O Escotismo
moderno.
Não compartilho com as
teorias modernas que muitos insistem em dizer que precisamos nos atualizar no
escotismo e estar de acordo com a nova pedagogia da educação. Se estiver errado
assumo meu erro, mas que me provem o contrário se o que se faz em termos de
modernismo no escotismo está dando certo. São tantos pedagogos, pensadores, historiadores
a afirmarem que devemos nos atualizar que fico a imaginar se este seria o
escotismo que queremos. Bato-me na tecla que sem um acompanhamento, sem uma
pesquisa e sem uma visão do que está acontecendo não sabemos se temos
resultados.
São tantos a falarem sobre o escotismo
moderno que na minha pequena sapiência me pergunto sempre: - Foi feito um
estudo do que fizemos e do que está sendo feito? Acompanhado por quem?
Relatórios? Lembro-me do comediante Pedro Pedreira que afirmava ao professor
Raimundo: Há controvérsias! Afinal vamos combinar melhor o que seria o
escotismo moderno para esta virada de página. Se alguns acham que estamos
ultrapassados fico a perguntar em que sentido. São tantas ideias que não
entendo porque existem tanta evasão e tantos descontentes. Onde estão os homens
mulheres que participaram do escotismo para testemunhar as boas novas? A
verdade é que ficamos parados no tempo quanto à qualidade e quantidade. Temos
diversos “çabios” Escoteiros dizendo o contrário e sem mostrarem os resultados.
Se antes ser um Chefe Escoteiro
era um passeio na metodologia Badeniana hoje se envereda por caminhos ditos modernos
e o que vemos são jovens despreparados para a vida adulta, poucos ficando por
mais de um ou dois anos e a procura cada vez mais escassa. Deparei-me outro dia
com o que disse B.P sobre o Chefe Escoteiro. Diferente do que fazem hoje com
estes cursos pedagógicos e exigências intelectuais. Eu mesmo me julgo incompetente
para preencher tais atributos. Não sou um catedrático. Não cursei faculdade. Fui
menino lobinho Escoteiro e Sênior. Participei como Chefe por longos e longos
anos. Posso testemunhar as dezenas de meninos que cresceram e passaram por uma
vida escoteira que acompanhei. Vivi o método de Baden-Powell e para mim ele é a
essência do escotismo. Voltemos ao que disse B.P do Chefe Escoteiro:
- A idéia do Escotismo quando
surgiu parecia caminhar bem. Sabia-se que o menino estava preocupado, mas
ansioso por fazer tudo àquilo que acreditava. Embora ele tivesse uma ideia de
como realizá-lo, havia a pergunta mais importante da necessidade de obter a
liderança adulta para organizar a sua administração na prática. De uma forma
muito considerável essa questão foi resolvida pelos próprios meninos. Eles
tiveram o bom senso de reconhecer que os oficiais crescidos eram necessários, e
procuraram os seus lideres em seus respectivos bairros até que encontrassem
aqueles dispostos a se tornar seus chefes. Pessoalmente, eu tinha visto um
trabalho dedicado e esplêndido dos voluntários e dos funcionários da Boys
'Brigade, e então eu percebi que havia em nossa população um número
considerável de homens patriotas que estariam dispostos a fazer o sacrifício de
tempo para ajudar. Mas eu nunca previ a
resposta surpreendente que foi dado por tais homens à chamada do Movimento
Escoteiro.
Para eles, é devido o crescimento
notável e os resultados alcançados até o momento. Eu tinha estipulado que a
posição dos Chefes Escoteiros não seria nem a de um professor, nem de um oficial
comandante, mas sim a de um irmão mais velho entre os seus meninos. O
importante era juntar as suas atividades e compartilhar seu entusiasmo, e,
assim, estar na posição de conhecê-los individualmente, capaz de inspirar os
seus esforços e para sugerir novas diversões quando seu dedo sobre o pulso lhe
disse que a atração de qualquer mania atual fosse se desatualizando. O termo
Chefe Escoteiro não era novo. Era um título antigo Inglês usado por
Cromwell, que tinha "Chefes Escoteiros" em seu exército, e seu ramo
de Inteligência estava sob a direção de um "Chefe Escoteiro-Geral”.
Indiscutivelmente, Baden-Powell
desempenhou um papel singular, não apenas como Fundador do Movimento, mas
também como seu líder e inspirador. A isto se pode acrescentar o seu profundo
entendimento dos problemas, necessidades, e aspirações do jovem e de sua
capacidade para tornar os sonhos em realidade. A promessa e a lei escoteira,
conforme o texto original de B.P, escrito em 1907-1908, no livro Escotismo
para Rapazes, representa todo um corpo de valores morais, éticos e
nacionais, que eram esperados de um cidadão participativo e útil a sua
sociedade, na época em que foram escritos tais princípios.
Não vou mudar concepções,
nem tampouco o que pensam os novos lideres nas diversas posições do escotismo
nacional ou mesmo mundial. Sei que tudo tem seu tempo e sua hora, mas antes de
aplicarem certas metodologias no escotismo façam um exame de consciência.
Perguntem aos pais o que eles acham. Afinal o Escotismo não é um colaborador na
formação do jovem? Estão querendo substituí-los só porque acreditam no que
aprenderem de maneira diferente? Com que direito? Sabemos que boa parte dos
pais tem seus filhos participando do escotismo porque acreditaram nas palavras
ditas quando da admissão. Eles educam seus filhos como foram educados e sabemos
que o escotismo colabora e não substitui. Qual o direito de alguém em dizer que
tais coisas devem ser oferecidos aos jovens no escotismo sem ter pelo menos
ouvido as opiniões dos pais?
Eu sempre digo aos que
querem mudar: - Olhem suas tropas, suas alcateias. A motivação é constante? A
falta de vagas nas sessões? Pelo menos setenta por cento ficam mais de dois
anos em atividade? O crescimento na filosofia escoteira é uma verdade? A EB
está tomando decisões sem consulta às bases, sem pesquisa e sem acompanhamento.
Não sou o dono da verdade. Eu sei que a resposta cada um tem a sua. Eu tenho a
minha. Afinal este não é e nunca foi o escotismo que fiz e acreditei.