terça-feira, 31 de maio de 2016

A experiência serve para que?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
A experiência serve para que?

                   Um famoso pedagogo e pensador respondeu assim: - Para muito pouco. Só que o pouco para qual ela se presta é muito importante. E completou: - “Experiência é aquela coisa maravilhosa que lhe possibilita reconhecer um erro quando você o comete de novo”. Como ele eu acredito em experiência. Acredito em erros e acertos. E completou dizendo, ou melhor, lembrando B-P que o erro seja o pai dos acertos. Experiência é como escrever um livro. Você vai juntando as palavras e quando vê está tudo completo. Quando vejo hoje dezenas de lideres novos fazendo experiências no escotismo fico preocupado. Mais de trinta anos e até hoje nenhum resultado. Ou melhor, tem sim, aparecem mais e mais adultos para fazerem novas experiências. O escotismo é uma fonte enorme para muitos aventureiros que acreditam mesmo que tudo precisa mudar. Não consultam ninguém. Fecham-se em seus “ninhos” de poder e com um sorriso nos lábios vão apresentando suas novas ideias, que não são mais que copias de outros que assim também pensaram e escreveram.

                   Francamente, eu não bato palmas para estes que se intitulam lideres e lá vão a fazer das suas. As fontes do poder é um prato cheio para eles. Fazem de tudo para ter o poder, ser mais um da corte, quem sabe sorrir por saber que agora é da casta dos Lordes Escoteiros. Adoram e depois começam a alardear suas ideias. Não são sugestões, pois eles já tem tudo definido. Como não existe uma punição para seus erros já que ninguém irá cobrar no futuro eles se sentem prestigiados. Falam bonito. Quem os houve ou lê fica admirado ou pasmo porque ainda não tinham pensado nisto. Como sou um Velho Chefe Escoteiro carcomido pelo tempo não me empolgo. Afinal já vi tantas coisas nesta minha vida que nada mais me surpreende. Mas caramba! E a experiência deles? Porque não exigimos certezas e não dúvidas, resultados e não só experiências? Tudo bem. B-P já dizia quem nunca errou nunca experimentou nada novo. Dou risadas quando leio Marisa Martins em seu blog – “Existem pessoas que tem o cérebro “menor” do que uma formiga, a boca maior do que um elefante, e ainda se acham os Reis da Selva”!

                     Joaquim aquele português bonachão dono da padaria da esquina nunca foi Escoteiro sempre fala comigo: – Chefe Osvaldo, eu digo sempre para o padeiro: Quem não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão. Estamos cheios de aprendizes de padeiro nas lideranças Escoteiras. Tratam seus associados como “vaquinhas de presépio. Não consultam, não fazem pesquisa, não são transparentes e nem reconhecem quando deu tudo errado. E mesmo assim lá estão eles com suas propostas incríveis para fazer do escotismo brasileiro um orgulho nacional”. É triste quem se acha dono de tudo, dono das ideias. Esquecem que as pessoas têm sentimentos, constroem sonhos, criam laços e não sabem que um dia o que acreditaram não existe mais. O tempo passa, o Escotista desestimula, põe seu boné e lá vai ele para nunca mais voltar. Eles irão guardar os momentos mágicos que passaram com sua garotada. Nada, além disto, a não ser a decepção de pensar que poderia ter sido diferente. Vez ou outra encontra alguém, fala do passado e hoje no presente passa longe do que se acreditou ser uma filosofia de vida para sempre.    

                        E “cá prá nos” você acha que os donos do poder estão preocupados? Nem pensar. Para eles se foi embora já foi tarde. Afinal eles sabem que centenas de novos aparecerão. Eles compraram as novas ideias e nunca em tempo algum irão reclamar. Irão pagar as taxas com gosto, ficarão anos juntando seu dinheiro suado para ir a uma Aventura Escoteira Nacional. E aqueles mais bem abençoados financeiramente irão sorrir quando pegarem suas mochilas e partir para um Jamboree qualquer nas “Oropa”. É sempre assim. Para cada dois meninos cem adultos viajando para alardearem que estiveram lá. E eu que pensei que o escotismo fosse para os jovens. Enquanto os mais abastados vibram e participam de tudo os menos abençoados ficam lá nas suas tropas nas suas alcateias tentando sobreviver. Afinal eles são imaturos na arte de arrecadar dinheiro, e sorriem quando tentam entender a prestação de contas da sua associação ou região, pois nada entendem disto. Eles não aprenderam que o caixa é mais importante que o amor Escoteiro, o abraço Escoteiro a lealdade e o aperto de mão.

                     Eu um Velho Chefe Escoteiro calejado já vi coisas do arco da velha. Dou-me ao luxo de desaprovar, censurar e condenar tais lideres que para mim não sabem “fazer a massa e querem fazer o pão”. Posso falar de cátedra. Já fui um dirigente regional, nos tempos da diligencia e, meu estado, nenhum grupo ficou sem uma visita. Com uma boa equipe realizamos Indabas distritais e regionais. Sempre procurando ouvir mais que sugerir. Realizamos vários acampamentos regionais. E os cursos? Muitos gratuitos. Outros dizendo que a taxa era mínima se não puder pagar venha assim mesmo. A luta era para conseguir doações e não para fazer caixa. Quantas correspondências enviamos? Quantos parabéns a você? Quantas cartinhas perguntando: - Porque saiu? Podemos ajudar? Estas mudanças, estes sorrisos de vencedores nas fotos quando eles se reúnem me dói fundo. Sei que o futuro que sonhei dificilmente irá realizar.

                      Posso ser um “garganta”. Metido a profissional Escoteiro, mas não sou amador. Enquanto tive forças com uma equipe de bravos fizemos o impossível. Hoje não, agora só doutores, pedagogos, copiadores do mau escotismo em alguns países aonde vão a buscar suas experiências para aplicar aos cobaias de um escotismo que tenta se levantar. Quando digo isto muitos se revoltam. Mas revoltar por quê? Quem nos reconhece como um movimento educacional na sociedade Brasileira? Quem nos dá o valor devido nas esferas governamentais e empresariais? Uns gatos pingados. Enquanto isto lá estão eles dizendo que vamos entrar em uma nova era. Que estamos crescendo (quanta potoca, quanta embromação). O que eles sabem fazer mesmo e ainda fazem muito mal é abrir processos judiciais contra aqueles que não querem ser desta associação e fizeram a sua, gastando o dinheiro dos associados, não dando satisfações de quanto perderam ou ganharam. Enfim estou Velho demais para ver que o caminho do sucesso não é este. Quando um “Chefe” me escreve dizendo que temos que viver o presente e o passado só serve para lembrar fico triste. Triste por ele.


                          E lá estou eu neste dia sombrio, um frio gelando os ossos, na minha varanda, sonhando o impossível que ainda tenho dois braços fortes e duas pernas para andar como disse Caio. Mas a verdade é outra. A experiência hoje não tem mais o seu lugar para os que estão iniciando. Ainda tenho boas lembranças, momentos inolvidáveis e inesquecíveis. Mas quem se interessa? Ninguém. Todos já tem seu estilo e acreditam mesmo que sabem fazer a massa e o pão. Pena que os resultados não mostram a pujança do escotismo moderno. O passado não vale tudo vai mudando e eu me pergunto: De que vale a experiência? Nada, simplesmente nada. Ops! Esqueci, vale sim uma medalha de Velho Lobo. Bom isto não?

domingo, 29 de maio de 2016

Êta mundo bom.


Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
Êta mundo bom.

                 Não vou mentir que assisto novelas. Dizem que os velhos não tem outra coisa para fazer. Atualmente assisto Êta mundo bom da globo e me divirto muito. Adoro a inocência de muitos personagens e fico adivinhando o que vai acontecer a cada capítulo. Francamente não gosto de ler os resumos futuros nas paginas da internet. Marcos Nanini como o professor Pancrácio e duplamente como seu irmão Pandolfo está no seu apogeu como ator. Falar dos demais seria judiar de muitos que poderão ficar no esquecimento. Mas Elizabeth Savala como Cunegundes ou Boca de Fogo ultrapassa todos os papéis que alguém um dia interpretou. Agora Nanini com sua participação onde representa várias personagens e quase todas com o intuito de enganar alguém afirma que é uma maneira de atuar para seu publico, e mostra com isto suas excelentes qualidades como ator.

                   Bem não vou comentar a novela em si. Cheia de simplicidade, de pessoas de bem e pessoas más. Sei que o final reserva para cada um seu lugar no enredo da novela como aconteceu em todas as outras. Mas ontem foi demais. Eis que o Doutor Pancrácio me aparece de uniforme Escoteiro. O Velho caqui o tradicional. Estava supimpa, bem uniformizado e até o meião cinza nota dez. E o chapéu de abas largas? Novo mas no ponto. Ninguem pode discordar de que estava garboso e bem apresentado em seu uniforme tradicional. Seu papel de vender a ideia que a União dos Escoteiros precisava de ajuda para sobreviver quase ultrapassou as raias da realidade. De maneira diferente nossa UEB faz isto, tudo tem preço e não é baixo. Dizem que a loja Escoteira tem dado recordes e recordes de lucro a cada ano. Pudera só a vestimenta onde só ela pode vender já chegou aos quase quarenta por cento de um salário mínimo.

                    Vi que os comentários dos chefes foram diversos. Alguns como eu se divertiram e outros postaram suas fotos sempre apontando o dedo para a moral da novela denegrindo a imagem do escotismo. Eu sinceramente não vi nada disto. Afinal se ele representava um membro Escoteiro e queria ganhar dinheiro e isto é comum entre nós, claro de maneira diferenciada, não podia de forma nenhuma explicar o que era o movimento Escoteiro. Todos que assistiram viram que ele era um farsante e isto não desfez de maneira nenhuma a imagem do Escoteiro que queira ou não mostrou ser simpático e gentil. Até mesmo tentou ajudar a salvar um bichinho (mesmo que a troco de pagamento), mas era sua boa ação. Não deu certo, mas olhe que chamou a atenção de todos principalmente os membros escoteiros que assistiam a novela como eu. Sinceramente adorei. Quiçá tivemos outras aparições assim pelo menos devem ter notado seu orgulho na apresentação. Seria diferente se estivesse com a vestimenta, camisa solta ou mesmo com um lenço no pescoço e sandália de dedo. Estava impecável e isto merece meu aplauso.

                   Agora um dos revoltados com a novela (só o Escoteiro Pancrácio) cobra da UEB providencia. Será? Afinal se ela quiser enfrentar o conglomerado Globo com seu faturamento brutal eu pagaria para ver. Não dizem que tem todos os dados e nomes escoteiros registrados no INPI? (Registro de marcas e patentes). Seria interessante o advogado da UEB abrir um processo contra a Globo. Contra outras associações Escoteiras ele fez questão de processar por uso indevido da marca escoteira. Soube que perdeu todas. Gente, o caminho não é este, o caminho é termos responsabilidade no nosso modo de agir, de falar, de vestir e de se apresentar a comunidade brasileira. Já disse e repito a UEB não tem um marketing agressivo para dizer o que somos e o que pretendemos. Sempre nos consideraram um movimento excessivamente infantil e sem bases educacionais. De quem é a culpa mesmo? Bem cada Chefe defende como pode nossa liderança, mas isto é bom, significa que o mundo ainda gira em torno da UEB.

                  Pena que não teremos mais outras boas propagandas do escotismo em novelas e programas na imprensa nacional. Teremos sim alguém para denegrir a imagem se vestindo com um lenço, de sandália, de um quepe ou chapéu de lona de outros países (vendido livremente na Loja Nacional – Haja faturamento). Infelizmente ainda teremos propaganda enganosa a dizer que sabemos dormir em barracas e vender biscoitos. Alguns ainda citam Baden-Powell, outros falam da boa ação e poucos ainda se lembram da Palavra do Escoteiro. Os Bial da vida estão por aí para mostrar que não somos o que pensamos, cabe a todos e principalmente a nossa liderança mostrar que somos um movimento educacional que seguramente coloca Baden-Powell no centro dos maiores educadores que este mundo já teve.


E viva o Doutor Pancrácio, um Escoteiro que pensou que era, mas esqueceu que a escada era difícil de subir! Muito bom aparecer uma personagem que mexe com a comunidade escoteira que está sem perceber parada no tempo e no espaço.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A rebelião dos escoteiros.


A rebelião dos escoteiros.

                    - Marido tem dois homens querendo falar com você! - Cobrança Célia? - Não estão com aquela roupa preta que estão usando no escotismo, aquela boa para espantar fantasmas em noites de frio em acampamentos. Olhei pela janela. Dois supimpas escotistas da UEB. Reconheci logo. Empertigados, pose de doutores e chefões escoteiros. Diga que irei em um minuto. Hora de lembrar-me do meu tempo contado para vestir o uniforme. Calça curta, cinto, camisa, meião chapéu e lenço. Ah esqueci minha botinha preta engraxada. Kkkkkk. Com meu caqui nos trinques fui até a varanda onde estavam. Nos cascos dei meu sempre alerta! Nem ligaram. Nem me estenderam a mão. – Chefe, somos da UEB, membros do BEN. Uai, não era DEN? Mudou Chefe o novo Presidente resolveu mudar. Afinal somos mutantes e mudamos tudo a nossa frente. Dom Pascácio o Presidente mandou avisar para não se intrometer na rebelião dos escoteiros!

                      - Rebelião? Onde? Quero participar! Olharam-me sério. Não sabe que os escoteiros estão ocupando as sedes e não deixando os chefes entrarem? Umm! Essa era boa. Eu sabia dos estudantes, eles não queriam estudar e inventaram de plantar batatas nas salas de aula. Ainda reivindicavam comida de primeira. Afinal isto dava dividendos, a imprensa ali, eles aparecendo na TV e a professorada que mesmo sem dar aula recebia seu quase rico dinheirinho aplaudindo. Mas porque invadiram as sedes? Perguntei. – Não é da sua conta. Não se intrometa! Putz, diretores e presidentes assim? Quantos Cunha e Dilma tinham lá na UEB? – Pedi para a Célia pegar meu bastão da Lobo. Quase duas e meia polegada de diâmetro, ponteira de aço. Eles se foram. Minha rua começou a se encher de chefes. Um deles conhecido escoteiro do ar bom de prosa, outro soldado da nação lá das longínquas Guarulhos, um fiel escudeiro da prefeitura de Céu Azul, outro da aristocracia Italiana todos conhecidos me saudaram. Chefe a coisa está preta! Preta? Preta é esta vestimenta, Ops. Sem ofensa!

                          Convidei-os para entrar. Uma enorme multidão de chefes cantava baixinho Deus Salve a América! – Cheguei no portão e gritei alto: - Good Morning, Vietnam! A rua veio abaixo. Palmas, Anrê e bravôo de montão. – E então, porque eles ocuparam as sedes? – Cansaram Chefe. Cansaram de ficar pendurados no bastão vendo seu Chefe falar. Cansaram de tantos jogos repetidos. Cansaram das aulas de nós, de sinais e de tantas outras coisas. Não querem mais ser monitores, eles nada fazem a não ser ouvir os gritos dos chefes. Cansaram de ouvir celulares tocando, cansaram de ver chefes de uniformes diferentes, cansaram dos óculos Ray ban dos chefes, cansaram dos chapéus e coberturas esquisitas. Cansaram de ver tantos só de lenço dizendo que são escoteiros! – Caramba! O caldo engrossava. - Mas o que eles querem? Chefe querem acampamentos, excursões, aventuras mil, querem bivaques, jornadas noturnas, querem subir em árvores, querem construir Ninhos de Água, pontes, querem fazer um comando Crow feito por eles mesmos em cima de um rio ou um despenhadeiro! Abominam as exigências, as burocracias. Querem liberdade para aprender fazendo!

                          Mas eles não tem isto em muitos grupos? Afinal sempre me dizem que existem atividades assim nas tropas do Brasil. – Chefe, eles estão revoltados. Os que saíram do escotismo querem voltar, mas para participar do escotismo de raiz, o tradicional, querem tocar e sentir a natureza. Querem ouvir os ruídos da noite. Querem se divertir em volta de um fogo. Querem tempo livre nos acampamentos, querem sugerir e da pitacos. Chega desta moleza para especialidades e outras provas que não tá com nada. – Pensei em Abraham Lincoln: - Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo tempo! A chefaiada lá fora na rua da minha morada gritava: - Abaixo os escoteiros amotinados! Viva a UEB! Viva os presidentes nacionais e regionais. – Poxa! O que era isto? Eis que aparece um batalhão de Caqueanos. Chapéus de abas largas, atrás milhares de escoteiros do Brasil.

                          Pararam na minha porta. Gritos ressonaram e um carro de som da CUT começou a tocar e a berrar: - Chefe Osvaldo, Chefe Osvaldo! Escoteiro Chefe do Brasil! – O que? Eu? Tá loco? (como diz meu papagaio). Necas! Velho sem dente, sem ar, sem poder andar e falar. Escoteiro Chefe? Centenas e milhares de monitores ali com cópias de atas das Corte de Honra. Todas elas com meu nome aprovando meu novo mandato na UEB. – Um deles menino escoteiro dos bons gritou: - Chefe, precisamos de um amigo, de um irmão e não de um capitão. Precisamos de alguém que nos ouça, que converse que não nos tente convencer que o mundo mudou. Somos meninos, sonhadores, queremos ser heróis exploradores. Precisamos de chefes que nos entenda que saiba ouvir e não determinar. Nossa! Não estava acreditando. Um tiro de canhão ressonou no ar. A UEB conseguiu um canhão emprestado da Marinha. Uma corveta estava ancorada perto da minha casa do rio Tietê.


                            Comecei a tremer. Parecia o Velho novo Escoteiro na sua briga de galo, quando enfrentou uma Jaguatirica no Pântano dos Demônios, nos desafios de quebra coco, na luta do Scalp até a morte. Preparei-me para a briga. Arregacei as mangas, prendi o chapéu com o cabo de couro. Dei um murro no ar. Acertei a parede do quarto onde dormia. Gritei de dor. Celia correndo dizendo: - Marido! O que houve? De novo? Quando vai terminar seus pesadelos? Que o diga Sergio Machado que está pondo o Brasil para quebrar com gravações que abalam a nação. Mas pensei comigo: - Seria bom se a escoteirada se erguesse. Fui até a sala fiz um curativo e voltei a dormir, sonhando com anjos e querubins tocando arpas no céu. Ops! Desta vez não vi B.P!     

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Histórias da Jangal. A Trégua das águas.


Histórias da Jangal.
A Trégua das águas.

A Lei da Jângal – que é a mais velha lei do mundo – atende a quase todos os acidentes que possam acontecer para o Povo da Jângal. Código mais perfeito, o tempo e os costumes nunca fizeram. Mowgli vez por outra ficava impaciente com as constantes recomendações de Baloo, o urso pardo, que sempre lhe dizia: “Esta é a lei que vigora em nossa selva e que é antiga como o céu!”. Como o cipó envolve a árvore, a Lei do Lobinho envolve a todos nós. E depois que tiveres vivido tanto quanto eu, Irmãozinho, verás que todos os filhos da Jângal obedecem ao menos uma lei, e não vai ser um acontecimento agradável de se ver. 

Essa lição entrou por um ouvido e saiu pelo outro, porque o menino nunca tinha passado por nenhum problema sério. Mas chegou o dia em que as palavras do sábio urso se confirmaram: Mowgli teve oportunidade de ver toda a Jângal agindo sob o comando da Lei. Houve um ano em que as chuvas de inverno foram muito escassas. Mowgli encontrou com Ikki, o porco-espinho, que lhe avisou que os inhames selvagens estavam secando. 

E daí? – perguntou Mowgli. 
Nada, agora, respondeu Ikki, com os espinhos eriçados dum modo desagradável. Mais tarde veremos. Dize-me, Irmãozinho, ainda aparece água na Roca das Abelhas?
Não. Ela esta se indo toda, mas não tenho nada com isso, respondeu Mowgli.
Mau pra ti, rosnou Ikki saindo. Mowgli contou a conversa ao urso. Baloo assumiu uma expressão preocupada porque estava notando que polegada a polegada, o asfixiante calor invadia o coração da Jângal. Estorricava-se a vegetação, lagoas esgotavam-se, transformadas em lameiros. Pressentindo o que estava por vir, pássaros e macacos já tinham emigrado para o norte, cerdos e veados mais se aproximavam das aldeias dos homens, que também sofriam com a seca. Só Chill, o abutre, engordava. Como havia carniça! 

Mowgli que ainda não conhecia o verdadeiro sentido da palavra fome precisou recorrer ao mel azedo, de três anos de idade, das colmeias abandonadas e também aos vespeiros, atrás de suas ninfas para saciar-se. Todas as criaturas da Jângal tinham a pele sobre os ossos. O pior, porém era a falta de água. O calor aumentava sempre, fazendo desaparecer toda a umidade. Por fim o Waingunga, já muito baixo, tornou-se a única reserva de água a correr na Jângal. Quando Hathi, o elefante selvagem, viu aparecer no centro do rio Waingunga um banco de pedra grande, seco e azulado, percebeu que estava olhando para a Roca da Paz e, como seu pai havia feito cinquenta anos antes, levantou a tromba para proclamar a Trégua das Águas: e a partir desse momento ficou proibido matar nos bebedouros, porque beber é mais importante que comer.

A seca foi piorando: os búfalos já não encontravam pântanos para se refrescar, nem pasto para se alimentar; as cobras já haviam deixado a Jângal para os rios que também estavam murchos; as tartarugas de rio tinham acabado muitas delas nos dentes afiados de Bagheera; e a Roca da Paz cada dia se mostrava mais comprida, qual o dorso de uma cobra. Mowgli, com sua pele nua deixava transparecer todo o seu padecimento: tinha os cabelos descorados e ressecados pelo sol, suas costelas pareciam vimes dos balaios feitos pelos homens, suas pernas e braços pareciam bambus, onde seus joelhos e cotovelos eram os nós, mas mantinha-se com o olhar firme e calmo, recomendação de Bagheera para que não perdesse o sangue frio. 

Certo dia vinham os dois conversando com o urso e os lobos sobre os tempos difíceis e como eram grandes caçadores, já que o menino corria atrás de ninfas dos vespeiros e nossa pantera havia atacado um boi na canga... E resolveram ir reunir-se com os outros animais na margem do Waingunga, de onde se avistava a Roca da Paz. Lá estava Hathi, o guardião da Trégua das Águas, tendo ao redor seus filhos, magérrimos, com as pelancas rugosas ainda mais ressaltadas, os veados, porcos-do-mato e búfalos, quando Shere Khan chegou até ali e meteu seu focinho na água, para beber. 

Que coisa abominável é essa que nos traz? – Mowgli perguntou ao tigre manco, enquanto observava manchas escuras e oleosas que flutuavam na água, a partir do ponto onde ele bebia. 
Um homem! – disse friamente Shere Khan – Faz uma hora que matei um homem.
Entre os animais se produziu um silêncio profundo que logo se transformou em murmúrio e terminou virando um surdo clamor. 
Você não tinha outra caça disponível? – perguntou Bagheera. 
Não o fiz por necessidade, mas por gosto – e acrescentou sem dar tempo às queixas dos animais – agora quero beber tranquilo; alguém se atreve a apresentar alguma objeção?

Você matou pelo prazer de matar? – perguntou Hathi, que se mantivera em silêncio até aquele momento. 
Isso mesmo – respondeu o tigre, que sabia muito bem que quando Hathi perguntava o melhor era responder prontamente. – Era meu direito, pois esta noite é minha. Você sabe.
Sim, eu sei – disse Hathi – você já bebeu tudo o que necessitava, agora dê o fora. O rio é para beber, não para sujá-lo. Somente o tigre manco pode ostentar o seu direito nesta estação em que sofremos todos, tanto os homens como o povo da selva. Volte para o seu covil, Shere Khan! 


As últimas palavras soaram como trombetas de prata e Shere Khan, sem pronunciar o menor rugido, se levantou e afastou-se imediatamente. O silêncio que se seguiu só foi interrompido depois de alguns minutos pela voz respeitosa de Mowgli.

Que direito é esse de que fala Shere Khan? – perguntou alto, para que Hathi pudesse escutá-lo.
É uma história antiga, quase tão velha quanto à própria selva. Se quiserem escutá-la, fiquem todos em silêncio, os que estão nesta margem e os da outra, e eu lhes contarei. Então Hathi lhes contou uma velha história, tão velha quanto à selva e que descreve como o medo se apoderou dos seus habitantes. Mas isso é uma outra história...

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Programando o programa do Grupo Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Programando o programa do Grupo Escoteiro.

                        Todo mundo conhece, todos os escotistas fazem. Afinal nada se produz sem ele. Alguns simples, outros complexos, mas todos com o mesmo objetivo. Conheci em minhas atividades escoteiras, muitos programas bons, outros nem tanto. Junto a tantos outros amigos escotistas, fizemos programas de sessões, de Diretoria, de Conselho de Chefes, de Atividades Especiais, de Grandes Jogos, de Região Escoteira, De Ajuris, de Elos, de Adestramento, de Atividades Nacionais e até algumas internacionais. Existem até cursos para isto. Nunca fiz, mas tenho outro tipo de pensamento.

      Mas o que significa a palavra programa? Vejamos:
- Quem sabe uma exposição resumida que um individuo ou sessão faz dos seus principios ou do caminho que se propõe a seguir?
- Ou um conjunto de instruções, de dados ou de expressões registradas? Ou enumeração dos propósitos de uma sessão?
- E finalmente, uma sequência de matérias que se hão-de ensinar em uma atividade?

                   Não vamos complicar. Todos sabem o que é. Mas uma coisa eu garanto, os programas devem se entrelaçar. Como? Pensando em termos que todos os orgãos do grupo os têm (um programa). Para isso todo final do ano em reunião propria para este tema, se reunirão a Diretoria, o Conselho de Chefes, o Conselho de Pais (se o grupo possuir) onde todos opinaram e claro, lavrado em ata. Ops! Estou falando do programa geral. Não do programa de sessão. Claro que de posse do programa do grupo fica mais fácil a alcatéia, as tropas ou o clã fazer o seu sem se preocupar com alterações ou modificações. Alguns até gostam de ter os programas de sessões primeiro antes do geral. Não discuto. Dificil imaginar um bom programa onde ele sofre constantemente modificações, adpatações e é fustigado por terceiros para incluir programas que não foram discutidos e aprovados. Como? Do tipo, olhem apareceu uma linda atividade do distrito, da região e porque não de outro grupo irmão escoteiro. Não podemos faltar. Ou quem sabe, recebemos um convite da autoridade tal e temos que ir. E assim o programa inicial vai ficando todo desfigurado.

                    O Diretor Técnico deve ser o primeiro a exigir que tais modificações não aconteçam. Para que o trabalho para fazer um e durante o ano ir modificando? Um programa feito a uma só mão é autoritário. Nunca será bem aceito. Planejamento a quatro mãos ou mais é mais democrático. Pedir opiniões discutir ouvir os jovens e todos os participantes do grupo se bem organizado trás bons resultados. Infelizmente cada grupo tem sua maneira de agir e muitos lideres (não todos) que criaram o grupo ou que estão há tempos se acham os donos das ideias e ditam normas, são autoritários em mudar o programa, anexando atividades que não foram discutidas antes. Isto é prejudicial, pois os programas se tornam inúteis, os jovens abandonam a percepção de que não existe democracia e a autocracia passa a ser uma maneira vista e exemplificada por quem deveria dar bom exemplo.

                      Acredito muito que ensinar e praticar democracia nos grupos é uma maneira de mostrar que ela pode ser a razão do sucesso em todas as etapas de nossas vidas. Acredito que os lobos podem e devem opinar. Se a Alcatéia tem um Conselho de Primos porque não ouvir a opinião deles? O mesmo aconteceria com as tropas escoteiras e seniores sem faltar os pioneiros. Difícil? Não é. Basta saber como aproveitar ideias e pô-las em prática. Uma vez estava em uma reunião de chefes de uma Tropa e eles suavam para montar os programas semanais dos jovens. Via-se ali uma vontade enorme de tudo terminar, pois a semana não foi fácil e aquilo se tornava enfadonho. Foi então que um Velho Escoteiro chegou e sem ninguém perguntar disse: - A Tropa foi consultada? O conselho de Patrulha deu sugestões? Todos ficaram alarmados. Muitos como sempre pensavam que os jovens não estavam preparados, mas nunca tentaram por em prática esta forma de programar.

                    Nenhum programa deve ficar sem o “tempero” do chefe e dos assistentes. O que seria o “tempero”? – Jogos, canções, Conversa ao Pé do Fogo, e claro as sujestões que não estarão ao alcance deles. Tais como, atividades distritais, regionais e nacionais. Mas é importante que estas não ocupem nada mais que 15% do programa anual. Se aparecer alguma devem meditar muito antes de mudar. Nunca sem consultar os órgãos competentes de sua tropa. Será que isto acontece com você? Seu programa não é desfigurado por uma atividade que aparece sem esperar? O jovem sabendo o que vai acontecer se prepara e olhe atividades ao ar livre são sempre as mais esperadas. Claro que ao perceber que o programa não está atingindo seu objetivo é melhor parar e ver onde está errado. Fácil isto. Os meninos são importantes para apontar onde está o erro. Vai mudar? Vai começar um novo programa? Afinal para que serve a Corte de Honra? O Conselho de Patrulha e para quem já tem o Conselho de Tropa? Ouça, medite e mude se for necessário.

                Sempre repito as palavras de B-P sobre os resultados. Eles sim são o que importam. A evasão continua? A falta de motivação também? Se acontece o programa não está cumprindo a sua finalidade. Melhor ouvir os que estão saindo e saber onde poderiam corrigir e melhorar. Infelizmente poucos fazem isto. O menino ou a menina não vem mais e os chefes nem sabem o que aconteceu. Muitos nem tem uma pesquisa dos últimos dez anos sobre qual a média de permanência dos jovens na sessão. Isto inclui os lobos também. A uma cadeia hierárquica a ser seguida no programa do grupo. Ninguem pode decidir sozinho. Se somos uma família escoteira a opinião de todos tem de ser levada em conta. Gosto de lembrar que o voluntário assim como os jovens tem suas vidas que envolvem a família, social e espiritual. Estas são mais importantes que uma atividade escoteira. Fácil assimilar um e outro. Basta bom senso.


                Vejo comentários de grupos de um dono só. Sei que existem, mas eles não fazem bom escotismo infelizmente. Tentam mas o objetivo não será alcançado. Torno a repetir um Grupo Escoteiro é uma familia. Unida. Fraterna. Onde o respeito mostra o gráu de crescimento de cada um. Voce faz parte da familia. Veja onde é seu lugar e trabalhe para que todos sintam felizes no desenvolvimento de suas tarefas. Não existe tarefa fácil. Formar caráter não é fácil. Mas o Movimento Escoteiro através do seu método simples facilita sobremaneira a atingir esse objetivo. E é um orgulho quando podemos ver homens e mulheres que um dia conheceram a maravilhosa Lei Escoteira e lembram com orgulho dela por todas as suas vidas. Isto posto sabemos que atingimos nosso objetivo. Honra e caráter e porque não dizer – Ética e altruismo!

domingo, 15 de maio de 2016

Domingo de paz e amor no coração.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Domingo de paz e amor no coração.

                Hoje é domingo. Meu coração está aberto a todos os sorrisos dos amigos escoteiros e eu os convido a pensar que se nós não nos mudarmos o que fazemos hoje, todos os amanhãs serão iguais a ontem. Hoje é domingo, dia de sorrir, de pensar que a vida vale a pena viver. Eu sempre me pergunto se a afinidade não se explica a amizade. E nada melhor vê-la chegar com um abraço, abraço que não precisa de palavras. Sei que está longe o dia de ver todos se sentirem em paz, mas sei que está bem perto o dia que iremos confiar em todos que nos cercam neste mundo. Eu sei que amizade não se compra, se encontra. Sei também que a felicidade não se encontra só no amor. Eu posso um dia não me sentir feliz e quem sabe até triste. Mas sei que o que se passar comigo vai ter sempre alguém “ali ao meu lado”. Sempre digo que não importa quanto tempo passe, não importa o que aconteça, pois sempre terei amigos que me querem bem. Na vida sempre comprei brigas por alguém e se é meu amigo eu o defendo e ponto final.
            
                     Um dia eu escrevi que quando fosse partir não daria tempo de me despedir. Sei que isto ainda vai demorar, mas vai acontecer um dia. Repeti que tinha um pedido. Simples de amigo para amigo. Pedi para não dizer que eu fui para o Grande Acampamento Escoteiro das estrelas. Se for minha última morada que seja, mas não seria minha escolha. Passar por lá, dar um abraço nos amigos e nos inimigos que moram nas barracas do universo eu o farei com alegria. Tomarei um cafezinho Brasileiro, quem sabe sentado na ponta da lua cantarei com eles lindas canções Escoteiras. Cantarei o Rataplã com os que estão em seus campos de patrulhas e sem perda de tempo pegarei uma carona no primeiro comenta brilhante que passar e vou viajar pelas trilhas do universo. Serei mais um dos Escoteiros Espaciais que viajam sem destino.

                    Sei que como explorador Escoteiro não fico parado no mesmo lugar. Voltarei ao planeta azul e com minha barraca armada no céu e irei célere explorar o Monte Kilimanjaro onde dizem ser a montanha branca de Masai. Irei ao Monte Kenya e lembrar que era a vista preferida do nosso fundador na sua morada onde viveu por muito tempo. Irei explorar novos rumos, novos vales, cachoeiras, picos sem fim. Irei sentir e ouvir o vento cantar para mim nas jornadas do universo as minhas canções preferidas. E quando forem acampar poderão me ver nas estrelas, na luz do sol nascente ou poente. Para os amigos dos animais e pássaros estarei bem vivo na alma da Coruja Buraqueira ou no rastro de um beija flor dourado. “Irei me materializar em todos os Fogos de Conselho e cantarei com alegria ““ Brilha a fogueira ao pé do acampamento”.

                         Bah! Hoje é domingo, dia de paz e amor no coração. Quando irei partir? Oh céus! Só Deus sabe. Por mim ficarei aqui ainda muito tempo. Preciso deixar muitas histórias para contar. Contar aos lobinhos e lobinhas o sonho de Mowgly. Aos escoteiros e escoteiras seniores e guias contar como é lindo o Vale do Eco, a mata do Tenente, o lago dos Pioneiros ou mesmo as trilhas do Monte Serrat. Enquanto isto sinto em meu ser a alegria que hoje é domingo. Aceitem as boas novas que irão chegar o escotismo fraterno no coração que nossos irmãos irão oferecer. Hoje é domingo e estou feliz, minhas lembranças voltam aos ventos do passado. Os caminhos que percorri. Assim mesmo aqui e agora viajo por qualquer lugar. Graças a Deus estou vivo e assim ficarei ao lado daqueles que amo até o dia que Deus mandar!

Lindo domingo para todos vocês!

sábado, 14 de maio de 2016

Marketing – Uma miragem escoteira?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Marketing – Uma miragem escoteira?

                         Eis que na Folha de São Paulo de hoje me deparei com um belo Marketing Escoteiro. Marketing? Isto mesmo, para a Folha e não para a UEB. Ela não teve nada há ver com o artigo. Afinal ela nunca tem nada há ver. Seu marketing é de venha nós e mais nada. Quem quiser que vá a site. Ela adora. Tem os chefes que ainda ajudam publicando nas redes sociais o mundo maravilhoso da UEB ou EB no seu site escoteiro. Agora tem um novo, bem apresentado. Assim os associados correm até lá para ver as boas novas. Mas voltemos à folha. Uma página inteira sobre escotismo. Ops. Não é o que queria dizer é apenas uma bela informação do seu novo produto a venda por módicos $36,00. Nada menos que a reedição do Manual do Escoteiro Mirim. Uma bela página no Caderno da Ilustrada. Claro que eles falam que escoteiros mirins fazem nós, tem tinta invisível, tem sinal e tantas artimanhas e engenhocas para ninguém botar defeito.

                        Quando saiu há mais de 40 anos fez um enorme sucesso principalmente entre a escoteirada. A falta de literatura escoteira na época o Manual supriu boa parte dos sonhos escoteiros. Ajudou muito na procura de vagas nos Grupos Escoteiros. A página é bem feita. Nos ajuda com detalhes (não todos) quem são e o que fazem os escoteiros. A folha é boa nisto principalmente para fazer seu caixa afinal são profissionais no ramo. Espero que seja um marketing não só para a venda, mas também para motivar os jovens a procurarem as unidades locais a se matricularem numa boa sessão escoteira. Quem puder comprar a folha hoje poderá ver o artigo que ocupa toda a primeira página do Caderno da Ilustrada. Vale a pena ler. Ainda não é o que precisamos. Ainda temos na mente de muitos brasileiros que o escotismo é divertimento de criança e mais nada.

                         A hora que a direção da nossa Associação ver a importância da comunicação, pagando se preciso for e não ficar “baboseando” somente no seu site a dizer que a comunicação nos fez chegar mais longe, leva o escotismo a todos os cantos do país, (menos de 1.300 grupos para mais de 5.000 municípios brasileiros) e inacreditavelmente diz que a expansão escoteira é uma realidade. Dizer o que? Pelo seu relatório sem prestar contas do que éramos há dez vinte ou trinta anos atrás fica a impressão que a cada ano somos mais e mais. Dos dez países que foram os primeiros a ter seus escoteiros no mundo temos um efetivo de dar dó. Não somos nada comparados a eles. Exalta-se no relatório que chegamos aos 82.000 membros registrados. Beleza. Ainda nem passamos o que éramos há quatro anos quando já tínhamos passado dos 80.000 mil. Sem contar em 2000, 2005 e outros anos que chegamos bem perto.

                     Porque a associação que diz ter dezenas de patrocínios, no seu relatório cita muitos deles e não marqueteia na imprensa falada escrita e televisada as vantagens do escotismo na formação do jovem? Se a sociedade brasileira tivesse uma ideia melhor seriamos visto como um movimento educacional comparado as maiores organizações de jovens do mundo ou quem sabe a melhor. Aqui se desconhece Baden-Powell, quando muito vem lá escrito que era um General Inglês! Que criou o escotismo! Não temos força, não temos reconhecimento nacional. Nos meios educacionais somos vistos como um movimento infantil atrasado e ineficaz. E o que faz a Associação? Se prende no seu site e acha que está fazendo o que podia fazer. Será que ela pensa que o CEO das grandes multinacionais, os grandes Pensadores, Pedagogos e Dirigentes educacionais em todas as camadas sociais estão indo ler o seu lindo site?

                      Palmas para a folha. É assim que vamos de grão em grão tentando encher o papo. Vez ou outra a grande impressa aparece para nos ajudar ou nos massacrar. Se tivéssemos mesmo um marketing mais agressivo, mais firme nas suas informações, quem sabe teríamos um escotismo mais perfeito do que fazemos hoje. Mas não a Associação só pensa em faturar e tentar mostrar com palavras lindas, fotos especiais e tantas outras que enganam qual é o verdadeiro caminho para o sucesso. Enganar a quem com a Frente Empresarial Escoteira, com a União Parlamentar Escoteira dizendo que é o melhor caminho na formação de lideranças, conseguir o apoio ao Movimento Escoteiro e esperar que eles vão contribuir para o maior movimento de educação formal de jovens do mundo? Belas palavras.

                       O que se vê é uma frente arrecadadora, como se o caixa pudesse dar ao escotismo condições de sobrevivência. Me lembra um célebre politico brasileiro que vivia dizendo que precisamos apertar o cinto hoje para que amanhã todos pudessem ficar sem ele e as calças não caírem. Risos. Onde está a colaboração para baratear as taxas dos encontros nacionais? Onde estão o plano de metas para que a taxa de um curso seja a menor possivel? Onde estão a tentativa de ter profissionais escoteiros bem preparados para visitar as bases Escoteiras e as unidades locais dando apoio logístico ao crescimento Escoteiro na comunidade? Porque alguém que será homenageado ou mesmo ser condecorado tem de pagar por sua medalha? Porque não premiar os jovens que atingirem o Lis de Ouro ou Escoteiro da Pátria, com uma participação gratuita nos Jamborees Nacionais? Isto nem pensar. O caixa precisa engordar. Sem querer vi quantos funcionários tinha a Loja Escoteira Nacional. Um punhado de “mais maió de grande” como diz o mineiro. Haja gente para enviar a vestimenta que desbota e rasga sem ninguém esperar.


                        Bem não vou me alongar. Gostei do artigo da folha, uma vez fiz um dos sobrinhos do Tio Patinhas e do Donald. Publiquei aqui e muitos gostaram. Nada há ver com o da Folha. Marketing gratuito para o escotismo mas muito formal para o que desejamos mostrar as vantagens de ser Escoteiro. O trabalho seria outro. Bons comunicadores para alardear aos quatro cantos do país o verdadeiro valor da formação escoteira. Sei que não temos ninguém com fama ou sem fama de bom orador, conferencista, ou palestrita ou debatedor para estar a discutir nas rodas sociais, seja nos programas televisivos ou mesmo quem sabe em uma participação mais amiúde no You Tube onde tipos esquisitos com apresentações esquisitas tem sempre um publico de mais de milhão por semana. Não temos. Mal e mal algum Chefe com boa vontade pois a liderança escoteira não molha os pés e as mãos para ver se á agua está fria. Sempre conta com seus voluntários para dar o primeiro passo. E nem sempre este passo é para melhor...

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Reme sua própria canoa.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Reme sua própria canoa.
Tem hora que da vontade de largar tudo, voltar para o paraíso, virar pescador e viver da terra, teria muito menos de decepções. (P.H.M.)

             Não posso ficar sempre criticando. Mas danadamente eu sou um Velho Escoteiro chato insistente. Passei por poucas e boas em minha vida escoteira e agora entregar os pontos não vai dar. Não vai mesmo. Ainda bem que no escotismo todos são mocinhos. Todos estão imbuídos nas melhores das intenções. Dizem por aí que de boas intenções o inferno está cheio. Sem quer ofender e ferir susceptibilidades, não sei se o caminho percorrido até hoje é o certo. Eu sempre acreditei com um escotismo forte, com princípios éticos e reconhecidos pela sociedade brasileira. Muitos não sabem se percorremos o caminho para o sucesso. O escotismo tem seu método e ficar inventando podemos pagar um alto preço com esta tal modernidade. Modernidade? Ora, afinal BP não dizia que devemos remar nossa própria canoa? – Porque então não deixar o jovem com seu remo e ele mesmo ir aprendendo com a nossa orientação?

                 Eu sei que tem muita gente falando sobre os caminhos para o sucesso do escotismo. Percebe-se que a maioria não passou por isto e nem sabe onde esta experiência nova vai dar, apesar de afirmarem o contrário. Um antigo Chefe meu dizia que os que não sabem fazer a massa nunca irão fazer o pão. São estudiosos, doutores, pedagogos, pensadores e se consideram aptos a fazer suas experiências modernas com um escotismo que tem tudo para dar certo. Muitos concordam com os atos dos nossos dirigentes e uma submissão omissa não os deixa ver onde estamos caminhando. Já vi alguns dizendo que nos dias de hoje não precisamos de bússola, aprender a seguir as estrelas, o sol, as árvores se existem o GPS. Semáforas? Morse, nós e sinais de pista? Basta usar o celular e o Google e está resolvido. B-P nunca negou que precisaríamos acompanhar as mudanças do tempo, mas nunca perder a característica da vida ao ar livre, do aprender a fazer fazendo e de seguir seu próprio caminho.

               Ele reforçou dizendo que somente pelo resultado e não pelo método que se julga a instrução. Uma abertura que poucos entenderam. Não basta ter jovens disciplinados obedientes, mas sem personalidade e nem força de caráter, sem espírito de inciativa ou de aventura. Jovens incapazes de se “virarem”. Dizia isto naquela época sem os milagres da metodologia moderna de hoje. Completava dizendo que os tempos “modernos” tais como o crescimento das cidades, fábricas, rodovias e linhas telefônicas, e de tudo aquilo que chamamos “civilização” a natureza ficou mais afastada das pessoas. Suas belezas e seus milagres se tornam estranhos as nossas afinidades pessoais com a criação divina e se perdem na vida materialista das multidões, com suas deprimentes condições entre as espantosas construções erguidas pelo homem. A natureza vem sendo expulsa e é substituída pela artificial e graças à tecnologia, as nossas pernas acabarão pôr atrofiarem-se pôr falta de exercícios e os nossos filhos terão cérebros maiores, mas sem músculos.  Sem atividades mateiras e de campo tudo vai se perder com o tempo.

                   Uma vez resolvi fazer uma canoa. Risos. Isto mesmo. Ganhei um tronco de mais ou menos quatro metros por uns 400 mm de circunferência. Falei com meu pai do meu plano. Meu pai conhecia o Zé do Dedo, um carpinteiro bem conhecido na cidade. Disse para eu pedir a ele a me ensinar. Zé do Dedo não pensou duas vezes. Ensinou-me a descascar a madeira, como tratar e conservar, mantê-la seca e arejada se possível mergulhada na água. Mostrou as vantagens da proteção do sol, não deixar o tronco em contato com o solo enquanto trabalha. Fiquei sabendo que o tronco era um Cedro. Perfeito para uma canoa. Eu tinha uma machadinha, meu pai me deu um Enxó, uma Goiva e um serrote. Zé do Dedo me emprestou um machado e um traçador. Claro que para usá-lo precisaria de mais pessoas. A Patrulha não se fez de rogada e durante três meses ficaram ao meu lado. Não foi fácil. Voltava da escola e por duas ou três horas trabalhávamos na canoa. Sempre com a supervisão do Zé do Dedo.

                   Seis meses depois a canoa ficou pronta. Pesada, eu mal aguentava levantar sua lateral. Devo dizer que a canoa na visão de um bom construtor era feia, desajeitada, e em qualquer corredeira iria virar o contrário e afundar. Quando ficou pronta a levamos para o rio. Um amigo do meu pai tinha um carroção. Eu meu pai e minha Patrulha a colocamos no carroção. Na beira do rio usamos madeira tipo escada rolante até o rio. Boiou! Fiquei super alegre. Dei pulos para o ar. Vamos testar. Zé do Dedo aconselhou ir só dois. Meus remos eram pesados e em pouco tempo não aguentávamos mais remar. Levei a canoa até próximo ao Curtume do Moacir. Conhecia o vigia. Ele se prontificou a tomar conta. A canoa serviu para muita coisa. Não era a melhor canoa do mundo nunca foi. Mas até hoje eu não esqueço o que fiz. Durou pouco tempo. Uma enchente e ela sumiu. Não me tornei um carpinteiro e nem fabricante de canoas, mas adquiri experiência, calos, dores nas omoplatas, mas valeu! Aprendi a fazer fazendo!

                 Escoteiros adoram desafios. É no campo que eles têm estas oportunidades. Nada pode substituir uma boa atividade escoteira. O modernismo oferecido hoje aos jovens é encontrado facilmente na rotina da sua casa, na escola e com seus amigos. Aprender fazendo é uma arte. Ser seu próprio mentor e construtor complementa. Um dia todos os jovens irão viver suas vidas longe do domínio dos pais. O escotismo os ensina a vivenciar isto. Difícil afirmar onde começa o caminho da modernidade e o caminho para o sucesso. Acredito que ambos se complementam. A vida aventureira, o ato de descobrir novos horizontes, experimentar a vida ao ar livre como os bandeirantes do passado é fascinante. Nenhum jovem perdeu seus sonhos de serem heróis. Proibir isto é desfaçatez e esquecer a formação escoteira conforme o método de B-P. Esta foi e sempre será a motivação para continuar no escotismo. Alguns estão tratando nossos jovens como bonecos de louça. Medo disto, medo daquilo. Ele está sendo proibido de pensar e os adultos estão pensando por eles. Decidem por eles. Esqueceram sua posição de orientador. Muitos pais não entendem bem isto. Desafio faz parte do jovem, deixe-o seguir com os outros esta seria sua grande aventura.


                Nunca esqueci minha canoa. Meu pai foi meu instrutor e dos bons, não deixou que eu desistisse. – Se você começou termine! Dizia. Foi uma lição que agradeço ao meu pai. O escotismo me ensinou que desafios são para aqueles que irão até o fim. Hoje os resultados são outros. Qualquer um pode ver isto dentro de sua própria comunidade. Somos uns eternos desconhecidos e dizer que a culpa é só dos chefes é hipocrisia. Nossa direção peca por não dar melhores condições aos nossos voluntários. Não temos marketing, somos desconhecidos nos meios educacionais. Ninguem em sã consciência pode fugir ao escotismo de campo. Barracas suspensas, pontes, pórticos e jovens partindo para suas grandes aventuras de exploração da natureza ainda são os melhores meios para a formação na metodologia escoteira. O que hoje os modernistas escoteiros estão sugerindo não está dando resultados. Só não vê quem não quer.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Condecorações & Recompensas.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Condecorações & Recompensas.

                         Hoje me deparei com uma publicação no Facebook onde chefes se apresentavam como integrantes da Comissão de Analise de Condecorações de um determinado estado da federação. Não sabia que existia tal comissão. Será ela quem vai julgar quem pode ou não pode receber uma comenda, uma condecoração? Bem acredito que os processos que solicitarem tais pedidos devem estar embasados dentro do espírito da Lei onde a palavra significa muito mais que um bom papel escrito. Mas será isto mesmo? Julgar quem deve ou não receber deve ser espinhoso. Um dia lá no tempo das diligencias fui dirigente da Região de Minas Gerais. Mudei todo o esquema. Tem dez anos? Quinze? Vinte? Não tem discussão. Medalha de bons serviços e pronto. Tem uma boa Tropa? Uma boa Alcatéia é um assistente assíduo nas atividades de sede e de campo? Medalha de gratidão e não tem discussão.

                        Julgar-me se devo ou não receber? Seria o caso de saber fazer um processo sem erro, com provas e firma reconhecida? Ou então será que alguém da comissão vai me investigar se mereço ou não? Já escrevi diversas vezes sobre este tema. Sei que é espinhoso, pois muitos não concordam comigo. Mas insisto que se somos um movimento fraterno, de irmandade, onde a palavra Escoteira tem valor eu tenho uma linha de ação e não fujo dela. Quem não gosta de um elogio? Quem não fica feliz em receber uma condecoração? Afinal quantos milhares lutam pelos jovens em suas sessões Escoteiras? A Akelá e seus assistentes que fazem tudo pelos seus lobinhos, o Chefe e os seus assistentes que procuram da melhor maneira possivel formar seus jovens dentro da metodologia Escoteira! Para mim não tem discussão.

                         Você olha para alguns dirigentes mais próximos do poder, ou então grupos com boa estrutura e lá estão chefes com muitas condecorações. Alguns dizem que são verdadeiras árvores de natal. Afinal eles têm e os demais não? Se no Grupo existe uma boa estrutura, se seu distrito (nem todos os grupos tem distrito) sabe o que fazer porque esquecer o voluntário com seus direitos de tempo e serviço? Se ao contrário não isto é motivação? Quando ele vai a alguma assembleia uma parte dela é para a entrega de medalhas e certificados de agradecimentos. Os que não receberam se sentem alijados? Claro que ele vai dizer que não se preocupa que não tem desejos, que para ele não importa. Eu sei que muitos dizem que estão no escotismo porque gostam dele e não andam atrás de medalhas. Certo isto? Não e não! Afinal se a UEB tem um sistema que acho perfeito no cadastro de todos os seus associados, o SIGUE e nele tem uma listagem dos escotistas e até escoteiros com seus tempos de atividade, porque então tanta burocracia? Duvida da palavra do Chefe? Duvida que ele seja leal? Ora bolas. Afinal temos uma só palavra ou é somente uma ficção?

                   As aprovações pouco mudaram em todos os anos que participo do escotismo e vejo quantas pessoas estão recebendo e outros não. Eu mesmo quando comissário nem pedia. Sempre recebendo uma. Deixei de ser comissário acabou. Nunca mais vi a cor de uma. Claro faz anos que não tenho registro e isto explica os últimos anos. Se você tem um cargo, é um formador antigo não precisa pedir e nem fazer processos. Recebe tudo que tem direito. Tem alguns que recebem até em duplicidade. Naquela época eu me perguntei: - Será que sou mais que um Chefe que labuta em uma sessão? Será que sou mais importante que ele? Foi pensando nisto que me lembrei de uma passagem no evangelho: - A César o que é de César. Ai eu me pergunto: - Para que foram criadas as condecorações? Só para os arautos do poder? Eles são os melhores e aqueles que carregam o escotismo nas costas não?

                  Uma vez um Velho formador me interpelou: - Chefe! Tem normas! Basta cada um ler aprender e agir. Fácil assim. Mas quantos têm e quantos não têm? Chefe ele é menor perante os outros? Não aceito tal ponto de vista. Elas foram criadas para promover, elogiar e agradecer pelo trabalho prestado. E não venha me dizer que a maioria não está nem aí. Isto não é resposta. Direitos não se discutem. Sabemos que todos trabalham de graça, sem receber nenhum centavo. O sistema é viciado. Ninguém em sã consciência tem o poder de dizer quem merece ou não. Que ele seja branco, preto ou amarelo. Que ele seja pobre ou rico não importa. Se não merece devia ser exonerado da sua função no escotismo. Afinal direitos são direitos.  
                      
                          Uma época eu enviava ofícios com nomes de chefes que fizeram por merecer. Nome, grupo, número de registro e endereço. Mais nada. Para mim isto bastava. Mas nem resposta eu tive da Direção Nacional. Conversei com o Escoteiro Chefe. Cara bacana, legal muito meu amigo. Ele me disse que as forças contrárias eram muitas. Dois meses depois recebi a Cruz São Jorge. O que eu fiz para merecer? Afinal aquele Chefe que deixou sua família, seus amigos e foi lá para o campo com sua escoteirada não merece? Sou contra esta burocracia infernal. É papel demais para quem quer ajudar a formar jovens no método Badeniano. Faz-me rir que até para ser voluntário tem que ir ao cartório para carimbar a firma. Afinal ninguém acredita em ninguém?

                          Dizem que "O pior cego é aquele que não quer ver, ouvir, nem acreditar”. O pior cego é aquele se faz de surdo. Aliás, o pior cego não é cego, é burro! “Assim vamos caminhando”. Ano retrasado quase 6.000 membros escoteiros se mandaram. As explicações dos politicamente corretos correram mundo. Os lideres da UEB se fingindo de mortos. – A evasão foi provocada por causa do fechamento de muitos grupos que faziam parte do Escotismo nas Escolas diziam. Dá vontade de rir. Ninguém correu atrás? Deixou acontecer e lavou as mãos? Uma explicação melhor, por favor, meus caros lideres da UEB. Que não me venham estes politicamente corretos que exaltam seus grupos e se acham donos da verdade. Eles os chefes e até os jovens são preteridos por uma burocracia infernal. Se o reconhecimento não é devido à maioria prefere sair e nem sempre estão errados por esta ação.


                         É tão fácil manter os voluntários no escotismo. Não é se fingindo de cego e surdo, é valorizá-los, acreditar em sua palavra. É dar um abraço sincero, é dizer por um e-mail ou uma cartinha – Obrigado meu amigo, você é muito importante para nós. Isto motiva isto faz com que trabalhemos com a juventude com amor e vontade de acertar mais e mais. Medalhas foram feitas para quem tem os mesmos direitos que os que sabem fazer seus processos como solicita nossos órgãos superiores. Ninguem é melhor que os demais. Eu sei que muitos não vão concordar. A valorização do voluntário no escotismo é de lascar. Condecorações e Recompensas não foram criadas para os Lords do poder e nem para os perfeitamente corretos em seus grupos. Afinal me expliquem melhor esta tremenda evasão anual de chefes e jovens do movimento?

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Significado das Cerimônias.


Conversa ao pé do fogo.
Significado das Cerimônias.

            Pensei comigo: - Hora dos lobos? Bem pelo sim e pelo não resolvi falar para eles os chefes de lobinhos. Afinal tem os assistentes começando que sempre gostam de saber coisas de Seeonee. Sei que o que escrevi todos conhecem e sabem de cor, mas porque não contar novamente o significado de algumas cerimônias de lobinhos?

GRANDE UIVO significa uma forma de mostrar que os Lobinhos estão prontos para obedecer às ordens do Akelá e, mais do que isso, fazê-lo da forma Melhor Possível! Assim, é também uma forma de reafirmar a sua Promessa e dar boas vindas ao Akelá. Esta cerimônia lembra as reuniões da Roca de Conselho, onde o Akelá ficava sobre a pedra e os Lobinhos à sua volta, prontos e fiéis para cumprirem as suas ordens.

CAÇA LIVRE significa que a partir deste momento os Lobinhos caçarão sozinhos, sem a liderança do Akelá, por esse motivo deve ser feita somente no final da atividade, realmente no momento em que o chefe da Alcatéia deixa de exercer vigilância sobre os Lobinhos, desenvolvendo assim um sentimento de responsabilidade. Liberações durante a reunião correspondem ao “BOA CAÇADA”.

A PROMESSA além do significado primeiro que é o compromisso assumido que resulta na entrada do membro na fraternidade escoteira, o Lobinho tem o seu lado romântico que é analógico ao tema da Jângal, ou seja, ele passa ser um lobo, ele ingressa na Alcatéia de Seeonee e passará a viver de acordo com as suas leis e sob a liderança do Akelá.

A PASSAGEM DO LOBINHO, indiscutivelmente, é a retratação da história a embriaguez da Primavera, onde o Lobinho deixa a Jângal e ingressa na Terra dos Homens, que vem a ser a Tropa formada ao lado da Alcatéia. O obstáculo existente entre a Alcatéia e a Tropa significa os próximos obstáculos que ele terá que vencer, só com seus próprios conhecimentos e sem ajuda dos Velhos Lobos. Esta é uma das cerimônias mais bonitas e tocantes na Alcatéia; por isso, deve ser preparada com cuidado e observados os seguintes itens para que alcance o seu objetivo:

1.     É importante que seja explicado antes o significado da cerimônia ao Lobinho, para que ele compreenda o seu significado, os demais Lobinhos e a Tropa também deverão estar conhecedores do significado que poderá ser relatado sucintamente no início da cerimônia, acrescentando-se detalhes a cada nova passagem, ou mesmo, poderá vira a ser relatado em uma determinada reunião de Tropa.
2.     É sumamente importante que a Chefia de Alcatéia demonstre a alegria e o orgulho por seu Lobinho estar alcançando este novo estágio, a cerimônia deverá ser alegre o suficiente para demonstrar isso.
3.     É também importante à presença do Presidente/Diretor Técnico do Grupo nesta cerimônia, o que irá evidenciar o sentido de globalidade e identidade do Grupo Escoteiro. Poderá haver algumas atividades conjuntas entre a Tropa e a Alcatéia, coordenada pelos dois Chefes de Seção, neste dia, o que acentuará o espírito de Grupo.
4.     Reafirmar a sua Promessa e participar do Grande Uivo significa fidelidade a estes princípios até o fim.
O regresso de Mowgli já crescido à Aldeia hindu é à entrada do indivíduo adulto, bem equipado, na vida social e comunitária.
Os animais na realidade são como ele, estão no interior dele, mas agora ele está pronto para viver com os homens, agora começa a sua vida humana. A Lei da Selva ensinou-lhe o que é ou não aceito na sociedade e, graças a ela, Mowgli é capaz de uma vida mais evoluída.

O Livro da Jângal encerra toda uma filosofia!

Aplicação destes valores
É preciso ter em mente a importância de todos estes significados para podê-los aplicar corretamente; à medida que associamos nossa vida de Alcatéia a vida de Seeonee, assumimos um compromisso de sermos fiéis a ela, sob pena de destruirmos a própria credulidade nos valores que tentamos transmitir.
Exemplificamos: Um Akelá deverá analogicamente liderar por ser o mais forte, pensar na coletividade, espelhar o que Akelá é na história, então um Akelá que procurar primeiro satisfazer suas necessidades deporá contra a imagem do líder, um Akelá desmazelado demonstrará que não sabe mais, pois não sabe nem se cuidar. Assim, destruiremos tudo o que a história pode construir.

Da mesma forma, não podemos fazer que meninos “encarnem” a figura de lobos se o fundo de cena da atividade for totalmente incompatível com a Jângal, tanto do ponto de vista técnico (daí o fato de não haver Modalidade para o Ramo Lobinho) quanto na própria expressão dos valores (que animal da Jângal praticaria jogos de azar, por exemplo?). Para que estes valores, tão a propósito e de acordo com a realidade infantil possam funcionar, é preciso que primeiro, nós os levemos a sério, os saibamos entender, para depois aplicá-los corretamente, oferecendo assim aos meninos rica flora de aventuras, capaz de fazê-los sonhar e vibrar, acrescentando às suas vidas dádivas importantes de caráter que melhor os prepararão para a vida adulta. Os fundamentos da Alcatéia e a razão do seu sucesso são:
§  Obediência e respeito ao Akelá.
§  Capacidade de renuncia aos interesses individuais em proveito dos interesses coletivos.

§  A lei da selva conhecida por nossos Lobinhos, que estabelecem pensar primeiro nos outros, abrir olhos e ouvidos, estar sempre alegre e limpo, ouvir velhos lobos e dizer sempre a verdade, são como uma tradução infantil das atitudes e condutas próprias do indivíduo que está em boas relações consigo próprio e com a sociedade.