver.


E é bom não esquecer. Temos que ter uma democracia mais participativa nos destinos do escotismo nacional. Não podemos ficar a mercê de uns poucos. Isto em minha opinião não é coerente e nem lógico. Não se pode mudar um traje só porque uns poucos acharam assim. Não se pode mudar um programa só porque outra minoria resolveu. Não se pode mudar distintivos, emblemas, nomenclaturas, programas, tradições só porque uma comissão de poucos decidiu.




Aquele humilde escotista que trabalha todos os sábados com os jovens tem direito de ser consultado. Sua opinião tem que ter um peso maior do que aqueles que não colaboram com os jovens e ficam em comissões, direções ou mesmo numa Equipe de Formação só porque teoricamente julgaram-se possuídos de qualidades inigualáveis.


Impossível? Não. É plenamente possível. Basta estudar como. Em outros artigos comentei sobre isto. Acredito que não podemos ser igualados com movimentos distintos, tais como sindicatos, partidos políticos e tantos outros que prefiro não citar para não alongar mais. Tivemos uma identidade própria e do qual sempre me orgulhei e que em nome de valores que desconheço foi substituída por cópias exatas dos movimentos citados.
Pode ser que alguns poucos estão satisfeitos. Que o caminho alterado é o melhor para o Movimento Escoteiro. Fica aqui o dito pelo não dito. Não tenho a pretensão de ser perfeito. De ter as melhores idéias e resolver a meu modo os caminhos certos que o escotismo poderia tomar.


Que me desculpem os amigos leitores. Não é a primeira vez que me manifesto a respeito. Fiz isto pela primeira vez em 1968 quando apresentei um plano de ação durante um Conselho Nacional. Durante vários anos repeti o mesmo. Nunca fui ouvido. Não me deram razão. No final da década de 80 consegui reunir um grupo de notáveis para estudar o assunto. Foi um Deus no acuda! A região local quase explodiu quando soube. Tachou-nos de subversivos. Os mais próximos dela foram advertidos e penalizados se continuassem.


Nunca desisti. Fiquei alguns anos na berlinda. Estou de volta falando e escrevendo e tentando alcançar o impossível. BP nos mandou chutar o IM. Estou chutando a minha maneira. Sei que nada vai mudar. Pena. Não tenho muitos anos pela frente para ver os acertos, se é que eles virão.


Sempre fui um antagônico do que está ai. Aplaudo isto sim aqueles que estão acertando em seus Grupos Escoteiros e ainda bem que não são poucos. Graças a eles o Movimento Escoteiro ainda sobrevive. Quanto as nossas lideranças, não sei o que pensam para o futuro. Claro, dirão que também querem tudo isto que escrevo aqui e em outros artigos.
Tenho certeza que confiam em seu trabalho. Acreditam que vão conseguir alcançar o sucesso que esperam em suas metas e programas desenvolvidos. Pode ser que com a renovação sistêmica que está havendo e a chegada de novos, poderão ser aclamados por estes como os verdadeiros dirigentes que colocou o Escotismo como um grande Movimento da atualidade.


Que assim seja. Mostrei outros caminhos que não estes atuais. Que cada um possa tomar o seu lugar nos destinos e na historia do escotismo no Brasil. Nós os antigos estamos sendo substituídos por novos cheios de idéias e ideais que não podemos comungar. Enfim, ainda bem que a Lei, a Promessa Escoteira se mantém até hoje. Isto claro se não aparecer um “çabio” que queira modificar, acreditando que outras formas e programas terão melhores resultados.


Nada mais a dizer. E que a profecia se cumpra. Se ela claro existe sem ser melodramático. Que sejam felizes os contrários. Que os acertos possam dar aos dirigentes o agradecimento que merecem. Como dizia Kipling no seu livro A História da Jângal: - “As estrelas desmaiam, concluiu o Lobo Gris, de olhos erguidos para o céu, onde me aninharei amanhã? Porque Dora em diante os caminhos são novos...”


§  "Planeje seu trabalho e, em seguida, trabalhe em seu plano."
§  "Se a vida fosse fácil, seria de mau gosto."
§  Baden Powell