quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Escotismo moderno.


O Escotismo moderno.

                    Não compartilho com as teorias modernas que muitos insistem em dizer que precisamos nos atualizar no escotismo e estar de acordo com a nova pedagogia da educação. Se estiver errado assumo meu erro, mas que me provem o contrário se o que se faz em termos de modernismo no escotismo está dando certo. São tantos pedagogos, pensadores, historiadores a afirmarem que devemos nos atualizar que fico a imaginar se este seria o escotismo que queremos. Bato-me na tecla que sem um acompanhamento, sem uma pesquisa e sem uma visão do que está acontecendo não sabemos se temos resultados.

                   São tantos a falarem sobre o escotismo moderno que na minha pequena sapiência me pergunto sempre: - Foi feito um estudo do que fizemos e do que está sendo feito? Acompanhado por quem? Relatórios? Lembro-me do comediante Pedro Pedreira que afirmava ao professor Raimundo: Há controvérsias! Afinal vamos combinar melhor o que seria o escotismo moderno para esta virada de página. Se alguns acham que estamos ultrapassados fico a perguntar em que sentido. São tantas ideias que não entendo porque existem tanta evasão e tantos descontentes. Onde estão os homens mulheres que participaram do escotismo para testemunhar as boas novas? A verdade é que ficamos parados no tempo quanto à qualidade e quantidade. Temos diversos “çabios” Escoteiros dizendo o contrário e sem mostrarem os resultados.

                    Se antes ser um Chefe Escoteiro era um passeio na metodologia Badeniana hoje se envereda por caminhos ditos modernos e o que vemos são jovens despreparados para a vida adulta, poucos ficando por mais de um ou dois anos e a procura cada vez mais escassa. Deparei-me outro dia com o que disse B.P sobre o Chefe Escoteiro. Diferente do que fazem hoje com estes cursos pedagógicos e exigências intelectuais. Eu mesmo me julgo incompetente para preencher tais atributos. Não sou um catedrático. Não cursei faculdade. Fui menino lobinho Escoteiro e Sênior. Participei como Chefe por longos e longos anos. Posso testemunhar as dezenas de meninos que cresceram e passaram por uma vida escoteira que acompanhei. Vivi o método de Baden-Powell e para mim ele é a essência do escotismo. Voltemos ao que disse B.P do Chefe Escoteiro:

- A idéia do Escotismo quando surgiu parecia caminhar bem. Sabia-se que o menino estava preocupado, mas ansioso por fazer tudo àquilo que acreditava. Embora ele tivesse uma ideia de como realizá-lo, havia a pergunta mais importante da necessidade de obter a liderança adulta para organizar a sua administração na prática. De uma forma muito considerável essa questão foi resolvida pelos próprios meninos. Eles tiveram o bom senso de reconhecer que os oficiais crescidos eram necessários, e procuraram os seus lideres em seus respectivos bairros até que encontrassem aqueles dispostos a se tornar seus chefes. Pessoalmente, eu tinha visto um trabalho dedicado e esplêndido dos voluntários e dos funcionários da Boys 'Brigade, e então eu percebi que havia em nossa população um número considerável de homens patriotas que estariam dispostos a fazer o sacrifício de tempo para ajudar.  Mas eu nunca previ a resposta surpreendente que foi dado por tais homens à chamada do Movimento Escoteiro.

Para eles, é devido o crescimento notável e os resultados alcançados até o momento. Eu tinha estipulado que a posição dos Chefes Escoteiros não seria nem a de um professor, nem de um oficial comandante, mas sim a de um irmão mais velho entre os seus meninos. O importante era juntar as suas atividades e compartilhar seu entusiasmo, e, assim, estar na posição de conhecê-los individualmente, capaz de inspirar os seus esforços e para sugerir novas diversões quando seu dedo sobre o pulso lhe disse que a atração de qualquer mania atual fosse se desatualizando. O termo Chefe Escoteiro não era novo. Era um título antigo Inglês usado por Cromwell, que tinha "Chefes Escoteiros" em seu exército, e seu ramo de Inteligência estava sob a direção de um "Chefe Escoteiro-Geral”.

                    Indiscutivelmente, Baden-Powell desempenhou um papel singular, não apenas como Fundador do Movimento, mas também como seu líder e inspirador. A isto se pode acrescentar o seu profundo entendimento dos problemas, necessidades, e aspirações do jovem e de sua capacidade para tornar os sonhos em realidade. A promessa e a lei escoteira, conforme o texto original de B.P, escrito em 1907-1908, no livro Escotismo para Rapazes, representa todo um corpo de valores morais, éticos e nacionais, que eram esperados de um cidadão participativo e útil a sua sociedade, na época em que foram escritos tais princípios.

                    Não vou mudar concepções, nem tampouco o que pensam os novos lideres nas diversas posições do escotismo nacional ou mesmo mundial. Sei que tudo tem seu tempo e sua hora, mas antes de aplicarem certas metodologias no escotismo façam um exame de consciência. Perguntem aos pais o que eles acham. Afinal o Escotismo não é um colaborador na formação do jovem? Estão querendo substituí-los só porque acreditam no que aprenderem de maneira diferente? Com que direito? Sabemos que boa parte dos pais tem seus filhos participando do escotismo porque acreditaram nas palavras ditas quando da admissão. Eles educam seus filhos como foram educados e sabemos que o escotismo colabora e não substitui. Qual o direito de alguém em dizer que tais coisas devem ser oferecidos aos jovens no escotismo sem ter pelo menos ouvido as opiniões dos pais?

                     Eu sempre digo aos que querem mudar: - Olhem suas tropas, suas alcateias. A motivação é constante? A falta de vagas nas sessões? Pelo menos setenta por cento ficam mais de dois anos em atividade? O crescimento na filosofia escoteira é uma verdade? A EB está tomando decisões sem consulta às bases, sem pesquisa e sem acompanhamento. Não sou o dono da verdade. Eu sei que a resposta cada um tem a sua. Eu tenho a minha. Afinal este não é e nunca foi o escotismo que fiz e acreditei.