segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ELEIÇÕES - O Movimento Escoteiro é apolitico?


Acho que ao contrário de ficarmos reclamando devíamos arregaçar as mangas e cobrar dos políticos um lugar melhor
Acabo de descobrir o que todo mundo já sabia: há dois tipos de políticos no Brasil: O político de antes e o de depois das eleições. Votei num elegi o outro!

               O Movimento Escoteiro é apolítico?

Não é um tema dos mais interessantes. Mas como se aproxima as eleições, gostaria de expressar minha opinião, principalmente por ter vivido situações pitorescas em minha vida escoteira.

Nosso movimento tem por principio ser apolítico. Acha ele que devemos ficar a margem e não tomar nenhuma atitude em relação a A ou B dos candidatos ou mesmos dos partidos. A Escolha e decisão são individuais e cada um deve saber em quem votar. Até certo ponto concordo. Mas isto não acontece em muitos países que o escotismo cresceu e floresceu.

Temos como convicção, talvez a maioria de nós, que a palavra escoteiro, tem muitas traduções e algumas delas seriam a honestidade, o caráter, a benevolência, o respeito ao próximo, as leis, enfim tudo aquilo que se espera de uma pessoa respeitada na comunidade. Antônimo de muitos políticos que vemos hoje atuando. Claro, não são todos, têm muitos com excelentes qualidades, mas, não é fácil separar o joio do trigo.

Conheci em épocas passadas, diversos candidatos que se declararam escoteiros ou simpatizantes em época de eleições. Vi com surpresa, alguns sem muita ou pouca condição financeira, se endividando e tentando ao máximo conseguir vencer a eleição que se propunham. Nestes casos, ficava imaginando como ele colaboraria com nosso movimento sem demonstrar que a política para ele era de melhorar financeiramente e ter status pessoal. Houve casos que depois de eleito não demonstrou seu valor e o que se esperava dele ficou a desejar. A comunidade e os Grupos Escoteiros sentiram que não poderiam contar com ele e se decepcionaram.  

É interessante, quando candidatos estavam sempre nos procurando, mas depois era o contrario. Prometiam como todo político, mas sem resultados concretos.

Dificilmente vemos na comunidade, na imprensa, qualquer menção de candidatos dizendo admirar o movimento, mostrarem seu currículo escoteiro, do tempo que colaborou, da importância para ele da Lei e Promessa Escoteira, se orgulhar do que aprendeu no escotismo, trabalhando pelo nosso crescimento. (seu currículo só é mostrando quando em algumas reuniões formais o convidamos a falar sobre seu passado).

Mas é preciso considerar que temos alguns candidatos espalhados pelo nosso país que não são assim. São poucos e vocês que me lêem sabem disto. Se o conhecêssemos melhor, poderíamos fazer uma escolha sem erro. Fico pensando se isto é certo ou errado (ser apolítico). Não sei. Acho que talvez seja uma deficiência nossa.

Fazendo um pequeno retrospecto não se encontra em nosso país nenhuma organização, seja ela religiosa, empresarial, social entre outras que de uma maneira ou de outra não se envolvam na política, escolhendo seus candidatos e fazendo marketing deles, visando sempre se eleitos um futuro melhor seja financeiramente ou socialmente em proveito delas (as organizações) Isto não está errado.

No entanto o Movimento Escoteiro no Brasil não faz isto. Diz-se apolítico. Da maneira como estamos concordo plenamente. Não vejo até então alguém que tenha sido escoteiro e que após ter sido eleito, mostrou durante seu mandado que tem honra e honestidade (do ponto de vista da Lei e Promessa) confirmar sua plataforma, que seria trabalhar pelo escotismo, no seu engrandecimento e reconhecimento por parte de todas as autoridades como nós escoteiros esperamos.  Poderemos até ter quem sabe, mas até agora não vi e não fui informado se temos alguém.

Também não vejo como poderíamos escolher a nível local, regional ou nacional, onde todos nós adultos saberíamos que ele era de confiança, e junto aos nossos familiares e amigos, daríamos todo apoio, pois também sonhamos com um escotismo forte e desejamos quem nos apóie na política nacional. Seria muito difícil.

Basta dizer que a arregimentação de adultos na maioria dos Grupos Escoteiros é pequena e a participação quase nula. O que acontece hoje é diversamente contrário do que sonhamos, pois não temos força para reivindicações. Por outro lado sem conhecer profundamente o candidato poderíamos eleger alguém não condizente com os propósitos escoteiros. Isto seria uma decepção em nossos sonhos futuros. Eu mesmo fico constrangido quando alguém próximo tenta me mostrar o valor do candidato que escolheu. Tento ver seu currículo, não aquele de rotina, dizendo eu fiz isto e aquilo, mas gostaria de saber do seu passado onde pudesse pesquisar se realmente é uma pessoa com elevado Espírito Escoteiro.

Por isto tudo vejo que estamos numa encruzilhada, com caminhos diferentes a seguir sem saber que rumo tomar. Pela experiência de diversos países, vemos um governo ajudando e financiando o escotismo local. Seria o certo apesar de alguns dizerem que não. Acham que teríamos ingerência no nosso modo de ser, na nossa organização e políticos não ligados ao escotismo teriam voz e voto na condução de nossos destinos.

 Bem, eu não penso assim. Basta ver as dificuldades de muitos grupos que dependem dos políticos em suas cidades, onde perdem sua sede, tem dificuldades de relacionamentos com os responsáveis nas áreas de suas atividades e muitas vezes não tem a quem recorrer para que possam pelo menos conduzir o Grupo Escoteiro dentro dos padrões que todos nós esperamos.

Não sei se estou certo, mas fazendo algumas pesquisas, vejo países fortes em escotismo, não tão desenvolvidos como nós, e alguns com centenas de milhares em suas fileiras e outros que superam mais de um milhão de membros. Se eles alcançaram o sonho desejado e tem pelo menos 50% de jovens em idade escoteira participando, acho que estão no caminho certo. E tenho certeza que o escotismo lá está produzindo frutos, pois quanto mais escoteiros e quanto melhor o método aplicado, eles quando adultos não se esquecerão do seu orgulho em terem sido escoteiros e vão dar ao movimento aquilo que ele merece.  

Muitos de vocês irão discordar. Compreendo. É um tema difícil. Eu mesmo tenho dificuldade em escolher meus candidatos nesta época de eleição. Sempre oriento meus filhos, meus netos que é nosso dever participarmos das eleições, pois só assim poderíamos mudar o que achamos incorreto. Digo a eles que tentem ver pelo menos se tem um currículo satisfatório e pesquisem, pois o que está escrito é uma coisa e a realidade é outra. Muitos de nós votamos em alguém que no futuro nem lembramos quem foi e o que fez durante sua gestão.

Antes de encerrar, gostaria de comentar um filme que assisti a algum tempo, em preto e branco de 1939, onde um chefe escoteiro, estimado em sua cidade e no movimento escoteiro, (foi escoteiro toda sua juventude) e por um motivo ou outro foi “guindado” a Senador em seu país. Achou que encontraria algum em que pudesse acreditar e fazer dos seus sonhos realidade. Viu que não era nada disto. Se um dia encontrarem em alguma locadora aluguem. Vale a pena nestas épocas de eleições.
Mr. Smith goes to Washington –(em português a Mulher faz o homem) Direção de Frank Capra - 1939: EUA:  129 min: branco e –preto - Com James Stewart (Mr. Smith), - Jean Arthur (Clarissa), - Claude Rains (Senador Paine) e - Edward Arnold (Jim Taylor)
Sinopse - O escoteiro encontra as raposas

Somente escoteiros acreditariam na existência de políticos como o senador Smith. Ele é honesto, idealista e tem uma incrível disposição para lutar pelo que acha correto. Está certo que ele é um caipira ingênuo que caiu no ninho das velhas raposas de Washington, mas os filmes de Frank Capra são assim: falam sobre pessoas simples com valores simples.
Jefferson Smith é um inocente homem do interior que é levado a Washington por um grupo de políticos para se tornar senador dos Estados Unidos da América. Mr. Smith (James Stewart) foi designado para o senado americano após a morte do titular da cadeira. O governador que o indicou queria apenas um fantoche para terminar o mandato que não atrapalhasse os planos dos donos do poder local. Mr. Smith foi para Washington e ficou deslumbrado com todos aqueles símbolos patrióticos que ele só conhecia através dos livros escolares e de sua vida escoteira.

Os problemas começaram para ele quando resolveu apresentar um projeto no senado. Sua intenção era construir um acampamento para escoteiros em seu estado natal (espécie de campo escoteiro para ser usado por vários grupos em qualquer tempo). Até aí, nada de errado, mas infelizmente, seu projeto seria erguido em uma área que o poderoso magnata Jim Taylor (Edward Arnold) queria inundar com a construção de uma represa.

O senador Smith, que até então só divertia os jornalistas políticos com sua ingenuidade, passou a ser uma pedra no sapato do homem mais poderoso de seu estado. Só vendo o filme para saber como Mr. Smith enfrenta a confusão. Eles o querem transformar em uma marionete a serviço de seus interesses. Aos poucos, o homem vai percebendo o mar de lama em que se enfiou e que seria capaz de destruir tudo o que sempre acreditou em relação à bondade e ao caráter dos semelhantes.

Começamos pelo idealismo, depois vamos ficando mais e mais pragmáticos, até que no final nos tornamos só ambição e cobiça? Bem, talvez o idealismo não seja apenas uma febre juvenil. O que o mestre Frank Capra nos dá a entender é que o povo quer líderes entusiasmados que lutam pelos valores básicos que qualquer escoteiro conhece. Talvez esse filme pareça ingênuo a muita gente, mas é essa pureza que o mantém década após década na lista dos melhores filmes de todos os tempos.
Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade.