sábado, 10 de dezembro de 2011

POR QUE NÃO MUDAMOS NOSSA ATITUDE?





De novo o Chefe Elmer nos brinda com mais um artigo. Por que não mudamos nossa atitude? perfeito. atual. Tirem suas conclusões pois muitas verdades estão descritas aí.
Para quem não sabe, o Chefe Elmer é DCIM e colabora com abnegação ao seu grupo escoteiro e ao escotismo nacional.

Mas vamos a leitura. Felicidades a todos!
Chefe Osvaldo
  

Reflexões de um Velho Lobo

POR QUE NÃO MUDAMOS NOSSA ATITUDE?

Um desses fins de semana estava conversando no clube com alguns amigos e, entre eles, alguns não pertencentes ao Movimento Escoteiro. Como é de meu perfil, procurei introduzir com naturalidade o assunto, me empenhando em dar conhecimento o que é o Escotismo, àqueles que não o conheciam.

Como sempre, alguém perguntou se ainda existia Escoteiros, pois ele não os via há muito tempo. Coincidentemente, dois deles tinham sido Escoteiros quando jovens sendo que um foi sênior, deixando o Grupo na época da mudança de ramo para pioneiro. Elogiaram muito seus Grupos, os seus chefes e, principalmente o Método Escoteiro. Contaram várias aventuras vividas em seus acampamentos, principalmente aqueles que enfrentaram um forte temporal e que se não fosse o treinamento Escoteiro, teriam sofrido muito mais.  Demonstraram todo conhecimento técnico, todas as saudades de seus corações e as suas inúmeras lembranças, rotulando como a melhor época de suas vidas. Falou o quanto o Escotismo foi importante em suas formações moral, facilitando a vida militar de um e o curso de engenharia do outro, com as atividades de topografia. Colaboraram muito com o meu objetivo quase não dando espaço para as minhas explicações.

Magnífico, vocês dirão! Nada como ter testemunhas presentes à conversa!  Estava indo tudo muito bem até que voltou a pergunta: Onde estão os Escoteiros?
Tentei as explicações usuais, porem verdadeiras, que hoje não se empurrava mais a carrocinha de Patrulha com todo material de campo dentro, da sede até o local do acampamento. Estes locais ficaram muitos distantes e no trajeto, provavelmente, seríamos assaltados umas três vezes... Agora, vamos de ônibus alugado... Citamos a falta de comprometimento do cidadão, o entendimento errôneo do que é ser voluntário e o corre-corre que a vida moderna nos impõe. Falamos do desemprego que acomete muitos adultos, da jornada dupla e da necessidade do casal trabalhar procurando atender as necessidades da família. Terminamos nossa explicação, (que na realidade eu sentia mais como uma somatória de desculpas), falando da quantidade de crianças e jovens que desejam ser Escoteiros porem há uma grande falta de adultos.

Então, surgiu uma avalanche de perguntas, que me senti como se estivesse no meio de uma tempestade: E os ex Escoteiros, que tanto elogiam e se orgulham de ter pertencido ao Movimento, onde estão?  Porque não voltam a participar? Não deveria ser uma “bola de neve”, suprindo as necessidades a ponto de não existir a falta de adultos?                                

Algo está errado com o Escotismo!  Vocês já pensaram nisso?

Estas perguntas me deixaram constrangido e reconheci que, na verdade, nunca procuramos fazer um estudo profundo a respeito de um fato tão importante e comprovadamente, um dos fatores que contribuem para a evasão.
Por que muitos dos ex Escoteiros fogem do Grupo como procurassem se esconder?
Por que aqueles mais saudosos (ou corajosos), apenas nos visitam e não voltam mais, justificando com a famosa desculpa da falta de tempo, mesmo freqüentando outras rodas de amigos e ocupando suas horas vagas com outras atividades? Claro que, para estes, são puras desculpas!

Desde então passei a analisar estas situações procurando respostas mais adequadas ao fato. Claro que tudo o que foi posto como justificativas ao meu grupo de amigos são a expressão da verdade, porem sabemos que vários ex Escoteiros teriam condições de colaborar com o Movimento e não o fazem... Por quê?
Dentro das várias realidades obtidas através de conversas aleatórias com alguns ex Escoteiros mais íntimos e com coragem de expor a verdade, cheguei a uma conclusão, não oficial e nem tão pouco como resultado tabulado de uma pesquisa formal.

É só chegar à sede para fazer uma visita e já cercamos o nosso ex Escoteiro pressionando para retornar e, se tiver idade, ser chefe ou assistente e até assumir uma seção... Esta é a pura realidade!  Pensem com honestidade e chegarão à mesma resposta. Temos esse hábito e o aplicamos como um ato reflexo, sem sentir que estamos pressionando. Bem intencionados? Claro que sim, porem precitados.  E continuamos a pressioná-lo até ele sumir do Grupo, sem perceber que nós mesmos o afastamos.

Porque não, apenas recebê-lo de braços abertos, demonstrando a alegria de vê-lo de novo. Fazê-lo sentir que está em casa e que a frase “Uma vez Escoteiro, sempre Escoteiro” é verdadeira e o reflexo do nosso comportamento.

Alguns não entenderam ainda que o Movimento Escoteiro tem como objetivo maior formar bons cidadãos, conscientes e responsáveis, e não formar Chefes Escoteiros!
Excepcionalmente, estes jovens continuam no Escotismo sem hiatos e quando se afastam para cuidarem da própria vida, às vezes retornam. Muitos já com seus filhos na idade de lobinho.  Mas, se fosse regra geral, também não teríamos falta de adultos. Supririam a falta de Escotistas para um crescimento sustentável.

Então, qual a missão ou tarefa estaria destinada aqueles que não se encaixam no exemplo acima, pois são esses que, na maioria, gostaram de ter sido Escoteiros, mas não podem, não tem perfil para liderar jovens ou, simplesmente, no momento, não desejem retornar à ativa?

Para colaborar com o Movimento Escoteiro não é preciso fazer parte de uma seção. Não precisa vir ao Grupo todas as reuniões, participar dos acampamentos e nem montar programas durante a semana. Ser Escoteiro é ter o privilégio de pertencer à grande família mundial, tendo o direito de vivenciar a Lei e Promessa Escoteira! Claro, qualquer um pode cumpri-las, mesmo sem ser Escoteiro, mas ser Escoteiro é uma honra e uma qualificação que não é para qualquer um.

Esse ex Escoteiro poderia auxiliar de várias formas, se não estivesse “escondido” do Grupo com receio de ser agarrado e até forçado a mentir para não se obrigar a uma função que não está disposto a assumir.

Se ele tem um sítio, poderia ceder para acampamentos, se tem uma loja de materiais, poderia vender a preço de custo, se trabalha em uma tipografia, poderia conseguir os impressos mais baratos, se tem um ônibus escolar, uma caminhonete, poderia alugar com preço diferenciado para o transporte de uma seção e assim por diante...

Existem inúmeras formas de auxiliar o Grupo sem o compromisso de chefiar. Basta ele ter certeza que as portas estão abertas, porem não está sendo puxado para dentro e forçado a entrar. Deixar a cargo dele a decisão de sua própria vida é o mínimo que podemos oferecer. Voltará à ativa espontaneamente, se assim o desejar. No máximo, para homenageá-lo, poderá ser oferecido seu registro na UEB através do seu Grupo Escoteiro.

Pode acreditar que, desta forma, ele aceitará com muito orgulho, voltar a pertencer ao Movimento Escoteiro, e passará a colaborar da forma que mais lhe convier.

Elmer S. Pessoa – DCIM - junho 2011.
55º Morvan – Santos/SP
46º Almirante Tamandaré – São Paulo/SP

 REFLEXÕES DE UM VELHO LOBO
Para elucidar dúvidas: - O comentário "Reflexões de um Velho Lobo", nada tem a ver com o saudoso chefe Benjamim Sodré - o "Velho Lobo" e não tem pretensão alguma de comparação, guardando respeitosamente, as devidas proporções.
O termo é usado pelo fato de, quem tem mais de 50 anos de Movimento Escoteiro, é um "Velho Lobo" reconhecido pela UEB. e que, c este tempo de escotismo, adquiri-se alguma experiência... 
Apenas isso, ok?