sábado, 23 de fevereiro de 2019

Hoje tem reunião, alegria de montão!



Hoje tem reunião, alegria de montão!

Badenianos, Sempre Alerta, façam a jogada certa,
Hoje tem reunião, alegria de montão.
Se prepare vai cantando, pois a hora tá chegando.
Tem lobos da Alcatéia, tem a Chefe Dulcineia,
Tem a Tropa do Alfredo, do querido Chefe Pedro.

Quem fica parado é poste, no dia de pentecoste.
Vá prá sede bem ligeiro, ande meu caro Escoteiro.
Você não pode faltar, a turma vai acampar.
Prepare sua teoria, daquela pioneiria.
Aprendeu a ser mateiro, agora vai ser cozinheiro.

Lobada use seu giz, desenhando o lobo Gris.
Seniores e guias bau, bau, caíram do comando Crow!
Eu soube que o Pioneiro, agora é enfermeiro.
A pioneira calada, agora virou sua amada.
Portanto não percam tempo, não haverá contratempo.

No céu vermelho ao sol por é delicia do pastor.
No orvalho da madrugada quem canta é a passarada.
Mas cuidado se ver nuvens cor de cobre,
Se prepare é temporal que se descobre.
Leve a capa e a lanterna, não vá quebrar sua perna.

E quando a hora chegar procure o seu lugar.
Aproveite enquanto dura, lá na grande ferradura,
Fique durinho pomposo, seja Escoteiro brioso.
Quando a bandeira subir, não deixe ela cair.
Pois hoje tem reunião, Alegria de Montão!

ESCOTISMO É VIDA, AMOR, FILOSOFIA E MUITO MAIS!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Lembrando Baden-Powell of Gilwell. (Plagiando Carlos Gonzaga – Bat Masterson).



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Lembrando Baden-Powell of Gilwell.
(Plagiando Carlos Gonzaga – Bat Masterson).

Prologo: - Uma pequena homenagem ao nosso Líder Mundial. Baden-Powell deixou um legado de mais de 25 milhões de jovens praticando o escotismo em todo o mundo e mais de 600 milhões de outros que passaram pelas fileiras Escoteiras. Por mais que alguns “çabios” queiram dizer que seu método está ultrapassado ele nunca será superado. Escotismo ainda é o que Baden-Powell nos deixou.

Na velha Inglaterra ele nasceu,
E entre irmãos ele se criou,
Seu nome em lenda se tornou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

               Nasceu em Londres, nesta data no ano de 1857. Pai reverendo e professor, Mãe filha de um grande Almirante. Diziam que seu bisavô foi um dos pioneiros na colonização Norte Americana. Perdeu o pai com três anos. Sentiu falta mesmo tendo uma grande família. Adulto dizia para si: - “Dificuldades são feitas para serem superadas“. Com uma bolsa de estudo foi para Charterhouse estudar. Era daqueles que se metia em tudo e dizem que foi famoso como goleiro do time de lá. Tentou até ser ator e que quando interpretava fazia todos morrerem de rir. Era habilidoso em musica e desenho e mais tarde isto ajudou a ilustrar suas obras.

Sempre elegante e cordial,
Sempre o amigo mais leal,
Na guerra foi sempre um defensor,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                Aos 19 anos já subtenente da Cavalaria foi para a Índia onde recebeu o troféu mais desejado naquele país: - Sangrar o porco! Uma caça ao Javali selvagem a cavalo com uma lança curta. O Javali sempre foi considerado um animal feroz o único que se atrevia a beber agua no mesmo lago onde bebia um tigre. Divertiu-se na Africa que dizia ser sua segunda pátria. Participou da campanha contra os Zulus e logo foi promovido a Major. Lutou com as ferozes tribos dos Ashantis e os selvagens guerreiros Matabeles. Muitas tribos o temiam e até lhe deram o apelido de “Impisa” O lobo que nunca dorme. No ano de 1899 foi promovido a Coronel na guerra dos Boers se tornou o herói de Mafeking.

E toda a nação cantava,
Sua coragem e destemor,
E dele sempre se falava
Um herói para onde for.

               Uma saga para não esquecer. Com poucos soldados conseguiu durante duzentos e dezessete dias defender a cidade. Uma epopeia que teve a colaboração dos jovens em diversas tarefas. Pela sua vida brilhante logo foi promovido a Major-general. Retornou a Inglaterra em 1901 e ficou surpreso com o sucesso de seu livro escrito para militares “Aids To Scouting”. Com sua experiência na Índia e na Africa reuniu uma biblioteca especial e através dos livros estudou a fundo os métodos usados naquela época para a educação e adestramento dos rapazes. No final de julho de 1907 fez uma experiência com 20 jovens em um acampamento na Ilha de Brownsea. Um acampamento com sucesso absoluto.

É o mais famoso dos heróis,
Que o mundo inteiro conheceu,
Fez do seu nome uma legião,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                 Em 1908 lançou seis fascículos do seu manual de adestramento “O Escotismo para Rapazes”. Ele ainda nem pensava que sua ideia afetaria os jovens do mundo inteiro. Logo que foi posto a venda surgiram patrulhas e tropas Escoteiras não só na Inglaterra como em outros países. Em 1910 compreendeu que o Escotismo era sua nova vida. Pediu demissão do Exercito e ingressou na sua “segunda vida” como dizia. Agora era uma vida de serviço aos jovens do mundo por meio do escotismo. Em 1912 fez uma viagem ao redor do mundo para levar as boas novas ao escotismo que eles praticavam. Para ele eram os primeiros passos para uma Fraternidade Mundial.

Seu nome lenda se tornou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.
Gravado na mente ele ficou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                    O Movimento Escoteiro crescia assustadoramente. Com 21 anos passou dos dois milhões de integrantes. Baden-Powell recebeu do Rei Jorge V a Honra de ser elevado a barão. Passou a se denominar Lord Baden-Powell of Gilwell. Apesar destes títulos para todos os escoteiros ele continua a ser o Escoteiro Chefe Mundial. Com 80 anos regressou a África com sua esposa Lady Baden-Powell e fixaram residência no Quênia na sua famosa casa chamada de Paxtu (paz para dois) próximo a Nyeri. Faleceu em 8 de janeiro de 1941 faltando pouco mais de um mês para fazer 84 anos de idade. Uma lenda real, fantástica, cujo belo gesto criou uma organização que hoje ultrapassa vinte e cinco milhões de jovens em todo mundo.

Em posição de Alerta, nesta festiva data, saudemos a Baden-Powell com nosso Anrê e o Bravôo e o nosso Sempre Alerta para sempre!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Ser Monitor.



Conversa ao pé do fogo.
Ser Monitor.

                     É notável o papel que desempenha a Patrulha no Escotismo. Mas também é certo que ela será o que for o seu Monitor. O valor pessoal do Monitor, não o duvidemos, irá sempre influir tanto na vida social da Patrulha como na vida pessoal de cada individuo que a forma. Quando um dia perguntaram a Baden-Powell que grau escolheria nos quadros do escutismo se não fosse Chefe Mundial, ele respondeu: "Se me permitissem escolher um posto no Movimento, escolheria o de Guia de Equipa". Com isto queria significar o Grande Chefe, que julgava que o papel mais interessante dentro do escutismo é o de Guia de Equipa. Quando um dia perguntaram a Baden-Powell que grau escolheria nos quadros do escotismo se não fosse Chefe Mundial, ele respondeu: "Se me permitissem escolher um posto no Movimento, escolheria o de Monitor de Patrulha". Com isto queria significar o Grande Chefe, que julgava que o papel mais interessante dentro do escotismo é o de Monitor de Patrulha.

                    Disse um dia Proebel "é necessário que a vida do rapaz seja uma festa contínua; ele deve formar-se por meio do jogo, da alegria e da amizade. Baden-Powell para corresponder a esse desejo criou para os rapazes e moças algo de formidável onde eles possam desenvolver-se numa atmosfera de alegria e de bom humor". Eis o Escotismo que ele criou sobrepondo dois quadros cheios de atrativos: O quadro do ideal cavalheiresco e o quadro da vida de explorador, dos quais fez nascer à bela aventura da Vida Escoteira. O Monitor encontra aqui a sua grande missão, fazer dos seus rapazes atores desta aventura, sendo ele o mesmo realizador e um dos atores. Quanto mais viva for à realização, mais animado, agradável e feliz sairá o filme. Treinando os seus escoteiros, entusiasmando-os, amando-os e assim eles seguirão o seu monitor até ao final, evitando o aborrecimento nas atividades da patrulha, procurando criar cada vez mais qualquer coisa de novo, sem parar, vivendo sempre com o ideal de seguir sempre em frente até ao mais longe possível. Em tudo onde o monitor participe, deve ele acabar com os momentos vazios, cheios de palavras e de circunstância sem qualquer finalidade, porque antes de mais uma palavra clara e direta vale mais do que muitas palavras ocas.

                      A missão do monitor passa nada mais do que ser o Treinador, aquele que rega o que está árido, o Irmão Mais Velho, aquele que cura o que está ferido, o Modelador, aquele que dobra o que é duro e que aquece o que está frio, e finalmente o Exemplo, aquele que guia os passos dos desencaminhados. Para o Monitor obter bons resultados com o seu trabalho precisa ter: - sacrifício, dedicação, exemplo, franqueza, coragem, energia, pois a grande condição indispensável para se exercer uma ação de formação junto dos seus escoteiros é o seu exemplo como Monitor. O Monitor não deve esquecer que deve partilhar esta missão de formação, com os seus Chefes, com o Assistente, com o seu Submonitor, pois deles exige-se a colaboração nesse sentido. Importante é que o Monitor nunca esqueça que a sua presença não deverá nunca apagar o individualismo de cada um dos seus patrulheiros. Por outro lado é bastante positivo que cada rapaz saiba que o seu Monitor está sempre pronto para ajudá-lo e que pode contar sempre com ele.

                         O Monitor não é mais do que o modelador hábil que do barro mais resistente, dos caracteres mais difíceis, consegue fabricar autênticas obras de arte, Escoteiros conscientes, Homens para a Vida. O Monitor antes de realizar esforços por formar os seus elementos, tem que os conhecer bem, assim que os mesmos entrem para a sua equipa, assim será uma demonstração de que o Monitor se interessa pelos seus elementos, conhecendo os seus interesses, os seus gostos, os seus divertimentos, os seus estudos, a sua vida familiar e a sua vida no seio do seu Grupo. O Monitor deve ser responsável e isso implica saber responder pelos seus atos em qualquer momento. Partimos pelo pressuposto que todo o Verdadeiro Monitor é responsável, mas a sua responsabilidade situa-se até que ponto? Quem é que é responsável pelo Monitor?

Primeiramente, o Monitor é responsável pela sua própria pessoa. Como sabemos do Monitor dependem outras sete pessoas, que o seguem, que o examinam, que colocam várias provas e obstáculos ao seu carácter e que conhecem melhor o Monitor que o próprio Monitor e finalmente são sete pessoas que imitam o seu Monitor, quer nas virtudes quer nos defeitos. Tudo o que acontecer dentro das competências do Monitor aos seus Escoteiros dependerá quase sempre do Monitor e do seu Submonitor da vontade de ambos. É necessário que o Monitor e o sub. saibam primeiramente o que desejam para si e depois de o saberem concretamente é que saberão o que querem para os outros.

                      Resumindo, conclui-se que o Monitor não é leal se exigir dos outros seus elementos algo que não exige de si, se lhes impuserem normas ou regras e é ele o primeiro a desobedecê-las. O Monitor deve sempre pensar num grau de exigência maior em relação a si do que dos seus elementos. O Monitor é Responsável pela sua patrulha, pois ele responde por ela onde quer se seja, quer em reuniões, quer em atividades, quer em jogos. Por isso o Monitor é responsável pelo espírito da sua patrulha/equipa, e, portanto deve ser o Monitor que o deve incutir nos seus irmãos escoteiros. O Monitor é também responsável pelo seu Grupo, pois a ele cabe um papel fundamental na discussão da vida do grupo a que pertence.

                       O Monitor não deve nunca deixar esse papel de lado, pois essa incumbência que é dada ao ele deve ser utilizada da melhor forma. Se a Chefia necessita do apoio dos seus Monitores no sentido de lhes ouvir as suas opiniões, informar sobre algumas indicações, falar sobre o espírito entre as patrulhas e a tropa e decidir os passos da caminhada da Tropa, o Monitor tem uma grande quota de responsabilidade sobre as orientações tomadas e realizadas pelo seu Grupo. Por último, o Monitor é Responsável por cada um dos seus escoteiros de patrulha, pois é ele que deve ser o primeiro a fazer com que os seus patrulheiros adquiram o verdadeiro Espírito Escotista, o espírito que se encontra presente na Lei do Escoteiro.

                      O Monitor não é apenas aquele que se diverte com os seus patrulheiros, mas sim aquele a quem compete fundamentalmente velar pela formação moral, intelectual, física, técnica e religiosa, é responsável pelos que abandonaram o escotismo, é responsável por aqueles que nunca sentiram o escotismo.
Adaptado do livro "Pistas para o Monitor de Patrulha”.

As melhores tropas estão onde a responsabilidade está nas mãos dos monitores. Este é o segredo do sucesso de muitos chefes escoteiros quando eles têm seus monitores fazendo seu trabalho como se eles fossem os assistentes da chefia. Os chefes escoteiros são capazes de continuar e aumentar o tamanho de suas tropas começando novas patrulhas ou colocando novos escoteiros nas existentes. Espere grande coisa de seu Monitor de Patrulha e nove vezes em dez ele vai superar sua expectativa. Mas se você continuar a trata-los como bebês e nunca confiar a eles coisas a serem feitas, você nunca vai tê-los fazendo nada por sua própria iniciativa. Baden-Powell.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Caro Escoteiro, evite a Cascavel, ela tem veneno.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Caro Escoteiro, evite a Cascavel, ela tem veneno.

                                Nossa! Acordei hoje pisando ovos. Já me disseram que devemos tomar cuidado para que a velhice não nos enrugue mais o espírito que o rosto. Pois é, o inteligente se previne de tudo, o idiota faz observações sobre tudo. Hoje me sinto um idiota sentado em dia de chuva num barranco para não cair. Quando envelhecemos costumamos ser eloquente, falador, tagarela e loquaz. Dizem que falamos pelos cotovelos, e olhe andei pensando como usar os cotovelos na verborragia escoteira. Só consegui usar quando jovem na Briga de Galo usava os cotovelos como asas e esporas para defesa e ataque.

                               Ultimamente tenho andado cauteloso com minha maneira de agir falar e pensar. O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz. Afinal vejo por onde leio, por onde piso por onde me meto em aventuras já não tantas aventurosas, mas sempre saudosas do que fiz e não posso mais fazer. Alguém me perguntou: - Chefe, o que você entende de escotismo? Putz Grila! Que pergunta mais besta! Foi como um sopapo no nariz de tamborim. Bem, afinal entendo ou não de escotismo? Tem hora que me confundo. O de ontem ou o de hoje?

                              É por esta e outras que me resguardo de uma resposta batuta. Contento-me em responder, dizer o que penso do escotismo que amo e que tanto amei. Um famoso poeta me disse: - Meu velho amigo é preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona e seca. Deu vontade de perguntar para ele: - Amigo qual escotismo? Se for o de hoje não entendo bulhufas. Do passado sou doutor. Chega de fanfarronice e vamos aos finalmente.

                             Francamente não dá às vezes me revolto, fico abespinhado, irritado e até zangado como o que vejo por aí. Outro dia vi uma foto de gente jovem entre 18 a 21 anos que diziam ser Escoteiros do Brasil apareceram com meu querido caqui. Uns de calça comprida outros de curta, camisa aberta ao peito e solta e lenço amarrado nas pontas e os de calça curta sem meião com meinha colorida. Na cabeça chapéus e bonés tirados da imaginação. Bah! Dar os parabéns? Dizer bem vindos a este novo mundo, das criativas modernas do estilista Karl Lagerfed, o cara da Chanel da moda parisiense? As notas dos jornais dizem que faleceu. Criou tanto que os modernos escoteiros do Brasil acharam bom inventar e quem sabe ficarem famoso como ele na nova filosofia pedagógica que chamam de novo Escotismo e um amigo diz que é neo-escotismo.

                             Mas logo alguém vai dizer: - Chefe se entende de escotismo sabe que tem um POR e lá diz que se pode usar e... Abusar! Deus meu! Um ou dois que se julgam dono do poder escrevem as besteiras que querem e fazem do bom nome do uniforme caqui, que usei por anos, que me orgulhei por onde passei para lambuzar de invenções tiradas da burra imaginação? Já chega a tal vestimenta que mudou para vestuário que breve deve mudar também, onde se usa a mais perfeita apresentação démodé de todos os tempos! Calma... Sei que tem gente que gosta. Há gosto para tudo! (cala-te boca!).

                             Devo me calar? Os defensores dos direitos autorais de corneta na mão gritam aos quatro ventos que isto é o melhor escotismo, que isto é a melhor maneira de agir e fazer que o mundo seja outro, que estamos vivendo tempos modernos e eu um pobre diabo do passado não posso me exprimir? Caramba carambola, isto é conversa mole para boi dormir. Há dias ando engasgado com tantas coisas que estou vendo. Briga interna no CAN, facilidades para alguns protegidos viajarem a custa da tal EB ao estrangeiro. E tudo fica no bem bão? Chefe, me gritam, vai haver eleições! Melhor é dar risada. Kkkkkkk.

                            Me seco na cadeira de praia na varanda da rua onde moro. Fecho os olhos e penso: - Tenha cuidado Chefe com a tristeza. É um vício. Cuide bem de você, não sofra sem necessidades. Cacilda é verdade, o que ganho com isso em me revoltar com o que acreditei ser um ideal escoteiro? Saio andando com minha bengala da arena do circo. Cansei de assistir a dança da chuva e as piadas dos palhaços. Sei que minhas passadas serão curtas, logo, logo estarei bengalando em outras plagas do universo e então os pedagogos, os modernistas, os doutores irão aplaudir.

                            Desta vez não vou pedir desculpas, afinal sou um velho esquizofrênico, que muitos dizem que sofro de alucinações, delírios incoerência mental e etc. Agora será que eles têm razão quando me perguntam de eu entendo de escotismo? Porque não perguntar aos candidatos aos eleitos? Afinal será que eles já viram a lua nascer em uma montanha qualquer? Será que já dormiram sob as estrelas em noite estrelada? Será que reconhecem a estrela Dalva ou a constelação de Orion? Será que dominam o passo escoteiro ou o passo duplo, sabem fazer nós de fateixa e balso pelo seio?

                          Chefe! Isto é bobagem, para ser dirigente não precisa...  E eu então na minha timidez idiota vou tocar minha harmônica que é um remedido e tanto para as tristezas. “O meu chapéu tem três bicos, tem três bicos o meu chapéu, se não tivesse três bicos não seria o meu chapéu”! E o velho gagá escoteiro vai pela estrada afora pensando de que estirpe é feita hoje a nossa liderança escoteira. Ainda bem que não estarei aqui para ver o que aquele cego da EB fez: Levou sua trupe a acreditar dizendo maravilhas do novo escotismo e “entonse” caíram todos no buraco.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Mudando de conversa onde foi que ficou...



Conversa ao pé do fogo.
Mudando de conversa onde foi que ficou...

♫ Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade...

            Não tem dia que vamos para uma reunião com a mente longe de tudo? A cabeça pesa. Afinal não somos humanos? Uma discussão no lar, um fato mal entendido, uma dificuldade que existia e brotou logo neste dia. E olhe, não adianta dizer que somos alegres e sorrimos nas dificuldades. Nesta hora não dá. Somos humanos! Deveríamos ser super-homens ou super-mulheres. Afinal não dizem maravilhas do Chefe Escoteiro? E sabe o pior? Alguém da família diz – “Você esqueceu-se da gente, só se preocupa com estes escoteiros”. Duro não? Mas a obrigação é maior que a razão. Você vai, chega lá, um Escoteiro ou um lobinho te cumprimenta, dá um sorriso. Puxa vida! E agora José?

♫Aquele papo furado todo fim de noite
Num bar do Leblon.

             Não sei se você já passou por isto. Saida para uma atividade. Ônibus estacionado. Horário estourando. Muitos atrasados. Tralha para colocar no ônibus, mil coisas a fazer. Uma mãe atrás de você – Chefe! Cuidado com meu filho! Chefe e as cobras? Chefe não esqueça os remédios dele! Leve este repelente para os pernilongos! Chefe me ligue qualquer coisa! – O ônibus parte. Mães chorosas dizendo adeus. Parece o fim do mundo. Mas eles não vão aprender a ser alguém? Mal você se acomoda no ônibus e alguém começa a chorar. Tão cedo? O que foi? Fulano me bateu! Você chega ao local da atividade. Tirar a tralha, preparar tudo, corre daqui corre dali, a Patrulha tal não se entende. Lá vai você orientar. Hora do almoço. Alguns reclamando fome. Um Monitor correndo para dizer que um Escoteiro estava com a mochila cheia de biscoitos e comendo! Outro dizendo que um patrulheiro só quer ficar no celular! Sua cabeça está a mil. O programa? Pluft! Foi para as “cucuias”. E agora José?

Meu Deus do céu, que tempo bom!
Tanto chopp gelado, confissões à beça.

                Dificuldades! Ah! Elas não são para nós escoteiros um bálsamo? Não dizem isto? Não está no oitavo artigo da lei? Não são elas quem nos faz sentir ser alguém? Ter coisas para contar, Lembrar... Chegar ao campo. Ufa! Esquecemos alguma coisa na sede? Alguém se lembrou? A meteorologia garantiu tempo bom. Céu pedrento? Chuva ou vento? Nuvens baixas cor de cobre? É temporal que se descobre? Um temporal. Uma ou mais barracas são levadas com o vento. Não armaram direito. A água invade o campo. Escolheram mal. Mas não dizem que se aprende a fazer fazendo? Agora não é hora de reclamar. E aí? Conseguiram cobrir o lenheiro? Putz! Lenha molhada. A chuva passou. Se tiver vento e depois água deixe andar que não faz mágoa. Mas olhe, cuidado, se tens água e depois vento, põe-te em guarda, e toma tento! E agora José?

Meu Deus, quem diria que isso ia se acabar,
E acabava em samba...

              Segunda feira “braba”. Ir trabalhar. Corpo doido. Acampamento gostoso. Gostoso? Com chuva e vento? Vontade de ficar na cama. Ligar dizendo que não vou. Mas fazer o que? É melhor cantar. Não dizem que quem canta seus males espanta? Responsabilidade! Ah! Tenho que ter e dar exemplo. E a grana está curta. O dia não anda. Dizem que toda segunda feira é assim. Hoje vou tentar pensar pouco no escotismo. Você promete a si mesmo. Alguém pergunta – Como foi o acampamento? Você sorri azedo. Fala algumas palavras. O telefone toca – Chefe, meu filho está tossindo. Pegou chuva no acampamento? E ai você se pergunta – Quem precisa do escotismo, você ou ela? Mas você é e será sempre o responsável. Afinal não disseram que o Chefe é Doutor? Pluft! E agora José?  

Que é a melhor maneira de se conversar,
Mas tudo mudou, eu sinto tanta pena de não ser a mesma.

                       Escotismo. Ah! Escotismo. Outro dia me chamaram de não sei o que. Não liguei. Não ligo mais. Um amigo me disse o seguinte: Olha, faça seu jogo, com poucos e com certeza só terás alegria e não tristezas. Será? Poucos? Disseram-me que somos poucos. Tem hora que dou risadas. Ainda lembro-me do velho slogan que dizem por aí: - Venha nos ajudar, é só duas ou três horas por semana. Gozado isto. Duas ou três horas? E as reuniões com chefes no grupo? E a Corte de Honra? E os conselhos de tropa e de primos? E a reunião do distrito? E a reunião com os pais? E as horas passadas em atividades ao ar livre? E os telefonemas na semana? E os e-mails? Puxa vida! Duas ou três horas? E quanto estou ganhando com isto? Nem bônus hora recebo. Se não tomar cuidado meu emprego vai para o “beleleu”. Risos. E agora José?

Perdi a vontade de tomar meu chopp, de escrever meu samba,
Me perdi de mim, não achei nada.

                     Mas quer saber? Eu gosto do “danado” do escotismo. Adoro escoteirar! Me sinto bem. Gosto do meu uniforme. Dos meus amigos. A turminha me enturma. Gosto de falar dele. De estar com alguém dele. De saber das novidades. Do Choro dos pais. Da alegria dos meninos. De um ônibus lotado e todos cantando o Rataplã. De ver na volta todos dormindo. Ar de cansado, dever cumprido. Aquele sono reparador. Ver todos partirem com seus pais ao retornar a sede. Passar a chave na porta e dizer: - Minha amiga até a próxima reunião! Isto não é bom? Dever cumprido mesmo? Ah! Escotismo! Tem igual? Existe outro? E agora José?

O que vou fazer?
Mas eu queria tanto, precisava mesmo abraçar você.
De dizer às coisas que se acumularam,
Que estão se perdendo sem explicação,
E sem mais razão e sem mais porque,
Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade¶...

 “Mudando de Conversa, é uma musica dos anos 60, de Mauricio Tapajós e Hermínio Belo de Carvalho. Magnificamente interpretada por Doris Monteiro”.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. As férias Escoteiras estão terminando.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
As férias Escoteiras estão terminando.

                Porque não dizer férias merecidas. Afinal um ano se foi e sabemos que mesmo não ficando só por conta dele estamos cansados. As atividades profissionais e outras sociais sem contar as espirituais também fizeram parte da vida de cada um. As férias nos Grupos Escoteiros hoje em dia são comuns. Muitos param durante o mês de julho, janeiro e alguns fevereiro também. Lembro-me quando fui Diretor Técnico de um grupo na capital que na volta das férias sempre me preocupava. Muitos não apareciam. Quem sabe as reuniões, os acampamentos excursões e tantas outras atividades Escoteiras eram uma motivação para não perder nenhuma reunião. Nestes casos era hora de colocar em prática o plano “B”. Risos, uma maneira de dizer. Todos ligando para os jovens e pais dizendo que o grupo já tinha voltado à ativa. Uma época que nem todos tinham telefone então uma cartinha e ou uma visita para que as patrulhas e matilhas continuassem completas. Uma luta para evitar a evasão.

                  Entretanto conheci outros Grupos Escoteiros que quase não paravam para as férias. Eram épocas dos grandes acampamentos. Grandes acantonamentos. Lembro que fiz um em um grupo quando era Chefe de quinze dias. Ufa! Cansou demais e como cansou. Desisti e passei a fazer somente de dez dias. Nas capitais e nas maiores cidades muitos jovens correm para os acampamento de férias realizados por empresas especializadas. Pelo que sei com altíssimas taxas e as reservas devem ser feitas antecipadamente.

                 Sei de jovens não escoteiros que adoram os acampamentos de férias e voltam todos os anos. Porque não fazer o mesmo nas tropas e alcateias para se tornar uma tradição? Ninguém vai ficar em férias mais de um mês, portanto é perfeitamente viável. Quando jovem era diferente. Não éramos tanto dependentes dos chefes. Bastava programar e seguir o Velho plano de ação: - O quê – Por que – Quem – Quando – Como – Quanto (R$) e onde. Fácil, - Chefe: - Vamos para o Rio do Peixe – no sábado que vem – Vamos treinar semáforas e aprender um pouco de primeiros socorros, iremos fazer uma ponte para os residentes; – Taxa não haverá usaremos o sistema de ração. E assim o programa estava feito. Hoje, no entanto isto não é tão fácil nas grandes cidades.

                   Sei que os Grupos Escoteiros têm seu esquema para as férias. Alguns mantêm reuniões permanentes aos sábados sob a liderança dos monitores, outros um assistente está presente. Formam um grupo de amigos, pois se sabe que muitos escoteiros estarão viajando e as patrulhas incompletas. Os lobos salvo algumas exceções ficam fora o mesmo período de seus chefes. Afinal os pequerruchos ainda não estão preparados para andar com as próprias pernas. Os lideres do grupo salvo um ou outro também não estão presentes. Tem outros que aproveitam as férias e colocam mãos a obra na reforma ou na pintura da sede. Não sei se é uma boa ideia. Sempre fui a favor que o Grupo Escoteiro é de todos e não de um só. Se vão trabalhar nele que todos estejam presentes inclusive os lobos. (carregando um tijolo, uma telha ou o que for).

                  Uma vez analisei quanto tempo temos “escoteiramos” por ano. Até criei a palavra “Escoteirar”. Afinal a maneira de dizer que vou “pros escoteiros” não dá. Melhor dizer vou “escoteirar”. Claro que não é um verbo e nem adverbio. Os professores de Português poderão explicar melhor. Se alguém me pergunta respondo: - Não posso estou escoteirando. Quem sabe outro dia, pois neste estarei a escoteirar com os escoteiros.  Lembro-me dos meus ofícios escoteiros que escrevia em baixo: - Escoteiramente Sempre Alerta para Servir. Nada de SAPS. Mas hoje tudo é mais moderno.

                 Mas vejamos o tempo que ficamos “escoteirando” no escotismo. – Quatro reuniões por sábado. De doze a quatorze horas por mês. Excursões acampamentos, atividades aventureiras no mês. Quem sabe a Tropa perfeita gasta 60 horas. Mas nem todas têm.  Vamos levar em consideração as reuniões que somos obrigados a comparecer. Chefia do Grupo (Conselho de Chefes) Chefia Distrital sem contar às assembleias que são uma vez ao ano. Podemos dizer que tiramos mais ou menos seis horas para isto. Somando tudo e claro pensando que é um Grupo Escoteiro com objetivos propostos, chegamos a setenta horas se muito. Ou seja, os mais dedicados fazem escotismo pelo menos três dias por mês. Em dez meses são trinta dias. Verdade?

                  Pensando bem se minha matemática foi perfeita (o que não acredito) é um tempo mínimo para dar formar na metodologia Badeniana os jovens escoteiros e lobos. Se observarmos bem a nova sistemática de programas feito pela UEB ou EB não tem como atingir a todos instintivamente. Somente os mais afoitos e mais esforçados poderão conseguir seus objetivos. Enfim precisamos de umas férias. Mesmo com o tempo exíguo que damos aos escoteiros nossas obrigações familiar e profissional nos dizem que o corpo precisa de um descanso. Assim sendo eu parabenizo a todos e meu fraterno abraço neste retorno. Chega de mar azul ou verde, chega de praia chega de sol. Agora é mãos a obra. Tem excursões, tem bivaques, tem acantonamentos e acampamentos, tem atividades aventureiras e reuniões de sede.  

                    Pensando bem quando dezembro chegar ao final de 2019, vamos de novo descansar. Pé no avião ou no carro e lá vão todos escoteirar com a família por aí. Pensar no menino Jesus, em sua manjedoura ou no papai Noel um simples coadjuvante. Por enquanto pé na estrada, pois a lobada a escoteirada e os seniores estão aí esperando o programa do ano. Escotismo é assim, um sorriso nos lábios, um aperto de mão uma saudação à bandeira e aventuras no coração.

A todos bom retorno. Melhor Possível – Sempre Alerta – Servir!

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Hoje tem reunião, Alegria de montão! Moço, quem são eles?



Hoje tem reunião,
Alegria de montão!

Moço, quem são eles?

Moço, por favor, me diga, quem são eles?
Estes sorrisos e cantorias é mesmo deles?
Aonde vão com essa tralha no costado,
Partem em bandos nem parecem assustados
Dizem que vão para os campos e montes,
Cheios de esperanças a beber água da fonte.

Sei que são meninos cheios de esperanças
A correr com bandeiras nas andanças,
No regato águas límpidas e formosas,
Contam casos contam prosas.
No lusco fusco do sol da tarde
Armam barracas sem fazer alarde.

Usam mochilas, distintivos e chapéu.
Usam lenço amarrados ao arganéu.
Na ravina eles gostam das flores
Orgulham da promessa, dos seus valores.
Armam barracas, arvoram bandeiras.
A moeda da boa ação sempre na algibeira.

Ei jovem, me diga quem são?
Vejo vocês fazendo boa ação,
Moço, sou menino, sou faceiro,
Olhe bem, sou Escoteiro,
Amo a Deus, amo meus amigos
Amo a pátria e da lei os seus artigos.

Pensei que eram simples meninos
Enganei-me, eram divinos.
Batutas, energia que consomem
Sem duvida em breve serão homens.
Nunca seriam esquecidos forasteiros
Pois ali estavam verdadeiros Escoteiros.

Se um dia perguntarem aonde vão
Diga com calma com amor no coração.
Eles? Meu amigo são alegres faceiros
São meninos, eles são Escoteiros.
Vivem de sonhos correndo neste céu cor de anil,
São sinceros, são amigos, são Escoteiros do Brasil!  

Bom retorno, boa reunião!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Mensagens de Baden-Powell. Rastros do fundador.



Mensagens de Baden-Powell.
Rastros do fundador.

Nota de rodapé: - O Chefe Escoteiro que é o herói dos seus rapazes possui uma poderosa alavanca para o desenvolvimento destes, mas ao mesmo tempo assume uma grande responsabilidade. A tarefa do Chefe Escoteiro é como o golfe, ou a ceifa, ou a pesca à mosca. Quem se apressa não chega ao fim, pelo menos não chega com o resultado que se obtém com um andamento alegre e calmo. Os princípios do Escotismo estão todos certos. O êxito da sua aplicação depende do Chefe e do modo como ele os aplica. Baden-Powell.

                 Lembranças de Baden-Powell escritas para todos os escoteiros do mundo e que pode também servir para os chefes e dirigentes.
                  
A CORAGEM DO ESCOTEIRO.
Ao escoteiro (militar) exige-lhes valentia no mais alto grau.
Na presença do perigo, não te detenhas a medi-lo - quanto mais o fizeres menos te agradará enfrentá-lo -, atira-te de cabeça, avança para ele sem receio, e uma vez metido nele chegarás à conclusão que não é tão mau como parecia.

Certos homens nascem bravos, outros precisam que a coragem lhes seja insuflada. Mas na grande maioria dos casos, a coragem é uma virtude que pode ser cultivada. Quando estiveres em apuros, nunca o dês a entender seja sob que pretexto for. É nessa altura que deves assobiar e sorrir como se estivesses a gostar.

O EXEMPLO DE JESUS CRISTO.
Acho bastante curioso que homens que se dizem bons Cristãos se esqueçam tantas vezes, perante uma dificuldade, de fazerem a si mesmos esta simples pergunta: - “O que é que Cristo teria feito nestas circunstâncias”? E então decidir em conformidade. Lembra-te de fazê-la na próxima vez que estiveres em dificuldades ou que não saibas como proceder.

Cristo deu a sua vida para nos dar o exemplo, nomeadamente, de que devemos estar “Sempre Alerta” - qualquer que seja o preço que tenhamos de pagar para cumprir o nosso dever para com os outros.

SOBRE A HONRA.
“A Honra para um Escoteiro é ser digno de toda confiança”. Como um Escoteiro, nenhuma tentação, por maior que seja, e embora seja secreta, irá persuadi-lo a praticar uma ação desonesta ou escusa, mesmo muito pequena. Você não voltará atrás a uma promessa, uma vez feita. A palavra de um Escoteiro equivale a um contrato. Para um Escoteiro, a verdade, e nada mais que a verdade.

Sobre os deveres para com Deus.
Ao cumprires o teu dever para com Deus, sê-Lhe sempre grato. Sempre que apreciares um prazer ou um bom jogo, ou conseguires fazer uma boa ação, dá-Lhe graças por isso, quanto mais não seja com uma ou duas palavras. Como fazes às refeições.

Ser leal para com Deus significa nunca te esqueceres Dele e recordá-Lo em tudo o que fazes. Se nunca O esqueceres, nunca farás nada de mal. E se te lembrares Dele quando estiveres a fazer qualquer coisa errada, deixarás logo de fazê-la.
Deus tem sido bom para contigo, por isso cabe-te fazer alguma coisa em troca que Lhe agrade; é esse o teu dever para com Deus.

O rapaz tem de compreender que uma parte do seu «dever para com Deus» consiste em cuidar e desenvolver como uma obrigação sagrada os talentos com que Deus o dotou para a sua passagem por esta vida: o corpo com a sua saúde, a sua força e as suas faculdades de reprodução, para serem usadas ao serviço de Deus;

A mente, com as suas maravilhosas capacidades de raciocínio, de memória e de julgamento, que o colocam acima do mundo animal; e a alma, essa parcela de Deus que o homem traz dentro de si - e especialmente o Amor, que se pode desenvolver, e fortalecer mediante a prática e expressão contínuas. E assim que podemos ensinar-lhe que cumprir o seu dever para com Deus não significa simplesmente confiar na Sua misericórdia, mas fazer a Sua vontade praticando o amor para com o próximo.

DEVER
Um escoteiro faz o seu trabalho porque é esse o seu dever, não para receber alguma recompensa. O Escotismo não é apenas divertimento, mas exige muito de ti. Cumpre primeiro o teu dever, e os teus direitos ser-te-ão reconhecidos. Nenhum bom Escoteiro se furta aos seus deveres. Pelo contrário, o normal é que ele faça mais do que a parte que lhe cabe em benefício dos outros.

Cumpre o teu dever mesmo que seja desagradável ou que ninguém dê por isso. Sê leal para com o teu amigo, mas ao mesmo tempo nunca sejas desleal para com o teu dever. É possível que isto te coloque frequentemente num dilema; mas a única maneira de resolvê-lo é por o teu dever em primeiro lugar, e agir em conformidade. A eficiência é uma excelente coisa, mas tem que haver algo mais por detrás dela: tem que haver coragem e valor e a determinação de cumprires o teu dever quaisquer que sejam os riscos de perigos que isso te acarrete.
Baden-Powell of Gilwell.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Um passeio nas asas da imaginação.



Um passeio nas asas da imaginação.

                         Abri os olhos com os primeiros raios de sol batendo sofregamente na lona da minha barraca. Minha não, da tropa. Uma barraca de enfermaria. Coloquei a mente em alerta para recordar tudo que passou. Lembro-me de Monserrat o Monitor da Onça Parda fazendo às vezes de Escoteiro Socorrista. Que ele tinha a especialidade eu sabia, pois na tropa só ele e Deusdety tiveram essa honra. Lembrei-me da vertigem que tive no salto com vara sobre o riacho das flores. Acho que fiquei desacordado por horas ou será por dias?

                        Abri a porta da barraca, dia fresco, ar puro, cheiro da terra, vento sul soprando entre as folhas do arvoredo da Mata do Tenente. Cantiga de um Sabiá escondido entre as folhas de castanheiras. Ainda não estava pronto para voltar a Patrulha Lobo. Monserrat chegou com uma caneca esmaltada cheia de chá de Alecrim. Com seu sorriso encantador ele disse: Vado Escoteiro quando estamos tristes, chateados ou cansados e nossas energias ficam debilitadas, tome um chá de uma erva e em poucas horas estará pronto para voltar às atividades de novo.

                       Não discuti. Monserrat era um bamba em ervas medicinais. Quanto tempo Monserrat? Ele com seus olhos azuis da cor do mar sorriu e disse: - Três dias. Quase achei que devia ter levado você para o Velho Modato. Velho Modato, pensei. Da tribo dos Caiapós o chamavam de feiticeiro. Curava até asa de periquito partida. Olhei para Monserrat. – Posso? Pode, mas se cuide e não abuse. Afinal você é o terceiro escoteiro o Escriba da Patrulha Lobo e ela precisa de você.

                      Levantei meio grogue, mas forcei as pernas do velho escoteiro do futuro para não cair. Distante uns oitenta metros Fumanchu nosso cozinheiro me fazia um sinal. Fui até lá e ele próximo ao fogão de barro na mesa de bambu que fiz me ofereceu um cafezinho e biscoitos de polvilho em folhas de aroeiras perfeitamente coladas com cola de caule das castanheiras. Adoro! Carlos Toga o intendente apareceu para me dar um abraço. Lá no alto no Ninho de Águia Tonhão o Monitor me acenava. Pensei em subir a escada de Cipó mais conhecidas por liana. Sabia que não ia aguentar. Acenei para Rael que junto a Tonhão deviam estar construindo um caminho de Tarzan!

                      Vais pescar hoje? Fumanchu com sua bela dentadura de índio Potomac sorria para mim. Ele sabia que eu poderia trazer uma fritada de Lambaris Bocarra ou quem sabe uma traíra bem formada. Sentei-me à mesa feita de Bambu Guadua nativos da Amazônia Sul-Ocidental e eram fartos próximo à cachoeira do Sono. O sol repicava formoso e vi entre as arvores a Montanha do Roncador. Fui devagar até a Arena da Bandeira e no Relógio de Sol feito pela Patrulha Tigre vi que se aproximavam das oito da manhã. Sabia que as nove em ponto o Kudu sopraria seus sons de chamada geral. Inspeção, bandeira e quem sabe um jogo acolhedor.

                     Voltei a minha barraca, meu uniforme estava lá. Bem dobrado pronto para envergar meu orgulho de apresentação em qualquer lugar. Como dizia o Chefe Coralino: Garbo não tem hora e nem lugar! O Chefe Coralino chegou devagar. – Vado Escoteiro, melhorou? Fiquei em pé, posição de sentido, saudação e respondi – Sim Senhor Chefe. Estou pronto para outra. Ele riu. Sabia que eu ainda não estava no ponto. – Descanse mais Vado Escoteiro, temos mais três dias pela frente e sua Patrulha vai precisar de você!

                     Monserrat de novo veio ver como estava minha respiração. Com as costas da mão sentiu o calor do corpo na minha testa e depois a batida do meu coração. – Se cuide Vado, não faça estripulias. Termine sua Cadeira de Astronauta e nele desmanche a ossada do seu corpo. Fechei os olhos, imaginei quando fosse um Velho Chefe Escoteiro o que faria sem Monserrat. Caminhei devagar na trilha do Pastor até a cachoeira do Sono. Adorava... Na pedra do sino sentei admirando a queda d’água formosa. Vi peixes pulando mesmo fora de época da Piracema.

                    Voltei a minha barraca de enfermaria. Ventos calmos, nuvens brancas de gelo esvoaçavam no céu. Deitei. Dormi, quando acordar eu sei que voltarei de novo. Sempre indo e voltando. Me lembrei de Cora Coralina: - “É uma oferenda aos teus momentos de luta, e de brisa e de céu... E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo”...

Nota – Aos que sentiram minha falta já de volta, calmo, respiração ofegante, mas sem correrias, ainda tentando escrever, pois se um dia parar sei que é hora de morrer! Boa tarde amigos escoteiros do Brasil e do Mundo.