Crônicas de um Chefe
Escoteiro.
O dia do Escoteiro já passou!
O dia do Escoteiro já passou!
- “Aleluia”! O dia do Escoteiro foi
celebrado com louvor e agora só o ano que vem. 23 de abril? Dia de São Jorge?
Isto mesmo. Dia que muitos lembram que são Escoteiros. Alguns exaltam nosso
nome, outros exaltam nosso amor e outros dizem que é hora de mostrar quem
somos. – Um grito de guerra ressoa no ar: - Ponham o lenço! Onde forem
usem-nos! Assim vão nos reconhecer! – Será mesmo? Sei não, mas que me desculpem
os irmãos Escoteiros acho tudo isto um engano. Engano? Porque Chefe Osvaldo!
(ainda bem que me chamo de Chefe Osvaldo, alguns seniores e pioneiros me chamam
de Osvaldo! Risos). Vejamos o por que: - Não seria hora de fazer um enorme
mutirão de norte a sul sobre o nosso dia? Quem sabe uma passeata? Bandeiras,
cartazes a lembrar ao povo que existimos. O que? Daria má impressão? Não sei,
mas pelo menos faríamos um enorme marketing do escotismo. Coisa que nossos
lideres poucos fazem e deviam fazer. Eles fazem sim de fora para dentro.
Nesta data quantas vezes somos exaltados na
impressa falada escrita e televisada? Porque não aparecemos no Radio na TV e
nos jornais? Não era hora da UEB e Regiões se mexerem e nos colocar na crista
da onda? Não temos ninguém preparado ou alguém de prestígio: Ou é melhor deixar
o Bial com suas maneirices ou o Jô com suas cafonices a dizer o que somos? Mas
para isto precisamos de bons profissionais e se possivel bons comunicadores.
Temos? Quantos se arriscam a fazer belas palestras como fazem hoje grandes
outros conferencistas de temas importantes que vão da educação ao basquete? Dia
23 de abril, dia do Escoteiro. Passei quantos vinte e três de abril em minha
vida? Vamos contar: - Março de 1947 a abril de 2015. Poxa! Tudo isto? Quando
menino eu e meus amigos lobos ou Escoteiros íamos à escola de uniforme. Bem
recebidos pelos professores. Muitos eram convidados para dizer o que nós
fazíamos. Afinal era o nosso dia. Tivemos meninos escoteiros que iam lá à
frente e contavam “coisas” gostosas que os Escoteiros faziam. Todos se
divertiam com estas apresentações típicas de Fogo de Conselho. Quantos
professores hoje fazem isto e quantos jovens se arriscam a vestir um uniforme
ou vestimenta e comparecer devidamente uniformizados em seus meios
educacionais?
Bem esqueçam seu orgulho profissional.
Serão poucos os que foram para o escritório, fábrica, Congresso Nacional ou
palácio da Dilma devidamente uniformizado. Ou trajados. Ou vestimentados. Ueba!
Só o lenço não vale! Mas não foi nosso dia? Quantos programaram uma
apresentação nos colégios, universidades, igrejas ou outras associações de jovens
fazendo proselitismo do movimento Escoteiro? Não sei. Afinal lutamos com garra
e nosso tempo é mínimo. É possivel que alguns chefes mais afoitos o fizeram.
Não desmereço aqueles que colocam o lenço e saem por ai, como diz o Caetano
Veloso, “Com lenço e com documento”. Risos. Tirei o dia para “sarro” Desculpem!
Mas se fala tanto em modernismo, em pragmatismo, em Diretrizes Nacionais, em
Gestão de Adultos, em metodologia moderna que me perco de quem seria a
responsabilidade para fazer um grande Marketing neste nosso dia. Falar bonito é
uma coisa. Resultados satisfatórios são outra coisa. Sempre pensei que nossa
liderança deveria dar o primeiro passo. Mas ela só faz publicar ideias no seu
site e mais nada. Ah! Ela também agora faz questionários homéricos no SIGUE
sobre o que nós pensamos sobre ela. Se nosso escotismo é de resultados ou não.
Pensei que ela sabia, mas não sabe de nada mesmo!
Alguém me disse que sem as mudanças
poderíamos ter desaparecidos para sempre. Mas quer saber? Na mente dos
responsáveis da nação não existimos. Aqueles Escoteiros e sua boa ação da
Velhinha no farol, não existem mais. Aqueles que diziam palavra de Escoteiro
também sumiram na multidão da modernidade. Brincam que não vendemos biscoito.
Biscoito? Eu nunca vendi isto. Para mim é coisa de americanos! - Transparência
honra honestidade, fraternidade e retidão de caráter parece que também está
desaparecendo. Sei que devemos pensar que todas as mudanças são boas e sem elas
ficaríamos parados no tempo. Já pensou em pleno 2015 sem celular? Sem internet?
Sem andar para todo lado de olho pregado na tela de um celular? Sem poder
conversar em sua própria casa, pois o celular agora é o dono de tudo? Já não
somos mais os aventureiros do passado. Se foi a época em que uns poucos faziam
acreditar num escotismo forte, num escotismo de honra, em um escotismo que
tínhamos orgulho em ouvir alguém dizer: - Eles são Escoteiros. São o futuro da
nação isto eu acho que já passou.
Foi-se embora o 23 de abril. Hoje não sou
mais o mesmo. Já fui sim um batalhador pelo meu estado. Em um dia 23 de abril
fui recebido pelo Governador Aureliano Chaves em Minas Gerais e ele me deu a
honra de falar tudo que pensava do escotismo. Boas duas horas de papo. Em um 23
de abril fiz durante anos palestras em escolas, colégios e igrejas. Em um 23 de
abril milhares de Escoteiros em meu estado hasteavam a Bandeira do Brasil em
Praça Pública. Ainda me orgulho de vestir minha calça curta. Ela me honra e
sempre demonstrou meu caráter em público. E você? Já pensou sobre isto? Não espere
pela UEB, ela nunca fez nada e não fará nada, a não ser publicar em seu site.
Você se quiser vá lá ou vá ao SIGUE. Caramba, ela não tem profissionais para
fazer um marketing do nosso dia? Ou será que os diretores e presidentes não tem
a mínima ideia como fazer? Eu queria sair por aí, de calça curta e Chapelão,
tentar vender o escotismo como ele é, valente, amigo, irmão, fraterno e alegre
em toda e qualquer ocasião. Mostrar que somos um movimento sério de educação.
Que temos um lugar importante na formação de jovens em nosso país. Mas seria
difícil pensar assim enquanto os valentes dirigentes nacionais quiserem
processar irmãos que escolheram outros caminhos para fazer escotismo e
esquecendo-se da fraternidade, do Sexto Artigo, de que o Escoteiro é puro nos
seus pensamentos palavras e ações vai ser difícil.
O meu dia do Escoteiro? Todos os dias da minha vida, e olhe o seu também! E viva a União dos Escoteiros do Brasil!