sábado, 17 de dezembro de 2011

QUEM SABE FAZER A MASSA... SABE FAZER O PÃO!


Quem sabe fazer a massa... Sabe fazer o pão!

"Enquanto você viver neste mundo, tente fazer algo de bom que possa permanecer após sua morte."
"Não se contente com o que, mas consiga descobrir o porquê e como."
Baden Powell

Tenho relatado aqui neste blog em diversos artigos, sobre os destinos do Escotismo em nosso país. Nada de tão ruim não. Quem se contenta com poucos e mantém elevado o Espírito Escoteiro pode estar no caminho certo.


Eu não. Sempre acreditei que se pudéssemos abranger uma grande parcela da população, poderíamos ser melhores reconhecidos pelas autoridades nacionais de uma forma bem diferente que a atual. Também proporcionaríamos a um maior grupo de jovens, elevada formação educacional dentro dos parâmetros escoteiros.


Este sempre foi nosso objetivo. Sempre acreditei num escotismo simples, conforme BP criou, e suas raízes não podem ser abandonadas. Quando isto acontece, deixamos de ter um programa escoteiro dentro dos princípios propostos por Ele.
Escrevi diversas vezes sobre temas (publicados neste blog) que na minha modesta opinião, estão desvirtuando nossas finalidades. Quem sabe os propósitos de alguns e não de todos dirigentes que estiveram e estão na liderança do Escotismo Brasileiro. Talvez as circunstâncias do momento, a ação está sendo efetuada conforme acreditam e não como deviam ser realizadas. Tenho certeza que são dirigentes capazes e cônscios de suas responsabilidades.


Tomemos como exemplo, algumas dezenas de Grupos Escoteiros que mantém excelentes padrões de qualidade. Tem as sessões completas, são práticos na formação escoteira, mantém um corpo de escotistas dentro de suas necessidades, e motivam todos eles assim como os pais dos jovens. Suas Diretorias são ativas e claro, a fraternidade e o respeito ali são uma conseqüência natural.


Conheci um número razoável de grupos assim quando atuava ativamente em lideranças regionais. Quando jovem tive vários “Gurus” destes Grupos Escoteiros que me mostraram o caminho para o sucesso. Foram meus tutores por muitos anos. Coloquei em prática nos três últimos grupos escoteiros que colaborei durante 30 anos como dirigente. No último achei que fui razoavelmente bem.


Encontrei este Grupo com 4 jovens e sem nenhum escotista. Em oito anos éramos 180 membros, mais de 18 escotistas agindo, sem contar uma excelente Diretoria e um corpo de pais atuando em diversas áreas do Grupo. Deixo de comentar aqui as centenas de atividades, grandes acampamentos, menos de 10% de evasão anual, participações em programas regionais e distritais. Durante este período também atuei como Membro e Comissário da antiga Equipe Nacional de Adestramento.


Nas centenas de cursos que participei, ali vi e senti as dificuldades, os acertos, escotistas novos e antigos que amavam e se entregavam de corpo e alma ao movimento escoteiro. Isto sempre me deu motivação para continuar. Este Grupo Escoteiro motivou vários outros do distrito a seguirem suas pegadas e em pouco tempo de dois passamos a quatro grupos.
Tive que abandonar a ativa. Não vou entrar em detalhes, mas uma boa parte se deveu a divergências com dirigentes regionais. Achei que minha saída seria benéfica e toda a estrutura montada seria mantida. Acreditava que o distrito assim como a região, teriam condições satisfatórias para manter o alto grau alcançado durante todos aqueles anos que atuei na liderança.


Não foi isto que aconteceu. As trapalhadas regionais começaram e destruíram boa parte da estrutura. Se perguntados responderão que não foi bem assim, quem sabe terão até uma explicação plausível e admissível. Entretanto se de um distrito bem montado, com quatro grupos fortes, duas autorizações provisórias em andamento e hoje praticamente nada existe, de quem é a responsabilidade?


Este preâmbulo inicial é só para que possa mostrar como minhas raízes, experiência escoteira e que como “sabia fazer a massa e conseqüentemente o pão” tinha e tenho condições de aqui dar meus “pitacos” no destino do Escotismo Nacional. Como eu e como já disse, dezenas de outros escotistas que estão acertando, também têm este direito.


Assim como na Direção Nacional, também os lideres regionais são perenes e suas políticas não mudam, mantendo sempre o mesmo padrão e estilo, espécie de uma “casta” hierarquia que não admite as falhas e são determinantes nas suas ações. Blindados por um Regimento Interno e Estatutos defendidos por todos como democrático, afirmam que as diretorias foram eleitas em um sistema participativo onde todos tiveram suas opiniões respeitadas.


Não gosto de generalizar. Conheço um bom número que respeitam, procuram dar o melhor de si, mas estão sempre em conluio com os demais, agindo e pensando perseguir o caminho do sucesso. Com o passar dos anos, não avaliam porque o fracasso está sempre presente. Que fracasso? Não admitem erros. Afirmam que estiveram sempre à frente das anteriores e que suas gestões foram realizadas honestamente sem prejudicar a quem quer que seja. Admito isto. Em parte é claro.   


Com alguns bons lideres atuantes em seus grupos que conservo contato, preferem não se manifestarem. Acreditam ser melhor deixar que as lideranças façam o que lhes der na telha. Continuam a fazer o que sabem e muito bem, e com seus conhecimentos adquiridos através dos tempos (são bons nisso) mantém um alto padrão de qualidade no desenvolvimento dos Grupos Escoteiros que atuam. Outros colaboram com os órgãos nacionais, mas não se descuidam de suas origens e ali estão participando ativamente do dia a dia do seu Grupo de origem.


Agora vou chegar onde desde o inicio deveria ter chegado. Sempre vi e mesmo não estando junto a eles, sei que muitos dirigentes não possuem boas condições de atuar nas diversas fases que compõe nosso desdobramento evolutivo, principalmente nos órgãos diretivos. Não fizeram e não sabem fazer a “massa” e estão querendo assar o pão só com conhecimentos teóricos, aprendido em outra escola que não a escoteira.


Graças a Deus que restam bons dirigentes da melhor estirpe escoteira, que freiam na medida do possível a evolução de suas idéias e se assim não fosse seria o caos.
Conheci muitos lideres da antiga Equipe Nacional de Adestramento, que não tiveram notoriedade em sessões que atuaram, não sentiram a força de suas lideranças em verem rapazes se formando como homens fora de suas fileiras onde pudessem dizer que este é o verdadeiro caminho para o sucesso.



Muitos deles foram ótimos pais, excelentes companheiros, no entanto não foram bem nas suas lides, tais como manter e arregimentar adultos, condições técnicas no desenvolvimento da sessão ou do Grupo. O sonho da IM com a conseqüência notoriedade que esta traz no seio escoteiro, deixaram de lado suas tarefas básicas para se tornarem educadores de adultos escoteiros. Com isto pensaram em adquirir a popularidade do velho sonho de pertencer ao pequeno círculo de adestradores ou membros regionais. Esta seria a meta final.


Por favor! Não estou generalizando. Isto foi no passado e claro não sei está acontecendo no presente (será?). Não são todos, são pequenas porções perdidas neste maravilhoso mundo de “Mestres ou chefões” como são considerados os adestradores e portadores dos tais “tacos” que magnificamente BP trouxe-nos para nos dar um aspecto diferente de outras organizações que existem em todo o mundo.


Estou sentindo os sorrisos de alguns com tais comentários. Não acreditam no que estou dizendo. Isto é bom. Unaminidade é somente quando o dirigente máximo no Congresso Escoteiro diz: - Os que são a favor que permaneçam sentados, os contrários fiquem em pé! Interessante não? E quem discorda? E quem é contra? Afinal somos escoteiros e devemos confiar em nossos irmãos dirigentes que se sacrificam mais que todos para tentarem dar um rumo próprio ao Escotismo como um todo. Nossa lealdade e disciplina vão aquém de qualquer lógica.



Não é assim que aprovam tudo e se elege toda a diretoria durante os Congressos Escoteiros? Renovadas por muitos e muitos decênios? E quem elege e aprova? Conte hoje quantos são, quem são e volte no próximo ano. Mais de 80% serão os mesmos. E você? Que participa com amor, com trabalho local, acampando com seus jovens, tirando uma boa parte do seu tempo para uma dedicação quase que exclusiva?


Não, você não vota. Pode participar claro sem direito a voto. Quer votar? Entre na fila para se candidatar a delegado ou conselheiro. Se tiver boa lábia e boas amizades nos órgãos regionais pode até conseguir. Lembre-se, os que estão lá tem a preferência. Ficamos, portanto a mercê dos mais graduados regionalmente para que os destinos do Movimento Escoteiro possa seguir o seu curso natural. Com isto, recebemos em nossos grupos, ofícios, resoluções sem que tivéssemos a mínima informação antes de uma tomada de decisão.


60.000 em 2000, 59.000 em 2009. Ainda não sei 2010. Mas “caramba!! Qual é o objetivo? Crescer em qualidade ou em quantidade? Qualidade e quantidade seria a minha resposta, talvez não de outros. E respeito isto. Não vou entrar em detalhes de tudo que sinto que não segue seu rumo natural. Leiam meus artigos anteriores e verão o que digo.
Enquanto isto estes escotistas que não tiveram sucesso em suas sessões de origem vão galgando os diversos cargos e funções de lideranças. São os mais afoitos, considerados mais sociáveis e com níveis educacionais a altura. Isto é bom, sem contar uma dose extra de liderança. Mas sabem fazer a massa e fazer o pão? Não sei. Podem participar como dirigentes de cursos e darem seus “pitacos” com conhecimento? Tiveram experiência anterior?


Ora, receber uma apostila, dados previamente escritos, manuais, e fichas técnicas, parece à primeira vista muito fácil de digerir. E quem tem o dom da palavra mais fácil se torna ainda. Sem ter vivido transmite como se fosse um expert no tema. Vai atingir o objetivo? E quando chegar a hora do trabalho em grupo? Das perguntas? Respostas serão dadas. Mas ele sabe que não fez a massa e pretende fazer o pão. 


Quando fiz a minha primeira Insígnia, lá pelo final da década de 60, a parte III era reconhecida como conhecimentos gerais, respondíamos um questionário feito pela direção nacional que foi traduzida por boa parte do que se fazia no Escotismo Inglês. Meu caderno se perdeu nos escaninhos da vida. Por força de um alto dirigente o acharam dois anos depois. Um leitor que conheci mais tarde não quis aprovar-me. O Escoteiro Chefe da época discordou e aprovou.


O Leitor era um escotista que pouco participava. No grupo de origem era uma visita anual ilustre. Na liderança regional participava uma vez por ano e reverenciado. Acreditou que estava em seu caminho correto. Mais tarde ficamos amigos, mas sempre discordei de suas maneiras autocráticas sem saber fazer a massa e quiçá o pão.
Isto me faz lembrar um escotista do meu grupo Escoteiro de origem, lá pelos idos do fim da década de 40 e inicio da de 50, onde existia um protótipo de um chefe assim. Não vou citar o seu nome, mas em todas as solenidades lá estava ele, arrebatador em seu uniforme, magnífica apresentação e distintivos e medalhas que todos nós admirávamos de maneira muito especial.
Depois submergia para aparecer novamente em alguma solenidade especial. Conheci vários tipos assim. Soube depois que era um dirigente regional, e que dava “pitaco” nos destinos do escotismo. Fez história este escotista. Assim considero muitos que estão na ativa. Não são a maioria, ainda bem e graças a Deus, mas prejudicam em muito nosso crescimento.


Sou sincero em minhas opiniões. Não adianta me dizer da amizade, da fraternidade destes escotistas que se enfronham em cargos de diretoria, de equipes diversas, de comissões e não participam ativamente de seu Grupo Escoteiro. Entre eles a um grande júbilo quando há encontros regionais ou nacionais. Esquecem, no entanto aqueles mais humildes que estão ali para ver a nata do escotismo e ficam satisfeitos em serem cumprimentados ou acenados de maneira curta e no meu entender irônica.


Este artigo irá se juntar a tantos que não terão utilidade nos conhecimentos dos melindres do Escotismo Nacional. E quem se importa? Já disse antes. São tantos os caminhos e escolhas desde que me entendo por escotista (50 anos) que ainda acredito que um dia vai dar certo. Vamos ter uma gama enorme de escoteiros espalhados em nossa nação. Seremos reconhecidos com um movimento sério de complemento a educação e as autoridades irão dar o devido valor com o apóio maciço ao Movimento Escoteiro.


Não me venham dizer que não precisamos disto. Não precisamos da ingerência dos órgãos governamentais no destino do escotismo. Esta história conheço bem. O escotismo é apolítico. Deve ter sua própria independência dizem. Os resultados estão aí para quem quiser ver. Quem continuar pensando assim vai ver que nunca conseguiremos os meios necessários para crescer. Talvez em países de primeiro mundo isto seja possível, mas não aqui.
Podem não concordar comigo, mas se tivéssemos este apoio, se cada escola tivesse um Grupo Escoteiro com sede própria, apoio financeiro, se aos sábados eles tivessem a preferência, se conseguíssemos bons profissionais a serviço do escotismo em cada área, todos comissionados ou funcionários do governo local, estadual ou nacional, acho que já seria uma abertura para o nosso crescimento.
Se (este tal de “se” não ajuda não?) com isto pudéssemos através da escola arregimentar pais, aplicar cursos técnicos e teóricos sem sombra de dúvida teríamos os escotistas que precisamos. Isto tudo custa “dinheiro” e só com um grande plano de ação poderíamos atingir a meta proposta. Os prováveis problemas de liderança não formada dirigindo nosso movimento seria facilmente equilibrada com novas normas estatutárias ou regimentais.


Não adianta boa vontade, reuniões, comissões, resoluções, mudanças e alterações sem ter os meios financeiros para isto. E a curto e médio prazo, só o Governo poderia resolver de pronto nossas necessidades. Para os que não acreditam, continuem esperando os resultados nos próximos anos. Quem sabe se daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos poderão ver que se não houver mudanças drásticas nada será alcançado. Ainda bem que não estarei lá para ver.


E é bom não esquecer. Temos que ter uma democracia mais participativa nos destinos do escotismo nacional. Não podemos ficar a mercê de uns poucos. Isto em minha opinião não é coerente e nem lógico. Não se pode mudar um traje só porque uns poucos acharam assim. Não se pode mudar um programa só porque outra minoria resolveu. Não se pode mudar distintivos, emblemas, nomenclaturas, programas, tradições só porque uma comissão de poucos decidiu.




Aquele humilde escotista que trabalha todos os sábados com os jovens tem direito de ser consultado. Sua opinião tem que ter um peso maior do que aqueles que não colaboram com os jovens e ficam em comissões, direções ou mesmo numa Equipe de Formação só porque teoricamente julgaram-se possuídos de qualidades inigualáveis.


Impossível? Não. É plenamente possível. Basta estudar como. Em outros artigos comentei sobre isto. Acredito que não podemos ser igualados com movimentos distintos, tais como sindicatos, partidos políticos e tantos outros que prefiro não citar para não alongar mais. Tivemos uma identidade própria e do qual sempre me orgulhei e que em nome de valores que desconheço foi substituída por cópias exatas dos movimentos citados.
Pode ser que alguns poucos estão satisfeitos. Que o caminho alterado é o melhor para o Movimento Escoteiro. Fica aqui o dito pelo não dito. Não tenho a pretensão de ser perfeito. De ter as melhores idéias e resolver a meu modo os caminhos certos que o escotismo poderia tomar.


Que me desculpem os amigos leitores. Não é a primeira vez que me manifesto a respeito. Fiz isto pela primeira vez em 1968 quando apresentei um plano de ação durante um Conselho Nacional. Durante vários anos repeti o mesmo. Nunca fui ouvido. Não me deram razão. No final da década de 80 consegui reunir um grupo de notáveis para estudar o assunto. Foi um Deus no acuda! A região local quase explodiu quando soube. Tachou-nos de subversivos. Os mais próximos dela foram advertidos e penalizados se continuassem.


Nunca desisti. Fiquei alguns anos na berlinda. Estou de volta falando e escrevendo e tentando alcançar o impossível. BP nos mandou chutar o IM. Estou chutando a minha maneira. Sei que nada vai mudar. Pena. Não tenho muitos anos pela frente para ver os acertos, se é que eles virão.


Sempre fui um antagônico do que está ai. Aplaudo isto sim aqueles que estão acertando em seus Grupos Escoteiros e ainda bem que não são poucos. Graças a eles o Movimento Escoteiro ainda sobrevive. Quanto as nossas lideranças, não sei o que pensam para o futuro. Claro, dirão que também querem tudo isto que escrevo aqui e em outros artigos.
Tenho certeza que confiam em seu trabalho. Acreditam que vão conseguir alcançar o sucesso que esperam em suas metas e programas desenvolvidos. Pode ser que com a renovação sistêmica que está havendo e a chegada de novos, poderão ser aclamados por estes como os verdadeiros dirigentes que colocou o Escotismo como um grande Movimento da atualidade.


Que assim seja. Mostrei outros caminhos que não estes atuais. Que cada um possa tomar o seu lugar nos destinos e na historia do escotismo no Brasil. Nós os antigos estamos sendo substituídos por novos cheios de idéias e ideais que não podemos comungar. Enfim, ainda bem que a Lei, a Promessa Escoteira se mantém até hoje. Isto claro se não aparecer um “çabio” que queira modificar, acreditando que outras formas e programas terão melhores resultados.


Nada mais a dizer. E que a profecia se cumpra. Se ela claro existe sem ser melodramático. Que sejam felizes os contrários. Que os acertos possam dar aos dirigentes o agradecimento que merecem. Como dizia Kipling no seu livro A História da Jângal: - “As estrelas desmaiam, concluiu o Lobo Gris, de olhos erguidos para o céu, onde me aninharei amanhã? Porque Dora em diante os caminhos são novos...”


§  "Planeje seu trabalho e, em seguida, trabalhe em seu plano."
§  "Se a vida fosse fácil, seria de mau gosto."
§  Baden Powell