segunda-feira, 27 de abril de 2015

A volta dos que não foram.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A volta dos que não foram.

                     Não devemos colher frutos com os erros alheios. Nada disto. Somos Escoteiros e para isto devemos ser os primeiros a dar as mãos e ajudar no que for necessário. Verdade? Mas será que nossos lideres querem ajuda? Pois eles bem que poderiam descer de suas poses de perfeição que fizeram no escotismo Brasileiro. Não eram eles que se julgavam portadores de altos conhecimentos, doutores em leis, ameaçando quem resolvia fazer outro escotismo, se intitulavam doutores na pedagogia e apologia de um escotismo que só eles acreditavam? Sim venderam a muitos a ilusão de que estavam certos. Que nosso crescimento era perfeito. Isto não foi difícil. Desprezar os antigos e tentar conquistar os novos.  Seria este o plano?

                      Os novos sempre tem a dita de trabalhar em função dos jovens. Os de cima deveriam saber o que estavam fazendo. Os antigos só atrapalhavam com suas ideias ultrapassadas do passado. Alardeava-se aos quatro cantos que o escotismo crescia, que com as alterações e nomes pomposos iriamos chegar fácil aos cem mil Escoteiros. Balela. Em um só ano veio à notícia: Em 2014 foram registrados 77.000 associados. Seria isto verdade? Está lá no Relatório Anual de 2014 apresentados aos conselheiros. Ouve grita? Ouve discussões? Se ouve não fiquei sabendo. Ao ver o relatório fiquei pasmado. Além da queda o relatório não dizia nada e nem explicava este número de 77.000 associados. Ai pensei comigo, se em 2013 um ano antes registramos 83.000 por que esta queda tão abruta? Claro deve ter motivos. Mas nossos lideres se preocuparam em informar, em falar a verdade, em transparência com um fato tão importante? Não, nada disto, no relatório eles gritam que crescemos 10% (dez por cento). Que crescimento é este que não entendi? Se alguém sabe me explique como se eu tivesse seis anos!

                      Nos relatórios passados era fácil saber quantos se registravam nos últimos anos, havia um mapa comparativo. A gente via quem cresceu quem ficou estagnado e quem perdeu Escoteiros. Neste não. Tudo foi suprimido. Fizeram todos os anos mudanças enormes. Mudanças defendidas por todos os participantes do poder. Cheguei a ficar cansado de ouvir que a nova metodologia, o novo programa, e a vestimenta seria a redenção do escotismo. Quem foi o inteligente que criou dezoito tipos para a vestimenta? E as explicações? Um Velho Lobo vivia me dizendo: - Osvaldo, uma pesquisa mostrou que os jovens não gostavam do caqui, queriam algum mais moderno, mais apresentável. Você vai ver que a partir da implantação dele teremos uma enorme procura nos Grupos Escoteiros. Este meu amigo é um pandego. Sempre a me dizer que devemos confiar, devemos apoiar, pois o futuro seria promissor. Insistia que as novas eleições para o CAN seria a redenção das mudanças. Mudanças? Valha-me Deus.

                     Na primeira reunião extraordinária do CAN, os novos foram solicitados a abandonar a sala, pois haveria a ultima reunião dos antigos. Educado isto! E que tipo de assunto seria discutido para ser tão confidencial? Outro amigo me afirma que a UEB nunca teve e nem pretende ter uma politica de relação amistosa com seus associados. Bem isto eu não sei e nem posso afirmar, mas os relatos dos que estão saindo é de arrepiar. Se vocês tiverem a calma de ver o relatório de 1993, verão que naquela época registramos 74.000 associados. E olhe que a população brasileira tinha aproximadamente cento e quarenta e seis mil habitantes. Hoje com mais de duzentos milhões voltamos para 77.000 associados. Tente entender isto. Eu não entendi. Sei que muitos estão saindo do escotismo. Seis mil em um ano é demais. E quem se preocupa? A UEB por acaso já fez ou pensou em fazer uma grande pesquisa nacional para saber o motivo? Alguém sabe sobre algum sobre isto?

                    Meus artigos são contundentes sobre a evasão. Sempre comento que a evasão é nossa praga, é nosso martírio e se me disserem que ela é mínima vou sair por aí com um violão debaixo do braço e cantar a canção da Despedida. Esta queda é a maior que já houve em nosso movimento nos últimos vinte anos. E quem explica? Onde está no relatório? Os motivos são ou não conhecidos? A UEB não se manifesta e nunca se manifestou sobre o papel desastroso que nos últimos anos vem infligindo ao escotismo nacional. Claro que sempre enaltecem seus feitos, as fotos, os artigos e o que se faz de errado na instituição nunca é mostrado. Um retrato do Brasil politico. Não reconhecem erros. Nem pedem desculpas aos associados. Esqueceram-se dos ensinamentos do fundador. Esqueceram que o escotismo foi feito para meninos pobres, esqueceram que eles sim eram responsáveis pela sua formação com a colaboração de um voluntário. A velha máxima de BP que precisávamos manter o menino pelo menos por dez anos nunca foi lembrada e sabemos que isto não acontece e nunca aconteceu.

                      O relatório é bonito de se ver. Por fora os politicamente corretos sempre culpam o Chefe por não ter aplicado um bom programa. Bom programa? Já revisaram por acaso o curriculum dos cursos? Já notaram que eles se tornaram a fazer do Chefe um conhecedor de temas que nada tem a ver com o que os jovens pensam e sonham quando entram para o escotismo? Será que não se esqueceram de temas importantes tais como: Programando o programa, Sistema de Patrulhas, Corte de Honra, Deveres para com Deus, Acampamentos de Giwell, jogos, técnicas mateiras e de campo? Isto não é essencial? Está nos livros meu caro Chefe. Essencial é saber como manusear o SIGUE, a compreender e responder as questões solicitadas e agora assinar (dizem que é em cartório) a aceitação de normas criadas que muitos adultos não querem aceitar. Um dos motivos da grande evasão deste ano.

                    As mudanças aconteceram. Em profusões. Foram anos e anos de uma experiência que a meu ver as considero falidas. Isto produziu uma nova mentalidade nos adultos que acreditaram no caminho errôneo que a UEB seguia. Resolveram fazer suas associações. A UEB tomou mil atitudes antipáticas e até hoje corteja ou patrulha grupos de outras associações. Os processos continuam. Os associados da UEB estão pagando por algo que não foram consultados. O mote do vá a Assembleia não tem mais credibilidade Todos sabem que ali já está programado o que irá acontecer. Os estatutos que muitos achavam seriam modificados nesta Assembleia foram postergados para o futuro. A Transparência que nunca existiu persiste. A falta de verdade com os associados continua. Sempre os mais achegados a UEB é que a defendem. Mas meu amigo e minha amiga, quase 6.000 associados abandonaram o escotismo em um ano. Uma evasão que nunca pensei em ver. Você sabe o porquê?


                      Como diz um escotista que é um estudioso do escotismo nacional e internacional: Precisamos repensar a estrutura Escoteira, quem sabe uma volta ao passado iria ajudar. Precisamos urgente de um choque de gestão. E isto seria interessante a começar pela ENIC não sem antes passar pela DEN. Querem dirigir a associação? Querem fazer parte de equipes nacionais? Pois assumam responsabilidades, para o bem e para o mal. O que não pode acontecer é ficar durante um ano inteiro fazendo patacoadas e pensando que isso não cobraria fatura. Não pode acontecer de deitar e rolar administrativamente para, depois, descarregar a culpa no chefe, como já li por aí que estão fazendo. O escotismo brasileiro está ruim. O atual sistema já não funciona. As mesmas pessoas que se revezam já provaram que não têm vocação para dirigir uma associação. É evidente que precisamos dar um giro de 180 graus.