terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O CUSTO SERÁ O MOTIVO DA EVASÃO?



O Chefe Elmer, nos brinda com mais um artigo, A Evasão no Movimento Escoteiro, mostrando nossa realidade e como cada um pode e deve fazer sua parte. Enquanto eu comento de forma impetuosa como diz um leitor, atirando como se fosse uma metralhadora giratória para todos os lados, o Chefe Elmer, com argúcia e sagacidade, raciocina de maneira equilibrada mostrando que nós temos sim uma alta taxa de evasão e como podemos saná-la.
Mas não vamos tomar muito seu tempo. Leia o artigo. Foi escrito em 2008. Considero perfeitamente atual.  

Elmer S. Pessoa

3 - REFLEXÕES DE UM VELHO LOBO

O CUSTO SERÁ O MOTIVO DA EVASÃO?

Aqueles que já tiveram a oportunidade de participar das Assembléias Regionais de São Paulo puderam assistir uma lamentável discussão, que se repete ano após ano.  Repetidamente se discute a proposta de um acréscimo de R$ 1,00 na contribuição regional!
O plenário sempre está divido. Alguns acham um absurdo aumentar a contribuição, alegando que se assim o fizessem, produziriam uma evasão ainda maior, fato que inegavelmente tem acontecido há alguns anos.
A evasão é uma preocupação constante que sempre existiu em nossas fileiras e até a alguns anos, podia-se dizer, que estava sob controle. Embora ela existisse, o número de admissões era ligeiramente superior, tendo como resultado prático, quase um empate. O que também sempre lamentamos, pois não conseguíamos reter a maioria.
Agora, a evasão tornou-se de fato crescente, aumentando de ano para ano.
Isso tem acontecido em quase todo o país, o que não nos serve de consolo, pois se fosse somente em São Paulo, seria um fato pontual e mais fácil de reverter. Aqui, pelo menos, pode-se dizer que é quase um empate... 
Outros advogavam que o aumento seria insignificante para o associado e que a referida complementação de receita, embora pequena, faria frente à inflação do ano.
Apartes de ambos os lados. Argumentos procuram justificar as posições assumidas e após algum tempo, foi levada à votação.  Na realidade, e falando sinceramente, uma perda de tempo!
Realmente, a inflação e as despesas inerentes da administração, são reais!
Quem conhece, sabe que a receita é insuficiente, gerando com freqüência, déficits seguidos e que, para evitá-los, tem que ser muito bem administrada. Isso, sem contar a manutenção e a premente necessidade de melhorar as instalações, adquirir novos equipamentos, gerar materiais didáticos de formação e apoio às atividades e eventos.
Na realidade, o aumento de R$ 1,00 seriam insignificantes para ambos os lados!
Mas, não estaríamos discutindo o tema errado?
Evasão não é problema financeiro! A discussão está errada!
Este não é o problema! Não podemos tapar o sol com a peneira!
Evasão é Programa!
Não seria muito mais útil se estivéssemos discutindo a evasão propriamente dita?
Formar grupos de trabalho para elaborar programas, grandes jogos, atividades desafios, aventuras, jornadas, reuniões normais e especiais e tudo mais que pudesse atrair e reter o jovem no Grupo? O Escotismo concorre com o cinema, videos-games, internet, praia, esportes e todos os modismos atuais, em que os jovens estão envolvidos na turma da escola.
Se fosse contida a evasão e como conseqüência, motivássemos o crescimento, ambos os problemas, crescimento e financeiro, não iriam se extinguindo paulatinamente?
Alguns estão direcionando o resultante do problema para a causa errada!
Então vejamos: Se tivéssemos um Grupo que não cobrasse taxa de matrícula, mensalidades, atividades externas e até uniforme e, aplicássemos um Programa ruim nas reuniões de seção, teríamos evasão da mesma forma!
Vamos colocar de outra forma: Se os nossos Programas fossem ótimos, progressivos, atraentes e variados, ou então, desafiantes, úteis, recompensantes e atraentes (DURA), mesmo com a matrícula cara, as mensalidades altas e as atividades a um preço elevado, teríamos inúmeros Grupos de “ricos” e o Movimento Escoteiro seria rotulado como elitista, com participação proibitiva para a grande maioria das famílias. Mesmo assim, teríamos um grande número de crianças e jovens, pois o Programa então, sendo atrativo resultaria em crescimento.
Então, não vamos jogar a culpa na taxa regional. Vamos melhorar o programa!
A melhor parte de uma Assembléia é a confraternização, as conversas com nossos pares, perguntando o que estão fazendo, o que estão achando, o que está acontecendo em seus Grupos, de que eles se queixam, quais as suas sugestões...
E, ouvimos as mesmas lamentações: “-Está muito difícil aplicar o novo Programa de Jovens!”.
“-Temos que fazer alguma coisa, senão vai acabar!” ou então: “-Vamos voltar ao Programa Escoteiro!” e outras sugestões similares...
Na realidade, o Programa de Jovens ainda não foi totalmente entendido!
Aí, muitos deles retrucaram: “_Para entender, precisa ser universitário, o que não é a nossa realidade. Infelizmente, nem todos tem cultura para entender este Programa!”.
Já faz anos e o Movimento está diminuindo consideravelmente, em um gráfico descendente, difícil de reverter. ““! É só festinhas, festinhas, festinhas...”, “-Se estão retornando alguns itens em substituição aos que não deram certo, o Diretor Técnico (Chefe de Grupo), os Distritos (Pólos), os Distintivos de Especialidades (um p/ cada Especialidade) e outras tantas coisas mais”... Por que não voltar ao Programa Escoteiro?
Os torneios de campo, de cozinha, de portais, o percurso de Gilwell, o pão de caçador, a semáfora, o ferver água no saco de papel, a tela panorâmica, a jornada de 1ª Classe, escaladas, orientação e mapas, pegadas de gesso, as boas ações, fogueira com dois palitos etc.etc.etc.?
Mas, companheiros! Isso nunca saiu do Programa! Seja ele Programa Escoteiro ou de Jovens!
Quem não reconhece que é muito mais atrativo desenvolver a coordenação motora da criança através da aplicação de nós e amarras, do que através de um caderno de caligrafia?
Vamos manter um entrelaçamento de Programas, se assim é mais fácil de entender...
Pegamos o peixe com a isca que ele gosta! Dê ao jovem aventura e ele logo responderá!
O objetivo final é claro e fácil de entender:
O homem e a mulher que pretendemos oferecer à sociedade... Lembram-se?
Os objetivos intermediários, aqueles referentes às idades e que temos nos ramos, vão procurando atender através de ambos os Programas, lembrando sempre que um não elimina o outro! Caprichem nas atividades internas, externas, fixas e variáveis que o sucesso virá!
Estimulem as habilidades escoteiras, em especialidades ou técnicas. São recursos importantes!
Façam com que eles consigam assumir seu próprio desenvolvimento...
E, no final mesmo, finalzinho de tudo, procure fazer com que a Lei e a Promessa Escoteira sejam as opções de vida e o padrão de comportamento dos nossos jovens até o final de suas vidas!
Seja lá por intermédio de qual Programa ou a somatória de ambos.
O importante mesmo é caprichar! Oferecer bons programas.
Não deixem apenas para a negociação, pois às vezes eles não escolhem o melhor porque ainda não o conhece.
Procure fazer o Escotismo como BP ensinou que voltaremos a crescer e formar caráter, pois nossos jovens permanecerão no Grupo e então, teremos o tempo necessário para trabalhar os Valores em seus corações!
Ah! Mas não tem os distintivos como antigamente...
Até poderia te-los e chamá-los de “Técnicas Escoteiras” de Noviço, 2a. Classe e 1a. Classe!   
Mas, só isso resolveria? Você aplicaria os dois Programas ou eliminaria um deles?
Fazer entender não é negligenciar... Faça a sua parte que o jovem fará a dele!

Elmer S. Pessoa – DCIM -2008
55º Morvan - Santos/SP

Para elucidar dúvidas:
O comentário "Reflexões de um Velho Lobo", nada tem a ver com o saudoso chefe Benjamim Sodré - o "Velho Lobo" e não tem pretensão alguma de comparação, guardando respeitosamente, as devidas proporções.
O termo é usado pelo fato de, quem tem mais de 50 anos de Movimento Escoteiro, é um "Velho Lobo" reconhecido pela UEB. e que, c este tempo de escotismo, adquiri-se alguma experiência... 
Apenas isso, ok?