segunda-feira, 27 de abril de 2015

A volta dos que não foram.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A volta dos que não foram.

                     Não devemos colher frutos com os erros alheios. Nada disto. Somos Escoteiros e para isto devemos ser os primeiros a dar as mãos e ajudar no que for necessário. Verdade? Mas será que nossos lideres querem ajuda? Pois eles bem que poderiam descer de suas poses de perfeição que fizeram no escotismo Brasileiro. Não eram eles que se julgavam portadores de altos conhecimentos, doutores em leis, ameaçando quem resolvia fazer outro escotismo, se intitulavam doutores na pedagogia e apologia de um escotismo que só eles acreditavam? Sim venderam a muitos a ilusão de que estavam certos. Que nosso crescimento era perfeito. Isto não foi difícil. Desprezar os antigos e tentar conquistar os novos.  Seria este o plano?

                      Os novos sempre tem a dita de trabalhar em função dos jovens. Os de cima deveriam saber o que estavam fazendo. Os antigos só atrapalhavam com suas ideias ultrapassadas do passado. Alardeava-se aos quatro cantos que o escotismo crescia, que com as alterações e nomes pomposos iriamos chegar fácil aos cem mil Escoteiros. Balela. Em um só ano veio à notícia: Em 2014 foram registrados 77.000 associados. Seria isto verdade? Está lá no Relatório Anual de 2014 apresentados aos conselheiros. Ouve grita? Ouve discussões? Se ouve não fiquei sabendo. Ao ver o relatório fiquei pasmado. Além da queda o relatório não dizia nada e nem explicava este número de 77.000 associados. Ai pensei comigo, se em 2013 um ano antes registramos 83.000 por que esta queda tão abruta? Claro deve ter motivos. Mas nossos lideres se preocuparam em informar, em falar a verdade, em transparência com um fato tão importante? Não, nada disto, no relatório eles gritam que crescemos 10% (dez por cento). Que crescimento é este que não entendi? Se alguém sabe me explique como se eu tivesse seis anos!

                      Nos relatórios passados era fácil saber quantos se registravam nos últimos anos, havia um mapa comparativo. A gente via quem cresceu quem ficou estagnado e quem perdeu Escoteiros. Neste não. Tudo foi suprimido. Fizeram todos os anos mudanças enormes. Mudanças defendidas por todos os participantes do poder. Cheguei a ficar cansado de ouvir que a nova metodologia, o novo programa, e a vestimenta seria a redenção do escotismo. Quem foi o inteligente que criou dezoito tipos para a vestimenta? E as explicações? Um Velho Lobo vivia me dizendo: - Osvaldo, uma pesquisa mostrou que os jovens não gostavam do caqui, queriam algum mais moderno, mais apresentável. Você vai ver que a partir da implantação dele teremos uma enorme procura nos Grupos Escoteiros. Este meu amigo é um pandego. Sempre a me dizer que devemos confiar, devemos apoiar, pois o futuro seria promissor. Insistia que as novas eleições para o CAN seria a redenção das mudanças. Mudanças? Valha-me Deus.

                     Na primeira reunião extraordinária do CAN, os novos foram solicitados a abandonar a sala, pois haveria a ultima reunião dos antigos. Educado isto! E que tipo de assunto seria discutido para ser tão confidencial? Outro amigo me afirma que a UEB nunca teve e nem pretende ter uma politica de relação amistosa com seus associados. Bem isto eu não sei e nem posso afirmar, mas os relatos dos que estão saindo é de arrepiar. Se vocês tiverem a calma de ver o relatório de 1993, verão que naquela época registramos 74.000 associados. E olhe que a população brasileira tinha aproximadamente cento e quarenta e seis mil habitantes. Hoje com mais de duzentos milhões voltamos para 77.000 associados. Tente entender isto. Eu não entendi. Sei que muitos estão saindo do escotismo. Seis mil em um ano é demais. E quem se preocupa? A UEB por acaso já fez ou pensou em fazer uma grande pesquisa nacional para saber o motivo? Alguém sabe sobre algum sobre isto?

                    Meus artigos são contundentes sobre a evasão. Sempre comento que a evasão é nossa praga, é nosso martírio e se me disserem que ela é mínima vou sair por aí com um violão debaixo do braço e cantar a canção da Despedida. Esta queda é a maior que já houve em nosso movimento nos últimos vinte anos. E quem explica? Onde está no relatório? Os motivos são ou não conhecidos? A UEB não se manifesta e nunca se manifestou sobre o papel desastroso que nos últimos anos vem infligindo ao escotismo nacional. Claro que sempre enaltecem seus feitos, as fotos, os artigos e o que se faz de errado na instituição nunca é mostrado. Um retrato do Brasil politico. Não reconhecem erros. Nem pedem desculpas aos associados. Esqueceram-se dos ensinamentos do fundador. Esqueceram que o escotismo foi feito para meninos pobres, esqueceram que eles sim eram responsáveis pela sua formação com a colaboração de um voluntário. A velha máxima de BP que precisávamos manter o menino pelo menos por dez anos nunca foi lembrada e sabemos que isto não acontece e nunca aconteceu.

                      O relatório é bonito de se ver. Por fora os politicamente corretos sempre culpam o Chefe por não ter aplicado um bom programa. Bom programa? Já revisaram por acaso o curriculum dos cursos? Já notaram que eles se tornaram a fazer do Chefe um conhecedor de temas que nada tem a ver com o que os jovens pensam e sonham quando entram para o escotismo? Será que não se esqueceram de temas importantes tais como: Programando o programa, Sistema de Patrulhas, Corte de Honra, Deveres para com Deus, Acampamentos de Giwell, jogos, técnicas mateiras e de campo? Isto não é essencial? Está nos livros meu caro Chefe. Essencial é saber como manusear o SIGUE, a compreender e responder as questões solicitadas e agora assinar (dizem que é em cartório) a aceitação de normas criadas que muitos adultos não querem aceitar. Um dos motivos da grande evasão deste ano.

                    As mudanças aconteceram. Em profusões. Foram anos e anos de uma experiência que a meu ver as considero falidas. Isto produziu uma nova mentalidade nos adultos que acreditaram no caminho errôneo que a UEB seguia. Resolveram fazer suas associações. A UEB tomou mil atitudes antipáticas e até hoje corteja ou patrulha grupos de outras associações. Os processos continuam. Os associados da UEB estão pagando por algo que não foram consultados. O mote do vá a Assembleia não tem mais credibilidade Todos sabem que ali já está programado o que irá acontecer. Os estatutos que muitos achavam seriam modificados nesta Assembleia foram postergados para o futuro. A Transparência que nunca existiu persiste. A falta de verdade com os associados continua. Sempre os mais achegados a UEB é que a defendem. Mas meu amigo e minha amiga, quase 6.000 associados abandonaram o escotismo em um ano. Uma evasão que nunca pensei em ver. Você sabe o porquê?


                      Como diz um escotista que é um estudioso do escotismo nacional e internacional: Precisamos repensar a estrutura Escoteira, quem sabe uma volta ao passado iria ajudar. Precisamos urgente de um choque de gestão. E isto seria interessante a começar pela ENIC não sem antes passar pela DEN. Querem dirigir a associação? Querem fazer parte de equipes nacionais? Pois assumam responsabilidades, para o bem e para o mal. O que não pode acontecer é ficar durante um ano inteiro fazendo patacoadas e pensando que isso não cobraria fatura. Não pode acontecer de deitar e rolar administrativamente para, depois, descarregar a culpa no chefe, como já li por aí que estão fazendo. O escotismo brasileiro está ruim. O atual sistema já não funciona. As mesmas pessoas que se revezam já provaram que não têm vocação para dirigir uma associação. É evidente que precisamos dar um giro de 180 graus.

sábado, 25 de abril de 2015

O dia do Escoteiro já passou!



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O dia do Escoteiro já passou!

- “Aleluia”! O dia do Escoteiro foi celebrado com louvor e agora só o ano que vem. 23 de abril? Dia de São Jorge? Isto mesmo. Dia que muitos lembram que são Escoteiros. Alguns exaltam nosso nome, outros exaltam nosso amor e outros dizem que é hora de mostrar quem somos. – Um grito de guerra ressoa no ar: - Ponham o lenço! Onde forem usem-nos! Assim vão nos reconhecer! – Será mesmo? Sei não, mas que me desculpem os irmãos Escoteiros acho tudo isto um engano. Engano? Porque Chefe Osvaldo! (ainda bem que me chamo de Chefe Osvaldo, alguns seniores e pioneiros me chamam de Osvaldo! Risos). Vejamos o por que: - Não seria hora de fazer um enorme mutirão de norte a sul sobre o nosso dia? Quem sabe uma passeata? Bandeiras, cartazes a lembrar ao povo que existimos. O que? Daria má impressão? Não sei, mas pelo menos faríamos um enorme marketing do escotismo. Coisa que nossos lideres poucos fazem e deviam fazer. Eles fazem sim de fora para dentro.

Nesta data quantas vezes somos exaltados na impressa falada escrita e televisada? Porque não aparecemos no Radio na TV e nos jornais? Não era hora da UEB e Regiões se mexerem e nos colocar na crista da onda? Não temos ninguém preparado ou alguém de prestígio: Ou é melhor deixar o Bial com suas maneirices ou o Jô com suas cafonices a dizer o que somos? Mas para isto precisamos de bons profissionais e se possivel bons comunicadores. Temos? Quantos se arriscam a fazer belas palestras como fazem hoje grandes outros conferencistas de temas importantes que vão da educação ao basquete? Dia 23 de abril, dia do Escoteiro. Passei quantos vinte e três de abril em minha vida? Vamos contar: - Março de 1947 a abril de 2015. Poxa! Tudo isto? Quando menino eu e meus amigos lobos ou Escoteiros íamos à escola de uniforme. Bem recebidos pelos professores. Muitos eram convidados para dizer o que nós fazíamos. Afinal era o nosso dia. Tivemos meninos escoteiros que iam lá à frente e contavam “coisas” gostosas que os Escoteiros faziam. Todos se divertiam com estas apresentações típicas de Fogo de Conselho. Quantos professores hoje fazem isto e quantos jovens se arriscam a vestir um uniforme ou vestimenta e comparecer devidamente uniformizados em seus meios educacionais?

Bem esqueçam seu orgulho profissional. Serão poucos os que foram para o escritório, fábrica, Congresso Nacional ou palácio da Dilma devidamente uniformizado. Ou trajados. Ou vestimentados. Ueba! Só o lenço não vale! Mas não foi nosso dia? Quantos programaram uma apresentação nos colégios, universidades, igrejas ou outras associações de jovens fazendo proselitismo do movimento Escoteiro? Não sei. Afinal lutamos com garra e nosso tempo é mínimo. É possivel que alguns chefes mais afoitos o fizeram. Não desmereço aqueles que colocam o lenço e saem por ai, como diz o Caetano Veloso, “Com lenço e com documento”. Risos. Tirei o dia para “sarro” Desculpem! Mas se fala tanto em modernismo, em pragmatismo, em Diretrizes Nacionais, em Gestão de Adultos, em metodologia moderna que me perco de quem seria a responsabilidade para fazer um grande Marketing neste nosso dia. Falar bonito é uma coisa. Resultados satisfatórios são outra coisa. Sempre pensei que nossa liderança deveria dar o primeiro passo. Mas ela só faz publicar ideias no seu site e mais nada. Ah! Ela também agora faz questionários homéricos no SIGUE sobre o que nós pensamos sobre ela. Se nosso escotismo é de resultados ou não. Pensei que ela sabia, mas não sabe de nada mesmo!

Alguém me disse que sem as mudanças poderíamos ter desaparecidos para sempre. Mas quer saber? Na mente dos responsáveis da nação não existimos. Aqueles Escoteiros e sua boa ação da Velhinha no farol, não existem mais. Aqueles que diziam palavra de Escoteiro também sumiram na multidão da modernidade. Brincam que não vendemos biscoito. Biscoito? Eu nunca vendi isto. Para mim é coisa de americanos! - Transparência honra honestidade, fraternidade e retidão de caráter parece que também está desaparecendo. Sei que devemos pensar que todas as mudanças são boas e sem elas ficaríamos parados no tempo. Já pensou em pleno 2015 sem celular? Sem internet? Sem andar para todo lado de olho pregado na tela de um celular? Sem poder conversar em sua própria casa, pois o celular agora é o dono de tudo? Já não somos mais os aventureiros do passado. Se foi a época em que uns poucos faziam acreditar num escotismo forte, num escotismo de honra, em um escotismo que tínhamos orgulho em ouvir alguém dizer: - Eles são Escoteiros. São o futuro da nação isto eu acho que já passou.

Foi-se embora o 23 de abril. Hoje não sou mais o mesmo. Já fui sim um batalhador pelo meu estado. Em um dia 23 de abril fui recebido pelo Governador Aureliano Chaves em Minas Gerais e ele me deu a honra de falar tudo que pensava do escotismo. Boas duas horas de papo. Em um 23 de abril fiz durante anos palestras em escolas, colégios e igrejas. Em um 23 de abril milhares de Escoteiros em meu estado hasteavam a Bandeira do Brasil em Praça Pública. Ainda me orgulho de vestir minha calça curta. Ela me honra e sempre demonstrou meu caráter em público. E você? Já pensou sobre isto? Não espere pela UEB, ela nunca fez nada e não fará nada, a não ser publicar em seu site. Você se quiser vá lá ou vá ao SIGUE. Caramba, ela não tem profissionais para fazer um marketing do nosso dia? Ou será que os diretores e presidentes não tem a mínima ideia como fazer? Eu queria sair por aí, de calça curta e Chapelão, tentar vender o escotismo como ele é, valente, amigo, irmão, fraterno e alegre em toda e qualquer ocasião. Mostrar que somos um movimento sério de educação. Que temos um lugar importante na formação de jovens em nosso país. Mas seria difícil pensar assim enquanto os valentes dirigentes nacionais quiserem processar irmãos que escolheram outros caminhos para fazer escotismo e esquecendo-se da fraternidade, do Sexto Artigo, de que o Escoteiro é puro nos seus pensamentos palavras e ações vai ser difícil. 


O meu dia do Escoteiro? Todos os dias da minha vida, e olhe o seu também! E viva a União dos Escoteiros do Brasil!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Chatos! Existem no escotismo?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Chatos! Existem no escotismo?

              Não sei. Alguns amigos meus dizem que sim. Dizem até que eu sou um deles. Um até me disse que sou um “Chato de Galochas”. Poxa! Logo eu? Nunca tive galochas e não sabia que era chato. Dizem que a palavra “Chato de Galocha” é aquela pessoa que mesmo num dia de chuva, põe sua galocha e vem exercitar sua “chatura” por aí. Outros dizem que o Chato de Galocha é o chato prá chuchu que saiu do mundo agrário e ingressou na era moderna. Mas como sou Escoteiro e um chato por profissão, pensei comigo: - Será que tem chatos no escotismo? Pensando bem acho que sim. Já que me coloquei como um deles porque não dizer dos outros? Vejamos a descrição de alguns chatos e tenho certeza que você minha amiga e você meu amigo não se enquadram em nenhum deles. Ainda bem!

- Fãs de entendidos - São aqueles chatos que não podem ver um Escotista mais graduado que correm para conversar com ele. Ficam ali com cara de “besta” junto ao seu Professor também um chato de galocha e querendo absorver toda a pose, todo sorriso e todo conhecimento do Chefão que é um chato prá xuxu!
- Politizados em demasia – São aqueles chatos que defendem com unhas e dentes nossa associação, seus superiores e suas ideias. Nunca admitem erros. Mesmo não tendo nenhuma experiência, jactam-se de tudo que falam. Os dirigentes adoram estes chatos. Pudera, quem não gosta de puxa-sacos?
- Carentes – Estão chatos estão sempre reclamando. Reclamam de tudo. Do Chefe, dos assistentes, do Diretor Técnico, do Comissário dos acampamentos ruins, das taxas baratinhas cobradas, enfim reclamam de tudo. Quando te pegam na esquina para reclamar haja “saco”!

- Amigos do passado – Gosto destes chatos. Se te pegam na rua, logo convidam para uma cerveja, uma pizza, e sempre pagam as despesas. Ainda bem. O ruim é que ficam lembrando, lembrando e você olhando para o relógio sem jeito de falar que sua mulher está esperando e a demora vai dar o que falar!
- Viciados em aplicativos – Estes não são “moles”. Adoram te mandar recadinhos para aplicativos no facebook. Você acessa sua conta ou o celular e vê um monte de notificações. E quase sempre são os mesmos. Não adianta deixar recados. Todo o dia lá estão eles. Irmãos de farda. Irmãos de ideal. Difícil convencê-los que são chatos.
- O olheiro – Desculpem. Não é do meu tempo. Ele ficou moderno e hoje o chamam de Assessor Pessoal. Desde que criaram a função de assessor para tudo logo o escotismo também criou o seu. São uns imitadores da chatura! A diferença é que o assessor é de graça! O chamo de olheiro porque ele vive de olho em você. Quer ser seu orientador, dizer o que vai fazer e como fazer. Ensinar a você o caminho para o sucesso, mas quase sempre é o caminho que ele imaginou, pois na verdade ele não sabe de nada e sua experiência é zero! Até que gosto da ideia destes chatos. Mas me desculpem, não deixam de ser chatos.

- O metódico – É o Chefe que tem o jeito dele de trabalhar, de fazer as coisas. Ele já tem na cabeça o seu jeito certo de realizar suas tarefas. Nunca pede ajuda. Quando estão juntos acampados ele acha que você faz tudo errado. Com aquela “fleuma” Escoteira de Escoteiro bem educado, ele te enche as “paciências”. Deus! “Como ele é chato e não se toca”.
- O perseguido – Fica o tempo todo falando que existem complôs contra ele. E o seu Chefe, seu Presidente, seu distrital, enfim querem tirá-lo do escotismo. Não sabe o que fazer. Pensou em mudar de lado, mas soube que do outro lado seria a mesma coisa. Não sabe se sai ou se fica. Que medo ele tem de ser demitido ou levado a tal comissão de ética! E o salário? Oh!

- O nervoso – Nuca está satisfeito com nada. Explode por qualquer coisa. Reclama que não recebeu um agradecimento, uma condecoração. Reclama que já devia ser o Chefe da tropa, do Grupo, reclama que Já devia ter recebido sua insígnia. Reclama de tudo! Ele tem o rei na barriga e não se toca! Vai ser chato assim na “Tonga da milonga do cabuletê”!
O dono do mundo – Este chato é um perigo. Considera-se o maioral. Ele sempre está no topo do poder. Está acima da lei e tem cargos elevados no escotismo. Ele sabe que para os amigos tudo e para os inimigos os rigores das normas regimentais. Ele finge que aceita sugestões, mas não acreditem. Ele não pergunta, acha que só ele sabe e o pior nem transparente ele é. Além de chato se acha o tal. Não quer perder o seu cargo e finge ser seu amigo para se perpetuar no poder.

            É, tem tantos tipos de chatos que poderia ficar aqui o dia inteiro falando sobre eles. Os chatos amigos, que lhe dão beijinhos na frente e que fazem nas suas costas você nem sabe. Tratam-te com carinho e lá ao longe preparam sua cama para ver você dormir e não voltar mais!  O folgado, que não levanta a bunda para fazer nada na sede e nos acampamentos e sempre lhe pedindo para fazer tudo. tem a coragem de pedir a um menino um copo de água fresta da bica. Tem muitos mesmos. Mas o pior deles é o Capachão. Que puxa saco meu Deus! Os diretores, dirigentes, presidentes e formadores adoram estes tipos. Ele quer a todo custo ser um deles! Não perde uma oportunidade para puxar o saco! Tem na cabeceira da cama um saco cheio de tacos para quando chegar ao poder. Haja paciência com eles, pois pior que eles só eu mesmo. Como sou chato meu Deus! Fico escrevendo “muinhas” e falando demais. Mas aceitem meu conselho: - Corra destes tipos e melhor, corram de mim também! Só não sei como você vai correr de você mesmo! Risos. Claro se você também for um chato!


          Enfim, me contento com o que sou. Um chato de galocha! Um chato rei dos chatos. Um chato para não perder de vista. Um chato que fica na chuva só para recordar dos acampamentos molhados. Risos. E vivam os chatos, ainda bem que o escotismo não vive sem eles! Já pensou? Rsrsrsrsrsrsrs. 

terça-feira, 21 de abril de 2015

Quer saber? Eu adoro desfilar.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Quer saber? Eu adoro desfilar.

                      Bom demais. Só quem já passou por isto sabe o orgulho, o frenesi de estar ali desfilando, marchando, cantando, ou então tocando em um instrumento qualquer nos desfiles que para muitos se tornaram histórias. Não sei se era uma paixão enorme por ser Escoteiro, por ter passado uma semana engraxando o Vulcabrás, polindo as estrelas de metal, polindo o cinto e dobrando o lenço Escoteiro de olho no seu chapéu de abas largas. Sempre com a mente voltada para o dia especial. Cada desfile tinha um sabor diferente. As palmas do público quando pipocavam a gente sentia um entusiasmo próprio de ser Escoteiro e brasileiro. Não dá para esquecer o palanque, o alto, o direita volver, a saudação à autoridade, o corneteiro brilhando no seu toque, o retorno e ainda dar uma colher de chá aos bairros mais distantes fazendo lá também seu périplo de orgulho em desfilar. Época de enfrentamento de bandas, de fanfarras, a do colégio, a da Escola Estadual, o Ginásio dos padres, e o Berica. O Berica? Gente eu não me esqueço dele. Tinha uma fanfarra comprada com seu dinheiro. Fazia questão de desfilar com ela em um Grupo Escolar. Tinha até uma cantoria conhecida de todo mundo que dizia: Arreda Grupo, que o Ginásio vem, que catinga de macaco, que o Berica tem! Kkkk.

               Eram tempos que ficávamos treinando ordem unida duas três vez por semana. Nestas épocas os acampamentos, as atividades aventureiras diminuíam de intensidade e davam lugar aos treinos, onde todos acorriam no campinho do Zefir Futebol Clube. Eram mães, pais, avós, tios tias, vizinhos e onde a meninada pequena ficava com os olhos brilhando a olhar o treino e sonhar que um dia seria um de nós. Ah! Saudade lembrada, saudade sentida, saudade hoje e para o resto da vida. São saudades eternas. Em um aniversário da cidade ganhamos mais cinco tambores, quatro tarois, quatro bumbos e cinco cornetas. Haja “embocadura” para tocar todas elas. Foi presente do Tiro de Guerra, amigo nosso de longa data. Quando chegou minha hora de servir a pátria eles me receberam de braços abertos. Claro, com uma corneta! Risos. Então voltemos à festividade. Nossa “banda” tinha mais de quarenta instrumentos. Ninguém tinha igual. Formados na sede esperávamos o Munir nosso Maestro e Guia Monitor para dar a ordem de: Grupo! Firme! Em frente, marche!

               Tivemos no passado um fato que marcou. Quer saber? Não fomos bons Escoteiros, mas até hoje eu guardo tudo na memória. O prefeito chamou a Banda de Colatina para desfilar na cidade. Treinada pelos Fuzileiros Navais. Respeitada em todo vale do Rio Doce. Munir nosso maestro e Guia da Tropa gritou: - Vocês são Escoteiros ou monte de “merda”! – Deus do céu, agora era para valer. Lá fomos nós com o orgulho próprio que BP nos deu. Ao passar uma banda pela outra foi como se uma bomba tivesse explodido. Quase houve brigas, mas enfrentamos sem medo. O prefeito não gostou. Reclamou com o Chefe João chefe do grupo. Na partida deles fizemos uma delegação e fomos lá pedir desculpas. Eles riram, e oh! Que vontade de sair no tapa com eles! No vagão enquanto o trem partia gritavam: - Quer apanhar? Vão a Colatina.
             
                Soube que o prefeito pagou todas as despesas, pois muitos instrumentos quebraram. O tempo passou e nós fomos a Colatina várias vezes. Um grupo irmão se fez lá. Ficamos de castigo por três meses. Não podíamos acampar, não podíamos excursionar, nossas bicicletas estavam enferrujando (uma maneira de dizer). Que saudades da minha mochila, da minha barraca, de fazer uma pioneiria, de cantar em volta de um fogo. Mas Chefe João era duro e queda. O tempo passou e tudo foi esquecido. Esquecido? Nunca vi tantas enquetes da briga nos fogos de conselho. E nas conversas ao pé do fogo? Tinha Escoteiro que rolava no chão de tanto rir. No Sete de Setembro o prefeito não nos deixou desfilar. Deixou que tomássemos conta dos grupos escolares e mais nada. Paciência. Se errarmos nós temos que aprender com nossos erros. O “diabo” maior foi ver a banda de Colatina desfilando e rindo de nós. Acho que merecemos.

                 Sei que hoje somente os saudosos chefes de cidades do interior ainda pensam assim. Eles sabem que a meninada gosta e nas suas cidades todos se orgulham em desfilar. Nunca esqueci quando cheguei em Sampa. Um chefão paulista da gema olhou para mim como se fosse Deus e disse: - Só andando. Passos orgulhosos sem marchar! – Por quê? Eu perguntei. – Porque Escoteiro não marcha, não somos militares. – Um perfeito “bobiota”. Mistura de bobo com idiota. Nem liguei e até marchei com mais força. Lembro que lá por volta de 1980 um destes “bobiotas” de novo falou para não marcharmos. Nada de marchar. Caramba! O que ele sabe ou entende sobre isto? O que ele sabe dos pais e amigos dos meninos que foram ali para assistir? O que ele sabe do orgulho dos jovens em desfilar marchando e sorrindo pelo que estão fazendo? Não sei por que estes “bobiotas” acham que marchar é errado –  Um Chefe me disse um, isto é militarismo! Não somos militar! – E dai? Quantos meninos sonham com isto? Querem tirar o sonho dos jovens Escoteiros e Escoteiras? Já vi alguns que nem alto, nem direita volver, nem firme e descansar dizem mais. Isto é ser militar.

                        Cacilda para não dizer outra coisa. Pelo menos ensinam aos militares que o Brasil é grande, que temos orgulho, que servir a pátria é uma honra. Idiotas estes chefes que nada entendem. Gostaria de levá-los para o campo. Se não querem marchar devem ser bons em técnicas Escoteiras. Afinal marchei muito e gostaria, portanto de vê-los no campo.  Mostrar técnicas Escoteiras que eles nunca viram mostrar artimanhas e engenhocas que  eles ficariam estupefatos em ver. Mostrar como se trabalha com cipó, como se virar com comida mateira colhida na floresta. Mostrar em um jogo noturno que o Morse é bom demais. Mostrar que ser Escoteiro não é aprender o que querem que aprendamos hoje. Que este palavrório de novos tempos é papo furado. Ser Escoteiro é muito mais que isto, é o sonho de um grande homem que criou um escotismo e era um militar. É ter orgulho é paixão pelo Brasil, é cantar o Rataplã de cabeça erguida. Em se sentir bem em uma patrulha e saber que ali somos todos irmãos.


            Época em que nós meninos acreditávamos no brilhantismo de desfilar, lembrar-se de um Don Pedro I em seu cavalo branco mesmo que não seja a insurgir-se com Portugal. E na bandeira ao final do desfile todos formados na sede. Cantando com a dignidade de um infante o hino Nacional. Ali lobinhos Escoteiros e sênior sorriam orgulhosamente cantando o Rataplã. Nunca esqueci. Os chefes ao final vinham em fileira cumprimentar a cada um. Um aperto de mão gostoso, um sempre alerta saudoso – Parabéns obrigado pela sua contribuição com a pátria. Gente isto fazia um bem danado. Agora não pode. Dizem que é militarismo. Bendito BP um milico que se orgulhava de marchar com seus Escoteiros. E viva o Brasil e abaixo a tirania!

domingo, 19 de abril de 2015

Conversa ao pé do fogo. O pecado de todos nós.


Conversa ao pé do fogo.
O pecado de todos nós.

              Eu disse para a Célia: - Não vou! – Ela respondeu vai sim! – Célia, o que eu vou fazer lá? Você sabe como vou ser recebido! – Meu marido, você não vai por causa deles, vai para encontrar muitos outros amigos que estão lá e querem conhecê-lo. – Não tem jeito, a Célia sempre me deu ordens e eu as obedeci. Parti rumo a São Bernardo do Campo onde seria o meu calvário. No início da Anchieta encontrei uma passeata da CUT. Pararam-me – Dilma ou Aécio? Perguntaram. Responder o que? Estava de uniforme caqui calça curta e Chapelão – Respondi sorrindo! - Voto no Baden-Powell. O cara da CUT riu. Chamou o Lula. – Presidente! Ele é Escoteiro! – Deixa passar, esta turma é chata, mas não incomoda ninguém! São uns incompetentes, nem pedir eles sabem. Porque não pediram um cargo na Petrobrás? – Agradeci ao Lula. Sua esposa sorriu me olhando enviesado. Atrás de uma árvore escondida vi a Presidente Dilma. Pensei em descer e dar a ela um abraço, mas não iria pegar bem. São tantos chefes no Facebook malhando a coitada que seria melhor ficar na minha.

              A Policia Federal me mandou seguir não sem antes ver meus documentos e ver que não estava fugindo da Lava-Jato. – Quem sou eu moço! Disse. Quando menino me disseram que o petróleo era nosso, mas até hoje não vi nem uma latinha de óleo de graça. – Ele me olhou com aqueles olhos que só enxergam deputados senadores, diretores e gerentes da Petrobrás para levar a Curitiba. – Fugi logo dali. Agora eu tinha certeza, não devia ter vindo à Assembleia Nacional. Mas Célia é Célia. Ela mandou tá mandado. Errei ruas e entrei em um viaduto que não conhecia em São Bernardo. Pudera a última vez que fui lá, tem tempos. Foi em um Congresso Nacional que agora chamam de Assembleia. Wander meu amigo Escoteiro do peito ainda estava vivo. Percival também. Zé Renato hoje afastado se refastelava nas altas esferas nacionais. “Belle époque”! Eu era o Diretor Regional de Adestramento. Hoje dizem ser formadores. Deus do céu! Quantas mudanças.

               Com muito custo avistei o imponente local onde seria o epicentro do sismo que abalaria meu modo calmo de vida. Na porta sorrisos, gente de toda parte. São Paulo é São Paulo. O maior efetivo nacional sempre dá show de comparecimento. Não viram no Jamboree em Natal? 4.300 participantes, 1.600 paulistas! Turma endinheirada! Gosto daqui, pois aqui se faz escotismo para ricos! Como diz aquele comediante no SBT na Praça da Alegria: - Pobre que se exploda! – A UEB adora! Sempre me dei bem com a paulistada. Cheguei aqui em 1977 e estou até hoje. Como criei caso com os donos do poder aqui. Na liderança regional só queriam me ver pelas costas. Kkkkk. Ainda bem que nunca dei as costas para ninguém. Foi aqui que tentei mudar tudo na estrutura Escoteira nacional. Perdi feio. Amigos que se diziam amigos se afastaram. Fui colocado na lista dos mais procurados Escoteiros do mundo. Tive que me esconder. Montei uma barraca nas matas verdes do Brasil no Pico do Jaraguá e de lá avistava o campo escola da Região! Bah! Que saudades.

               Mas vamos cumprir minha sina. Custei horas para achar um estacionamento. Os que tinham vagas custavam os olhos da cara e eu um Velho Escoteiro aposentado e duro não podia pagar. Enfim um flanelinha ficou com dó de mim e por vinte pratas me deixou estacionar meu carrinho. Cheguei à porta do evento. – Olhei e pensei, Vado é melhor dar a volta e ir para seu lar. Aqui não vai dar! – Mas sou insistente, na entrada um Chefe magro, alto, empertigado, com um olhar de tanajura me olhou e perguntou: - Tem celular? Tem inscrição? É lotado na UEB? Tem SIGUE? ´- Putz! Deus do céu. E agora? – Olhei para o chão, um medo danado. Tinha que ter celular para entrar? – Moço doutor Chefe Formador, não tenho nada disto! Falei com uma vozinha de Velho chorão! – Ele me olhou com aquele olhar de  Capo di tutti i capi (Chefe de todos os chefes) e me disse: - Cacilda, o que veio fazer aqui? É chefão por acaso? Foi eleito? É rico? Com os olhos cheios d’água ele me olhou novamente e com pena do Velho Escoteiro disse: - Olhe entre, mas não encha o saco de ninguém, entendeu?

                 Já estava arrependido de estar ali. Era Chefe passando, Chefe correndo, Chefe gritando e Chefe se escondendo em salas secretas para discutem as mudanças dos estatutos. Muitos candidatos ao CAN em rodinhas aqui e ali dizendo: - Se votar em mim, pagarei seu corte de cabelo e uma barraca de “lambuja”, se votar em mim, comprarei um pente de osso de crocodilo para você e mais uma machadinha de Gilwell! Se votar em mim ganha uma passagem de ida e volta ao Jamboree em São Paulo! Um deles me pegou pelo braço e falou baixinho: - Se votar em mim juro que vais ganhar uma vestimenta completa, você pode escolher dentre os dezoitos tipos existentes! – Deus do céu! Onde estava me metendo? Será que ele não sabe que prefiro morrer de cabeça prá baixo a colocar a danada? Perguntei a ele onde estava sendo discutido os novos estatutos. Ele riu e me falou baixinho: - Chefe já tá tudo combinado. Lembrei-me da musica do balanço geral – Já tá tudo combinado, a gente vai curtir um som, a gente vai se namorar, o que rolar vai ser tão bom!

                Achei melhor voltar. Descia as escadas devagar, com calma para não cair. Agora não vou esquecer, preciso comprar uma bengala. Andar sem ela não dá, e ela vai ter inúmeras utilidades. Já pensou quantas bengaladas eu daria aqui nesta cambada? Acordei tremendo. Célia dizendo que ia me levar para o pronto socorro. Outra vez Celia? - É... As coisas são assim para um Velho Escoteiro. Recordar é viver? A primeira metade da vida passa-se a desejar a segunda; a segunda, a recordar à primeira. E assim vai. Belo sonho, belo amanhecer, ou melhor, belo pesadelo e bela dor de cotovelo?

Na noite fria o silêncio.
Na minha mente momentos.
A lembrar dos acampamentos.
O sol, a chuva, o vento.
O vagabundo escoteiro sou eu.
Preciso ir acampar.
Ninguém quer estar mais aqui.

Ninguém quer estar perto de mim.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Sou um simples Escoteiro e não um escritor.



Conversa ao pé do fogo.
Sou um simples Escoteiro e não um escritor.

“Fantástica história”. Viajei nela como não fazia desde criança. Parabéns pela excelente criatividade e pelo tom nostálgico da narração. Não pude deixar de ler outros contos também. De agora em diante seu blog estará gravado nos “meus favoritos” para que possa prestigiar, ou seria saborear seus “causos”.

               Acho que ele não sabe. Sou um Escoteiro e não um escritor. Meti-me nesta seara pensando em transmitir o que sei aos que gostariam de conhecer. Entretanto nem sei se vale a pena. Poucos acho eu estão lendo. Tem hora que penso que meus amigos gostam mais das fotos que acompanham meus escritos. Já vi alguns comentando o que nada tinha a ver com o conteúdo. Resigno-me em voltar a minha condição de Escoteiro, ou melhor, um Velho Escoteiro. Algumas vezes ofereço meus préstimos aqueles que sentem alguma dificuldade na sua seara Escoteira. A minha maneira tento ajudar e os resultados? Não sei. Já ofereci ajuda a grupos próximo onde me escondo. Nem resposta deram. BP tinha razão. Setenta anos estudando, fazendo, participando e lembrando e os mais novos preferem passar pelo mesmo caminho onde muitas vezes não acertamos.

                   Baden Powell no livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento (...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos. Isto acontece? É claro que não. Ainda não existe uma preocupação em saber qual o tempo de permanência dos jovens no escotismo de hoje. A própria direção nacional se mantem no anonimato e nunca em tempo algum nos deu através dos seus registros onde estamos e como estamos na permanência Escoteira na associação. Alguém se preocupa? Quantas vezes falei sobre evasão e ouve por acaso comentários ou mesmo sugestões?

                    Eu sei que sou um Escoteiro e nunca um escritor. Escrevo mas sabendo que a metodologia que uso não produz resultados. Meus contos sempre têm um motivo, uma interpretação de como deveria ser o movimento Escoteiro. Meus artigos muitas vezes são ferinos em suas palavras, mas resultados sobre o que disse não acontecem. Dez anos? Passar pelas fileiras Escoteiras por dez anos? É BP, isto é uma utopia hoje. Conta-se a dedo de jovens que permanecem por dez anos. Chefes voluntários sim. Vejo que muitos que se diziam amigos virtuais foram parar em outras paragens. Sou duro com o que escrevo principalmente pela mudança sem nenhuma base, sem nenhuma consulta, sem envolver todos os que poderia sugerir. Finalmente sem uma transparência que fazem de quase todos os associados seguidores obedientes sem ação. Se sentem felizes com o que está aí, pois não tiveram a oportunidade de ver um escotismo autêntico como deveria ser.

                     Nota-se um esquecimento quase por completo sobre as bases que são primordiais ao escotismo de BP. Sistema de Patrulhas, vida ao ar livre, aprender a fazer fazendo, conquistar o jovem pelas artes mateiras, pelo acampamento e pelas ideias deles. Não vejo isto em grande parte do escotismo nacional. A própria liderança discute o movimento como se fossemos formados por pedagogos, psicólogos, todos portadores de diplomas universitários. Os cursos estão voltados mais para as preocupações que um ou outro acredita que devem constar nas unidades didáticas, esquecendo completamente as bases do que BP implantou quando fez surgir o movimento Escoteiro. Quase não se vê mais falar nos cursos em programas que deveriam existir, pois sempre existiram desde Browsea. Não sei se hoje o que se estuda e aprende em Gilwell Park também é aplicado aqui.

                     Há uma preocupação geral com os voluntários, uma palavra que nunca foi usada no passado, mas como dizem os lideres é necessário para evitar amanhã uma contenda jurídica não planejada e que pode acontecer. Ontem uma patrulha pedia autorização aos pais e ao Chefe e sorridente saia para acampar. Hoje não. Hoje ela sai quando muito uma ou duas vezes por ano, acompanhada de lobos, seniores pioneiros e uma equipe enorme de pais que lá vão dar o apoio necessário. Os lideres de sessões hoje estão satisfeitos. Ainda não voltaram os olhos e a mente para ver se o objetivo que se propuseram era este mesmo. Uma evasão enorme, uma falta de conhecimento das técnicas Escoteiras, um receio enorme quando se vai acampar. A parafernália burocrática e jurídica fazem muitos desistirem de sair para ao campo.

                       Eu acho que sou mesmo um Escoteiro e não um escritor. Dei uma olhada no programa da nossa Atividade maior do nosso escotismo brasileiro, O Congresso e a Assembleia Nacional. Quanto palavreado difícil. Tem razão John Thurman que no alto de sua sabedoria escreveu a mais de sessenta anos que devemos abolir a tal seriedade demasiada. Para ele o escotismo é algo sério, contudo uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, tanto os dirigentes como os rapazes e moças. Completa que em alguns países existe o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e com isto perdemos nossa condição de amadores. Ele diz ainda: - todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Afinal somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.

                  Eu escritor? Nunca. Escoteiro? Sim de coração. Como dizia BP somos um movimento que cresce a cada dia e isto devido justamente a sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem sido contínuo. Bem BP disse isto há muito tempo. Hoje já não mais é assim. Se John Thurman fosse vivo veria que suas palavras se foram com o vento – “Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes”. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento. Pois é, como Escoteiro eu sei disto, como escritor não sei me fazer entender. Muitos quando leem o que escrevo vão para outras plagas. Não querem pensar, nem mesmo seguir o que BP dizia que devíamos olhar além da ponta de nosso nariz.

“Há gente que é um gansinho no modo em que vai atrás,
Dos outros que vão à frente: nem sabe para onde vai...
Nas pisadas do pai ganso, vai pisando o filho atrás:

Ele nunca fará nada que não tenha feito o pai”.

domingo, 12 de abril de 2015

Quando o futuro chegar. As fotos que um dia correram o mundo.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Quando o futuro chegar.
As fotos que um dia correram o mundo.

“As fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”.

                     È mesmo, as fotos são documentos importantes para mostrar as gerações futuras de onde viemos o que somos e para onde vamos. Elas significavam um retrato vivo de um escotismo autêntico, onde o jovem aprendia a fazer fazendo, acampava diferente dos dias de hoje e sua sede de aventuras não tinha impedimentos legais para que não se fizesse como devia ser. Elas tinham um “que” saudosista que marcava uma época onde todo o método Escoteiro exalava verdades no campo ou na sede. Era uma forma de estar presente em qualquer ato ou fato, onde se era reconhecido pelo chapéu, pelo lenço e pelo uniforme impecável na sua apresentação. Uma disciplina aceita e não imposta, uma aceitação sem obrigação. Onde a Lei e a Promessa ainda não tinha discussão se deveria ser alterada ou não.

                    Tivemos homens que se dedicaram a mostrar como se fazia escotismo através das fotos. Pierre Joubert. Ele um ilustrador Francês, divulgou o Escotismo na França e no mundo com seus desenhos, levando milhares de jovens durante várias gerações as aventuras vividas pelos Escoteiros. Dizem que suas pinturas eram iguais ou melhores que Norman Rockwell. Estes e outros famosos ilustradores fizeram uma geração aprender a fazer fazendo só olhando suas fotos e desenhos. Na série Signe de Piste Pierre se supera. Seus desenhos ricos em detalhes são acessórios importantes para os textos dos livros que ilustram. Vários desenhos no novo (antigo) Manual do Escotistas do Ramo Escoteiro lançado em parceria com a Oficina Scout foram inspirados nos desenhos de Joubert.

                      Uma foto faz que as pessoas lembrem-se do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá. A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia valorizamos o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.

                      São as fotos nosso marco da história. Seja ela o que for. Na fotografia encontramos a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que foram para outra vida, e as que desapareceram. As fotografias nos mostram a realidade do que foi e do que será. Mostre uma foto de Escoteiros de alguns anos passados e qualquer um irá identificar que aqueles eram meninos aventureiros, Escoteiros que sorriam no perigo, não tinham medo da noite e das florestas. Uma foto de um campo de patrulha, de uma jornada, da alegria em alcançar o pico da jornada, da velha carrocinha que tantas saudades nos deixaram, da ponte construída, do ninho de águia da escada de cordas e tantas outras construções que  ficaram na história.

                     Um Velho amigo me corrige a dizer que isto não acontece mais. O que foi não volta mais, o que será daqui para frente só as gerações futuras poderá dizer. Já não se vê fotos de patrulhas, a escalar montanhas, em suas barracas de campo separado, da cozinha fumacenta das artimanhas e engenhocas que tantas saudades nos trazem. Brincar em arvores com suas cordas solta no ar. Correr atrás das borboletas, colher flores silvestres para enfeitar nossa mesa do jantar. Lavar sua própria roupa, dobrar nas técnicas aprendidas, vestir o uniforme com orgulho para se apresentar a quem nos quer ver. São as fotos os documentos do passado. São as fotos que dizem o que fomos e são elas que trazem recordações de cada um que tiveram o orgulho de estarem presentes nas grandes atividades Escoteiras.

                    Esperemos que as gerações futuras possam ver o escotismo de Baden-Powell como ele foi e como ainda deveria ser. Estamos esquecendo que os meninos daquela época eram sonhadores aventureiros e falamos para os de agora outra linguagem. Não deixamos que eles digam ou sonhem que são heróis, que gostariam de fazer uma grande aventura. Em nome de novos tempos vamos aos poucos fingindo ouvir a opinião deles. Os que falam o contrário são frases que não passam de uma metáfora. Hoje os que ainda ficam aceitam por pouco tempo e não tem mais os sonhos que os jovens meninos ingleses tinham quando colecionavam o “Aids to Scouting (Ajudas à Exploração Militar) ou mesmo o Scouting for Boys (Escotismo para rapazes). Quem sabe posso estar enganado. Quem sabe teremos um futuro maravilhoso e os meninos e meninas da geração futura iram sorrir com suas fotos, com suas lembranças e com o escotismo aventureiro que sempre sonharam.

                   E eu, um Velho saudosista vou tentando achar aqui e ali, as fotos que um dia vivi e sei que muitos viveram comigo. Elas fazem parte da minha, da sua e de toda histórias dos Velhos Escoteiros que como eu ainda tem sonhos. São elas as fotos que como comentou o meu amigo, ainda dão o prazer de vê-las.


“As fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”. – Peço a Deus que isto não aconteça!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Acampar, um sonho escoteiro. Acampamento de Gilwell - Segunda parte.



Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho escoteiro.

Acampamento de Gilwell - Segunda parte.

                     Pensemos que hoje em dia um acampamento requer uma preparação e uma organização perfeita. Isto feito é a “alma do negocio”. Se o jovem sorrir na volta do acampamento os dividendos serão eternos. Pode confiar que ele vai ficar anos e anos no Movimento Escoteiro. Temos uma charge muito antiga que mostrava duas situações: - “ele esperava isto, e encontrou aquilo”. Ele sonhava com atividades mateiras, escadas de cordas, barracas em cima de árvores, construir pontes, transmitir por bandeirolas, aprender sinais de fumaça, nós, pistas de animais e tantas outras técnicas e encontrou o contrário, um Chefe falando, falando e falando. Ou quem sabe um Chefe apitando, um Monitor mandão, uma Patrulha desanimada, uma Falsa Baiana que foi feita pelo Chefe, uma fila enorme, pois ele levou lobinhos seniores e ele cochilando e aguardando sua vez. Ele vai voltar? Não vai. Era isto que esperava? Não era.

                   Podemos fazer o melhor programa de campo, mas sem um bom Monitor treinado e sem as técnicas de Giwell próprias para um bom acampamento nada vai dar certo. O Monitor é peça chave para desenvolver o Sistema de Patrulhas. Sem isto o acampamento será um amontoado de corre, corre sem rumos definidos e sem objetivos. Acredito que muitos conhecem bem o Sistema de Patrulhas ou já leram sobre isto. O Capitão Roland E. Phillipps há mais de sessenta anos atrás escreveu no seu livro o Sistema de Patrulhas que se mantem atualizado e é o que melhor se conhece até hoje sobre o tema. No livro ele descreve pormenores interessantes que vale a pena conhecer. Pensando que você já tem bons Monitores, patrulhas adestradas antes do acampamento, um bom material para as patrulhas e para você mesmo, um bom local já escolhido previamente e devidamente autorizado, não haverá duvidas, o acampamento será perfeito.

                  Não é fácil montar um acampamento. Na primeira parte deste artigo (publicado aqui) comentamos sobre muitos temas. Eu sinceramente não gosto de acampamentos só para ricos ou que o grupo assuma todas as despesas. Nem mesmo para uma meia dúzia. Temos uma tropa? Então o acampamento é para todos. Cobraremos sim uma taxa, a menor possivel para que o Escoteiro possa trabalhar e pagar.  O jovem ou a Jovem devem aprender desde cedo que a vida não é um mar de rosas e nem que haverá alguém para auxiliá-lo. Ele pode conseguir sem sombra de duvida se for uma taxa acessível. Para isto é necessário que o saldo restante seja completado pelo grupo através de sua diretora. Vejamos algumas sugestões:

a)     Conseguir por meios dos pais e a diretoria do Grupo Escoteiro uma quantia que dê para cobrir as despesas, tais como – transporte, alimentação e outros. Esta é a maneira usual. É caro isto. Depende do Grupo Escoteiro. Cada grupo é um grupo. Sabemos que muitos Escoteiros e Escoteiras não têm condições de pagar, assim precisamos montar um plano para diminuir esta taxa.
b)     Uma comissão de dois ou três chefes com um ou dois pais para tentar junto à prefeitura, órgãos militares, empresas de ônibus visando conseguir transporte gratuito. Bato-me para que os contatos sejam sempre feitos por chefes ou Escoteiros bem uniformizados e treinados no que vai falar. Isto posto o sucesso é garantido.
c)     Uma reunião de pais dos jovens da tropa para ver como conseguir pelo menor preço os gêneros alimentícios necessários. Muitas vezes demorasse um tempo para que estas reuniões se tornem um hábito de comportamento. Pai não foi? Você vai a casa dele. Telefone para ele. Explique você o está ajudando, não é você quem precisa do escotismo é o filho dele. Já vi bons resultados em compras de supermercados de conhecidos deles. Ou então o próprio gerente sabendo do que se trata dar  um bom desconto. Assim a alimentação não ficará cara. Note-se que o cardápio tem de ser simples e barato. Como se diz na gíria, “o arroz com feijão como o feito em casa”.
d)     Para mim sempre deu resultados, mas não sei se para vocês irá acontecer o mesmo. Trata-se de fazer um cardápio simples. Calcular as quantidades e cada Escoteiro leva de sua casa. Os pais devem ser informados.

                 Não esquecer que é preciso cumprir certas normas exigidas pela UEB portando conhecer o POR principalmente acamamentos é importante. Fugir delas e acontecer algum acidente podem complicar a vida do Chefe, do grupo e o nome do escotismo na comunidade. Alerto principalmente para o banho em lagoas, rios, mar e represas. A autorização por escrito dos pais é imprescindível. Hoje tem uma parafernália de exigências no SIGUE que os grupos registrados não têm como fugir, mas os as demais associações escoteiras são bem mais simples. Hã! O passado era mais simples. Considerando que tudo foi realizado, que a partida organizada pelos monitores foi no horário, o caminho foi aberto para um bom acampamento. Na chegada uma reunião de monitores, escolha do campo de patrulhas por eles. O Chefe só dá opinião se o local oferecer condições inadequadas tais como: - Intempéries, sujeito a enchentes ou mesmo inundação com chuvas intermitentes. Devemos lembrar que o Chefe tem só um canal no campo. Os monitores. A patrulha já deve ter seu plano de montagem de campo discutido antes na sede.

                       Deixe a patrulha montar seu campo. Não vá lá, nem para ver o que estão fazendo. Isto se chama aprender a fazer fazendo. Não é papel do Chefe ficar passeando de campo em campo. Você vai ter sua hora para aconselhar se for o caso. O tempo da montagem do campo é ilimitado. Depende do adestramento da patrulha. Não esquecer que o Chefe tem campo separado e nele fará suas pioneiras armará sua barraca e construirá outras artimanhas e engenhocas. Suas construções podem servir de exemplo para os monitores. Interessante é o Chefe convidar um dia do acampamento os monitores para almoçar em seu campo. Isto é sucesso para um melhor entrosamento. De maneira nenhuma deve aceitar todos os convites dos monitores para refeições. Quem sabe se tiver algum Escoteiro ou Escoteira preparando-se para uma especialidade de cozinheiro. O Chefe deve montar seu campo onde tenha boa visão dos campos de patrulha. Importante preservar o silêncio. A natureza com seus pássaros e animais  agradecem.

                    Se o acampamento for mais de três dias, todos deverão construir em seus campos um bom fogão suspenso com toldo, lenheiro, mesa de refeições barracas bem montadas, fossas e um pequeno WC.  Conheci patrulhas que com menos de quatro horas fazia tudo isto. É importante pensar nas peças chaves nas patrulhas: - Um bom cozinheiro, um bom almoxarife, bom aguadeiro, um perfeito intendente ou construtor de pioneiras. Se ela a patrulha tiver um bom Monitor e um sub perfeito tudo será o sucesso esperado.

                       Na parte terceira poderemos comentar sobre programas, horários, tempo livre para pescar, passear, conhecer as redondezas, quem sabe ir a um morro próximo para ver o nascer ou o por do sol (o mais importante) Eu disse patrulhas, não o Chefe arrastando todos atrás de sí. Antes de encerrar o campo, um breve Conselho de tropa. Cada um pode se expressar livremente do que achou do campo. Falaram mal de você? Não fique triste, se corrija para o próximo.

Breve uma terceira parte.