terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Obrigado por me dar a honra de ser meu amigo e minha amiga!



O ANO FINDA, OUTRO COMEÇA, E COMO BOM MINEIRO DIREI AO ENTRAR EM 2014 - “A NÓS AQUI TRAVEIS”!

Obrigado por me dar a honra de ser meu amigo e minha amiga!

Hoje não vou escrever uma história. O dia foi para analisar o ano que passou. Um ano proveitoso para muitos e principalmente para mim que adquiri centenas de amigos. Os amigos chegaram e os recebi de braços abertos. Na minha página do Facebook, no Grupo Escotismo e suas Histórias, em meus sete blogs sem contar um Clube de leitura via e-mail onde os comentários do que escrevo são vários. Nem todos concordaram com tudo que escrevi, mas não dizem que toda unanimidade é burra? Bem vindos os que deram sugestões, os que fizeram críticas simpáticas, os que por falta de tempo nada disseram. Todos a sua maneira enriqueceram as minhas publicações.
Nunca em minha vida me senti tão feliz ou quem sabe, mais feliz do que se estivesse na ativa com os jovens. Publiquei milhares de fotos quase todas de jovens enaltecendo o escotismo, respondi centenas de e-mails de membros do escotismo todos com suas dúvidas. Em quase todas as minhas escritas fiz questão de falar em um escotismo autêntico, de uma Lei de uma Promessa, comentei sobre a honra, a palavra, a lealdade, a ética e tudo que nossos jovens precisavam conhecer e saber. Se não ajudei mais foi porque minha saúde não ajudou.
Não agradei a todos. Sabia que não. Usei da minha liberdade de pensamento para discordar com nossos dirigentes com os destinos do escotismo no Brasil. Não bati palmas como alguns queriam. Poucos formadores entraram em contato e por isto não dei um sorriso e um abraço, mas aos demais chefes eu fiz tudo para motivá-los. Sai duas vezes da minha caverna para visitar atividades escoteiras a convite. Senti-me honrado onde fui. Por falta de outros convites não houve mais visitas.
Não sei o que me reserva em 2014. Espero que repita 2013 um ano muito frutífero para mim. Entretanto o que vier aceitarei sem reclamar. Seguirei sempre nesta trilha de falar o que penso, de passar o que aprendi, de ajudar quando posso e estar sempre com um sorriso, claro quando não for chorar. Obrigado amigos e amigas por me aceitarem como sou. Estou orgulho de ser amigo de todos vocês.

Gostaria de estar presente e apertar a mão individualmente de todos. Não sendo possível o faço mentalmente com orgulho de ter você como meu amigo. Que 2014 seja o ano do escotismo. Não importa qual nação. Que a felicidade more no coração de todos vocês para sempre!

FELIZ ANO NOVO!

Chefe Osvaldo Ferraz.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Carta aberta ao Senhor Baden Powell.

Escrevi esta carta há alguns meses atrás. Hoje resolvi republicar. Boa leitura.

Carta aberta ao Senhor Baden Powell.

Prezado Senhor Baden Powell.


                Desculpe esta liberdade de lhe chamar pelo nome e não pelos títulos que recebeu aí na sua boa Inglaterra. Sei que foi homenageado pela Câmara dos Lords e pela Rainha recebendo os títulos de Lord e Sir pelo seu relevante trabalho junto aos jovens, além do que foi aclamado como herói desta nação pela sua brilhante passagem no exército inglês. Inclusive me perdoe por escrever ao meu amigo diretamente sem usar os transmites legais aí no céu. Mas saiba que não tenho nenhuma pretensão de ser além do que sou. Não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente. Nasci cinco horas depois que o meu amigo partiu para a eternidade. Acho que no dia oito e nove de janeiro do próximo ano ambos completaremos 73 anos, claro eu de idade e o Senhor da partida aqui do planeta terra.  Mas vou ser sincero. Parece que o conheço de longa data. Li muito ao seu respeito. E desde que entrei para o escotismo como menino que tento ser conforme o Senhor deixou em seus ensinamentos.

               Mas vamos ao assunto principal desta humilde missiva. Sei que não me conhece e acho que nunca ouviu falar de mim. Meu nome é Osvaldo Ferraz, moro em São Paulo capital, em um lindo país chamado Brasil. Estou preocupado com os rumos que está tomando o escotismo aqui. Eu nada posso fazer a não ser escrever e postar em blogs e no Facebook o que penso. Risos. Desculpe. Blogs e Facebook surgiram agora numa maquininha que tem a internet como diretriz para aposentados como eu. Essas maquinhas dizem alguns falam muitas “asneiras”, mas com fundo de verdade. Para lhe ser sincero não sei como anda o Movimento Escoteiro lá na sua terra e em outros países. Aqui temos um Diretor Internacional que sabe de tudo e ajuda sempre nas mudanças que está havendo no escotismo por aqui. Ele é um expert em mudanças copiando dos outros suas alterações. Mas Deus me livre criticá-lo.  Olhe Senhor Baden Powell aqui está mesmo tudo mudado. Os que estão hoje na liderança adoram mudar e sempre em nome dos novos tempos. Já mudaram tantas coisas que me sinto um peixe fora d’água.

               Se tiver tempo dê uma olhada no site da UEB. Acho que aí no céu deve ter internet banda larga não? O senhor vai encontrar dirigente trajando uniformes conforme suas escolhas pessoais. Tem agora um tal traje, ou melhor, um novo uniforme. Dizem que são dezesseis tipos a escolher. Fizeram uma tremenda festa na sua apresentação, mas juraram que muitos deram opiniões. Sei lá entende? Calma com as fotos, pois tem de tudo. Cada chapéu de fazer inveja. É calça curta, comprida, com meião e sem meião. Não acredita? Veja no tal site que lhe indiquei. Vai ver foto de dirigente assim. E as atividades nacionais? Mais de dez por ano. Não só deles da UEB e sim de cada região e cada distrito. São várias. Todos querendo mostrar que a sua é melhor e dizem por aí não tenho certeza e nem posso afirmar que a maioria é para fazer caixa. Não sei se é verdade, pois agora muitos vivem disto. Eles dependem dos registros para sobreviverem e com o preço nas alturas muitos não se registram mais. Claro a UEB dá uma colher de chá para os pobres. Coitados dos grupos escoteiros pobres. Dizem por aqui que escotismo é só para ricos. Não sei não. Muitos lutam para conseguirem manter seus meninos e meninas, ah! Desculpe. Agora as meninas tem vez nas patrulhas junto com os meninos. O Senhor sabe as Girl Guides para nós Bandeirantes foi criada para isto, mas como o modernismo hoje está de vento em popa agora nós temos as meninas. A FBB ainda existe, resolveu também ter os meninos. E olhe Senhor Baden Powell elas as meninas são o máximo. Em muitos casos superiores aos meninos. Ah! Esqueci, mande minhas lembranças a Lady Olave.

                 Bem, já falei do uniforme não? Totalmente descaracterizado. Uma barafunda sem tamanho. Eles adoram fazer isto. Mas sabe Senhor Baden Powell, aqui em meu país não conseguimos crescer. Já pensei em vários motivos e que são de domínio geral. Claro ninguém se incomoda. Providências? Algumas a quatro paredes feitas pelos dirigentes. Desculpe. Eles decidem tudo sozinhos. Os demais chefes acostumaram a receber a marmita pronta. Risos. E o pior poucos reclamam os demais aceitam orgulhosamente. Não sei se tomou conhecimento de um Chefe de Campo de Giwell Park, o Senhor John Thurman que em 1957 mostrou o que estamos fazendo e errando. Falou e escreveu coisas ótimas que os dirigentes atuais não levam em consideração. Uma pena. Já escrevi aqui sua carta diversas vezes. Não adiantou. Mas voltando ao crescimento. Hoje seu programa praticamente não existe mais. Por quê? Meu caro Senhor Baden Powell, dizem que vivemos uma nova era. Tudo moderno. Acampar como o Senhor fez em Brownsea? Nem pensar. Sistema de Patrulhas? Alguns ainda fazem e faz pena ver tantas tropas onde o Monitor não é nada. Apenas um representativo de uma Patrulha de dois ou três que fica na frente com o seu bastão totem esperando o discurso do Chefe. Agora nós temos um curso para monitores que pomposamente chamam de Ponta de Flecha. Dizem que os monitores agora são os melhores. Ai, ai!

                   Olhe Senhor Baden Powell, sem querer ser dedo duro, tem alguns que me disseram que o senhor está ultrapassado. Dizem a boca pequena que o Senhor sempre foi “milico” e só sabe dar ordens e viveu a vida inteira marchando! Risos. Desculpe Senhor Baden Powell. Mas eles agora sabem como salvar o escotismo e olhe poucos ainda falam em seu nome. Quando mudam dificilmente colocam seu nome. Seus livros servem para saber o que foi no passado e não como deve ser agora. As etapas de classe? Esqueça Senhor Baden Powell. Aqui no Facebook fico sabendo que os jovens agora tem especialidade a escolher em ciências, tecnologia, desportos, e habilidades escoteiras. Neste último quase ninguém tem ou se interessa em ter uma de Acampador, Socorrista, Sinaleiro, Construtor de Pioneirias, Cozinheiro, Mateiro enfim aquelas velhas atividades que nós os velhos escoteiros tínhamos no passado. Sabe Senhor Baden Powell acampar hoje é um emaranhado de misturas de lobinhos, escoteiros seniores e pais. Aqueles acampamentos só com a tropa nos moldes de Giwell quase não existem mais. Pudera. Tem tantas normas que muitos desistem de antemão.

                      Senhor Baden Powell sou sincero. Quando ainda temos a frente das tropas ou alcateias Escotistas que se preocupam em reconhecer o valor do escotismo aventureiro, ainda vá lá, mas se quiser percorrer as fotos que andam por aí só verá chefes fazendo. É Chefe aqui, Chefe ali, caramba! Pensei que o escotismo era para os jovens e não os chefes!  Aprender a fazer fazendo? Nunca. O chefão sempre é quem faz mostrando para os meninos e as meninas que ele é o maioral. Morro de rir deles Senhor Baden Powell. Falam de tecnologias, de modernidade e quando estão em bandos (nunca em patrulhas) sabem o que fazem? Brincam no barro, rastejam, andam nas Falsas Baianas, Comando Crow, enfim não sabem fazer outra coisas.  Desculpe Senhor Baden Powell eles não tem culpa e saiba que tem muitos ainda que fazem um bom escotismo dentro do método que o Senhor nos deixou. Agora temos cursos diferentes do passado. São cursos para administração, para assessores, e alguns técnicos, mas sem aquele “Tchan” aos moldes dos aplicados em Giwell Park. E os manuais? Uma infinidade. Livros? Nunca vi tantos. Soube inclusive que até o questionário para os prováveis Insígnias tem dezenas de perguntas e nenhuma sobre Sistema de Patrulhas. Mas olhe Senhor Baden Powell os cursos são mesmos diferentes. Lembra quando começou com eles em Giwell Park? Quando ficávamos em uma Patrulha acampados, vivendo o que o menino e a menina deveriam viver em um sistema de patrulhas? Mudaram tudo. Agora impera as novas normas técnicas de ensino. Cozinhar no campo ficou no passado. Dormir sob barracas nunca. Têm dormitórios, lanchonetes, refeitórios e se podem pagar uma taxa as comodidades de um mundo moderno está lá. Um deles me disse que o preço é pequeno. Inferior a um hotel cinco estrelas. Que coisa eim?

                      Bem Senhor Baden Powell não vou me alongar mais. Sei que já falei muito e até acredito que alguns amigos meus que estão por aí no céu contaram o que está havendo. Breve eu estarei aí também. Mas quem sabe aqui eles conseguirão acertar? Claro, nada como antes em que cada um era responsável pela sua autoeducação e que os chefes se preocupavam com os meninos, sendo amigo, irmão mais "Velho" e sem pensar em escalar cargos como agora. Os insígnias Senhor Baden Powell a maioria só se preocupam em ser formadores, em pertencer à alta direção e meu amigo Senhor Baden Powell tem cada um lá que faz pena. Colocam-se como se fosse uma cópia do Senhor que nada tem a ver com sua figura. Uma arrogância desnaturada, um tal de dizer que eu sei o que os jovens precisam e consultas? Só rindo Senhor Baden Powell. Eles não fazem. São mais que o Senhor. Sabem tudo.

                      Senhor Baden Powell eu teria muito mais coisa a dizer. Ficaria longo demais. Eu agradeço pela sua atenção em ler esta missiva que não é mais que um desabafo, de um "Velho" Escoteiro que ainda sonha que podemos fazer o escotismo conforme o Senhor idealizou, com seus métodos e programas claro, pequenas adaptações da época moderna. Eu senhor Baden Powell acredito que se déssemos aos jovens um pouco do passado com alguns toques do presente iriamos acertar em cheio. Mas do jeito que anda as coisas em breve todos os jovens estarão fazendo escotismo virtual, sentados em uma poltrona e sonhando com o que não tiveram oportunidade de ter. Sabe Senhor Baden Powell eu gostaria mesmo de fazer esta experiência. Uma nova tropa fazendo o escotismo do passado, aventureiro, acampador e provar para os dirigentes que isto sim, é o que os jovens querem. Atividades escoteiras verdadeiras, pois o modernismo eles já tem em suas casas, na escola e junto aos amigos. Deixem-nos fazerem lá suas atividades modernas. No grupo e no campo irão aprender cidadania, atividades mateiras, aventureiras e tenho certeza que a evasão cairia pela metade ou muito mais. Mas enfim, não sei se isto um dia vai acontecer.  

                      Vou terminando por aqui. Desculpe ter tomado seu tempo ai no céu. Receba meu abraço cordial e sinceras manifestações de amor e consideração. Receba também o meu Sempre Alerta (desculpe aqui no Brasil é SAPS) Do seu amigo,

Osvaldo Ferraz.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

QUEM NÃO ACREDITA NO AMANHÃ?



Nenhum homem tem o dever de ser rico ou grande ou sábio: mas todos têm o dever de serem honrados.

QUEM NÃO ACREDITA NO AMANHÃ?

CONSTITUIÇÃO ESCOTEIRA DO BRASIL


Titulo I
Da Organização Nacional.
Capitulo I
Das disposições preliminares e finais.
        Art. 1º - O Brasil é uma República Federativa, constituída sob o regime representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
        § 1º - Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.
        § 2º - Fica determinado que após a assinatura deste decreto lei, que todos os Escoteiros que adotaram Baden Powell como o verdadeiro fundador do escotismo serão considerados irmãos, independente de qual associação pertençam e terão plena liberdade de fazerem atividades em conjunto em qualquer parte do território nacional.
        Art. 3º - Esta norma irá prevalecer em todos os Estados e Territórios nacionais.
        Art. 4º - Ninguém poderá se dizer proprietário de marcas, patentes e ou valores Escoteiros que porventura forem oriundos do programa e método de Baden-Powell.
        I – Inclui-se o lema, a palavra Escoteiro, A Lei e a Promessa, o método Escoteiro, as tradições e todo o programa que o fundador deixou para todos os escoteiros do mundo.
        II – Os que quiserem ter seu registro na Associação de origem tem livre arbítrio para decidir. Os que acharam que não, serão considerados Escoteiros desde que fizeram um dia sua promessa na associação de origem.
        Art. 5º - A liberdade de opinião seja na escrita ou na palavra será observada com rigor na constituição Brasileira e no escotismo brasileiro.
       Parágrafo único – Revogam-se as disposições em contrário. Os atuais processos ou discordâncias ficam extintos conforme decisão dos lideres de cada associação.
O Presente Decreto Lei tem a assinatura de todos os dirigentes das associações escoteiras.
        Art. 6º O presente Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se desde logo, aos processos em curso, revogados as disposições em contrário.

        Brasília, 31 de dezembro de 2013.


“quem sabe um dia iremos ter este decreto lei?”.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Escoteiro que luta só.



Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças! 
As pirâmides que novamente construíste
Não me parecem novas, nem estranhas; 
Apenas as mesmas com novas vestimentas.

O Escoteiro que luta só.

        Não, o título não devia ser este. Foi plagiado. Acredito que pouco tem a ver com o artigo que estou escrevendo. Mas me lembrei de um filme. Um "Velho" western. Um pistoleiro capturado por um caçador de recompensas, rumo a Santa Cruz, numa viagem cheia de aventuras. O "Velho" Randolph Scott, bem dirigido por Budd Boetticher. O titulo real era - O Homem que luta só. Eu digo para mim mesmo que não preciso voltar no tempo para viver o que deixei para trás, mas posso viver neste momento o que realmente quero viver. Será verdade mesmo? Amigos me dizem – Esqueça o passado, ele não volta mais... Entenda que o único lugar onde ele ainda vive é em sua mente. Fora dela ele não é nada, não acrescenta nada!

        Não sei. Ainda afirmam para mim que eu mudei, o mundo mudou e as pessoas são totalmente diferentes! É possível. Mas... Muitas vezes me vejo lembrando-se de um monte de coisas que deixei para trás e bate aquela vontade de voltar, de querer viver momentos felizes do mesmo jeito que era antes, mas não dá! Hoje é um dia de lembranças, de nostalgia... Estou a ver e ouvir as lindas histórias que a minha Akelá contava... A caçada a Shere Khan, quando Mowgly fez sua promessa, para a paz do seu povo, de akelá e da Alcatéia..., ali estava eu, nos meus oito anos, a olhar para ela, dar uma piscadela para o Balú para Bagheera, e esquecer que Kaá não estava ali. Eram historias maravilhosas! Eu ficava encantado! Era como se fosse a historia das mil e uma noites...
- Falaram para você que estes nomes do jângal poderão desaparecer? Apesar de comentarem comigo acho que não. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...

- Mas, você será consultado? Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Estou agora em frente ao fogo. Ele ainda me aquece. Está se extinguindo aos poucos... Aqui e ali, pequenas fagulhas sobem languidamente aos céus, mas logo desaparecem. O cheiro da terra traz o perfume conhecido do "Velho" mateiro. O céu está estrelado. Satélites e cometas riscam os céus. Um espetáculo!  Os pássaros noturnos gorjeiam aqui e ali. Ao longe o espírito da coruja pia em um grande carvalho. Os membros da patrulha já se recolheram. Ficamos eu e mais dois. Estamos calados, admirando tudo aquilo. As vozes, as canções, as brincadeiras não existem mais. Agora são lembranças que pululam na mente como fantasmas amigos. O sono vem... É hora de dormir... É..., será que isto também não vai desaparecer? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...

- Mas, você será consultado? Não, você não decide. Você não vota.

     Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Andamos uma boa trilha. As mochilas as costas pesam. Já não cantamos mais. Alguns em fila, outros mais espaçados conversam entre si. O sol está a pino. Mantemos ainda nosso uniforme intacto. Ninguém nos vê, mas nossa honra, nossa palavra e nossa lealdade não nos permitem tirar alguma peça. Avistamos ao longe uma grande árvore. Frondosa. Uma sombra enorme! Próximo, um riacho de águas límpidas e calmas. Colocamos a mochila ao pé da árvore. Um bom descanso. Tiramos o calçado. Com os pés na água, “que gostoso!”. Olhamos em volta. Um lindo campo, muitas flores silvestres. Ao longe, a montanha aonde o sol vai se por. É um dia maravilhoso! Ainda temos uma boa caminhada. Pé na estrada que a patrulha tem o que fazer e chegar ao acampamento... É, será que isto também vai desaparecer? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas, você será consultado?  Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... A caminhada noturna nos leva ao cume da montanha. As nuvens baixas não nos deixam ver o horizonte. O dia vai amanhecendo. Aos poucos aqui e ali, pequenas aberturas. Outras montanhas. Lá ao longe uma pequena cidade. É o alvorecer. Agora estamos vendo muito além. Que espetáculo! Estamos sentados em uma grande pedra, admirando a vista. Valeu a caminhada, a pequena escalada. A patrulha sorri satisfeita. São seniores que gostam e tem o espírito da aventura. O ar limpo, a brisa gostosa, pequenas gotas de orvalho ainda nas flores do campo. Ali, perdidos em seus pensamentos eles sabem e tem a convicção de que Deus está no controle de tudo. É, será que isto também vai desaparecer? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...                                                                                                                                                                                                                      
Mas você será consultado? Não, você não decide. Você não vota.
      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Hoje é o dia que receberei a Primeira Classe. Parece diferente quando recebi a Segunda Classe no ano anterior. A tropa está reunida e o Chefe Orgulhoso. Faz um mês que fui aprovado em minha jornada! Não foi fácil. Mas valeu! Existe alguém mais feliz que eu? Claro que sim. Quantos milhares de jovens também receberam antes?  Estou sorrindo, a tropa sorri. O Chefe está orgulhoso! Não sei o que serão dos escoteiros do futuro. As provas de classe não existem mais. Desapareceram como uma folha solta ao vento. Substituído por outros nomes estranhos! Tudo em nome da evolução de uma nova era. Já aconteceu! Acredito que você deve ter recebido... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas, você foi consultado? Não, você não decide. Você não vota.

       Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Recebi das mãos do meu monitor o Bastão Totem da Patrulha. Ele agora foi para Tropa Sênior. Fui eleito monitor. Olhei o Bastão. Que orgulho! Ali estava a bandeirola da Águia no topo. Conhecia todas suas marcas. A data que foi feita há dez anos. Das especialidades que durante muito tempo os vários membros da patrulha alcançaram. Dos acampamentos que ele esteve presente. Muitas outras que não vou citar agora. Olhei para a patrulha, levantei o bastão com honra e demos o grito: Anauê! Abaetetuba, Nanbiquara, somos da patrulha Águia! Anrê! Anrê! Anrê. É, será que isto também vai desaparecer? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas, você será consultado? Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Eu e a patrulha Itatiaia estávamos em uma floresta, bem densa, junto com um Chefe antigo, mateiro dos bons, aprendendo... Ele falava baixinho, olhando para o alto das árvores, mostrando e imitando os animais, insetos e pássaros da floresta. Sabem? A Águia crocita ou grasna. A Andorinha chilra chilreia. A Arara grasna parla, taramela. A abelha zoina zoa, zonzoneia. O Beija-flor arrulha, rufla. O Besouro zoa, zumbe. O Bezerro berra, muge. O Canário canta, gorjeia.  A Cigarra canta, chia, cicia cigaarreia.  A Cobra sibila, assobia, chocalha. O Coelho chia, guincha. A Coruja pia. O Crocodilo Chora.
E nós ficamos ali, sentados, na grande barraca coberta pelas folhas das árvores, vendo aqui e ali, uma nesga do sol. Encantados, aprendendo com a floresta. É, será que isto também vai desaparecer? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você será consultado? Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Estou em meu quarto. Arrumando minhas tralhas. Vejo o meu chapéu com três bicos, meu orgulho, abas largas, meu lenço bem dobrado, meu anel engraxado. Vejo meu cinto no ponto com as fivelas de metal brilhando. Minha calça curta caqui e minha blusa estão bem passadas. Meu meião cinzento com listras perfeitas bem dobradas. Meu calçado preto limpo e bem apresentado. Ao lado, minha mochila limpinha. Meu cantil, minha faca que suei para conquistá-la e minha machadinha pequena que me faz muita falta. Meu cabo de 5 metros, bem enrolado a moda escoteira. É, será que isto também vai desaparecer? Ou já desapareceu? Não sei. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Se isto acontecer, você vai receber ou já recebeu... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você foi consultado? Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Estou chegando ao ponto de reunião onde farei meu primeiro curso escoteiro. Será um CAB. Dezenas de novos amigos. Cinco dias maravilhosos. Um adestramento técnico e teórico de ótima qualidade. Diretores esforçados, vindo de diversos estados. Muitos outros virão. De novo o Curso da Insígnia da Madeira parte II. Oito dias. Novamente dirigentes capazes. Um adestramento nunca esquecido. Viverá na mente de todos para sempre. É isto também desapareceu. Condenaram a palavra adestramento. Coitada. Agora é formação. Novo estilo, mais moderno, mais educativo. Os nomes mudaram. Acreditam que agora os adultos terão melhor formação que no passado quando era Adestramento. Em nome da evolução e do perigo foi alterado. Já aconteceu. Você deve ter recebido... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você foi consultado? Não, você não decide. Você não vota.

      Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Aquele "Velho" escotista veio visitar seu grupo onde viveu lindas aventuras no passado. Pergunta pelo chefe do Grupo, dizem que só tem Diretor, pergunta pelos chefes, dizem que só tem formador, pergunta pelas tropas, dizem que só tem sessão. Pergunta quando será o Conselho do Grupo, dizem que só tem Congresso. Ele está em duvida.  Quem sabe já é Núcleo Escoteiro e não Grupo Escoteiro? Será que era seu Grupo do passado, ou mudaram para ali, outra organização, um partido político, um sindicado, uma ONG? É isto aconteceu. Em nome da evolução e do perigo quem sabe. Você por certo já recebeu... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você foi consultado? Não, você não decide. Você não vota.

       Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Ele, o antigo escoteiro lembra-se dos milhares de amigos que fez do escotismo do passado, e lembra com saudades quando eram mais de 45.000 registrados, somente jovens masculinos. Lembra-se das dificuldades da época, da falta de meios de comunicação, e de muitos grupos que não fizeram o registro. Lembra quando maravilhosamente abriram para as jovens, quando aqueles sorrisos fascinantes brotavam nas atividades várias. Acredita piamente que o numero deve ter sido aumentado. Talvez já sejam pelo menos uns 100.000 registrados. Fica sabendo da taxa, acha alta, mas quem sabe como o advento da nova classe média, isto deve ter sido resolvido. É isto é a realidade. Em nome da evolução e do perigo o numero dos últimos dez anos é quase o mesmo. Você por certo já recebeu um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você foi informado mesmo? Não, você não decide, não vota, não participa das decisões.

       Hoje é dia de lembranças, de nostalgia... Ele, o antigo escoteiro tenta se informar, quanto são os escoteiros, quanto são as escoteiras, quantos Insígnias temos hoje? Como está a evasão? Quantos permanecem por mais de um ano no movimento? Quantos escotistas insígnias da Madeira saíram do movimento? Quantos estão na ativa, quais são as pesquisas realizadas para fazer um bom trabalho no futuro? É isto não acontece. Se aconteceu ele não sabe. Leu mas não viu nada do que procurava no relatório anual.  Você por certo não recebeu... Um ofício, ou uma resolução ou um...

Mas você foi informado mesmo? Não, você não decide, não vota, não participa das decisões.

       Finalizo dizendo que aqueles que não se lembram do passado, estão condenados a repeti-lo. Precisamos estudar o passado, só assim poderemos prognosticar o futuro. Dizem que teremos muitas mudanças. Se for para fazer do nosso escotismo uma força da juventude eu aplaudo. Mas infelizmente eu não estarei mais aqui para ver se as mudanças deram certo ou não.

Sempre Alerta!


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Se precisar... Chamem os Escoteiros!


Lendas escoteiras.
Se precisar... Chamem os Escoteiros!

             Quando contei esta história disseram-me que sonhar é bom, mas com os pés no chão. – Chefe isto nunca vai acontecer. Acho que o senhor está criando uma história que não é real. Bem real ou não aconteceu. E como é uma história das mil e uma noites eu nunca deixei de contar para ninguém. Se um dia me disserem que outros “causos” como este também aconteceram e houve testemunhas, vou concordar novamente que sonhar é bom. Claro com os pés no chão. Aqui nas minhas parcas letras eu faço dos meus sonhos a minha realidade.  Sei que sem uma boa dose de realidade nunca irão transformar o impossível no autêntico fato que sonhamos. Bem chega de entretantos e vamos aos finalmentes. Em 2011 viajava para Santana dos Verdes Mares para encontrar um Velho amigo. Na BR-245 no quilômetro 567 uma luz vermelha acendeu no painel. Fiquei preocupado e logo na frente uma placa indicava que eu estava próximo à cidade de Sonhos Dourados. No trevo tomei o rumo da cidade. Precisava encontrar um eletricista e voltar a minha viagem para Santana dos Verdes Mares.

             Fiquei maravilhado com o pórtico da entrada da cidade. Estava escrito – Sonhos Dourados – 35.000 habitantes onde a felicidade existe. Não esqueçam, precisando chamem os Escoteiros! Caramba! E agora? Precisava saber tudo sobre isto afinal gosto de escrever sobre escotismo e uma cidade assim não pode ficar oculta. Vi uma placa onde dizia: Hotel Baden Powell. Parei. Uma moça sorridente me recebeu na recepção. Na lapela uma linda flor de lis. – Pois não Senhor? – Moça, um quarto só para hoje. Estranhei, pois não devia ficar ali, mas pela primeira vez eu senti um ar Escoteiro a soprar pela cidade. Após os transmites legais perguntei a ela onde encontraria um eletricista – Lá no final da rua. Procure o Chefe Robin, ele conhece e bem. Chefe? Vamos lá ver o Chefe. Ele me recebeu efusivamente. Não me apresentei como Escoteiro, mas o danado trabalhava e perguntava. – Conhece o Movimento Escoteiro? Dizer o que? Afinal não juramos dizer sempre a verdade? Apresentei-me e ele me cumprimentou com a esquerda, fez uma saudação e falou alto – Seja bem vindo Chefe a nossa cidade!

            O carro ficou pronto e ele não me deixou ir embora. Pegou o telefone e ligou para vários chefes. Pronto Chefe, todos querem conhecê-lo. Vamos para o Restaurante do Chefe Joel. Já almoçou? Não me deixou falar mais nada. Pegou sua C-10 e lá fomos nós. Parece brincadeira, mas é verdade. Contei por alto uns 45 adultos e todos uniformizados. E olhe não parava de chegar outros. Uma festa. Abraços, saudações, e até beijinhos da turma feminina. Uma grande mesa em forma de “U” foi montada. Aos poucos me contavam sobre a cidade e os Escoteiros. Eram seis organizações escoteiras, uma da UEB, uma da FET, uma AEPB, uma dos Escoteiros Florestais e os Desbravadores. – Olhe Chefe, aqui tem também uma Companhia Bandeirante e somos bons amigos. Hoje não encontrei nenhuma delas, mas antes de partir o senhor vai conhecer sem sombra de dúvida. Que coisa. Quem podia imaginar?

           Fiquei na cidade por dois dias. Atrasei tudo que ia fazer em Santana dos Verdes Mares, mas valeu a pena. Todas as associações escoteiras tinham o máximo respeito uma das outras e se consideravam irmãos. Napolitano uma espécie de líder me disse que só a UEB era contra, mas ali no grupo ninguém ligava. Acampavam juntos, faziam atividades juntos e o respeito da cidade pelos Escoteiros, desbravadores e bandeirantes era enorme. Pena que quando a UEB fazia alguma atividade ou mesmo nos cursos que aplicava não autorizava a presença dos demais. Ao contrário os chefes do Grupo da UEB fizeram vários cursos nas outras organizações além de comparecer em todas as atividades nacionais e regionais. Estava comovido e revoltado. Meu Deus! Não dizem que somos irmãos e amigos de todos? O que os meninos têm com esta forma de atuação? O que eles devem pensar da filosofia escoteira?

           Pois é Chefe. Já estiveram em nossa cidade dirigentes da UEB tentando tudo para mudarmos de opinião. Fizemos questão de chamar todos os chefes e eles quase carregaram estes dirigentes pela cidade. Uma festa. Fomos entendidos? Não fomos chefes. Mas quer saber? Não nos preocupamos com isto. Aqui somos felizes assim. A cidade inteira sabe que pode contar com os escoteiros. Tudo começou quando a Favela do Circo Feliz pegou fogo. Quase cem famílias ao relento. Sem perceber todas as organizações deram as mãos. Os mais velhos a construir casas de madeira. Os menores de casa em casa com sacolas recebendo roupas e víveres. Mais de quatrocentos adultos trabalhando dia e noite. O prefeito era Escoteiro, o delegado também. Doutor Fontes o Juiz idem. E olhe era uma cantoria só. A cidade em peso veio ver e era tanta gente querendo ajudar que muitos chefes tiveram de organizar todos em patrulhas. Risos. Depois qualquer ajuda qualquer trabalho lá estavam todos. Não vou dizer que não houve dissidências, houve sim. E não foram poucas, no entanto aqueles que nasceram com espírito Escoteiro se mantiveram firmes na irmandade.

            Um dos chefes saiu do grupo e resolveu fundar outro. Não teve procura. A cidade em peso ficou sabendo. Nenhum pai queria matricular o filho lá. Ainda estão vivos. É um Grupo Escoteiro pequeno. Tentamos ser amigos e eles irredutíveis a nos chamar de traidores. Tudo bem até o dia que a sede deles pegou fogo. Lá estávamos nós a ajudar. Doamos material de sapa, barracas, mesas, cadeiras, cordas bandeiras, enfim eles viram que no escotismo somos todos irmãos. Não se admite o contrário. Fiquei em Sonhos Dourados dois dias. Sempre volto lá anualmente. Estive no Jamboree que organizaram. Um espetáculo. Quase tudo grátis. Mais de 3.000 participantes. Uma pena que da UEB eram menos de duzentos. E olhe vi com estes olhos que a terra a de comer que era tudo na base do Sistema de Patrulhas. Não como nos que os jovens vão sós e nem pensam em estar junto a sua patrulha. Egoísmo? Não acredito.


             Bem esta é minha história. Este é meu conto. Este é meu relato. Não posso sonhar? Não posso ver que somos todos irmãos? Tenho de aceitar imposições, patrulhamento ou mesmo processos judiciais e dizer – Estamos certos? Mesmo? E onde foi parar a Lei Escoteira? Onde foi parar? Dizer fraternidade, dizer que somos leais, dizer que somos amigos de todos e irmãos dos demais é só utopia? Quem sabe um dia uma aureola de luz desçam sobre os homens Escoteiros e digam a eles que a verdadeira felicidade é fazer a felicidade dos outros. Que o amor é tudo. Direitos devem existir, mas a fraternidade escoteira tem de estar sempre em primeiro lugar!

domingo, 24 de novembro de 2013

Seria este o escotismo de BP?


Conversa ao pé do fogo.
Seria este o escotismo de BP?

      Temos aqui nesta rede social uma enormidade de membros Escoteiros participando. Isto é bom, pois vamos aos poucos assimilando e aprendendo uns com os outros. Quando comecei os grupos e os que falavam em escotismo eram poucos, hoje não. São dezenas e dezenas. Sou sempre convidado quando iniciam e sempre dou uma passada por lá. Mas nem sempre me sinto bem com alguns participantes. Por quê? Difícil explicar. Talvez pela minha educação escoteira que foi toda ela feita de amor, de educação, de aceitação e compreensão de cada um que um dia resolveu fazer sua promessa escoteira. Eu aprendi muito aqui na minha página e no Grupo que criei. Houve casos que fiquei estupefato e quase desisti. Sempre pautei pelo respeito e pela boa cidadania e nem sempre encontramos isto aqui, apesar de que é mínimo aqueles que faltam com o cavalheirismo que sempre pensamos encontrar no seio do nosso movimento. Escrevi dezenas de artigos. Sou um Velho do passado, mas estou com o pensamento e os olhos no presente.

      É incrível como ainda vemos alguns que escrevem de maneira autoritária e se isto é resposta de outro que também se ofendeu penso como seria se em vez de estarem distante uns dos outros eles se encontrassem pessoalmente. Seria este o tratamento? Hoje estou vendo e sentindo que o autoritarismo está aos poucos se infiltrando aqui e ali em órgãos Escoteiros. Desculpem mas não era assim no passado. Claro sempre foi na alta cúpula um jogo de interesses, mas com a estrutura da época não faltavam abraços e o Sempre Alerta a quem quer que se apresente como Escoteiro. Aos poucos passei a não mais participar de Assembleias e Congressos Escoteiros. As mudanças que estava sendo posta em prática, as reuniões em salas fechadas, a ditadura do líder de uma região exigindo que se votasse em bloco foram consistentes para meu afastamento. Não era o escotismo que pensava. Um escotismo puro, alegre cheio de amor para dar e receber. Garantiram-me que hoje não é mais assim. Sei não, está imposição do uniforme me deixa na duvida.

     Leio com tristezas de amigos que me escrevem dizendo que no seu próprio grupo isto é real. Quem sabe exemplo dos órgãos regionais e ou nacionais. Aqui nesta rede muitos que se tornaram meus “amigos” se afastaram. Acharam por bem não se misturar a este Velho Escoteiro que dizem não fala coisa com coisa. Eu ainda fico pensando se no grupo a que pertencem estão formando jovens dentro dos padrões que esperamos para um perfeito “Espírito Escoteiro”. Se for um grupo forte e unido. Se o respeito à cidadania e a democracia em um Conselho de Chefes, onde muitas vezes uma conversa ao pé do fogo tem mais validade que uma discussão inútil com muitos se digladiando. Muitas vezes deixei de responder a um e outro por um artigo ou história que escrevi. Não valia a pena. O Escoteiro adulto que me respondia não era delicado, prestativo e pelo menos respeitoso. Valia-se de um conhecimento técnico que muitas vezes não dou muito valor. Citar para mim itens de normas estatutárias me faz voltar ao passado onde nossa preocupação era fazer do jovem um menino feliz. Afinal estas normas foram decidas por pouco.

     Quando vejo alguém contestando indelicadamente costumo fazer uma visita em sua página. Nem sempre ela demonstra quem é a pessoa. Mas pelo seu histórico, pela sua maneira de uniformizar, pela apresentação dos meninos (a maioria nem fotos tem dos meninos) eu sinto pena do Escoteiro adulto que não entendeu até hoje a linguagem do escotismo de BP. Muitos destes usam termos que homens educados não usam. São daqueles que ao menor ataque montam um pelotão de guerra para contra atacar e vencer. Fico pensando se isto não seria uma forma de muitos jovens desistirem cedo de serem Escoteiros e assim aumenta a evasão mais e mais. Hoje praticamos um escotismo de leis de normas e aí daquele que sair fora delas. Mas a bajulação que desde os primórdios existiu ainda é uma verdade no escotismo. Beira ao ridículo alguns se bajulando para serem bajulados no alto escalão.

     Um artigo duro? Não devia escrever o que escrevi? Meus amigos e minhas amigas foram anos vivenciando tudo isto. Ninguém gosta quando se diz que existem ainda as castas escoteiras. Castas de alguns e não de todos. As mudanças que se fazem eles defendem com unhas e dentes. Nunca em tempo algum vi algum formador ou dirigente postar aqui que estas mudanças deveriam ser mais transparentes. Que os grupos escoteiros deviam ser ouvidos. Que as consultas que nunca foram feitas deveriam ser frequentes. Nunca vi, mas pode ser que existe e não li. São tantos a se arrogar donos da verdade que penso se eu fosse um tolo e hoje o escotismo fosse divido em ações eu não fiquei com nenhuma. Nem ao portador nem as nominais. Francamente? Temos milhares de bons Escoteiros adultos. Calculo que quase a totalidade. Mas estamos presos a estes que se julgam donos. Das ideias, das normas, de tudo.

        Eu ainda tenho sonhos, sei que nunca seriamos uma horda de homens e mulheres advindos de Shagri-la. Sei que já ouviram falar Se trata de uma obra literária de 1925 do inglês James Hilton, Lost Horizon (Horizonte Perdido), é descrito como um lugar paradisíaco situado nas montanhas do Himalaia, sede de panoramas maravilhosos e onde o tempo parece deter-se em ambiente de felicidade e saúde, com a convivência harmoniosa entre pessoas das mais diversas procedências. Shagri-la será sentido pelos visitantes ou como a promessa de um mundo novo possível, no qual alguns escolhem morar, ou como um lugar assustador e opressivo, do qual outros resolvem fugir. Seria isto mesmo? Não sei. Ainda temos milhares acreditando que sim. No escotismo tudo é possível. Quantos ainda acham que podem continuar assim? Não sei. Não é uma preocupação maior dos Escoteiros adultos. A maioria não pensa nas estruturas até que esta se vire contra ele. Até que um belo dia eles dão uma parada e se perguntam: - O que estou fazendo aqui?


    Com a palavra os donos do escotismo. E não venham me dizer que todos somos donos. Não somos. Tentamos ao nosso modo simples e fraterno dizer que sim. Mas o escotismo no Brasil meu amigo e minha amiga ainda não pertencem a nenhum de vocês. É sim o seu trabalho como voluntário. Obedecendo as normas que foram criadas sem você nunca ter sido consultado. A velha rotina das raposas que dizem que podemos e temos poder de mudar é uma falácia. Tem-se um medo generalizado de dar voz e voto a todos. Apregoam ser impossível a organização sobreviver. Enquanto isto eles se sentem bem com o andar da carruagem. Os que se arrogam contra sofrem processos ou são escamoteados. Melhor voltar a viver em Xangri-la. Não dizem que viver de sonhos é melhor que a realidade?

sábado, 23 de novembro de 2013

De ilusão também se vive.


Conversa ao pé do fogo.
De ilusão também se vive.

           Sempre escrevo e conto histórias onde a aventura, a natureza e os belos sonhos Escoteiros estão presentes em todas as linhas dos meus escritos. Muitos dizem que o hoje não foi o ontem e o amanhã ninguém pode saber. Verdade sim, mas o nosso Movimento Escoteiro não é feito de sonhos? De sonhar em ser um cavaleiro andante? De montar em uma águia e partir em busca da terra do nunca? Quantos ainda ficam dias sonhando para o próximo acampamento? Sonhando em viver na floresta, em subir em árvores, em construir um ninho de águia ou uma ponte pênsil? E cantar? Sim isto mesmo, cantar ao redor de uma fogueira contando “causos” rindo das piadas alegres, deixar os olhos seguir as fagulhas que sem ninguém mandar se dirigem para o céu? – Mas Chefe, isto não mais existe, hoje os jovens nem pensam mais nisto. Será mesmo? Não seria nossa culpa, pois aceitamos ou quem sabe impomos um programa que achamos bom por não acreditar mais que não existem Escoteiros sonhadores?

        Quem sabe nós os adultos falamos por eles sem consultá-los dos seus sonhos? É fácil levar meninos para o campo, ficar horas falando disto e daquilo, esticar uma corda para que um por um passe sob os olhos atentos do Chefe. Se é assim o tempo passou e o sonho desmoronou. Pergunto-me se um dia na hora certa, no lugar certo, em uma sombra de uma grande árvore quem sabe ouvindo os sons da floresta ou do bosque tão perto, ou o doce cantar de um regato ao lado, sorrir ao contar que poderiam todos viajar pelas estrelas no céu azul basta criar na mente esta hipótese plausível? Não precisa de muitos, pois não se cria sonhos com dezenas em sua volta, mas você e eu podemos sem sombra de dúvida começar com poucos. Quem sabe os monitores? Pense, continue pensando que você está com eles subindo uma montanha deixando que eles recebam o vento no rosto, que vejam ao longe o ribombar de um trovão e eles assustados não pensaram em se defender da chuva? Chuva? Bendita chuva que se cair irá criar na mente de cada um a vontade de se tornarem aventureiros audazes, e então por que não parar e contar uma pequena história? Criar em suas mentes que eles podem se safar com aquela chuva que os aventureiros de outrora souberam se safar?

      Tudo é tão simples quando pensamos que os jovens querem acreditar, querem ver, querem sentir, querem fazer e você meu amigo ou minha amiga é o espelho deles. O espelho que eles seguirão e não faça nada para estragar esta visão tão bonita. Deixe que eles viagem na imaginação. Acredite que a vida é um processo de maturidade e está só existirá se deixá-los subir a montanha e ver o que existe do outro lado. Tudo que você fará para criar a fantástica ilusão do sublime sonho mudará completamente a razão da existência dos jovens que de novo irão sonhar, mas sonhar os pés no chão, fazendo, agindo e vivendo o que puderam criar. Faça exatamente como o Código Samurai – A perfeição é uma montanha impossível de escalar e ela deve ser escalada um pouco a cada dia. Sem perceber estamos discordando sempre destes sonhos em achar que eles são impossíveis de realizar.

             Ninguém vive sem ilusões, sem uma bela imaginação, sem criar uma fantasia ou devaneio. Deixe que eles façam desta miragem a realidade que podem e devem criar. Aquele poeta não disse que a vida é feita de ilusões, mas não é das ilusões que saem os melhores momentos da vida? Não diga não aos sonhos deles e se eles não tem sonhos crie um para eles copiarem e fazerem os seus. Todos os jovens querem viver o sonho de ser herói. Tiraram isto dele e nós podemos devolver em forma de escotismo aventureiro. Não aquele de uma fila interminável por uma estrada com você determinando aonde ir. Não tenha medo do que vai acontecer. Haja sim com cautela, mas sem tirar o espírito aventureiro. Lembre-se ali são eles os donos dos sonhos, os donos da aventura, você é um mero coadjuvante que tenta a sua maneira passar para eles o que um dia viveu. Agora o momento são deles e você deve aplaudir isto.

            Ninguém gosta de sonhar e ficar acordando vendo o tempo passar. Ver o vento vir e ir sem ter ao menos possibilidade de tocá-lo. Sem saber o som da floresta, sem saber como é o orvalho da madrugada a cair suavemente no rosto. Sem saber o que os pássaros dizem sem sequer reconhecer o cantar do regato que lhe forneceu a água para sobreviver. Deixe-os ver o vento balançar as árvores, deixe que eles descubram o caminho a seguir, deixe-os descobrirem como podem viver sonhando com os pés no chão. Esqueça a modernidade por alguns minutos e sim pode se preocupar com as adversidades dos novos tempos, mas faça tudo para que eles andem sozinhos. Eles um dia não terão de fazer isto? Belas são as palavras de Kipling que escreveu um dia quem sabe para nós chefes – Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite... Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos de desejo provado e do encanto reconhecido!

            Não vamos mais além, mas precisamos retornar aos sonhos que um dia os jovens tiveram, precisamos pensar que o mundo é como um acampamento em que montamos nossa tenda podemos apreciar a natureza, e depois voltamos para a nossa casa que é a eternidade. Termino este comentário de alguém que nunca ouvi falar. Osho. Quem foi não importa, mas uma coisa eu garanto é um criador de ilusões a nos mostrar que o caminho para prosseguir é sonhar e acreditar em seus sonhos:

- Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem! Avance firme e torne-se Oceano!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

De quem é a culpa?



Conversa ao pé do fogo.
De quem é a culpa?

Diversas publicações estão a correr em todas as redes sociais. A Polícia Federal prendeu centenas de pedófilos entre eles alguns Chefes Escoteiros. Chefe Escoteiro? Fingia ser isto sim. Mas não passava de um doente mental. Doente que deveria receber todas as punições que a lei permite ou mais. Escrever somente não resolve. Dar nomes aos bois resolveria? Seria muita ingenuidade achar que somos todos puros de alma e pensamento. O movimento Escoteiro é um farto manancial para estes doentes mentais. Grupo Escoteiro estruturado, onde tem um bom sistema de patrulhas, bons monitores, (acredito até em um Conselho de Tropa para Escoteiros apesar de muitos acharem que não) uma ótima Corte de Honra, um Escotista para cada matilha, um perfeito Conselho de Chefes e uma democracia perfeita evitam muito a participação dos mal intencionados. Sei de muitos grupos que aceitam sem fazerem uma averiguação ou mesmo analisarem com cuidado a validade de tal aceitação. Infelizmente não é bem assim.

Por diversas vezes recebi comentários de guias e seniores e até chefes contando horrores. Guias e seniores? Sei não. Onde estão os chefes? Os pais? Por mais que alguns tentem me convencer eu nunca aprovaria em um grupo onde tivesse participando o escotismo misto. Exceto nos lobos e nos pioneiros.  Mas sei que tem muitos melhores que eu e defendem com todo ardor este tipo de participação. Defendem com unhas de dentes como se estivessem bem preparados para agir e acreditam que tudo vai dar certo. Conhecem o futuro. Já vi em alguns casos que o próprio Sistema de Patrulhas praticamente não existe mais. Um grande receio de deixar todos no mesmo campo de patrulha vinte e quatro horas por dia. Que bom seria ter locais para debater tais temas, desde o grupo até a mais alta esfera nacional. Não foi bem assim que aconteceu. Mas isto é outra história. Eu conheço os primórdios disto tudo. Vivi a época. Um caso foi interessante. A bebida no campo foi por conta do Chefe. Aconteceu no Brasil. Não vou citar nomes, mas foi uma festa. Digna de filme erótico. Acham que é só este? Tenho mais de doze testemunhos que mantenho a sete chaves.

Competem nesta hora os dirigentes do distrito serem os primeiros a descobrirem e não ficar demagogicamente enaltecendo seus feitos de acampamentos ou acantonamentos distritais. Idem as regiões. Só sabem convidar e se lá no desenrolar estão a postos eu não sei. Quem participa e corre nas madrugadas em vigília nestas atividades sabe o que vai encontrar. Eu já vi coisas do arco da velha. Providências? Um jeitinho aqui e outro ali. Nesta hora é que todos deviam saber aqueles implicados e dar nomes aos bois. Mas não é isto que acontece. Não se presta conta, não se sabe o que discutem nossos lideres nas entranhas do escotismo. Comissão de Ética? Conversa entre quatro paredes.

Os que conhecem grupos bem estruturados sabem que dificilmente isto irá acontecer com eles. Mas não se enganem mais de quarenta por cento dos grupos no Brasil não tem nenhuma organização assim. Investiguem, olhem, perguntem e tenho certeza que muitos de vocês sabem até mais do que eu do que se passa. Fui Comissário Regional na década de setenta. Muitos anos se passaram. Muitos casos aconteceram. Fui duro na hora. Não fui amigo? Infelizmente você vai pagar o pato. Entre o certo e o duvidoso fiquei com o duvidoso. Vai com Deus amigo! Se é que o posso chamar assim. Injustiças? Prefiro cometê-las a ter um nome como o Movimento Escoteiro reconhecido por sua seriedade e formação educacional ser colocado como um movimento de adultos mal formados e sem condições de participarem.

Pedófilos? Irão existir sempre. Escondem-se. São covardes. Seu maior amigo no grupo ou no distrito ou na região pode ser um deles. Tomar cuidado eu sei que todos dizem, mas o fulano? Coloco minha mão no fogo por ele! Que fogaréu eim? Sou daqueles que o adulto Escoteiro, o voluntário Escoteiro tem de ser como a mulher de César. Não basta ser honesto, tem que parecer honesto. Mas são menos de 05% por cento. Poucos não? Mas fazem um estrago enorme!


Que cada um faça sua parte claro, se achar que deve fazer.

domingo, 17 de novembro de 2013

Afinal sou ou não sou um Escoteiro? fasc. 87



Um dia de liberdade para um Escoteiro que dizem que não é.
Afinal sou ou não sou um Escoteiro?

(este artigo foi escrito baseado na publicação de um grupo no Facebook em que se discutia se quem não tem registro não pode ser chamado Escoteiro. Vários diziam sim e outros não e foram arduamente discutidos as luzes das leis e normas existentes).

           Epicteto escreveu que se quiseres ser livre saiba que para esta liberdade só existe um caminho: - O desprezo das coisas que não dependem de nós. Estão a dizer por aí que só pode ser chamado Escoteiro quem tiver registro na Nave Mãe.  Tiraram meu direito? Quem cara pálida? Não sou e não pretendo ter enquanto ver a ditadura que nos impuseram e enquanto não ver entre todos a paz o amor e a fraternidade que tantos nos apregoaram um dia. Não foi assim nos primórdios escoteiros? A liberdade plena de ir e vir, o pensamento solitário respeitado e a saudosa transparência do passado. Nem sei se sou livre para dizer isto, Luiz Fernando Veríssimo comentou que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.

        Agora uns poucos se arvoraram de um nome internacionalmente conhecido para dizer que são donos, proprietários e os politicamente corretos defendem com unhas e dentes esta propriedade como se eles fossem os donos da verdade, uma verdade que desconheço e não aceito. Uma discussão de sábios se faz saber nas elites escoteiras, nas páginas e grupos. O tema é controverso com uns defendendo e outros discordando. Escrevi em um deles: - Entrei no escotismo em 1947, muitos desses dirigentes nem haviam nascido ou nem sonhavam em ser Escoteiro. Fiz uma promessa como lobo no mesmo ano. Nunca mais sai do escotismo. Registro? Nem sonhávamos. Quem viveu a época sabe que cidades longínquas não tinham transporte ou até os correios demoravam uma fábula para entregar uma correspondência. Só na década de sessenta tive meu primeiro registro. Depois por motivos diversos deixem de me registrar e ainda não o fiz e não pretendo fazer enquanto perdurar o que acredito ser uma ditadura escoteira imposta por um sistema de leis forjados em Estatutos que poucos tiveram oportunidade de opinar.

         Quem conhece minha trajetória sabe o quanto colaborei no escotismo. Tempo, dinheiro, horas que deveria estar em convívio com a família, mas lá estava com a juventude ou colaborando em cursos Escoteiros, palestra e outros. Viajei por dezenas de cidades e alguns estados e poucos países. Impossibilitado por motivo de saúde me entreguei nas hostes sociais da internet para divulgar o escotismo. Quem me lê ou quem sabe da minha linha de ação entende que poucos fizeram tanto para engradecer o nome do movimento Escoteiro como eu. Milhares de fotos dignificando o orgulho, a honra e a honestidade escoteira. Centenas de artigos e histórias que exaltam a lei e a promessa, que mostra o caminho do método Badeniano e, portanto não aceito e nunca vou aceitar que por não ter registro na UEB não posso ser chamado Escoteiro. Preciso me registrar? Nunca! Minha consciência não permite. Luto por um escotismo alegre, feito de maneira espontânea, dentro do método e da filosofia que aprendi um dia sem esta pressão de me dizerem o que fazer sem me consultarem. Dignifico o bom Escoteiro ou o bom Chefe. Não nego um elogio a quem quer que seja e também não me bandeei para outra organização. Meu sonho é ver milhões de Escoteiros militando nas hostes de uma organização que inspira confiança e lealdade. Digo isto sem desmerecer a quem quer que seja.

      Discutem nas páginas sociais da internet como se o escotismo tivesse dono. Dizem que mais de cento e sessenta países fazem o escotismo de BP. Em muitos deles convivem harmoniosamente como verdadeiros irmãos. Aqui não. Gandhi dizia sempre que o fraco jamais perdoa, o perdão é uma das características do forte. E ele continua – Olho por olho e o mundo acabará cego. Este não é meu escotismo. Não vou entrar neste jogo, pois o livro arbítrio todos tem o direito de possuir. A lei do ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos da mesma maneira, e nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos. Sempre citando este grande homem completo: - A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão. Devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão.

         “Se eu não posso ser chamado de Escoteiro, pois esta palavra tem “propriedade” (?) Eu perguntei se alguém poderia me dizer que não sou Escoteiro”. Ninguém respondeu, mas em outras palavras e algumas técnicas demais para mim tentaram explicar as razões de um lado e outro. Aceitar está imposição seria atentar com minha própria honra escoteira. Honra que aprendi sem necessidade de um registro. Honra que um Chefe “Matuto” do interior meu deu. Ele sem saber que existia um Shakespeare dizia que é mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que a ponta da espada. O mundo não é o mesmo e o que conquistei e o que acredito ninguém nunca vai tirar. Ninguém vai tirar minha centenas de noites de acampamentos, de lugares incríveis que visitei. Nem se contarem para mim quantas estrelas existe no céu. Ninguém vai desmerecer os amigos que na minha jornada fiz. Eles iriam estranhar ao dizerem que sem registro não somos Escoteiros.

          Alguém um dia escreveu que a lágrima disse ao sorriso: Invejo-te porque vives sempre feliz. O sorriso respondeu: engana-te, pois muitas vezes sou apenas o disfarce de tua dor. Citações eu sei que podem dizer que não dizem nada. Esta luta surda que transborda nos meios forenses, estes processos intermináveis que cada lado defende pode até fazer parte dos direitos e deveres de cada um. Mas nenhuma organização pode ser dona da minha honra, da minha palavra, da minha lealdade do meu pensamento e de me considerar um Escoteiro. Nunca vou me aliar a quem não sabe abraçar, a perdoar e aceitar os outros como devem ser. Se um dia sem me consultarem colocaram no final da promessa que também devemos servir a nossa liderança maior eu pergunto: Por quê? Porque me obrigam a dizer isto? Não tenho voz? Não posso pensar? Sou um seguidor sem ideais que não são os meus? Vivemos em uma organização do Grande Irmão? Nem BP aceitou isto quando disse que devemos olhar para frente do nosso nariz e não ser um gansinho que sempre segue o pai ganso.

         Para mim não importa se a lua vai nascer quadrada. Se o sol vai chover água mineral. Se A ou B discordarem de mim. Conheço de dezenas de anos os politicamente corretos. Sei como são e os aceito como irmãos apesar de nem sempre a recíproca ser verdadeira. Para mim Importa o que penso, importa o que acredito que sou. Sempre a favor da democracia onde impera a vontade de todos e não de meia dúzia. Jurei um dia e foi um juramento sério sobre a égide de uma bandeira. “Cumprir o meu dever para com Deus e a Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro”. Não jurei ser subserviente e aceitar regras e normas que não as fiz e nem fui consultado. Sempre parodiando os grandes pensadores me lembrei de Deboraggio que disse:

      No caminho desta semana encontrei pedras chamadas decepções, indiferença, inveja... Mas ao passar por elas calcei meus pés com a paz... A paz de Deus que me fez entender que não serão essas pedras que me fariam parar... Então prosseguindo encontrei também pontes, de amizade, de confiança, de relacionamentos... Ao passar por elas me revesti de amor... O amor de Deus que nos faz ver o outro e aceitá-lo, que transforma o coração daquele que com um pequeno gesto de carinho pode te surpreender com um sorriso e te mostrar que neste caminho o Amor de Deus é que faz toda a diferença... Após passar pelas pontes avistei de longe um parque muito lindo que tinha uma placa que dizia assim: 
Você conseguiu parabéns mais uma semana vencida!
Então me sentei na grama e agradeci a Deus por sua graça e sustento na caminhada até aqui...  Obrigado Senhor!


E quer saber? Eu sou Escoteiro com muito orgulho e nunca deixarei de ser!