segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A COEDUCAÇÃO


Passei para a tropa sênior, fiquei de luto por ter deixado a tropa escoteira, pois tava rolando romance nas patrulhas mistas

Comentário de um escoteiro Sênior


A Co-educação


Já tive a oportunidade de comentar sobre a co-educação no movimento escoteiro. Nos meus Fascículos, um deles comenta o assunto, analisado pelo personagem do “Velho”, e suas experiências.
Dizia ele que nós somos os campeões em modificações e experiências. Diversos dirigentes através dos tempos idealizaram e colocaram em praticas situações diversas na intenção de dar um salto em nosso crescimento quantitativo e qualitativo. Fizeram diversas modificações, muitas delas já descritas não só por mim, mas por diversos outros escotistas e que deixo de comentar.
Estes dirigentes, (a maioria deles hoje não atuando mais na direção), pensando em ajudar, criaram situações que hoje tenho lá minhas duvidas. Neste caso refiro-me a co-educação. (sem falar em diversas outras já comentadas neste blog)
Lá pela década de 80, (acho que foi entre 1981 e 1982) fui convidado para integrar uma comissão, cujo objetivo foi de tentar uma maior aproximação com o movimento bandeirante e quem sabe formar um só movimento com uma unificação a ser feita no futuro. A procura das jovens principalmente irmãs dos escoteiros e lobinhos para participar nos grupos escoteiros e muitos pais reclamando de levar filhos a duas organizações diferentes fez com que a UEB pensasse na idéia da formação do movimento feminino. (acho que também visavam o aumento do efetivo) Antes de tornar realidade os dirigentes nacionais achavam que devia haver uma consulta ao movimento bandeirante, o que era o certo.

Eu conhecia pouco as bandeirantes. Minha esposa colaborava com uma Companhia (na época sinônimo de Grupo Escoteiro) Bandeirante, e pude conhecer sua literatura o sistema de desenvolvimento individual, suas filosofia alem de diversos outros aspectos interessantes. Deduzi pelas poucas dirigentes que conheci na época, que não seria fácil uma aproximação.

Mesmo assim, participei durante seis meses em diversas reuniões (quase todas elas no escritório regional das bandeirantes) e nada frutífero aconteceu. Pela minha análise, as dirigentes achavam que uma maior aproximação daria o mando a UEB e elas perderiam sua característica, seu passado, suas tradições e não aceitavam isto. Não sei, mas acho que elas estavam certas.
A UEB de posse do nosso relatório formalizou então a criação do movimento feminino (idéia que já estava madura e não sabíamos).
Claro, foram tomadas todas as precauções necessárias. De início poucos grupos tiveram autorização. Havia normas a serem cumpridas e inclusive relatórios eram enviados a UEB mensalmente. Achei válido, pois assim poderíamos ter um melhor conhecimento do assunto, mas, para espanto meu, com menos de seis meses, diversas outras autorizações foram dadas a grupos de diversos estados brasileiros. Já era um fato consumado.
Os dirigentes da época pensavam diferente. Em menos de um ano consideraram a experiência com êxito e assim as autorizações se multiplicaram. Pelo menos as exigências foram mantidas e com isto a formação de alcatéias e tropas poderia ter um melhor acompanhamento.
Eu mesmo colaborava em um grupo na época, e não foi fácil ter autorização para as lobinhas e escoteiras.
A principal dizia que todas as sessões teriam direção feminina e separada das tropas masculinas. Os uniformes foram padronizados. Moças e senhoras foram autorizadas a participar de diversos cursos escoteiros na época. Eu mesmo tive a honra de dirigir muitos que mostrou uma equipe feminina disposta e querendo aprender para poder dar as jovens o que o escotismo se propõe.
Claro, se o grupo não tivesse condições de arregimentar uma chefia feminina ele (o grupo escoteiro) não poderia de maneira nenhuma ter o movimento feminino nas suas fileiras.
Foi nesta época que vi e acreditei no movimento feminino. Tive a honra de a convite, acampar varias vezes com as tropas femininas sentindo a pujança do sistema de patrulhas, nada a dever as tropas masculinas.
Algumas fotos do meu álbum mostram lobinhas, escoteiras e guias, atuando e muito bem em tudo aquilo que esperávamos dos rapazes.
O tempo foi passando e eis que autorizaram as alcatéias unificarem. Achei estranho, mas quem era eu para discordar? – No grupo que colaborava, havia uma alcatéia feminina com 19 jovens, e uma grande lista de espera. Assim também na Tropa feminina. Minha esposa colaborava também na tropa e todas tinham pelo menos mais duas assistentes femininas a ajudarem.
Eis que os “çabios” (como diz o Elio Gaspari da Folha de São Paulo) foram autorizando pelo país os movimentos mistos. Foi à conta. Muitos por não terem chefias adequadas, (faltava o elemento adulto feminino) acharam melhor manter moças e rapazes juntos na mesma patrulha. Isto facilitava, pois pelos menos chefes masculinos já estavam participando.
Olhe, eu e você que conhecemos bem o sistema de patrulhas, sabemos que cada menino ou menina, se tivessem atividades diferentes e no fundo conhecesse uma boa tropa como exemplo não aceitaria ficar como agora. O sistema de Patrulhas não funciona. Posso provar isto, claro se realmente for o sistema de patrulhas que conheço.
 Aquela do sou um herói, subo em árvores, pulo nos penhasco, faço travessias e grandes pioneirias nos topos das árvores, faço caminhadas noturnas só com a patrulha, à noite na barraca, contamos piadas, rindo do que aconteceu no dia, enfim uma dezena de atividades esperadas por eles e que se bem ponderadas não seria condizente para uma tropa mista. Em acampamentos onde cada patrulha tem seu próprio campo, suas barracas, fora do campo da chefia como manter um programa desenvolvido para atender a ambos - como seria?
Discorda? Pode ser que sim. Mas eu ainda faço a seguinte pergunta - Como fica a escolha dos monitores, votação? O chefe determina? Democracia diz muito para o desenvolvimento da patrulha. Os meninos aceitariam facilmente a direção de uma jovem?

Se assim acha a UEB que vai dar certo, continuo a pensar diferente. Acredito que ela nem sabe o que acontece em grande parte dos grupos no país. Claro que este não é o Escotismo que BP idealizou e pôs em pratica em Bronsea. Aos amigos que estão lendo sei de muitos grupos fazendo um bom escotismo e uma boa co-educação.
Se vocês que me lêem tivessem a oportunidade de ter uma boa seção feminina, como escotistas femininas atuando dentro dos princípios e métodos, veriam que a preocupação da formação do caráter dentre outros que o escotismo oferece, teria outra conotação. Eu vi e senti após muitos anos, as jovens crescerem e hoje adultas, tem uma formação escoteira que dignifica o nosso movimento.
Não quero aqui criticar que as sessões mistas não podem trazer resultados. Pode até ser que sim, mas quem já viu os dois lados, talvez possa analisar melhor o que foi e o que é hoje a cooeducação.   
Finalizando, fico pensando porque nosso efetivo não cresceu com a entrada das jovens. Nosso numero se manteve com poucas alterações. Teria algum dado errado no que se pretendia? Nossos registros hoje mostram pouca diferença com o passado quando da organização do movimento feminino. Alguém poderia explicar?
Nota – Após a UEB ter criado o movimento feminino às bandeirantes também criaram seu movimento masculino.

Não há nada mais perigoso do que acreditar que se detém a fórmula que vai continuar sempre conduzindo ao sucesso