domingo, 12 de abril de 2015

Quando o futuro chegar. As fotos que um dia correram o mundo.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Quando o futuro chegar.
As fotos que um dia correram o mundo.

“As fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”.

                     È mesmo, as fotos são documentos importantes para mostrar as gerações futuras de onde viemos o que somos e para onde vamos. Elas significavam um retrato vivo de um escotismo autêntico, onde o jovem aprendia a fazer fazendo, acampava diferente dos dias de hoje e sua sede de aventuras não tinha impedimentos legais para que não se fizesse como devia ser. Elas tinham um “que” saudosista que marcava uma época onde todo o método Escoteiro exalava verdades no campo ou na sede. Era uma forma de estar presente em qualquer ato ou fato, onde se era reconhecido pelo chapéu, pelo lenço e pelo uniforme impecável na sua apresentação. Uma disciplina aceita e não imposta, uma aceitação sem obrigação. Onde a Lei e a Promessa ainda não tinha discussão se deveria ser alterada ou não.

                    Tivemos homens que se dedicaram a mostrar como se fazia escotismo através das fotos. Pierre Joubert. Ele um ilustrador Francês, divulgou o Escotismo na França e no mundo com seus desenhos, levando milhares de jovens durante várias gerações as aventuras vividas pelos Escoteiros. Dizem que suas pinturas eram iguais ou melhores que Norman Rockwell. Estes e outros famosos ilustradores fizeram uma geração aprender a fazer fazendo só olhando suas fotos e desenhos. Na série Signe de Piste Pierre se supera. Seus desenhos ricos em detalhes são acessórios importantes para os textos dos livros que ilustram. Vários desenhos no novo (antigo) Manual do Escotistas do Ramo Escoteiro lançado em parceria com a Oficina Scout foram inspirados nos desenhos de Joubert.

                      Uma foto faz que as pessoas lembrem-se do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá. A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia valorizamos o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.

                      São as fotos nosso marco da história. Seja ela o que for. Na fotografia encontramos a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que foram para outra vida, e as que desapareceram. As fotografias nos mostram a realidade do que foi e do que será. Mostre uma foto de Escoteiros de alguns anos passados e qualquer um irá identificar que aqueles eram meninos aventureiros, Escoteiros que sorriam no perigo, não tinham medo da noite e das florestas. Uma foto de um campo de patrulha, de uma jornada, da alegria em alcançar o pico da jornada, da velha carrocinha que tantas saudades nos deixaram, da ponte construída, do ninho de águia da escada de cordas e tantas outras construções que  ficaram na história.

                     Um Velho amigo me corrige a dizer que isto não acontece mais. O que foi não volta mais, o que será daqui para frente só as gerações futuras poderá dizer. Já não se vê fotos de patrulhas, a escalar montanhas, em suas barracas de campo separado, da cozinha fumacenta das artimanhas e engenhocas que tantas saudades nos trazem. Brincar em arvores com suas cordas solta no ar. Correr atrás das borboletas, colher flores silvestres para enfeitar nossa mesa do jantar. Lavar sua própria roupa, dobrar nas técnicas aprendidas, vestir o uniforme com orgulho para se apresentar a quem nos quer ver. São as fotos os documentos do passado. São as fotos que dizem o que fomos e são elas que trazem recordações de cada um que tiveram o orgulho de estarem presentes nas grandes atividades Escoteiras.

                    Esperemos que as gerações futuras possam ver o escotismo de Baden-Powell como ele foi e como ainda deveria ser. Estamos esquecendo que os meninos daquela época eram sonhadores aventureiros e falamos para os de agora outra linguagem. Não deixamos que eles digam ou sonhem que são heróis, que gostariam de fazer uma grande aventura. Em nome de novos tempos vamos aos poucos fingindo ouvir a opinião deles. Os que falam o contrário são frases que não passam de uma metáfora. Hoje os que ainda ficam aceitam por pouco tempo e não tem mais os sonhos que os jovens meninos ingleses tinham quando colecionavam o “Aids to Scouting (Ajudas à Exploração Militar) ou mesmo o Scouting for Boys (Escotismo para rapazes). Quem sabe posso estar enganado. Quem sabe teremos um futuro maravilhoso e os meninos e meninas da geração futura iram sorrir com suas fotos, com suas lembranças e com o escotismo aventureiro que sempre sonharam.

                   E eu, um Velho saudosista vou tentando achar aqui e ali, as fotos que um dia vivi e sei que muitos viveram comigo. Elas fazem parte da minha, da sua e de toda histórias dos Velhos Escoteiros que como eu ainda tem sonhos. São elas as fotos que como comentou o meu amigo, ainda dão o prazer de vê-las.


“As fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”. – Peço a Deus que isto não aconteça!