terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Ele sorriu e me disse que era um Escoteiro.


Contos escoteiros.
Ele sorriu e me disse que era um Escoteiro.

                   Eu o vi uniformizado em plena Avenida Rio Branco. Estava perfeito. Lenço bem dobrado, meião com listas retas, sapato brilhando. Parei. Hoje em dia é difícil ver alguém assim. Quando passou por mim fiquei em posição de sentido olhei para ele dizendo: - Sempre Alerta Chefe! Ele me olhou sorrindo e disse: - Somos do mesmo sangue tu e eu! – E continuou: - Nós somos de uma estirpe que só o escotismo faz. Encantei-me com sua voz. Seu estilo era inconfundível, o chapéu de abas largas retas e aprumado na sua cabeça mostrava quem ele era. – E ele continuou: - Sei que muitos não entendem as escolhas que fazemos na vida. Alguns já me perguntaram se eu sou um herói da juventude. Não sou. Sou um herói de mim mesmo. Não duvide nunca. Eu posso ser muito melhor sendo Escoteiro do que pode pensar. Sempre digo por que não correr atrás dos seus sonhos? Quem não vai atrás do que gosta, não tem direito de reclamar. Orgulho tem limite, e o meu não tem. Não abro mão do que amo ou na escolha que fiz. É uma questão de princípios, e alguns dizem que é uma questão filosófica.

                 Fiquei ali paralisado com sua maneira educada em falar: - Não sou filósofo e nem gosto de filosofar. Comecei sem saber onde pisava. Pivete entrei neste movimento sem similar. Foi amor à primeira vista. Amor de menino sardento, marrento, ainda aprendendo a ler. Fui crescendo. Vivia cada dia como se fosse um novo dia. Vi coisas extraordinárias. Descobri minha paixão por aventuras, descobertas, andanças por trilhas desconhecidas, estradas floridas, florestas encantadas encravadas no meu coração para sempre. Descobri o valor das fogueiras nas noites escuras, do frio nas invernadas chuvosas. Elas me aqueciam e queimavam minha sede de continuar sem poder parar. Aprendi a dormir sob as estrelas e sonhar como se vivessem em mim. Voei morro abaixo a procura de vales para acampar. Andei de canoa e jangadas em rios e lagos e profundos. Tive índios amigos, sertanejos que me ensinaram muito do que hoje sou.

                       Estava espantado. Eu era assim também, mas deixei-o continuar: - Esculpi em minha memoria um sol que não conhecia diferente ao nascer ou sumir no horizonte. Fiz do meu escotismo uma maneira de fazer amigos e com eles buscar minha felicidade. Não ouve montanhas com quem não conversei. Não ouve pássaros com que aprendi a cantar. Fui amigo de uma Coruja que me disse: - Chefe, o espírito da coruja mora neste acampamento! Dizem que sábio é o ser humano que reconhece até onde pode ir e que tem mais a aprender, do que a ensinar. E como eu aprendi nas minhas aventuras Escoteiras. Não fui herói, mas aprendi com a floresta, com os ventos, com as trilhas ligeiras de pedras no caminho sem normas para seguir. Aprendi com o ribombar do trovão, da cascata e com a chuva incessante na primavera. Aprendi com as estrelas, com o arco íris que nunca me mostrou seu pote de ouro. Rodei céus e terras para descobrir se pisava em terras virgens, conversei com magos, santos e homens da lei querendo aprender e saber se o mundo escoteiro era este que eu fazia.

                     - O tempo foi passando. Eu tinha que seguir em frente, mas aquele Chefe Escoteiro me encantou. Não arredei pé, queria ouvir mais e mais – E ele não se fez de rogado. - Sei que muitas vezes procuramos a verdadeira felicidade fora de nós sem saber que possuímos a sua fonte no coração. Em nenhum momento duvidei do meu amor Escoteiro. Meu uniforme era minha estrela, me mostrando que ser belo não precisa somente de um nome. Precisa apenas ter ética e respeito. Encontrei adversidades por onde passei. Nos seres humanos foi mais real. Sei que problemas grandes ou pequenos nos apresentam durante a nossa existência. Posso estar contente, posso ser inteligente e embora estejamos em algum momento tristonho, é difícil ver que a vida corre célere para a solução e esta sempre depende de nos mesmos.

                  - E ele continuou: - Inesperadamente somos confrontados com problemas, lutas, desafios e milhões de dificuldades. È como se o escotismo nos tivesse posto a provas para ver de qual fibra fomos feitos. Atravessamos tudo isto como o vento atravessa as arvores nas florestas e altos picos encontrados no caminho. Cada escoteiro sabe como pular a maré alta do mar. O escotismo nos diz que aceitar é uma estratégia até ter as armas de volta para partir e nos reestruturarmos seguindo em frente para vencer.

                   – Desculpe se não me fiz entender, disse. Não existem segredos para o verdadeiro Escoteiro. Eu nunca abri mão do meu amor ao escotismo esteja onde estiver. Seja no passado e no presente, ou mesmo no futuro incerto e não sabido. Eu não abro mão do meu orgulho em me chamar Escoteiro. Sou mesmo com muita honra! Não abro mão do meu uniforme. Não abro mão da minha lei. A promessa que um dia fiz eu prometi ao Senhor meu Deus para sempre. Foi ele quem me indicou o caminho a seguir.  Não abro mão das minhas crenças, não abro mão dos meus sonhos e não abro mão do que acredito. Fiz do escotismo uma maneira de viver.  Se pudesse eu diria ao mundo inteiro: - Sempre amei e sempre vou amar este movimento que mora e residirá em meu coração para sempre. Eu acredito que se temos uma lei, um artigo que diz que somos irmãos e amigos de todos não pode haver fronteira que nos impeça de ser feliz.


                          Ele me olhou sorrindo. Saiu devagar depois de apertar minha mão esquerda. Ficou em posição de sentido e disse um Sempre Alerta firme, daqueles que a gente gosta de ouvir. Virou a esquina e eu estupefato esqueci aonde ia e o que iria fazer. Pensei comigo que a suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é não tem nada igual. Nada mais a dizer...

domingo, 26 de fevereiro de 2017

As redes sociais e o escotismo.


As redes sociais e o escotismo.

                       São quase nove anos de Facebook. Tempo suficiente para assistir as mudanças e novos tempos do escotismo brasileiro. Quando vim parar aqui advindo do Orkut eram poucos aqueles que se arriscavam a postar e comentar temas escoteiros. Se não fui um dos primeiros devo estar próximo dos iniciantes que se intitulavam escoteiros “tradicionais”. Aos poucos fui mudando meu modo de pensar, mas nunca deixei de ser um crítico do que estavam fazendo e do que ainda fazem as lideranças da União dos Escoteiros do Brasil. Sempre acreditei que tudo tem uma razão de ser. Se um dia fui Escoteiro de corpo e alma hoje também temos jovens fazendo o mesmo e isto é motivo de aplauso.

                     A cada ano mais e mais chefes abriram páginas, grupos e com suas novas ideias começaram a atrair leitores dos diversos ramos escoteiros. A UEB custou a acreditar na força das redes sociais. Enfim abriu também sua página não sem antes desfazer e até mesmo proibir o uso do seu nome e logotipo de alguns que acreditaram estar colaborando no marketing que tanta falta nos faz. Hoje ela possui milhares de seguidores assim como também outras Fanpage com temas escoteiros. Acredito que isto foi e é uma fonte inesgotável para o crescimento ou diminuição da evasão de associados principalmente em alguns estados brasileiros. Quem sabe fui também um dos que contribuíram para despertar em cada um uma nova maneira de pensar do escotismo Nacional.

                    Apeguei-me a contar histórias. Quase não tínhamos escritores neste ramo a não ser alguns que se dispuseram a publicar alguns alfarrábios que não se tornaram sucesso de público. Por outro lado fui um contumaz critico das criações Escoteiras a quem chamam de escotismo moderno. Dos meus escritos alguns foram lidos e poucos comentados e compartilhados. Aliás, ano após ano diminuem-se os comentários nas minhas publicações sinais que não mais despertam interesse. Corri e ainda corro atrás da publicação de um livro. Um livro de histórias Escoteiras, quem sabe as curtas, pois as mais longas são poucos que se interessam em ler.

                   Não sei se irei conseguir, pois a saúde não ajuda. Ainda estou lutando com a colaboração dos amigos que se dispuseram a ajudar. Voltando as publicações escoteiras nas redes sociais eu acredito que elas são e serão importantes para o movimento Escoteiro como um todo. Temos escritores de várias matizes. Alguns ligados a tudo que a UEB publica e outros com ideias próprias acreditando que seu escotismo é diferente e podem assentar melhor suas bases. Quem sabe eu sou assim, mas o “meu escotismo” não é meu. É daqueles que tiveram oportunidade de em sua época fazer tudo àquilo que o escotismo Badeniano oferece. Tem alguns que discordam e outros que acham que muito do seu método deve ser alterado.

                  Vemos alguns escotistas sendo mais insensíveis nas suas palavras, posso até dizer mais autoritário, firme nas suas ideias e deixam a desejar muitas vezes na cortesia tão primaz para nós escoteiros. A democracia tem destas coisas. Temos que aceitar, pois só assim poderemos saber todas as ideias e só o tempo trará os resultados esperados. Eu parabenizo a todos os que aqui aparecem com suas postagens, suas interpretações e só lembro aos que trazem um novo plano Escoteiro que somente OS RESULTADOS irão dizer se os objetivos foram alcançados.

                  Já comentei antes que diminuem sensivelmente os que seguem meus escritos. Muitos chegam tomam conhecimento e quem sabe ainda estou preso a um sistema arcaico cujas ideias não são mais interessantes. Acho que é hora de diminuir o ritmo da jornada dar vez aos novos. Ir aos poucos fechando meus grupos e páginas até ficar com um só. É hora de deixar livre o caminho para quem quer expor suas ideias ou copiar as da nossa líder EB. Fiz minha parte quando menino, quando Chefe, quando dirigente e formador e agora como pseudo escritor de contos ou mesmo comentarista de vivências escoteiras que um dia fiz e achei que devia passar para frente.

                  Mesmo estando com a saúde precária, deixar tudo no limbo será sinônimo de fuga dos meus ideais. Cada vez que fico sem escrever em vez de melhorar a saúde sinto que ela está piorando. A idade faz parte como um todo. Aos poucos irei diminuindo o ritmo de postar em tantas páginas e grupos. Espero que os novos escritores que aqui estão chegando possam dar aos leitores escoteiros o que eles precisam para motivarem seus ideais, conhecimentos técnicos e teóricos e que isto redunde em trazer benefícios aos jovens na sua formação moral, intelectual e ética, pois é isto que precisamos para ter um país melhor.


                  Não estou encerrando minhas atividades. Não posso fazer isto. Tenho alguns amigos que estão juntos há tempos aqui no Facebook. Tenho ainda uma diretriz escoteira que não me deixa mudar. Mas os tempos são outros. Parodiando o irmão de Mowgly no Livro da Jangal, repito suas palavras: “As estrelas desmaiam, concluiu o lobo Gris de olhos erguidos para o céu. Onde me aninharei doravante? Por que agora os caminhos são novos...”. 

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Técnicas de reuniões de tropa


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Técnicas de reuniões de tropa
          
          Existem técnicas de reuniões de Tropa? Alguns acham que sim outros não. Se eu fosse hoje um Chefe jovem minhas reuniões não iriam mudar a rotina, a não ser que os monitores solicitassem. Seria como sempre pensei que deveria ser afinal não foi assim que aprendi quando jovem? Não sei se sua reunião é diferente. Mas se ela atinge o objetivo que se propõe eu sei que sua Tropa vai muito bem obrigado. Ainda sou daqueles que não fujo ao método do Sistema de Patrulhas. Se você acredita nisto então somos dois.

01 – Antes de iniciar as reuniões as patrulhas já estavam reunidas no seu Canto de Patrulha, (em qualquer ponto da área de reunião) conversando, vendo assuntos pendentes, verificando como estão às etapas dos patrulheiros, as conquistas de eficiência. O Monitor e o sub. dando todo apoio nas provas de classe.
02 – Eu sabia que podia confiar nas patrulhas. Não haverá correrias sem necessidade, racha de futebol, uniforme desleixados e uns poucos em um canto, afastado dos demais. Eles sempre souberam que ao chegar para a reunião à patrulha tem seu lugar de encontro. Todos estarão lá, ninguém chega atrasado. É uma tradição da tropa;
03 – Antes do inicio usar nada como usar o Chifre do Kudu com moderação. Se necessário sinais com os braços para evitar muito barulho e chamar os monitores, você sabe nunca se inicia uma reunião sem conversar antes com os monitores.
04 – Eu sabia que eles sempre estariam sorridentes. Devem me perguntar se haveria alguma coisa nova, qual o tempo livre para eles adestrarem seus patrulheiros, qual seria a patrulha de serviço para a próxima reunião. Eu sabia que a patrulha de serviço tinha preparado as bandeiras para o cerimonial;
05 – Claro que eu tinha assistentes e sabia que eles já separaram o material necessário para jogos e treinamento. Quem tem bons assistentes e bons monitores tem meio caminho andado.
06 – Gostava de ver a chamada geral a disciplina para formatura na bandeira. Sempre em fila e apresentando a patrulha já devidamente formada. Veria o monitor dar três passos à frente e dizer: – “Sempre Alerta chefe, patrulha pronta e sem nenhuma falta”. Os monitores sempre se orgulharam em dizer que não havia nenhum faltoso.
 07 – Com os sinais manuais próprios se formava em ferradura. O convite para o cerimonial de bandeira, onde o garbo e boa ordem se faria presente. Os patrulheiros indicados pelo Monitor da patrulha de serviço se postavam junto à bandeira escolhida. Todos eram promessados e sabiam que era uma honra em estar ali. Não haverá erros e nem precisava do Chefe ficar ao lado deles;
08 – Ao término o monitor da Patrulha de serviço convida um Escoteiro para a oração. O escolhido já havia separado uma bela prece, para dizer aos seus irmãos escoteiros.
09 – Hora de formar em linha. Hora da inspeção Quem sabe estaríamos realizando uma “Operação Patrulha Padrão” e tudo seria devidamente observado e anotado. Todos gostariam de receber a bandeirola “Patrulha Padrão”. No mês anterior ganhou os “Corvos”. Todos os jogos e o treinamento também valem ponto;
10 – Como programado um assistente chamou os monitores para combinar os detalhes do jogo. Será um jogo bem forte e é bom dizer que devem tomar cuidado. Competia aos monitores explicar as suas patrulhas como seria.
11 - Enquanto o assistente dirige o jogo, eu e os demais assistentes estaremos preparando o treinamento de técnicas escoteiras. Uma das poucas que irá fazer com toda a tropa, pois sabemos que isto é função do Monitor;
12 – Fico alegre quando vejo as patrulhas ativas. Sempre em movimento ou no Canto de Patrulha, que tão bem conhecem. Orgulho-me dos assistentes. Um baluarte para a programação e a vida da tropa. São meus amigos e dou enorme valor a eles.
13 – Hora de uma palestra. Não mais que dez minutos. Sou o responsável. O tema é a Lei Escoteira. Procuro uma sombra, sentados a moda índia e vou logo dando o Jogo da Lei. Eu sei que isto é melhor que palestra. Quem não gosta de um jogo?
14 – A reunião vai acontecendo e chegou a hora da Tropa de monitores. Simples, cada um deles assume a monitoria de outra patrulha. Bom para ver como estava o adestramento da patrulha. Sempre no maior respeito. O sub.monitor recebeu bem o Monitor visitante. Uma norma de conduta que eles não esquecem.  
15 – Hora de cantar uma boa canção. Dois escoteiros tocavam violão e o outro saxofone. Isto dava vida à canção. Gritar não é cantar. Eu sabia que não tinha boa voz. Já tinha combinado com um assistente que tem. Dez minutos? Ótimo. Dizem que a música é uma maneira harmoniosa de se expressar por meio de sons, em uma maneira agradável aos ouvidos;
16 – Hora de convidar os sub. monitores e junto a um dos assistentes verificar como foi à limpeza e arrumação que fizeram na semana na sede. Função da patrulha de serviço. Vale também para a competição da Patrulha Padrão;
17 - Enquanto o assistente estava com os subs repassei com os monitores o jogo de adestramento que irá se realizar. Quem sabe a escalada com as escadas de cordas? Eles não sabem? Deixe que eles inventem. Quem sabe uns bons tombos irão divertir todos. Não é a arte de aprender a fazer fazendo?
18 - O jogo foi muito bom. Aproximando o horário de encerramento. As patrulhas discutem o próximo acampamento de final de semana. Já tinha marcado com os monitores de fazer uma visita antes. Nada melhor que conhecer o local antes de acampar;
19 – Hora do ultimo jogo. Surpresa. A tropa não sabe como vai ser. Os demais não foram preparados e muitos deles são aplicados pelos próprios monitores. É um bom jogo. Tenho uma boa biblioteca informatizada sobre jogos. Sabia que depois do jogo teria de fazer anotações sobe o que os jovens acharam. No sábado anterior um dos assistentes foi quem preparou. Um sucesso!
20 – Final de reunião. Para nós a pontualidade é ponto de honra. Hora de começar hora de encerrar. Feita a inspeção e oração a Patrulha de serviço dirige a cerimônia. Se houvesse entrega de distintivos ou especialidades seria a hora. Promessa no início, demais no final. Antes do debandar a Patrulha de serviço da semana se apresentou. Não é dia da Corte de Honra se fosse os pais seriam comunicados com antecedência que os filhos ficariam mais uma hora.
 21 – Três passos à frente, mãos cruzando abaixadas por três vezes. Hora do grito da patrulha em seguida da tropa e finalmente se todas as sessões estiverem ali o grito do Grupo Escoteiro.
22 – Deverei ficar na porta da sede me despedindo de todos. Um aperto de mão um abraço fraterno e diz ao pé do ouvido: Obrigado por estar aqui, conto com você! Isto tem um valor enorme e um Sempre Alerta do Chefe melhor ainda.
 23 – Bom ficar mais algum tempo após o horário esperando a saída de todos. Não me esqueço de agradecer aos assistentes, são meus amigos no Grupo Escoteiro e fora dele. Ao chegar em casa farei meu relatório pessoal analisando como foi à reunião. E a próxima? Quem sabe os monitores irão preparar? Quem sabe eles dividirão entre si as etapas da reunião e irão dirigir?

DESEJO UMA ÓTIMA REUNIÃO E ALEGRIA DE MONTÃO!

           

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Lembrando Baden-Powell of Gilwell.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Lembrando Baden-Powell of Gilwell.
(Plagiando Carlos Gonzaga – Bat Masterson).

Na velha Inglaterra ele nasceu,
E entre irmãos ele se criou,
Seu nome em lenda se tornou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

               Nasceu em Londres, nesta data no ano de 1857. Pai reverendo e professor, Mãe filha de um grande Almirante. Diziam que seu bisavô foi um dos pioneiros na colonização Norte Americana. Perdeu o pai com três anos. Sentiu falta mesmo tendo uma grande família. Adulto dizia para si: - “Dificuldades são feitas para serem superadas“. Com uma bolsa de estudo foi para Charterhouse estudar. Era daqueles que se metia em tudo e dizem que foi famoso como goleiro do time de lá. Tentou até ser ator e que quando interpretava fazia todos morrerem de rir. Era habilidoso em musica e desenho e mais tarde isto ajudou a ilustrar suas obras.

Sempre elegante e cordial,
Sempre o amigo mais leal,
Na guerra foi sempre um defensor,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                Aos 19 anos já subtenente da Cavalaria foi para a Índia onde recebeu o troféu mais desejado naquele país: - Sangrar o porco! Uma caça ao Javali selvagem a cavalo com uma lança curta. O Javali sempre foi considerado um animal feroz o único que se atrevia a beber agua no mesmo lago onde bebia um tigre. Divertiu-se na Africa que dizia ser sua segunda pátria. Participou da campanha contra os Zulus e logo foi promovido a Major. Lutou com as ferozes tribos dos Ashantis e os selvagens guerreiros Matabeles. Muitas tribos o temiam e até lhe deram o apelido de “Impisa” O lobo que nunca dorme. No ano de 1899 foi promovido a Coronel na guerra dos Boers se tornou o herói de Mafeking.

E toda a nação cantava,
Sua coragem e destemor,
E dele sempre se falava
Um herói para onde for.

               Uma saga para não esquecer. Com poucos soldados conseguiu durante duzentos e dezessete dias defender a cidade. Uma epopeia que teve a colaboração dos jovens em diversas tarefas. Pela sua vida brilhante logo foi promovido a Major-general. Retornou a Inglaterra em 1901 e ficou surpreso com o sucesso de seu livro escrito para militares “Aids To Scouting”. Com sua experiência na Índia e na Africa reuniu uma biblioteca especial e através dos livros estudou a fundo os métodos usados naquela época para a educação e adestramento dos rapazes. No final de julho de 1907 fez uma experiência com 20 jovens em um acampamento na Ilha de Brownsea. Um acampamento com sucesso absoluto.

É o mais famoso dos heróis,
Que o mundo inteiro conheceu,
Fez do seu nome uma legião,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                 Em 1908 lançou seis fascículos do seu manual de adestramento “O Escotismo para Rapazes”. Ele ainda nem pensava que sua ideia afetaria os jovens do mundo inteiro. Logo que foi posto a venda surgiram patrulhas e tropas Escoteiras não só na Inglaterra como em outros países. Em 1910 compreendeu que o Escotismo era sua nova vida. Pediu demissão do Exercito e ingressou na sua “segunda vida” como dizia. Agora era uma vida de serviço aos jovens do mundo por meio do escotismo. Em 1912 fez uma viagem ao redor do mundo para levar as boas novas ao escotismo que eles praticavam. Para ele eram os primeiros passos para uma Fraternidade Mundial.

Seu nome lenda se tornou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.
Gravado na mente ele ficou,
Lord Baden-Powell, Lord Baden-Powell.

                    O Movimento Escoteiro crescia assustadoramente. Com 21 anos passou dos dois milhões de integrantes. Baden-Powell recebeu do Rei Jorge V a Honra de ser elevado a barão. Passou a se denominar Lord Baden-Powell of Gilwell. Apesar destes títulos para todos os escoteiros ele continua a ser o Escoteiro Chefe Mundial. Com 80 anos regressou a África com sua esposa Lady Baden-Powell e fixaram residência no Quênia na sua famosa casa chamada de Paxtu (paz para dois) próximo a Nyeri. Faleceu em 8 de janeiro de 1941 faltando pouco mais de um mês para fazer 84 anos de idade. Uma lenda real, fantástica, cujo belo gesto criou uma organização que hoje ultrapassa vinte e cinco milhões de jovens em todo mundo.


Em posição de Alerta, nesta festiva data, saudemos a Baden-Powell com nosso Anrê e o Bravôo e o nosso Sempre Alerta para sempre!

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Rumo a reunião de sábado


Olá escoteirada do Brasil e do Mundo.

Voltando de meu acampamento onde estava treinando primeiros socorros. Queria voltar a minha sina de bom Escoteiro das antigas para escrever sempre um poema novo para desejar a todos uma feliz reunião como sempre faço. Isto é bom demais. Hoje não deu. Ainda brigando com o ar que se foi com o vento que não consegui laçar. Saudades do meu tempo, calça curta e chapelão, pisando no paralepipedo que me levava à sede e todo orgulhoso ao ver as moçoilas na janela a me ver passar. O que elas deviam falar de mim? Risos. Sei lá. Se a Célia soubesse! Kkkkkk.

Feliz reunião, alegria de montão e muita paz no coração! 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Escotismo moderno.


O Escotismo moderno.

                    Não compartilho com as teorias modernas que muitos insistem em dizer que precisamos nos atualizar no escotismo e estar de acordo com a nova pedagogia da educação. Se estiver errado assumo meu erro, mas que me provem o contrário se o que se faz em termos de modernismo no escotismo está dando certo. São tantos pedagogos, pensadores, historiadores a afirmarem que devemos nos atualizar que fico a imaginar se este seria o escotismo que queremos. Bato-me na tecla que sem um acompanhamento, sem uma pesquisa e sem uma visão do que está acontecendo não sabemos se temos resultados.

                   São tantos a falarem sobre o escotismo moderno que na minha pequena sapiência me pergunto sempre: - Foi feito um estudo do que fizemos e do que está sendo feito? Acompanhado por quem? Relatórios? Lembro-me do comediante Pedro Pedreira que afirmava ao professor Raimundo: Há controvérsias! Afinal vamos combinar melhor o que seria o escotismo moderno para esta virada de página. Se alguns acham que estamos ultrapassados fico a perguntar em que sentido. São tantas ideias que não entendo porque existem tanta evasão e tantos descontentes. Onde estão os homens mulheres que participaram do escotismo para testemunhar as boas novas? A verdade é que ficamos parados no tempo quanto à qualidade e quantidade. Temos diversos “çabios” Escoteiros dizendo o contrário e sem mostrarem os resultados.

                    Se antes ser um Chefe Escoteiro era um passeio na metodologia Badeniana hoje se envereda por caminhos ditos modernos e o que vemos são jovens despreparados para a vida adulta, poucos ficando por mais de um ou dois anos e a procura cada vez mais escassa. Deparei-me outro dia com o que disse B.P sobre o Chefe Escoteiro. Diferente do que fazem hoje com estes cursos pedagógicos e exigências intelectuais. Eu mesmo me julgo incompetente para preencher tais atributos. Não sou um catedrático. Não cursei faculdade. Fui menino lobinho Escoteiro e Sênior. Participei como Chefe por longos e longos anos. Posso testemunhar as dezenas de meninos que cresceram e passaram por uma vida escoteira que acompanhei. Vivi o método de Baden-Powell e para mim ele é a essência do escotismo. Voltemos ao que disse B.P do Chefe Escoteiro:

- A idéia do Escotismo quando surgiu parecia caminhar bem. Sabia-se que o menino estava preocupado, mas ansioso por fazer tudo àquilo que acreditava. Embora ele tivesse uma ideia de como realizá-lo, havia a pergunta mais importante da necessidade de obter a liderança adulta para organizar a sua administração na prática. De uma forma muito considerável essa questão foi resolvida pelos próprios meninos. Eles tiveram o bom senso de reconhecer que os oficiais crescidos eram necessários, e procuraram os seus lideres em seus respectivos bairros até que encontrassem aqueles dispostos a se tornar seus chefes. Pessoalmente, eu tinha visto um trabalho dedicado e esplêndido dos voluntários e dos funcionários da Boys 'Brigade, e então eu percebi que havia em nossa população um número considerável de homens patriotas que estariam dispostos a fazer o sacrifício de tempo para ajudar.  Mas eu nunca previ a resposta surpreendente que foi dado por tais homens à chamada do Movimento Escoteiro.

Para eles, é devido o crescimento notável e os resultados alcançados até o momento. Eu tinha estipulado que a posição dos Chefes Escoteiros não seria nem a de um professor, nem de um oficial comandante, mas sim a de um irmão mais velho entre os seus meninos. O importante era juntar as suas atividades e compartilhar seu entusiasmo, e, assim, estar na posição de conhecê-los individualmente, capaz de inspirar os seus esforços e para sugerir novas diversões quando seu dedo sobre o pulso lhe disse que a atração de qualquer mania atual fosse se desatualizando. O termo Chefe Escoteiro não era novo. Era um título antigo Inglês usado por Cromwell, que tinha "Chefes Escoteiros" em seu exército, e seu ramo de Inteligência estava sob a direção de um "Chefe Escoteiro-Geral”.

                    Indiscutivelmente, Baden-Powell desempenhou um papel singular, não apenas como Fundador do Movimento, mas também como seu líder e inspirador. A isto se pode acrescentar o seu profundo entendimento dos problemas, necessidades, e aspirações do jovem e de sua capacidade para tornar os sonhos em realidade. A promessa e a lei escoteira, conforme o texto original de B.P, escrito em 1907-1908, no livro Escotismo para Rapazes, representa todo um corpo de valores morais, éticos e nacionais, que eram esperados de um cidadão participativo e útil a sua sociedade, na época em que foram escritos tais princípios.

                    Não vou mudar concepções, nem tampouco o que pensam os novos lideres nas diversas posições do escotismo nacional ou mesmo mundial. Sei que tudo tem seu tempo e sua hora, mas antes de aplicarem certas metodologias no escotismo façam um exame de consciência. Perguntem aos pais o que eles acham. Afinal o Escotismo não é um colaborador na formação do jovem? Estão querendo substituí-los só porque acreditam no que aprenderem de maneira diferente? Com que direito? Sabemos que boa parte dos pais tem seus filhos participando do escotismo porque acreditaram nas palavras ditas quando da admissão. Eles educam seus filhos como foram educados e sabemos que o escotismo colabora e não substitui. Qual o direito de alguém em dizer que tais coisas devem ser oferecidos aos jovens no escotismo sem ter pelo menos ouvido as opiniões dos pais?

                     Eu sempre digo aos que querem mudar: - Olhem suas tropas, suas alcateias. A motivação é constante? A falta de vagas nas sessões? Pelo menos setenta por cento ficam mais de dois anos em atividade? O crescimento na filosofia escoteira é uma verdade? A EB está tomando decisões sem consulta às bases, sem pesquisa e sem acompanhamento. Não sou o dono da verdade. Eu sei que a resposta cada um tem a sua. Eu tenho a minha. Afinal este não é e nunca foi o escotismo que fiz e acreditei.



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Agradecer é bom e eu gosto.


Agradecer é bom e eu gosto.

Está difícil ficar mais tempo no Facebook. Tanta coisa para fazer, para agradecer, para escrever e nem tudo é bola de sabão que salpica a alegria no ar. Tomo um vento nordeste, esperando o sudoeste e embarco nas ondas da imaginação para escrever ambiguidades. Ando meio complexado. Alguns amigos e chefes tem escrito uma palavra que me deixa vexado. Isto mesmo fico ruborizado, afinal sou um velhote senil, caduco, esclerosado, gagá e porque não dizer decrépito e alienado que sempre fica sem graça quando recebe um elogio. Buuu! Alguns disseram: - Chefe sou seu fã ou sua fã. Nossa! Um velho Escoteiro sem eira e nem beira não merece tanto. Pulo na porteira tiro o meu chapéu de abas largas, faço uma continência no ar e agradeço. Só? Pois é, as palavras engasgam no fundo da barraca em uma clareira na Floresta do meu Brasil Brasileiro.

E tudo se complicou quando recebi de onde menos esperava o mesmo tratamento carinhoso. Uma pequena Lobinha. Foi demais. – Chefe te admiro e sou sua fã! Incrível. O que dizer? Só disse obrigado e a incentivei para ela ficar no movimento por muitos anos. Pois é. Sei que muitos dizem que gostam dos meus contos. Mas lobos e lobinhas ou até mesmo escoteiros e Escoteiras nem sempre arrancham no mesmo acampamento que o meu. Entendo que meus contos são longos, alguns enfadonhos, e nem todos tem tempo para ler. Pelo menos já enviei milhares de e-mail com meus blocos de contos escoteiros. Um bom bocado me solicitou e já os tem nos seus favoritos. Se o leram ou não é outros quinhentos.

Agora estou choramingando pensando que não vou ver meu livro editado. Foram muitos que se solidarizaram. Choveu ideias, choveram ofertas, eu até assustei com tamanha consideração. Arregacei as mangas soltei as ideias no ar e comecei. Põe uma história aqui, outra ali. - E esta chefinho? Esta não. Porque não? Sei lá! São mais de duas mil historias e tenho que escolher as melhores. Quantas seriam? Que livro seria? Upa, upa cavalinho! Devagar se vai ao longe. Putz Grila! Duvida cruel. E o tempo vai passando e eu enrolando, pois o corpinho delicado do velho senil nem a Corte de Honra deu jeito. Enquanto isto deixe o vento me levar.

Aproveitei um migalha de força física e vim aqui dizer que fico muito grato por saber que você gosta do que escrevo. Um poeta disse certa vez que tem doido prá tudo! Risos. Quem tem amigos como eu deveria se sentir mesmo um privilegiado. Estou ainda salpicando as paginas do meu livro devagar, mas vou chegar lá. Tá difícil prá burro, mas farei tudo para não desmontar minha barraca antes de partir. E chega de conversa fiada. Obrigado meu querido amigo minha querida amiga. Se você é meu fã ou minha fã, mesmo sem graça dou um berro ao vento para levar até você meu contentamento e meu Sempre Alerta saído do fundo do meu coração. Grandes e fraternos abraços! E vamo que vamo!

Chefe Osvaldo 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Seus direitos terminam onde começam os meus.


Seus direitos terminam onde começam os meus.

                 Conceituados homens públicos ou não comentam assim o Direito Constitucional: - Direitos e deveres. – Direito é o poder de praticar ou deixar de praticar algum ato. Os direitos e deveres decorrem das leis, usos e costumes. São fundamentais para regulamentação da vida em sociedade. Assim se criou a frase: O direito termina onde começa o do outro. Isto serve para garantir a todos a convivência harmônica.

                Estamos vivendo no Escotismo uma metamorfose (mudança completa de forma, natureza ou estrutura, transformação, transmutação) que ainda nos deixa em dúvida qual o melhor caminho seguir. Se por um lado alguns pensadores, estudiosos ou mesmo pedagogos tem estudado dentro da pedagogia moderna o escotismo, por outro lado tem aqueles que não abdicam do que fizeram e do que acreditam. É um tema deveras interessante que deveria ser motivo de estudos aprofundados em todas as camadas do Escotismo e não só por poucos privilegiados. São mudanças de comportamento, de programas e até mesmo se discute o método deixado por Baden-Powell.

                As redes sociais de uns anos para cá se tornaram um manancial de ideias e práticas escoteiras que muitos aceitam outros tantos não. É um direito cada um manifestar seu modo de pensar, mas lembremos de que também é um direito de cada um não aceitar. Temas até então considerados “Tabus” são para alguns hoje normais. Não preciso descrever todos eles porque já são do conhecimento de boa parte da Liderança Escoteira. Exemplos de outros países são colocados frequentemente. Sinceramente não sei se eles nos servem de exemplo. Vai chegar a hora das mudanças. Se elas serão boas ou não só tempo poderá dizer.

                 Fico deveras pensativo quando vejo discordâncias nem sempre elegantes e educadas de alguns poucos chefes ou debatedores por não concordar com tal publicação. Ninguém gosta de ser contrariado, principalmente se atacado nos princípios que acredita. Convenhamos, entretanto que elevar o tom da discussão ofendendo o adversário não irá produzir nada concreto. O atingido ou revida ou prefere se retirar e deixar que os outros continuem a sua explanação que ele não concordou. Muitos leitores não vêem com bons olhos esta discussão que poderia trazer dividendos se feita em um órgão Escoteiro com mediação isenta. Não falo por todos, não tenho procuração para tal. Falo por mim.

                 Fui criado em família cristã, me deram muita liberdade nos meus tempos de jovem, principalmente nas andanças Escoteiras. Nosso lema familiar era parecido com o um por todos, todos por um dos Mosqueteiros. Descobri que a metodologia criada por Baden-Powell era importante demais na minha formação moral. Os tempos foram passando e me casei, tivemos eu e Célia quatros filhos e hoje aumentados com oito netos. Nestes últimos prevejo uma mudança sintomática de personalidade de pai e filho. É normal. Os meios de comunicação despejam toda a gama de modernidade retirada por palavras de pedagogos que se transformam em articulistas e donos da verdade.

                 Até hoje fiquei o pé no método Badeniano e nas crendices da minha formação intelectual. As mudanças que estão chegando vou olhando com um pé atrás. Considero-me uma versão antiquada de antigo Escoteiro que acreditou que Baden-Powell criou algum imutável. 76 anos de idade, 69 de escotismo, 51 anos de casado e ainda sou um homem feliz. Eduquei meus filhos conforme acreditava e eles pelo que saiba ainda ensinam seus filhos como eu ensinei. Errado ou não é preciso ver se os frutos aconteceram. Chamo isto de resultados. Muitos com as tais metodologias modernas insistem que temos que mudar. Porque não fazer uma experiência com poucos de cinco dez ou mais anos e ver se este é o caminho correto? Pensem que como eu milhares de pais podem não aceitar também esta nova concepção do novo escotismo que alguns insistem em aplicar.

                 Eles entregam seus filhos aos chefes pensando que vão se divertir aprender a fazer fazendo, se virar para o dia de amanhã e receber uma educação escoteira conforme foi descrita no ato da inscrição. Dizer para eles que somos modernos, que iremos fazer tais e tais mudanças com seu filho e sua filha será motivo para desconfiança e muitos deles irão retirar seus filhos. Discutir que eles estão errados? Afinal cada um tem sua maneira de pensar. Nós não temos o direito ou a razão de dizer que estas mudanças devem acontecer. Sinceramente? Não deixaria meu filho participar em uma Alcatéia ou Tropa que não estivesse com minhas raízes em que cresci e acreditei.

                 Evito por demais polemizar. Tento sim contemporizar, mas o que vejo por aqui nas páginas e grupos do Facebook não coadunam com minha maneira de ser. Se acharem que estas mudanças são válidas, vão em frente. Não fiquem como orientadores como se tivessem a experiência e os resultados concretos do que estão pensando e dizendo. Assumam toda a grita que fizeram antes quando liderarem uma sessão escoteira. Mas olhem com calma cada passada se os resultados acontecem. E quais são os resultados? Homens e mulheres cientes da sua ética, da sua honra, do seu caráter e do respeito humano e fraterno com todos os que estão a sua volta. A liberdade de um é a fronteira do outro!

Sempre Alerta! 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Quando a inocência suplantou a malicia.


Quando a inocência suplantou a malicia.

Era assim, ele acreditava,
Tudo era azul, era mundo que amava.
Discutia-se a Lei por inteiro,
Acreditava o jovem Escoteiro.

Amigo, tenho Lei sou Escoteiro
Tenho palavra sou verdadeiro...
Uma por uma era comentada
Cortesia, Deus, lealdade tão sonhada...

Podia ser antes ou depois da reunião,
Ninguém esquecia de fazer a boa ação!
Ei moço, acredite, respeito a minha lei...
Fiz dela minha vida e sempre há honrei!   

Nas jornadas ajudava, não tinha pressa.
Foi sincero quando fez sua promessa,
Prometeu sorrindo naquele dia,
Com ética honra caráter e galhardia.

E o tempo implacável foi mudando...
A inocência foi aos poucos acabando...
Chefe! Estou errado e nem sei?
Afinal para onde foi a minha lei?

O Chefe triste e acabrunhado,
Sentia o peso responsável no costado.
Dizer o que? Dizer que é moderno,
Que o mundo acordou de um sono eterno?

Dormiram por anos nos sonhos de meninos,
Presos no passado, acordaram em seus ninhos.
A lei? Meu jovem Escoteiro,
Hora a lei! Disseram em tom zombeteiro.

Você não é mais o Escoteiro sonhador,
Tudo mudou agora e mais promissor.
Na sua inocência sem sentido,
Uma lagrima rolou, seu mundo foi partido.  

Passou a viver em um sonho de lembranças
Pois perdeu para sempre as esperanças.
Se tantos acreditam na modernidade
Deixou seu escotismo ficar só na saudade...


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A origem da palavra “Escoteiro”.


Conversa ao pé do fogo.
A origem da palavra “Escoteiro”.

Ao surgir outras associações Escoteiras no país, a UEB se achou no direito de registrar no IMPI (Instituto de marcas e patentes) o termo Escoteiro como de sua propriedade. Em todas os processo que a EB se aventurou para tirar das demais Associações não ganhou um sequer. De um artigo retirei dados sobre o termo Escoteiro do qual publico para conhecimento dos que ainda tinham dúvidas:  

O termo escoteiro de acordo com o dicionário é definido como:

- Escoteiro; adjetivo e substantivo masculino. Desimpedido, sem bagagem, sozinho; membro de associação de meninos (as) ou adolescentes organizada de acordo com o sistema de seu idealizador Baden Powell. “A Adoção no Brasil do termo ”escoteiro” deve-se ao Dr. Mário Sergio Cardim, principal fundador da Associação Brasileira de Escotismo (ABE), com sede em São Paulo e do Escotismo feminino no Brasil.”. Sua utilização nesse sentido não é conhecida em nosso país, quando o Dr. Mário Sérgio Cardim descobriu que o substantivo “escoteiro” representava não apenas o “só”, bem como “pioneiro” e “lépido”, conforme lições de Herculano, Camilo, Gaspar Nicolau, Blutteau, citada pelo filólogo Candido Figueiredo.

Depois de uma palestra na “Rotisserie Sportman”, com Olavo Bilac, Amadeu Amaral e Coelho Neto, decidiu-se o Dr. Cardim pelo termo “escoteiro”, mais parecido com “scout”, e já empregado em Portugal (escutas), pelo Hermano Neves na tradução do livro de Baden Powell “Scouting for Boys”. Submeteu a confronto os vocábulos “pioneiro”, “adueiro”, “vanguardeiro”, “bandeirante” e “escuta” que eram então propostos. Esse termo foi oficializado pela Associação Brasileira de Escoteiros, com sede em São Paulo, em seus estatutos impressos na casa Vaberden, em 1915, registrado na 1ª circunscrição de São Paulo, naquele ano, de acordo com a lei. Conforme o Relatório de 1914/16 da A.B.E., o Dr. Mário Sergio Cardim sustentou pelas colunas de “O Paiz” uma amistosa discussão com o Dr. Olympio de Araújo, membro da Academia Mineira de Letras, que defendia o termo “bandeirante”.

Afirma o referido relatório, na página 4: “Provamos então que “escoteiro” significa também corajoso, esperto, destro, etc. e que, “bandeirante” tinha o inconveniente de poder denunciar uma preocupação regionalista.” As organizações escoteiras que funcionaram no Brasil, antes da A.B.E., segundo nos consta, usavam ainda denominações em idioma estrangeiro, como é o caso do “Centro de Boys Scouts do Brasil” no R.J. Também foi o Dr. Mário Sergio Cardim que utilizou pela primeira vez o termo “Sempre Alerta” para tradução de “Be Prepared”. Além do texto acima, também me socorro de um texto postado recentemente, por Fernando Robleño, que diz o seguinte.

 “O vocábulo “escoteiro”, diferentemente do que se prega, não foi inventado pelas associações escoteiras. As primeiras aparições do termo “escoteiro” datam antes mesmo de Baden-Powell ou, no caso do Brasil, antes de Sergio Cardim (que, como todos sabemos, escolheu essa palavra, entre outras, para definir os praticantes do escotismo). Em 1879, por exemplo, a palavra “escoteiro” apareceu na obra “Cancioneiro Alegre”, de Camilo Castelo Branco. Pode ser visto, também, em “Lendas Indígenas”, de Gaspar Duarte, em 1858.

O vocábulo “escoteiro”, que até então era de uso comum, foi tomado de posse pelas associações escoteiras, todas elas. O termo só foi dicionarizado em 1780, e a inclusão do sinônimo “integrantes de um corpo ou unidade escoteira (sem fazer referência a uma associação) décadas mais tarde.”. Além disso, mais do que entender a origem do termo escoteiro, oportuno termos presente o significado do termo que lhe deu origem = SCOUT, que, traduzido do inglês literal, é o explorador, mateiro.

 BP definiu SCOUT como:
Um explorador ou esclarecedor militar, que, como sabem; é em geral, no exercito, um soldado escolhido por sua inteligência e coragem para ir adiante das tropas, descobrir onde se acha o inimigo e, informar ao combatente tudo o que puder averiguar a seu respeito. Mas, além desses exploradores que prestam serviços na guerra, há também os exploradores que servem na paz – homens que em tempos de paz executam tarefas que requerem a mesma dose de coragem e de engenhosidade. São os homens que vivem nas fronteiras do mundo civilizado.”

 Outras definições de B.P:
A ciência do explorador, difere da espionagem no que respeita somente a colher informações sobre o inimigo ou seu país no decurso normal da carreira militar.”  “- Scout é uma palavra familiar para as crianças da Inglaterra. Em 1900, ainda antes da libertação de Mafeking, apareceu uma série de histórias intituladas ‘The Boy Scout Scarlett’ e, a ‘New Buffalo Bill Library’ editada pela The Boy Scout na mesma ocasião.”  Feitas estas considerações iniciais, está esclarecido que antes mesmo de BP, originariamente, o termo SCOUT era adotado para denominar o explorador, o mateiro e, SCOUTING, a ciência de explorar.

 Assim, exemplificando, SCOUT está para SCOUTING, como o Nadador esta para a Natação. Portanto, quando na literatura pré-criação do hoje denominado Movimento Escoteiro utilizamos o termo SCOUT, estão falando de exploradores e mateiros, e, quando utilizam o termo SCOUTING, estão falando da atividade mateira e de explorar do SCOUT.  Na literatura de BP constata-se que ele mesmo utilizava estes termos antes mesmo de criar o Movimento Escoteiro.


 Assim, que fique bem claro que os termos SCOUT (escoteiro) e SCOUTING (escotismo) não se originaram do Movimento Escoteiro criado por BP, mas ao contrário, BP utilizou estes termos porque pretendia que os jovens do Movimento Escoteiro fossem capacitados para se tornarem tão aptos quanto os SCOUT, através da prática do SCOUTING. Portanto, SCOUT e SCOUTING, e, ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam.