sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A origem da palavra “Escoteiro”.


Conversa ao pé do fogo.
A origem da palavra “Escoteiro”.

Ao surgir outras associações Escoteiras no país, a UEB se achou no direito de registrar no IMPI (Instituto de marcas e patentes) o termo Escoteiro como de sua propriedade. Em todas os processo que a EB se aventurou para tirar das demais Associações não ganhou um sequer. De um artigo retirei dados sobre o termo Escoteiro do qual publico para conhecimento dos que ainda tinham dúvidas:  

O termo escoteiro de acordo com o dicionário é definido como:

- Escoteiro; adjetivo e substantivo masculino. Desimpedido, sem bagagem, sozinho; membro de associação de meninos (as) ou adolescentes organizada de acordo com o sistema de seu idealizador Baden Powell. “A Adoção no Brasil do termo ”escoteiro” deve-se ao Dr. Mário Sergio Cardim, principal fundador da Associação Brasileira de Escotismo (ABE), com sede em São Paulo e do Escotismo feminino no Brasil.”. Sua utilização nesse sentido não é conhecida em nosso país, quando o Dr. Mário Sérgio Cardim descobriu que o substantivo “escoteiro” representava não apenas o “só”, bem como “pioneiro” e “lépido”, conforme lições de Herculano, Camilo, Gaspar Nicolau, Blutteau, citada pelo filólogo Candido Figueiredo.

Depois de uma palestra na “Rotisserie Sportman”, com Olavo Bilac, Amadeu Amaral e Coelho Neto, decidiu-se o Dr. Cardim pelo termo “escoteiro”, mais parecido com “scout”, e já empregado em Portugal (escutas), pelo Hermano Neves na tradução do livro de Baden Powell “Scouting for Boys”. Submeteu a confronto os vocábulos “pioneiro”, “adueiro”, “vanguardeiro”, “bandeirante” e “escuta” que eram então propostos. Esse termo foi oficializado pela Associação Brasileira de Escoteiros, com sede em São Paulo, em seus estatutos impressos na casa Vaberden, em 1915, registrado na 1ª circunscrição de São Paulo, naquele ano, de acordo com a lei. Conforme o Relatório de 1914/16 da A.B.E., o Dr. Mário Sergio Cardim sustentou pelas colunas de “O Paiz” uma amistosa discussão com o Dr. Olympio de Araújo, membro da Academia Mineira de Letras, que defendia o termo “bandeirante”.

Afirma o referido relatório, na página 4: “Provamos então que “escoteiro” significa também corajoso, esperto, destro, etc. e que, “bandeirante” tinha o inconveniente de poder denunciar uma preocupação regionalista.” As organizações escoteiras que funcionaram no Brasil, antes da A.B.E., segundo nos consta, usavam ainda denominações em idioma estrangeiro, como é o caso do “Centro de Boys Scouts do Brasil” no R.J. Também foi o Dr. Mário Sergio Cardim que utilizou pela primeira vez o termo “Sempre Alerta” para tradução de “Be Prepared”. Além do texto acima, também me socorro de um texto postado recentemente, por Fernando Robleño, que diz o seguinte.

 “O vocábulo “escoteiro”, diferentemente do que se prega, não foi inventado pelas associações escoteiras. As primeiras aparições do termo “escoteiro” datam antes mesmo de Baden-Powell ou, no caso do Brasil, antes de Sergio Cardim (que, como todos sabemos, escolheu essa palavra, entre outras, para definir os praticantes do escotismo). Em 1879, por exemplo, a palavra “escoteiro” apareceu na obra “Cancioneiro Alegre”, de Camilo Castelo Branco. Pode ser visto, também, em “Lendas Indígenas”, de Gaspar Duarte, em 1858.

O vocábulo “escoteiro”, que até então era de uso comum, foi tomado de posse pelas associações escoteiras, todas elas. O termo só foi dicionarizado em 1780, e a inclusão do sinônimo “integrantes de um corpo ou unidade escoteira (sem fazer referência a uma associação) décadas mais tarde.”. Além disso, mais do que entender a origem do termo escoteiro, oportuno termos presente o significado do termo que lhe deu origem = SCOUT, que, traduzido do inglês literal, é o explorador, mateiro.

 BP definiu SCOUT como:
Um explorador ou esclarecedor militar, que, como sabem; é em geral, no exercito, um soldado escolhido por sua inteligência e coragem para ir adiante das tropas, descobrir onde se acha o inimigo e, informar ao combatente tudo o que puder averiguar a seu respeito. Mas, além desses exploradores que prestam serviços na guerra, há também os exploradores que servem na paz – homens que em tempos de paz executam tarefas que requerem a mesma dose de coragem e de engenhosidade. São os homens que vivem nas fronteiras do mundo civilizado.”

 Outras definições de B.P:
A ciência do explorador, difere da espionagem no que respeita somente a colher informações sobre o inimigo ou seu país no decurso normal da carreira militar.”  “- Scout é uma palavra familiar para as crianças da Inglaterra. Em 1900, ainda antes da libertação de Mafeking, apareceu uma série de histórias intituladas ‘The Boy Scout Scarlett’ e, a ‘New Buffalo Bill Library’ editada pela The Boy Scout na mesma ocasião.”  Feitas estas considerações iniciais, está esclarecido que antes mesmo de BP, originariamente, o termo SCOUT era adotado para denominar o explorador, o mateiro e, SCOUTING, a ciência de explorar.

 Assim, exemplificando, SCOUT está para SCOUTING, como o Nadador esta para a Natação. Portanto, quando na literatura pré-criação do hoje denominado Movimento Escoteiro utilizamos o termo SCOUT, estão falando de exploradores e mateiros, e, quando utilizam o termo SCOUTING, estão falando da atividade mateira e de explorar do SCOUT.  Na literatura de BP constata-se que ele mesmo utilizava estes termos antes mesmo de criar o Movimento Escoteiro.


 Assim, que fique bem claro que os termos SCOUT (escoteiro) e SCOUTING (escotismo) não se originaram do Movimento Escoteiro criado por BP, mas ao contrário, BP utilizou estes termos porque pretendia que os jovens do Movimento Escoteiro fossem capacitados para se tornarem tão aptos quanto os SCOUT, através da prática do SCOUTING. Portanto, SCOUT e SCOUTING, e, ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam.